Sebastian

Depois que aquela mulher o deixou sozinho, ele tentou organizar de verdade seus pensamentos. O que estou fazendo com a minha vida? ele pensou. E depois de ver várias vezes o céu, lembrando dos olhos brilhantes de Diane, resolveu ir pra casa. Era sexta-feira, o que significava que todos em sua casa estavam bêbados, ou estavam em festas, menos seu irmão, Brian. Ele tentou achar Brian o mais rápido que pôde pra tentar amenizar aquela dor que ele estava sentindo, aquele peso em seus ombros.

E seu irmão estava num canto do castelo, beijando uma moça que ele não identificou por conta da escuridão. Brian percebeu que estava sendo observado, e deixou a moça ir embora, sendo camuflada pela noite. Era incrível a semelhança entre os irmãos, quem não os conhecia, achavam que eram gêmeos.

Brian olhou para os lados, como se esperasse que Sebastian começasse a conversa, ou como se estivesse tentando achar um meio de explicar o que seu irmão mais velho tinha visto.

– Não se preocupe, não vou contar pro pai. - Sebastian disse num tom sereno, e Brian soltou todo o ar que tinha nos pulmões. - Eu queria falar uma coisa pra você, e o que eu pretendo te falar envolve tanto a minha vida, quanto a reputação da nossa família.

– Pois bem. - Brian disse demonstrando interesse. - Diga.

– Aqui não, vamos pro sótão. - Sebastian sussurrou.

No caminho para o sótão, havia muita gente no castelo, e Sebastian percebeu que eles estavam dado uma festa. Só se via gente bêbada e sem noção, até que uma mulher que pertencia a nobreza, Michelle Djenn, se agarrou em Sebastian, fazendo Brian rir. Não é que ela era feia, muito pelo contrário. Michelle era descendente de índios, fazendo ela uma escultura natural da mais bela perfeição, o que fez Brian rir era que Michelle estava estudando em uma escola católica, prestes a ser uma freira.

– Sabe Sebastian, sempre achei você lindo. Lindo mesmo, com todas as letras. Mas nunca tive coragem de admitir, e agora, - Michelle disse aquilo tão perto de Sebastian, que dava pra sentir o cheiro da cerveja que vinha de sua boca, e aquilo o deixou nauseado - que eu estou finalmente bêbada e em sua casa, acho que eu gostaria de passar uma noite com você... O que me diz, Jones?

– Eu acho que você está bêbada o suficiente para não saber qual é seu nome, e além disso, eu gosto de outra. - Ele disse aquilo e ela se jogou pra trás, e o ficou olhando com cinismo nos olhos. - Não que você não seja bonita, mas você vai ser freira mesmo? Acho que o senhor Djenn não vai gostar de saber que a filha dele só se paga de santa, mas na verdade, é Lilith¹ em pessoa.

Ela deu um risinho, e olhou pra trás do ombro de seu irmão. Sebastian já sabia o que ela ia falar, por isso se adiantou.

– Você também não vai conseguir pegar ele, ele está noivo da filha do Rei Renc, Eva Carter. - Vendo a cara de nojo de Michelle, ele riu e falou. - Desculpe, mas nós somos difíceis.

Michelle saiu pisando duro, os irmãos se entreolharam e riram durante a caminhada até o sótão. Chegaram lá, e parecia que todo o mundo havia se calado para saber o que eles tinham a dizer, nem mesmo barulho de pessoas falando tinha. Mas Sebastian já sabia disso, já que ninguém ia no sótão, com medo da antiga lenda da família. Brian olhou para os lados como se esperasse a resposta, e vendo a insegurança do irmão, ele começou.

– Então, o que queria me falar?

– Estou apaixonado. - Sebastian soltou um riso.

– Era só isso que queria me contar? - Brian foi saindo do sótão, quando Sebastian agarrou seu braço e o fez olhar dentro de seus olhos.

– Não é por uma garota qualquer, Brian. É pela Diane.

– Diane McCarthy? Diane Polanski? Ah, por favor, Sebastian!

– Não. Diane Drácula.

E isso fez com que seu irmão olhasse pra ele com uma expressão de medo e de confusão, exatamente como ele próprio se sentia.

Diane

Sua empregada demorava pra chegar e eram quase meia-noite, seu pai estava na elegantíssima sala de estar, lendo '1001 Maneiras de Torturar Humanos Antes de Morrer', até que ela decidiu que era hora de conversar com ele.

– Posso me sentar aqui, para poder conversar com o senhor? - Perguntou Diane.

Ele levantou os olhos vermelhos e deu um sorriso, demonstrando seus longos caninos, deixando Diane apavorada.

– São muito raros esses momentos que eu tenho com você, minha filha. Por favor, fique a vontade, afinal, essa casa também é sua. - Diane se sentou num sofá, que ficava na frente de Drácula, ele fechou o livro e deixou ao seu lado, e agora estava encarando sua filha. - Sobre o que quer conversar?

– Sobre os Brienne.

– Ah claro filha! Achei que não estivesse nem aí com esse assunto, mas, eu sei que no fundo você quer honrar o sobrenome da família. Já escolheu o seu vestido? E falando nisso, e a Rosana, onde será que ela se meteu? Eu preciso me alimentar!

– Eu não faço ideia da onde Rosana está, da última vez que a vi, ela estava na praça, escolhendo um vestido pra mim... Mas sinceramente, não quero ser Brienne, e eu NÃO vou ser uma Drácula daqui pra frente! - Ela foi levantando a voz a medida que foi falando.

Isso fez com que Drácula apertasse seus olhos e arranhasse sua mão para conter a raiva.

– Você tem vergonha de ser uma Drácula, minha filha?

– Se a definição do sobrenome Drácula ser causar morte e tortura a pessoas inocentes. Sim, eu tenho. Como minha mãe pôde amar você? Um homem que não ama nem a própria filha, a ponto de não pensar em seus sentimentos antes de arrumar um homem desconhecido para ser seu marido. Você perdeu sua humanidade quando se tornou esse monstro que você é hoje.

O Conde não aguentou e deu um tapa em sua filha, fazendo eco nos quatro cantos daquela sala.

– Como você pode falar da minha amada esposa falecida? E como ousa falar de mim, Diane? Eu lhe acolhi quando você menos esperava, e... - Drácula ficou com lágrimas nos olhos. - Eu amo você, Diane! Mesmo que eu não diga, eu sinto!

– Sobrou amor em você? Como um monstro pode amar? Sinceramente, pra mim você nada mais é do que um morto que anda pelas ruas, esperando que alguém o mate. E espero que te matem, pra que assim eu possa renunciar a todo esse 'reinado' sujo e nojento que você teve.

– Por que você está me falando isso agora? Por causa do seu casamento com Brienne? Não me interessa se você não gosta dele! Você vai casar com ele e ponto. - Drácula gritou, e se levantou, erguendo o queixo da sua filha a obrigando a encara-lo. - Nunca mais me desafie.

– Eu não vou ser feliz com ele, por que eu estou apaixonada por outro! - Ela falou entre lágrimas e correu pro seu quarto, e quando chegou lá, os três vestidos estavam em ordem, e quando virou pra trás, Rosana estava enforcada em seu quarto, com um bilhete em seus pés.

Isso fez com que ela gritasse a noite inteira, e depois que a polícia e seu pai foram tranquiliza-la, mas de nada adiantou. Só depois que ela foi ver o que estava escrito na carta, e nela dizia:

Pra que isso sirva de aviso para o Sr. DRÁCULA, e sua filha. Nada pessoal, mas Rosana Welbert merecia morrer. Ou era ela ou Diane, mas Diane era tão linda que não consegui resistir ao seu charme, e por isso fui atrás de Rosana.

Passar bem, Sr. Drácula. Espero que volte pro Inferno, ou eu mesmo vou aí pessoalmente e te mando pra lá.

– SJ

SJ. Sebastian Jones. Aquilo não parava de ecoar na mente de Diane, e ela começou a se perguntar se Sebastian era capaz daquilo tudo. E francamente, ela não sabia a resposta, e nem estava pronta pra recebe-la.