Alana on

Deixamos o salão principal seguimos para mostrar a casa para ela. Subimos as escadas e demos de cara logo com a biblioteca do Robert, não é dele, mas como a maioria do tempo ele está aqui falamos que é dele.

-Essa é a biblioteca do Robert, pode entrar se quiser dar uma olhada. – Sara tomou a frente antes que eu começasse a falar.

-Como a casa é grande não podemos ficar parando, vamos seguir em frente. – Acabei com a graça da Sara.

Continuamos a caminhada e como sou “bondosa”, entramos na sala de cinema.

—Uma sala de cinema?

-Não, é uma cozinha não percebeu? –Perguntei sarcástica, que pergunta idiota dessa garota. – Aproveita que está aberta, é proibido entrar sem autorização.

-Autorização de quem? – Revirei os olhos.

-Do dono! –Respondi seca.

-Se acalma Lana, você se estressa fácil demais, ela só esta curiosinha. –Sara surgiu tomando a mim e a garota pelo braço. – Vamos continuar o tour!

Caminhamos alguns metros passando pela sala de música onde só tinha um piano de calda branco naquele local inteiramente espelhado.

Ela reparou em todos os espelhos com uma expressão confusa, acho que é porque não viu a mim ou Sara no espelho, ela nunca assistiu filmes antigos de vampiros? Não temos mais alma, ou seja, não temos mais reflexo. Ela se aproximou do piano e teclou algumas vezes, parecia que nunca tinha visto um piano.

- Podemos continuar ou vai ficar admirando o piano por mais tempo? –Ela me encarou com certa raiva pequena no olhar, corajosa por ficar me encarando assim.

Subimos mais dois lances de escada para mostrarmos os quartos. Era um imenso corredor com mais de dezessete portas, ou seja, são muitos quartos. Passamos primeiro pelos nossos quartos, meu e de Sara, os quais ela nunca vai entrar, em seguida pela porta escrita em uma grande pichação “CAI FORA”.

—Esse é o quarto do Sawyer. – Sara falou abrindo a porta logo em seguida.

- O aviso ta na porta por um motivo! – Vagabundo deitado na cama como sempre. – Fechem a porta e continuem o tour!

- Vai expulsar sua gêmea assim? – Sara colocou a mão no peito fingindo estar ofendida.

- Vou, caiam fora da minha porta! – Ele levantou e bateu a porta na nossa cara.

-Simpático ele. – A garota comentou. – Vamos?

Continuamos o tour passando pelo quarto de Robert que se encontrava com as portas escancaradas, mas em respeito a ele não vamos entrar. O quarto de Dorian estava trancado como sempre, a porta de madeira maciça escura com o brasão da família na porta. Seguimos até o fim do corredor chegando ao quarto de Pietro.

— Então meu quarto é o fim do tour? – Ele se recostou no batente da porta. – O que ela achou da casa?

- É uma casa bem...

- Perguntei pra elas, não pra você, mas pelo entusiasmo em me responder já percebi que sim.

- Sim metidinho ela gostou! – Falei tentando empurrá-lo para o quarto, mas foi em vão. Ele simplesmente me jogou para o lado e se colocou no meio de nós de frente para Miranda. – Que foi?

- Saiam... Por favor. – Nós três demos as costas, mas ele segurou Miranda pelo braço esquerdo. – Você fica!

Alana Off

Miranda On

Ficamos parados no corredor em um silencio absoluto realmente desconfortável. Ele me fitava com aqueles olhos rosados hipnotizantes e eu não sabia como eles tinham aquela coloração tão marcante. Virei à cara quando ele me olhou.

—Está com medo? – Perguntou se aproximando.

- Deveria? – Perguntei sarcástica, ele não me dá medo.

- Resposta inteligente. – Ele colocou a mão em meu rosto. – Mas está errada! – Em um súbito movimento eu estava com as costas contra a parede e sua mão estava em minha garganta me segurando contra a parede. – Você não responde com sarcasmo, você só está aqui para ser uma bolsa de sangue, entendeu?

- Dorian disse presa. –Falei com dificuldade, tentando provocá-lo.

- É incrível como você não recua frente ao perigo. – Aproximou a boca do meu pescoço. – Isso demonstra coragem, mas coragem não vai te salvar do que vai acontecer agora.

Ele se aproximou cada vez mais do meu pescoço pude sentir as presas tocarem minha pele levemente, mas nada aconteceu.

— Peço que respeite o local dos dormitórios, isso não é pra ser feito aqui, leve suas brincadeiras infantis para o seu quarto. – Robert estava no corredor.

- Cuida das suas coisas que eu cuido das minhas. – Ele ainda me segurava com força contra a parede.

- Quem disse que sou sua? –Falei com dificuldade novamente.

- O que eu disse é lei!

-Depois do Dorian. – Senti a pressão descer para os meus ombros e me colocar de joelhos.

- Acha que só porque ele é mais velho ele manda aqui? – ele segurou meu rosto me fazendo olhá-lo. – Dorian só é mais velho, mas não significa que ele mande em mim, Dorian não é nada! – Ele gritou bem alto, percebi a coloração de seus olhos escurecer para um vermelho.

Ele me soltou e pude sentir uma tensão no ar olhei para cima e Robert colocou a mão sobre o ombro de Pietro.

— Já chega! – Robert falou calmo e quando Pietro se virou para ele foi recebido com um tapa na cara. – Esse foi o primeiro da semana, que não se repita.

A expressão de Pietro mudou totalmente, ele parecia calmo, os olhos agora rosas claro como antes, ele me olhou, olhou Robert com um ar de arrependimento e repulsa para si mesmo.

Levantei massageando minha meu pescoço, Pietro estava quieto recostado na porta do quarto.

— Me acompanhe Miranda, vamos para a reunião. – Ele olhou pára Pietro em seguida. – Fique tranqüilo, você não fez nada demais, vá esfriar a cabeça no chuveiro e desça em seguida.

Segui Robert, ainda receosa e sentindo uma leve dor no pescoço, mas ainda pensando naquela súbita mudança de humor, Pietro de explosivo em segundos estava calmo, não vou tentar entender. Descemos as escadarias indo para uma sala diferente. Onde todos já estavam sentados a mesa, só faltava Pietro naquele meio.

— Sente-se ali! – Robert apontou para uma cadeira no canto da sala. – É provisório até você merecer uma cadeira na mesa.

Todos se sentaram em silencio absoluto durante alguns minutos até Pietro entrar e se sentar.

— Agora podemos dar início à reunião senhoritas e cavalheiros. – Dorian falou ajeitando-se na cadeira. – Explicarei para nossa convidada como funcionam as reuniões. Senhorita, as reuniões funcionam da seguinte maneira. Reunimo-nos toda noite para conversarmos sobre o dia e acertarmos nossas desavenças, afinal, a eternidade é muito tempo, então ficar brigado com alguém não é o melhor a se fazer. Alguma pergunta? – Neguei com a cabeça. – Já que não tem nada a perguntar, alguém quer dizer alguma coisa?

- É o seguinte não quero ninguém invadindo meu quarto como foi feito hoje! – Sawyer se pronunciou. – Sei que somos família, mas eu ainda gosto de privacidade.

- Ninguém invadiu, só abrimos a porta! – Alana bateu a mão na mesa.

- Ainda sim, você invadiu a privacidade dele. Espero que não se repita. – Dorian manteve a calma. – E tenha modos enquanto estiver nessa mesa!

- Você vive batendo a mão na mesa, então não queira se achar o perfeito. – Alana virou a cara olhando para as unhas.

Dorian bateu o punho fechado na mesa.

— Eu faço isso porque é o único jeito de conseguir ordem. Vocês só entendem a força! Mais alguém? – Voltou a se acalmar.

- Pietro teve um surto no quarto andar e eu queria relatar! – Robert falou retirando os óculos.

- Isso é verdade Pietro? – Dorian olhou o irmão, mas não o deixou responder. – Ah não me desculpe, não posso falar assim com você, afinal, eu não sou nada não é?

- Que bom que sabe... – Tinha tanta tensão no ar que dava para cortar com uma tesoura. – Pra mim você não é nada, a não ser alguém que compartilha o mesmo sangue.

- Por que não para de tentar mostrar que é o macho dominante e fala algo relevante Pietro. – Sara comentou rindo junto com Sawyer.

- Cala boca, você é quem menos tem voz aqui! –Pietro comentou sem tirar os olhos de Dorian.

- Ninguém tem menos voz aqui, somos todos iguais! – Robert comentou. – E se acalme!

- Estão certos. Minhas sinceras desculpas senhorita Miranda.

- Fica em paz... Não quero me envolver na DR de vocês. – Falei me mantendo o mais neutra possível naquela situação.

Todos ficaram quietos me encarando como se eu tivesse dito algo errado ou cometido um crime. Dorian ergueu a mão aberta e todos levantaram e foram saindo um a um. Quando estávamos sozinhos ele se aproximou e estendeu o braço.

-Me acompanhe!