- Essa casa é perfeita! – cantarolou Beatrice, quando entrou na bela casa que Violet tinha escolhido.

Aquela não fora a primeira casa que o Senhor Spats mostrara a Violet, muito pelo contrário, eles tiveram que visitar cinco casas até que Violet escolhesse uma perfeita. Era verde escura com janelas brancas, com dois andares e seis quartos. Tinha uma biblioteca enorme, o que deixou todos encantados. Klaus estava arrumando os livros nas estantes desde que chegaram ao local e Sunny estava fazendo o jantar. Violet fazia os pequenos ajustes na casa, lubrificando as janelas que rangiam e fazendo a calefação funcionar. Todos tinham algo a fazer, inclusiva a pequena Beatrice, que descobria todos os locais ocultos na casa que seriam úteis em uma possível fuga.

- O jantar está servido! – Gritou Sunny. Todos estavam famintos e o cheiro que vinha da cozinha era muito convidativo.

- O que temos para o jantar? – perguntou Klaus, sentando-se ao lado de Beatrice, que saltitava na cadeira.

- Massa com molho de aspargos e azeitonas, com salada de cogumelos. – respondeu Sunny.

- Odeio cogumelos. – disseram Beatrice e Klaus ao mesmo tempo.

- Eu sei, por isso fiz pratos sem cogumelos pra vocês. – respondeu Sunny, orgulhosa.

Violet chegou na sala tropeçando, estava coberta de carvão, provavelmente por ter estado desentupindo a chaminé. Seu cabelo estava preso com a fita, denunciando que estava concentrada demais no que fazia para notar o estado de sua roupa. Beatrice ria baixinho ao olhar para Violet coberta de sujeira, Klaus tentava segurar o sorriso e Sunny olhava indignada.

- Não pode comer assim, Violet! – disse Sunny, tocando Violet da cozinha.

- O que? Por quê? – perguntou ela, confusa.

- Por quê? Olhe pra você, Violet! – Sunny estava rindo agora.

- Você está coberta de carvão. – apontou Beatrice, levantando da mesa e apontando para o vestido cinza que Violet usava que agora estava cheio de carvão.

- Nossa! – disse Violet, encabulada. – acho que vou tomar um banho, não precisam me esperar pra comer.

- Comemos todos juntos, é a tradição. – disse Klaus, sorrindo. – vá logo pro banho, a comida vai esfriar.

Com isso os três esperaram Violet tomar banho para começar o jantar. Violet tomou banho o mais rápido que pode, mas era difícil tirar todo aquele carvão do corpo e cabelo. Quando chegou a sala de jantar novamente seus irmãos estavam todos mau humorados por causa da fome, mas sorriram para ela.

Era difícil achar uma família tão unida onde os membros conseguiam sorrir um para o outro mesmo com fome, difícil mesmo.

- Chegou uma carta quando você estava no banho. – disse Klaus, depois que o jantar terminou.

- Uma carta? Que carta? – perguntou Violet.

- Não é uma carta, é um convite. – falou Sunny, entregando o envelope para Violet – um convite para um baile. Provavelmente algo a ver com a C.S.C.

- Um convite para um baile? – disse Violet, abrindo o papel.

Dentro estava escrito:

Cara Srta. Baudelaire!

Estamos todos encantados pela sua volta a sociedade!

Estamos lhes convidando para nosso baile anual a fantasias

O baile começa as dez, estamos esperando por você no restaurante Cinco Sais Cantantes

Por favor esteja lá!

- Um baile? Com longos vestidos e luzes pelo salão? – perguntou Beatrice, sentando no colo de Violet. – você vai?

- Cinco Sais Cantantes – disse Klaus. – C.S.C.

- Sim. – falou Violet – mas nós estávamos esperando por isso, certo?

- Eles iriam entrar em contato em algum momento. – comentou Sunny.

- Há mais uma coisa dentro do envelope.

Violet deixou cair a pequena coisa que fazia peso dentro do envelope, era um pequeno colar com um pingente de prata em forma de libélula. Havia duas pequenas safiras nas asas da libélula. O coração de Violet deu um salto.

Safiras! Poderia ser um sinal de Quigleyi? Havia tantos anos que não se viam... O que poderia ter acontecido com ele? E com Isadora e Duncan? O coração de Violet estava batendo tão rápido que ela quase podia ouvi-lo.

- Klaus...

- As safiras Quagmire? Será que... – Klaus também parecia esperançoso.

- Vou ir.- decidiu Violet, era uma chance boa demais para ela se negar a ir. – sim, com certeza eu vou ir.

- Vamos com você. – disse Klaus.

- Impossível, não vão deixar Sunny e Beatrice entrarem. Além disso vocês estão mais seguros aqui, não podemos deixar as pequenas sozinhas em casa, Klaus. – Violet abraçou o irmão, que tinha tirado os óculos e massageava as têmporas. Ele estava preocupado. – vai ficar tudo bem, é uma festa a fantasia e ninguém vai saber que sou eu além da pessoa que me mandou esse colar.

- E se não foi Quingleyi que mandou o colar, Violet? E se for uma armadilhas?

- Se for uma armadilha vocês vão me resgatar ou eu vou fugir, não é sempre assim? – Violet sorriu para Klaus, tirando os cabelos negros dele da frente de seus olhos. – confio em você.

Klaus acabou por aceitar, afinal aquela era uma decisão de Violet e se ela achava que estava tudo bem em ir sozinha ele só poderia concordar. As meninas mais novas estavam animadas, Beatrice havia subido para o quarto e disse que ela mesma ia fazer uma fantasia azul de libélula para Violet, afinal a pequena tinha um dom nato para fabricar disfarces.

Eles terminaram a noite em frente a lareira, que pode ser acesa graças a Violet que deu um jeito de concertá-la. Cada um com um livro e Beatrice com folhas de papel, desenhando o vestido de Violet. Todos sabiam que no fim da noite o pensamento que estava em suas cabeças era que o mundo estava tão sereno que pela primeira vez eles poderiam respirar aliviados, mas por quanto tempo?