Ashley

Eu poderia dar uma de 007 e bancar a espiã super secreta.

Bem, eu não sou nenhuma Viúva Negra da vida, nem uma Feiticeira Escarlate fodona, mas consigo usar meus poderes de persuasão tão bem que a falta de certos “dotes” não me preocupa.

Digamos que o fato de entrar na S.H.I.E.L.D com a Sophia sem que um bando de agentes bem treinados nos vejam já é muito considerando a atual situação (catastrófica por sinal).

Mesmo que estejamos invisíveis é impossível afastar a sensação incômoda. Se algo fugir do controle, estaremos seriamente ferrados.

Fecho os olhos enquanto Sophia me arrasta pelos corredores, onde funcionários preocupados com suas funções passam por nós, dando-me calafrios. Consigo deter os pensamentos negativos, e permito que meus poderes falem por si só.

Por um segundo, todas as mentes aparecem no meu mapeamento. No momento seguinte, dois sinais distintos surgem no meu radar. Elas parecem distantes, confinadas em uma sala do quinto andar, em um corredor cheio de guardas, tendo uma porta reforçada aprisionando Zack e Stella.

Aprofundando-me ainda mais no ambiente, seguindo suas mentes, tenho a clara visão de seus corpos presos em macas, com tubos em seus braços e têmporas, e expressões de calma percorrendo seus semblantes adormecidos.

— Ashley.

Com um solavanco, volto à realidade. Imediatamente minha cabeça começa a doer.

Sophia segura minhas mãos com força, impedindo-me de cair.

— Estou bem — digo, agradecendo silenciosamente por sua preocupação.

Respiro fundo.

— Então no quinto andar. Em uma sala reforçada no final de um corredor cheio de guardas. Estão sendo dopados ou algo assim.

A loira assente, tocando seu comunicador na orelha enquanto caminhamos por um corredor mais calmo, estando ainda invisíveis. Ela passa as coordenadas de um jeito ágil e impecável. Me encara em seguida.

Ah pela saia divina da Taylor Swift em sua turnê Red!

Vamos nos ferrar bonito.

(...)

Entrar em um elevador é ótimo. Poupa minhas botas de camurça. O problema é quando as portas se abrem no terceiro andar.

— Os Destruidores estão no prédio. Temos de encontrá-los e capturá-los — um homem de cabelos escuros espetados, barba rala e com roupas de agente adentra o elevador com outros dois agentes.

— E o Capitão? — Outro questiona, mascando chiclete continuamente.

Sophia prende a respiração logo que as portas do elevador se fecham. Estamos muito perto desses caras. Se eles derem um passo para trás, nos atingem.

— Está com o chefe — o aparente líder desse grupo diz. — Mas ele vai receber uma lição, logo, logo.

A voz dele emana crueldade. Encaro Sophia, questionando-me silenciosamente o que Steve Rogers está fazendo aqui e como nos encontraram.

O elevador para no quarto andar. Outros três agentes entram, e o que acontece em seguida é rápido: o líder se vira em um rompante, mas Sophia cria um campo de força, acabando com nossa tática de “invisíveis uhu!”.

O impacto ocorre e o inimigo é lançado para trás, mas se recupera em seguida.

— Vão se arrepender por estarem aqui! — Ele tira um revólver do bolso.

Ah minha santa Lady Gaga! Ferrou!

Sophia franze a testa pelo esforço. Ela pode manter o campo de força por mais algum tempo com os ataques.

— Vocês não querem nos atacar — digo calmamente, controlando a entonação da voz. Não posso ficar nervosa agora, ou tudo dará errado. — Não somos suas inimigas...

Os agentes param por um segundo. Em seguida começam a gargalhar. Péssimo sinal.

— Somos imunes ao seu poder de persuasão, Turner — o líder diz mirando o revólver na minha testa.

Encaro Sophia, engolindo em seco. Hora do plano B.

Ela desfaz o campo de força repentinamente, e lanço a arma do inimigo para o alto com um chute certeiro, e Sophia investe nos outros caras usufruindo de sua invisibilidade para escapar dos ataques e golpear os homens ao mesmo tempo.

O pequeno cubículo do elevador se torna um péssimo local para uma luta, mas útil o bastante para derrubar caras babacas sem um pingo de estilo.

— Ahhh! Isso foi incrível! — Dou pulinhos de alegria.

Sophia ri, timidamente.

— Sinto muito por ter sido tão ruim com você — Digo, sentindo-me seriamente culpada.

A loira fica em silêncio por um segundo.

— Está tudo bem, Ashley — Ela sorri timidamente pela segunda vez.

Nesse momento as portas do elevador se abrem. Nos colocamos em posição de ataque, porém não há agentes armados aguardando por nós.

Sophia segura meu ombro. Invisíveis novamente.

— Vamos — A Thompson hesita por um instante, antes de sairmos do elevador.