Lentamente o ônibus seguia seu percurso. Era uma viagem longa até Seoul. Tantos momentos bons na despedida. Tantas memórias que finalmente ficariam para trás.
“Mas é tudo em busca do meu sonho!”, eu insistia em me lembrar.


Por que eu passara por tudo isso? Por que eu tinha percorrido todo aquele caminho até o esse momento? Por que eu não simplesmente desistia de tudo e voltava pra casa logo. Tantas pessoas precisavam de mim em casa. Eu nem gostava de me lembrar disso. Era como se meus problemas estivessem aumentando na mesma proporção que o ônibus ia seguindo seu rumo.


O celular ainda pesava em minha mão. Eu não conseguia entender direito o porquê daquela foto, que há tanto tempo estava sendo usada como proteção de tela, me trazia tanto conforto. Era tão antiga! Mesmo que não representasse algo recente, eu me sentia bem. Sentia-me bem em saber que ainda havia algo que podia me trazer felicidade. Ainda existiam pessoas que estavam lutando pelos seus sonhos, lutando por tudo que podia trazer felicidade a elas e às pessoas que elas amam.


Era estranho me ver tão nova. Eu parecia tão inocente. Abraçada com aquele que, provavelmente, teria sido meu primeiro amor.


Eu devia ter uns 14 anos na época. Eu tinha uma vida feliz, com meu pai saudável e ao lado do meu primeiro namorado. Era estranho pensar nele assim, afinal, nunca tínhamos sequer nos beijado. Ele o melhor garoto da escola, sempre com as maiores notas e se destacando pela beleza estonteante. Até mesmo suas orelhinhas de abano eram fofas. Ok Taecyeon. Eu nunca conseguiria me esquecer dele. Como ele estaria agora?


– Com licença senhorita, se importaria em desligar a luz - O homem do meu lado olhava pra mim fixamente, parecia me avaliar.


– Desculpe o incômodo!! - apertei a luz do teto e o ônibus ficou em uma escuridão total. O homem agradeceu e se virou para dormir. Ele não parecia alguém do interior, mas não consegui focar nele exatamente, minha mente voltava a vaguear pelo passado.


Até que um dia, no auge do nosso “namoro”, ele teve que ir embora. Seus pais se divorciaram da pior forma possível e ele não me contou até o último momento. Continuávamos indo à escola juntos todos os dias e ficando juntos nos intervalos. Ele era dois anos mais velho que eu, isso causava certo transtorno com seus amigos; todos achavam que eu era bonita demais pra ele e faziam questão de falar isso sempre que nos viam juntos. Eram momentos felizes.


Nova York. Eu nem imaginei que ele iria pra tão longe e tão inesperadamente. 8 anos que eu não tinha nenhuma notícia dele. Nenhum telefonema, nenhum e-mail. Talvez ele realmente me quisesse distante. Não que isso fizesse alguma falta. Eu já o havia esquecido completamente, depois de semanas de choro constante e tentativas de viajar para os Estados Unidos. Depois disso eu só tinha namorado um garoto por 5 anos, mas tive que desistir disso também.


Eu estava indo agora para um canto onde todas essas memórias deveriam morrer. Eu não conseguiria agüentar a saudade. Eu estava seguindo um caminho no qual desistir seria errado. Eu estava seguindo meu sonho.