Destiny

Capítulo 3: Brave New Girl


Eles haviam parado de fronte a um hotel, ou quase isso. Stu carregou tanto suas malas, quanto as de Destiny. Ao entrarem, foram recepcionados por um jovem de olhos azuis e cabelos castanhos, que se apressou em pegar as malas, e apresentar-se:

- Bom dia, sou Doug, filho dos donos, e também um faz-tudo, diga-se de passagem. Se vocês falarem com minha irmã ela lhes atenderá.

- Obrigado, e sem formalidades, Doug. Nem seu avô era assim com os íntimos – riu-se Stu, e Doug também.

- Certo, é apenas o habito, Stu. Bom, vão logo falar com a Hope, suasmalasestãopesadas!

Aochegarem ao balcão, Hope osatendeu com um sorriso:

- Bom dia, Stu. E então, em que posso ajudá-los?

- Bom dia, Hope. Essa é Destiny. Bom, reservei um quarto de casal para mim e minha noiva.

- Noiva? – perguntou Destiny confusa.

- Sim, noiva. – Stu pisou seu pé, e ela entendeu.

- Bom, o quarto já está pronto. Doug, por favor, leve as malas do feliz casal para cima. – concluiu Hope com um sorriso.

Destiny subiu enfurecida e veloz, e Stu seguiu-a em seu encalço. Ao chegarem ao quarto Stu agradeceu a Doug e ele se retirou. Então, ela Destiny bateu a porta possessa.

- Você me trouxe até aqui pra me fazer passar por sua noiva? Ok, eu realmente quero uma família, mas, não quero me casar com você só por que você quer!

- Acalme-se! Faz parte do meu plano. Como você acha que eu explicaria ter viajado tanto tempo e depois voltar com uma moça jovem e bonita? Pra todos os efeitos eu me mudei para trabalhar e estudar, e acabei lhe conhecendo. Acabamos de noivar, e vamos permanecer noivos até que eu consiga contar pro seu pai que você é filha dele.

- Ok, desculpe. Mas você podia ter me avisado antes! Vou tomar um banho e me trocar no banheiro.

Ela colocou as roupas no guarda-roupa do quarto, e pegou um dos vestidos novos que comprara. Foi ao banheiro, tomou um banho, e trocou-se lá mesmo.Saiu, e depois fora a vez de Stu. Ela estava terminando de arrumar o cabelo e colocar uma leve maquiagem quando Stu saiu do banheiro, já arrumado. Ele disse:

- Bom, está pronta?

- Pronta? Pra quê?

- Vamos dar uma volta pela cidade, tomar um chá com minha irmã, depois vou lhe mostrar algumas coisas.

Ela anuiu calmamente, e após guardar alguns pertences, foi surpreendida por um anel que Stu colocou a sua frente.

- O que é isso?

Ele ajoelhou-se e disse:

- É seu anel de noivado. Lá em Steel Town é assim que pedem as moças em casamento não é?

- Sim, mas pra quê isso?

- Somos noivos, afinal. Vou lhe pedir em casamento da maneira que pedem aqui em minha cidade. Por favor, soe convincente quando disser sim.

- Bom, se você insiste. Vamos?

Eles desceram e foi saíram da pousada, que Destiny agora sabia chamar-se The Inn. Passaram primeiro na praia, que estava com alguns turistas. Era bonita e simples. Em seguida foram até o supermercado, onde Karen e seu marido os atenderam, e venderam com prazer a tal Pena Azul que era necessária para noivar naquela cidade. E por último, a casa de Elli, irmã de Stu. No caminho, Destiny viu um prédio, um tipo de torre, completamente abandonado e em estado deplorável. Ela indagou:

- Que torre é aquela?

- A biblioteca. Ou o que restou dela. Tem uma história muito sombria e triste por trás dela, na verdade. Havia um senhor que escreveu grande parte dos livros da Biblioteca. Ele possuía uma filha, que era bibliotecária, e amava livros. Ela escreveu um livro sobre a vida aqui em Mineral Town, e ia publicá-lo depois de se casar. Mas uma tragédia abateu a família, e a Biblioteca foi fechada por muitos anos. Veio outra bibliotecária, porém ela casou-se e depois abandonou a Biblioteca. O pai da primeira bibliotecária pediu à esposa que ficasse na Biblioteca até que ele conseguisse contratar uma nova pessoa. A mulher, porém, odiava aquela biblioteca, e, depois foi descoberto, traia o marido há anos com um rapaz muito mais novo, neto do ferreiro. Ela, não se sabe como, inundou a Biblioteca, danificando boa parte dos livros, e o marido estava dentro. Fugiu com o marido, parte das economias do mesmo, e o amante. O marido dela foi resgatado, mas passou anos em coma. A esposa dele voltou alguns meses depois, o amante roubara o dinheiro dela, e deixara-a na miséria. Ela tentou desligar os aparelhos do marido para ficar com o dinheiro dele que sobrara, mas minha irmã viu e a impediu. Dali, só mais desgraças aconteceram. Ela foi internada num hospício para criminosos, e o marido depois que finalmente saiu do como virou um alcoólatra. – contou enquanto Destiny olhava fixamente para a Biblioteca.

- Que história triste. Uma pena, uma Biblioteca agrega valor a uma cidade. Você falou de uma tragédia, logo depois que a primeira bibliotecária ia se casar. O que aconteceu?

- Ela foi assassinada. Logo depois do casamento. E apenas pra você saber, a segunda não morreu, fugiu – concluiu ele e apressou-se em dizer: - Vamos, quero que você conheça minha irmã.

Ao entrar na pequena casa, Destiny e Stu e foram recebidos por duas crianças que correram em direção a eles. Ambas abraçaram Stu, e uma moça, jovem, de pele clara, cabelos curtos e castanhos, porém com um semblante cansado disse:

- Queridos, deixem seu tio respirar! – Ela olhou Stu com carinho e disse-lhe: - Bem vindo, Stu. E então, quem é a jovem com você?

- Minha noiva Destiny. Destiny, esta é Elli, minha irmã.

Elli ficou surpresa, e em seguida deu-lhes um belo sorriso. Destiny ruborizou-se diante da gentileza de Elli. Ela, com uma vida tão difícil quanto a sua conseguira casar e ter uma família, enquanto ela, fora uma prostituta. Aquilo ficou no passado, foi o que ela pensou para afastar as memórias de sua mente, e disse:

- Olá, Elli. É um prazer conhecê-la! Stu falou muito em você.

- Ora, é um prazer conhecê-la também. Então, por que não sentam e me contam como surgiu esse noivado?

Destiny e Stu sentaram e olharam-se. Stu estava sem palavras, não sabia como lidar com aquela situação, quando estava a ponto de contar a verdade, Destiny segurou em sua mão, e olhou de Stu para Elli com os olhos marejados pelas lágrimas.

- Stu apareceu num momento muito difícil de minha vida. Primeiro como um amigo, depois, como o amor de minha vida. – Ela suspirou penosamente, e após um segundo de silêncio continuou: - Eu havia perdido toda minha família, e fiquei só, desolada. E então, surge esse anjo, um amigo, um companheiro, acima de tudo. Deu-me apoio, carinho, afeto, e acabou nascendo um respeito e lealdade imensos entre nós, e nisso, acabamos juntos. Ele me pediu em casamento à maneira tradicional onde eu vivo, e eu aceitei.

Elli estava comovida, Destiny aquela altura já estava chorando, e Stu estava perplexo com as habilidades de interpretação dela. Por fim, ele levantou-se e tirou do bolso a pena azul dizendo:

- E agora lhe peço em casamento da maneira tradicional de Honey-Mineral City! Aceita?

- Oh, Stu! Sim, eu aceito. E lhe prometo que seremos muito felizes juntos!

Eles se abraçaram, e por fim Elli disse:

- Irmão, beije-a!

- Como?!

- O que você ouviu, beije-a! Pra selar o compromisso.

Destiny adiantou-se, e beijou-o convincentemente. Stu retribuiu o beijo, e então Elli disse:

- Certo, já chega, crianças, melhor vocês irem brincar lá fora, quero conversar com seu tio e a noiva dele.

- Certo, mamãe.

Ambos saíram, e quando não pode mais ouvir o barulho de seus filhos brincando do lado de fora, Elli suspirou e disse:

- Você tem idéia do que acabaram de fazer?

- Como assim? – indagou Stu.

- Eu não sou néscia, eu percebo que não há noivado algum. Mas vocês foram longe demais com a pena azul.

- O que você quer dizer? Não é mentira, senhora Elli. É a mais pura verdade! – insistiu Destiny.

- Querida, por favor, não continue, ou do contrário minha impressões sobre você serão péssimas. Agora, vocês podem achar que não há nada demais no que ocorreu agora, mas eu vi. Stu, você sabe, eu tenho o dom de ver o poder da Deusa e do Kappa atuando, e desde a primeira vez que vi a pena azul da nossa avó, eu entendi que aquela pena possuía um poder imenso. Não só ela, mas todas. O momento de uma cerimônia dessas é crucial, a Deusa abençoa a união eterna.

- Eterna? Mas então como há pessoas que se separam como Manna e Duke?

- Stu, é necessário que uma das partes magoe realmente a outra para anular os poderes da Deusa. Sabemos o que Duke fez à Manna, e aquilo realmente foi terrível.

- Certo, mas afinal que mal pode nos ocorrer?

- Morte, doença, desgraça, ou qualquer outro horror. Vocês terão de, realmente, se casar. Caso contrário, podem terminar como a jovem Mary. Aquela fatalidade que lhe ocorreu fora um castigo.

- Por favor, me perdoe! – implorou Destiny. – Eu gosto muito do seu irmão, mas eu não quero casar-me! Tem alguma maneira de impedir que a Deusa nos castigue?

- Bom... Há uma maneira, talvez. O Kappa, ele é omisso, porém muito mais poderoso que A Deusa. Ele a ama, porém, há casos em que ele intercede por nós mortais. Quando a Deusa é injusta.

- Mas, isso não seria pecado? Tramar contra a Deusa.

Elli olhou para os lados, verificando se a energia presente da Deusa estava forte, e ao constatar que não, disse:

- A Deusa tem sido injusta há muito tempo, o Kappa quem fechou os olhos para isso. Se conseguíssemos alguém por quem ele se apaixonasse, para tornar-se a nova Deusa, ele intercederia por vocês, e talvez o mal que se aproxima de Honey-Mineral City recue.

- Que mal? Do que você fala, Elli? – perguntou Stu.

- Nada. Eu apenas sinto e vejo uma energia maligna que ronda a cidade. Muito parecido com o que ocorreu cerca de duas décadas atrás e...

- Elli, por favor. Chega disso. Destiny já passou por muita coisa, e agora, é hora de você saber a verdade sobre ela.

- Certo, perdoe-me irmão, então me contem tudo.

Stu e Destiny contaram toda a história de Destiny, contaram da mãe que a abandonara no prostíbulo, do plano deles, e todo o resto. Elli ouviu calma e disse por fim:

- Vocês precisam resolver o problema com a Deusa, isso é fato. Mas, agora com estes novos fatos, eu já tenho uma idéia do que fazer. Antes de qualquer coisa, Destiny deve contar tudo a seu pai. Agora.