Destino - uma fanfic Star Wars

Capítulo 6: Muros que construímos



— “Cala, eu posso explicar...”

— “Não tem o que explicar Bvee.” – Cala interrompe o amigo, amassa o papel e joga em cima dele. – “Você me acha um fraco. Eu já entendi.” – o Twi’lek está furioso e dá um encontrão em Bvee no caminho para fora da sala de meditação.

— “Cala!...Cala!...não vai embora.” – apesar de seus esforços Cala não volta para falar com ele. – “A Força só deve estar de brincadeira comigo...” – Bvee pega o papel do chão e guarda novamente.

Bvee vai até o dormitório onde Cala já está deitado e parece estar dormindo. Ele então decide falar com seu melhor amigo no dia seguinte. Talvez uma boa noite de sono seja o bastante para que seu amigo esteja mais calmo e possa conversar com ele. Enquanto isso Cala está fingindo que está dormindo ainda pensando na lista que encontrou com seu melhor amigo. Pior do que ser chamado de fraco é ser chamado de fraco por seu melhor amigo.

Oaahi está deitada em seu dormitório, mas o sono não vem. Um turbilhão de pensamentos passa por sua mente agora. Seu futuro na Ordem Jedi, O Torneio, suas chances de vencer o Torneio e... a discussão com Elie-eh Zerr. A jovem Wroonian parece reviver o momento onde eles mal se cumprimentaram pela manhã e isso a está sufocando. Apesar de saber o que deve fazer a tarefa parece impossível de realizar. Uma barreira instransponível. Após brigar com o sono Oaahi é vencida pelo cansaço e adormece.

— (Oaahi não veio hoje...) – Elie-eh está em seu dormitório esperando um sono que não vem. – (...as coisas não podem continuar do jeito que estão. Essa menina já sofreu tanto...eu não posso ser mais um a decepcionar ela. Eu preciso vencer esse medo...eu preciso contar pra ela...e logo.) – após algum tempo Elie-eh consegue pegar no sono. É mais um dia que termina.

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— toc...toc...toc... “youngling! younging! Pronta você está para o treinamento continuar?” – Mestre Yoda chama por Oaahi.

— “huh!? O que !?” – Oaahi desperta assustada com o chamado de Mestre Yoda. Ela estava tão exausta que perdeu a hora de acordar. – “Desculpe Mestre, eu perdi a hora. Saio em 5 minutos!”

— “Tudo bem minha jovem.”

Passados os 5 minutos Oaahi sai do dormitório arrumada e pronta para ir com Mestre Yoda. O Grão Mestre percebe que a jovem está diferente naquela manhã. Parece distante...

— “Tudo bem com você está minha jovem?”

— “Oi...desculpe Mestre. O que disse?”

— “Se você está bem eu perguntei.”

— “Muita coisa na cabeça Mestre...”

— “Sobre o Torneio isto é?”

— (Melhor ele pensar que é só isso...) – Oaahi está com o olhar arregalado para o Grão Mestre. – “Como o senhor sabe disso!?”

— “ha ha ha ha ha... nem todos os seus segredos revela um bom mestre...” – Mestre Yoda para repentinamente. – “Do Torneio participar você quer?”

— “Sim, Mestre!”

— “Então, perder tempo não podemos. Hoje altus sopor treinaremos e amanhã Mestre Jocasta o Código Jedi te ensinar vai.”

— “Obrigado Mestre!” – por um momento Oaahi se esqueceu da briga com Elie-eh. Ocupar sua mente é tudo o que ela precisava agora.

Enquanto Mestre Yoda e Oaahi vão ao pátio para treinar Bvee e Cala estão na sala de meditação. Mas os amigos não estão bem. Cala está distante do amigo do outro lado da sala. Mas isso não impede que Bvee vá ao seu encontro.

— “Bom dia Cala.” – Bvee tenta uma aproximação.

— “Oi...” – é a única coisa que Cala responde com a cara fechada.

— “Oi!? Eu te disse bom dia e não oi!” – Bvee tenta quebrar o gelo mas ele não é bom em fazer brincadeiras.

— “Bom dia.” – responde Cala olhando diretamente nos olhos de seu melhor amigo, frio como um iceberg.

— (Força Cósmica me ajuda...) – o silêncio entre os dois é ensurdecedor. Após algum tempo Bvee tenta novamente. – “Cala. Me escuta por favor.”

— “Bvee, eu preciso meditar. Pode me dar licença?”

— “...” – Bvee percebe que não adianta insistir naquele momento. – “Tudo bem, Cala.” – Bvee volta para o outro canto da sala desolado.

Enquanto os amigos estão separados ambos pensam naquilo que aconteceu na noite anterior. Cala pensa em como seu amigo pode ter feito aquela lista e Bvee pensa no azar que teve ao deixar a lista cair a frente de seu amigo. É possível ferir alguém mesmo quando não temos a intenção. Algumas coisas não podem ser controladas, mas só você pode escolher como se comportar diante das circunstâncias.

No setor do Conselho de Reatribuição o recrutador Elie-eh Zerr visita novamente a Mestre Mei Loorun que faz parte do Corpo Agrícola, que é o corpo responsável por cuidar e pesquisar o uso da Força na agricultura.

— “Bom dia Mestre Mei Loorun. Como vai?”

— “Muito bem Elie-eh. Mas eu já te disse que não precisamos dessas formalidades.” – Mestre Mei está cuidando da plantação de Denta.

— “Tudo bem, Mestre Mei Loo...quer dizer Mei. É complicado deixar as formalidades de lado convivendo com o Mestre Ch’Gally. Ele é muito rígido quanto a isso.”

— “Sem problemas. Mas o que te traz por estes lados da Ordem?” – Mestre Mei se levanta e acompanha Elie-eh até o laboratório.

— “Lembra que te falei sobre aquela amiga ontem?”

— “Sim, me lembro.”

— “Ontem ela não me procurou...e eu não sei o que fazer...não quero deixar as coisas como estão.”

— “E você sabe o que você pode ter feito para que ela agisse assim?”

Elie-eh conta o que ocorreu na noite em que Oaahi saiu correndo de sua sala e o motivo para ela ter feito isso. Ele entende que quem errou foi Oaahi e não ele. E por isso não deveria ser ele a procurar Oaahi para pedir desculpas. Mestre Mei ouve pacientemente o recrutador até que ele termine de contar a sua versão dos fatos.

— “Você está vendo este painel com a planta?” – Mestre Mei aponta para um painel que contém uma planta e onde é possível ver a parte interior da planta, suas raízes e a terra.

— “Sim, Mestre.” – Elie-eh está confuso pois esperava um conselho após contar seu problema. – (Onde ela quer chegar com isso?)

— “Está vendo como as raízes contornam os obstáculos para fincar suas raízes fundo na terra de onde elas têm seu alimento?”

— “Sim, Mestre. É fascinante!”

— “Assim deve ser com uma amizade. O sucesso desta amizade depende do quanto vocês estão dispostos a superar os obstáculos em favor de nutrir esta amizade. Amizade depende de comprometimento, confiança e perdão. Essas devem ser as suas raízes. Se suas raízes forem fracas ou não puderem superar os obstáculos...a amizade morre. Assim como esta planta se ela não fincar fundo suas raízes.”

— “...” – Elie-eh olha compenetrado para o painel onde consegue ver a planta, os obstáculos e as raízes. – “Então, eu tenho que contornar os obstáculos em favor da minha amizade, é isso?”

— “Se você acredita que esta amizade vale a pena, Sim.”

— “Vale sim. Obrigado Mestr...desculpa. Obrigado Mei.”

Elie-eh passa a manhã toda com a Mestre Mei no laboratório aprendendo mais sobre o Corpo Agrícola e sobre a vida. A Mestre é bem idosa e sábia. Após ser Mestre Jedi ela decidiu não treinar uma nova geração de Cavaleiros, mas preferiu se dedicar a entender como a Força dá crescimento aos alimentos e como ela poderia usar isto para ajudar a República e os Jedi. Suas pesquisas ajudaram a diminuir o tempo de crescimento de algumas espécies de frutos e a tornar elas mais resistente a pragas.

No pátio do Templo, o Grão Mestre Yoda treina com Oaahi a técnica altus sopor.

— “Agora que a técnica altus sopor você aprendeu mais a te ensinar não tenho. A partir de agora quais técnicas dominar você decidir vai.”

— “Sim, Mestre.”

— “Com sabedoria escolha. Pois no Torneio podem vantagem te dar. Liberada para o refeitório você está.”

— “Obrigada, Mestre! Que a Força esteja com você.”

Oaahi caminha até o refeitório imaginando qual seria as melhores técnicas para dominar para utilizar no Torneio. De repente, assim que entra no refeitório:

— “Aiiii” – Oaahi tromba de frente com alguém.

— “Eita!” – se assusta o pedestre.

— “Eu estava distraída e...” – Oaahi perde a fala quando percebe que trombou justamente com o recrutador Elie-eh Zerr. A pessoa que ela tem evitado ultimamente. – “...”

— “Oaahi, eu...”

— “Me desculpa.” – a jovem Wroonian corre novamente dali e se senta com o seu clã deixando Elie-eh para trás falando sozinho.

— (Oaahi...não faz isso...) – o recrutador percebe o olhar do Mestre Morrit Ch’Gally e desiste de falar com Oaahi naquele momento.

Aflita, Oaahi se senta na mesa do clã Bergruufta despertando a atenção de sua amiga Baffa.

— “Hey, Oaahi. O que houve!? Você está pálida!”

— “Ai amiga...lembra do que te falei ontem sobre ter errado com um amigo? Eu fiz de novo...acabei de deixar ele falando sozinho...”

— “Por que você correu garota?”

— “Não sei Baffa...medo, vergonha...tá bom pra você? ou quer mais?” – Oaahi coloca a mão na cabeça e apoia o cutuvelo na mesa. – (Força Cósmica o que que eu to fazendo!?)

— “Olha amiga, eu só sei de uma coisa. Se você não falar com ele, a probabilidade de reconciliação é de 0%. Falando com meu outro cérebro, para não restar dúvidas: Não vai resolver se você ficar aí pensando e não fazer nada! Você me ouviu?”

— “Em alto e bom som Baffa...” – Oaahi consegue ver Elie-eh de longe. Ele está cabisbaixo e Oaahi sabe que é por causa dela. – (Ele está sofrendo...assim como eu...isso não pode continuar assim...)

Já na mesa do clã Urso Cala se senta do lado oposto ao de Bvee, o clima ainda não está legal entre os amigos.

— “Fiquei sabendo que você tem alguns palpites sobre o Torneio Bvee...por que você não compartilhar com todo mundo?” – Cala interrompe a conversa de maneira irônica.

— “Qual é o seu problema, Cala? EU não tenho palpite algum!”

— “Não é o que uma lista que eu achei diz...” – Cala prossegue encarando Bvee.

— “Aquela lista não foi feita por mim, Cala.”

— “Que lista é essa Bvee?” – questionam os membros do clã Urso.

— “Não se intrometam. Essa é uma questão entre mim e Cala.”

— “Tudo bem. Não está mais aqui quem falou.”

— “...” – Cala passa a refletir sobre o que Bvee falou sobre a lista, porém se cansa do assunto e se levanta da mesa.

— “...” – Bvee acompanha seu amigo com os olhos imaginando até quando eles vão continuar assim.

Os outros membros do clã Urso não entendem nada do que aconteceu ali e também não se importam. A única coisa que importa no momento é o Torneio dos Aprendizes e quem irá vencê-lo.

Após a refeição Oaahi volta para o pátio para treinar novamente a técnica curato salva. Depois de refletir sobre as técnicas e quais poderiam ajudá-la no Torneio ela decidiu treinar a curato salva e tutanimis. Debaixo do olhar atendo de Mestre Yoda, Oaahi continua seu treino com muita determinação e comprometimento. Ela sabe que este Torneio pode garantir a sua permanência na Ordem Jedi e ela não quer viver sozinha novamente.

Enquanto isso Bvee está meditando na Sala de Meditação. Ele estranha o silêncio e calmaria daquela sala aquele dia. Mas logo se lembra que o motivo da paz e silêncio é a ausência de seu melhor amigo Cala. Se ele estivesse lá com certeza as coisas não estariam tão tranquilas. Provavelmente Cala já estaria puxando conversa com Bvee e que por sua vez Bvee estaria dando uma bronca em seu amigo para que ele se concentrasse naquilo que eles vieram fazer ali.

— (Que coisa mais louca...as vezes eu quero que o Cala me deixe em paz e agora que eu estou em paz eu quero ele aqui comigo...) – Bvee abre um meio sorriso enquanto ainda está meditando de olhos fechados. – “...irônico!” – sussurra.

— “O que disse?” – pergunta o Iniciado ao seu lado.

— “Ah, me desculpe. Só pensei alto aqui.” – o Iniciado volta a meditar depois de dar uma bronca em Bvee. – “Desculpe, não vai se repetir.” – Bvee volta a meditar, mas começa a gargalhar fazendo com o que o outro Iniciado saia de perto. – (Acho que me tornei o Cala ha ha ha ha)

Na sala de treinamento de Sabres de luz, Cala testa suas habilidades contra um membro do clã Dragão. Na cabeça dele o resultado desta batalha pode provar que a sua posição na lista está errada. Mas ele não consegue se concentrar pensando no que disse seu melhor amigo durante a refeição: “Aquela lista não foi feita por mim, Cala.” Esta frase parece martelar na cabeça de Cala.

— (Se Bvee estivesse aqui ele ía me dar uma bronca porque não estou focado. Ía mandar eu prestar atenção na postura e...) – Cala é surpreendido pelo ataque de seu oponente e é derrubado.

— “Assim você facilita pra mim Twi’lek!” – é possível ver o olhar de superioridade no membro do clã Dragão. – “Quer continuar?”

— “...” – Cala se levanta e limpa a sujeita de sua túnica. – “Não, obrigado. Já foi o bastante.” – Cala se senta ao lado da plataforma de treinamento e fica observando os outros membros treinar. Entre uma batalha e outra o Twi’lek observa as duplas se ajudando e aquele clima de amizade apesar das lutas. – (Por que eu briguei com o Bvee mesmo?...pensa Cala, pensa...hmm...lembrei! a lista. Que idiota. Eu não deixei nem o Bvee se explicar...isso não pode continuar assim!)

Enquanto Bvee continua a sua meditação ele sente uma presença ao seu lado, uma presença familiar. Ele nem precisa abrir os olhos para saber quem está ao seu lado.

— “Cala.” – sussurra Bvee.

— “Sim.”

— “...”

— “Você quer companhia?” – sussurra Cala.

— “Companhia? Não.”

— “Tudo bem, eu vou...” – enquanto Cala se levanta para sair dali é interrompido pelo braço de Bvee que o agarra.

— “Um amigo, talvez?” – diz olhando nos olhos de Cala.

— “É...talvez.” – Cala sorri e recebe um sorriso de seu melhor amigo em troca.

— “Aquele papel que você achou não foi eu que fiz...”

— “...” – Cala olha para Bvee meio desconfiado. – “E quem foi então?”

— “De uma garota do clã Bergruufta.”

— “Ah não Bvee...conta outra...” – Cala desvia o olhar para outra direção.

— “Estou falando sério, Cala. Eu segui a Wroonian ontem e ela estava junto com o seu clã no pátio. Uma das garotas disse que fez uma lista calculando as probabilidades de cada inscrito no Torneio e deu para Oaahi.”

— “E como você pegou!?”

— “Depois de algum tempo eles foram embora, mas deixaram a lista amassada para trás. Foi quando eu peguei e guardei.”

— “E você espera que eu acredite nisso?” – o semblante de Cala mostra que ele não está nada satisfeito com a explicação do amigo.

— “E alguma vez eu te dei motivos para não acreditar em mim?” – Bvee aguarda ansiosamente a resposta de Cala com um olhar esperançoso.

— “...” – Cala desfaz o semblante e abre aquele seu sorriso maroto de sempre. – “Claro que eu acredito!” – Cala pega seu amigo pela cabeça e lhe dá uns cascudos. – “Você precisava ver a sua cara...E alguma vez eu te dei motivos para não acreditar em mim? Foi hilário!”

— “É bom ter você de volta meu amigo. Agora pare de graça e se concentra na meditação!”

— “Ele voltooouuu...ele está de voooltaaaa” – Cala cantarola antes de voltar a meditação.

— (Ele não muda nunca...ainda bem.)

No pátio do Templo, Oaahi termina o treinamento físico e é liberada pelo Mestre Yoda para tomar banho e depois ir para o refeitório. Enquanto está no banho a jovem Wroonian não consegue pensar em outra coisa senão o seu afastamento de Elie-eh. Lembranças do momento em que ela ficou irritada com Elie-eh na sala dele por ele não querer contar a ela o que está havendo, depois o momento em que ela trombou com ele no refeitório mais cedo e deixou ele falando sozinho. Mil coisas que ela poderia ter dito e feito naquele momento passam pela mente de Oaahi sem que ela consiga controlar. Ela só tem certeza de uma coisa: ela não vai conseguir viver tranquila enquanto não resolver sua situação com Elie-eh.

Desde que conheceu Oaahi, Elie-eh Zerr voltou a estudar e está cada vez mais próximo do Conselho de Reatribuição onde Mestre Mei Loorun é um dos membros. Após a refeição Elie-eh voltou a acompanhar a Mestre Mei em suas atividades. Além de adquirir mais conhecimento sobre a Força, o recrutador está aprendendo mais sobre a vida. A experiência de Mestre Mei tem ajudado o recrutador a lidar com seus conflitos.

— “...Discussões costumam afastar as pessoas Elie-eh. Um desentendimento faz com o que as pessoas revivam esse momento várias e várias vezes. As palavras que te fizeram sofrer voltam a sua mente como um bumerangue e por mais que você tente fugir elas ainda te perseguem não importa para onde você corra.” – diz Mestre Mei enquanto cuida das plantas. É admirável o cuidado e delicadeza da Mestre, uma visão bonita de ver.

— “...tem razão Mestre. Não consigo pensar em outra coisa desde então...” – diz Elieh-eh enquanto ajuda a Mestre com as plantas.

— “Você sabe o porquê?” – sorri amigavelmente a Mestre.

— “Não, Mestre.” – Elie-eh olha para a Mestre com total atenção aguardando a resposta.

— “Porque você se importa. Se fosse com alguém que você não se importasse você não estaria deste jeito.”

— (Se fosse uma briga com o Mestre Ch’Gally eu tava dando graças à Força Cósmica por estar afastado dele...) – pensa consigo mesmo Elie-eh. – “Tem razão, Mestre.”

— “E se importa para você é porque tem valor. Você não trata uma coisa de valor de qualquer maneira. Você protege com todas as suas forças para não perder isso. Nós somos protetores da paz, é isso que fazemos. Acima de tudo protegemos pessoas e isso inclui relacionamentos.”

— (Nossa...nunca tinha pensado desta forma! Eu aprendi em 2 dias o que não aprendi em meses com Mester Ch’Gally) – Elie-eh ajuda a Mestre a transferir as plantas de lugar enquanto reflete.

— “O que você esconde dela é mais importante do que o seu relacionamento com ela?”

— “...” – o recrutador faz uma pequena pausa para refletir no que Mestre Mei acabou de lhe perguntar. – “De forma alguma, Mestre” – Elie-eh mostra um olhar determinado.

— “Então, você já sabe o que fazer. Certo?” – Mestre Mei demonstra um sorriso amistoso.

— “Sim. Obrigado, Mestre” – o recrutador sorri de volta.

Já no refeitório, Oaahi está sentada com seu clã procurando a todo momento por Elie-eh. Entre uma conversa e outra a jovem percorre com os olhos as mesas onde Elie-eh geralmente senta porém não o encontra. É nítido o incomodo de Oaahi com a situação e o sumiço do recrutador só aumenta a ansiedade da jovem.

Quando menos espera Oaahi avista Elie-eh que adentra o refeitório e sua reação instintiva é abrir um sorriso porém ao se lembrar do que aconteceu antes seu sorriso é desfeito e aquela velha expressão de sofrimento toma o rosto da jovem. Pior do que avistar o recrutador, é perceber que ele está indo em sua direção. As mãos ficam frias, as pernas bambas e até gotas de suor brotam descendo lentamente pela lateral de seu rosto.

— “Youngling Oaahi. Preciso falar com você. Me encontre em minha sala após a refeição por favor. Obrigado.” – o recrutador se mostra ansioso, mas tenta manter a postura e a discrição frente aos membros do clã Bergruufta.

— “...” – a jovem está petrificada com a simples sentença do recrutador. A única resposta que ela consegue dar é acenar afirmativamente com a cabeça. – “Pelo amor da Força Cósmica Baffa, eu não vou conseguir ir falar com ele.” – diz Oaahi assim que Elie-eh deixa a mesa.

— “Vai sim, amiga. Você precisa. Até quando você vai ficar nesse resolve e não-resolve?”

— “...” – Oaahi respira fundo e solta o ar pela boca como se estivesse bufando. – “Ai, Baffa. Eu sei que você tem razão...” – a jovem Wroonian morde os lábios de tamanha ansiedade.

— “...” – Baffa abraça sua amiga e faz um carinho nos cabelos de Oaahi. – “Vai dar tudo certo!”

— “Obrigada, Baffa!” – Oaahi sorri para Baffa e olha para a direção de Elie-eh que está a algumas mesas de distância dela. Seu olhar demonstra uma preocupação, mas no fundo carrega uma chama de esperança de que aquilo terminará em breve.

Na mesa do clã Urso, Cala observa Oaahi olhando em direção ao recrutador. Após alguns segundos, Bvee cutuca o amigo perguntando o que está havendo.

— “Oi...Bvee...nada não. Só me distraí um segundo.”

— “hmm...não esquece que hoje é a sua vez de observar a Wroonian.” – Bvee sussurra.

— “Eu sei. Deixa comigo!” – Cala pisca para Bvee.

— “...” – Bvee pisca de volta e ambos voltam a comer.

Terminada a refeição Oaahi se levanta para ir até a sala de Elieh, assim que Bvee percebe ele cutuca Cala para que ele siga a jovem. Cala segue a jovem mantendo uma distância para que ela não perceba que está sendo seguida. Oaahi caminha com passos rápidos e curtos, ela pretende acabar logo com isso mesmo não sabendo direito como fazer. Cala também aperta o passo para não perder Oaahi de vista.

| Recrutador Elie-eh Zerr | - diz a placa na frente da sala.

Oaahi está parada na frente da sala e apesar de já ter entrado tantas outras vezes lá ela hesita em entrar. Ela aproxima a mão do botão eletrônico que abre a porta, mas sem apertá-lo. Após alguns segundos, que pareceram horas para Oaahi, ela finalmente ativa a abertura da porta.

Elie-eh está sentado em sua mesa e vê Oaahi em pé na frente de sua sala com um braço em volta do outro balançando de um lado para o outro. Elie-eh se levanta e pede para que Oaahi entre e feche a porta.

Após idas e vindas os dois estão novamente frente a frente. Apesar de já estarem habituados um ao outro desta vez é diferente. O desconforto de Oaahi é notado na forma com o que ela mantém um braço ao redor do outro e como não consegue olhar nos olhos do recrutador. Elie-eh por sua vez procura esperançoso que seu olhar cruze com os olhos de Oaahi e aquela conexão outrora perdida seja reestabelecida e esse muro que separa o humano e a Wroonian seja derrubado. Apesar do receio Elie-eh decide ser o primeiro a tomar a iniciativa e quebrar a barreira.

— “N-não quer se sentar Oaahi?” – pergunta o jovem recrutador, mostrando uma dificuldade de pronunciar as palavras.

— “N-Não, recrutador. Não q-quero.” – Oaahi olha para o lado como se buscasse uma fuga daquela sala, como se estivesse na presença de um estranho.

— “Tudo bem. Por que você correu de mim antes? Eu só queria conversar com você.”

— “E-eu não sei, tá bom!?” – a jovem responde olhando para o chão evitando o olhar de Elie-eh Zerr.

— “Você sabe! Me conta, por favor?” – Elie-eh se levanta e se apoia na frente da mesa aguardando uma reposta de Oaahi.

Do lado de fora, Cala está observando tudo o que acontece na sala através da janela. Ele percebeu que no segundo andar existe uma sacada onde é possível ver os fundos da sala do recrutador. Ele consegue ver Elie-eh apoiado na mesa e Oaahi à frente dele.

— (Ai Força Cósmica, eu estou sentindo tanta vergonha...mas não consigo falar isso pra ele...o que eu faço!?) – Oaahi não responde o recrutador.

— “Eu...pensei muito no que aconteceu e isso é tudo o que passa na minha cabeça...eu não consigo ir em frente enquanto estivermos assim...” – Elie-eh se aproxima de Oaahi e diz: - “Se você sente o mesmo, por favor me fala.”

— (Sim...eu sinto o mesmo Elie-eh! Que raiva, eu não consigo falar!) – Oaahi se retrai e cerra o punho como se estivesse procurando forças para falar aquilo que está sentindo para o recrutador. Ela percorre a sala de um lado ao outro com os olhos como que procurando algo que pudesse ajudá-la, mas sem sucesso. Após um breve momento, Oaahi consegue olhar nos olhos de Elie-eh mas seu olhar é de pesar, de sofrimento.

Seus olhares se encontram finalmente, mas Elieh percebe que Oaahi está sofrendo por dentro. Parece que o peso de um planeta está agora nas costas de Elie-eh. Após ter salvado a jovem em Aleen, a sua vida mudou completamente. Antes dela, seus dias eram solitários e sem vida. Mas depois que ela apareceu demonstrando realmente se importar com ele, uma chama se acendeu no coração de Elie-eh, uma coisa que ele jamais havia sentido antes. Rompendo a barreira do silêncio e da inércia, Elie-eh finalmente toma uma atitude que jamais havia feito antes... ele se expos...
...

— (Huh!?......) – Oaahi é pega de surpresa pelo abraço de Elie-eh. Seu ar foi tomado como que de assalto, seu corpo responde ao susto se enrijecendo, logo as mãos estão frias como o gelo e seu olhos fixos em direção alguma.

— “Me perdoe, Oaahi.” – o recrutador continua abraçando a jovem Wroonian. – “Era isso o que eu devia ter feito quando você me abraçou em desespero em Aleen.”

— (O que!?) – a jovem ainda continua imóvel mas desfaz os punhos cerrados.

— “Me perdoe por não ter te correspondido naquele dia...isso tem me atormentado desde então...” – Elie-eh abraça Oaahi ainda mais forte aconchegando ela em seu braços e encostando sua bochecha na cabeça da jovem.

O universo que antes girava como em um turbilhão agora parece repousar em calmaria. As memórias da discussão e a dor de brigar com um amigo agora parecem jamais ter existido. Nada mais parece importar, os sons de pessoas caminhando e conversando na Ordem não podem mais ser ouvidas de dentro daquela sala. Se é noite ou dia, não importa mais porque algo aconteceu naquela sala. Algo que não pode ser tratado como uma coisa qualquer. Uma reconciliação.

Oaahi antes imóvel, agora repousa com alívio nos braços de Elie-eh. Depois de todos esses anos, 2 orfanatos e 3 famílias adotivas, a jovem finalmente sente o que é carinho. Mas não um carinho vazio ou por obrigação, mas um afeto sincero sem pedir nada em troca. Agora que não está mais paralisada, a jovem abraça Elie-eh de volta mas não como fez em Aleen. O abraço de desespero foi substituído por um abraço de gratidão.

Se tudo o que Oaahi tenha passado foi com o objetivo de trazê-la até esse momento então a jovem está agradecida de ter percorrido todo esse caminho até aqui. Lágrimas de tristeza derramadas pela Wroonian em Aleen são substituídas por lágrimas de felicidade em Coruscant. Este foi um dos momentos que a Força reservou para Oaahi e Elie-eh. Só quem sabe o que é sofrer pode verdadeiramente valorizar momentos de felicidade.

— “Era isso, seu bobo!?” – Oaahi solta do abraço por um momento para dar um soco no braço de Elie-eh mas retorna logo em seguida. – “Nunca mais faça isso!”

— “Ai! Ai! doeu...” – Elie-eh sorri e volta a abraçar a jovem. – “Nunca mais, Oaahi...nunca mais.”

Do alto do segundo andar, Cala observa tudo estarrecido. Com a boca aberta de espanto ele está petrificado, nem consegue sair do lugar. Assim que ele vê Oaahi indo embora ele resolve ir falar com Bvee sobre tudo o que aconteceu ali. Ainda sem acreditar no que viu o jovem Jedi Iniciado do Clã Urso corre ao encontro de seu melhor amigo. Assim que o encontra ele conta tudo o que aconteceu, Oaahi visitando novamente o recrutador, o clima inicialmente tenso e depois o abraço longo dos dois.

— “Cala, você tem certeza do que está me dizendo?” – Bvee está sério, olhando fixamente para Cala enquanto está com os braços cruzados.

— “Sim, Bvee. Tenho certeza. O que vamos fazer?”

— “Paciência. Não ganhamos nada no calor das emoções.” – Bvee coloca uma das mãos no queixo como quem está pensando em alguma coisa. – “Por hoje não faremos nada. Mas amanhã iremos falar com o Chefe de Recrutamento Morrit Ch’Gally.”

Parece que novamente as águas do destino serão agitadas..