Destino - uma fanfic Star Wars

Capítulo 7: O silêncio dos inocentes


Este é um dia diferente para a jovem Oaahi, apesar de receber o Grão Mestre Yoda pela manhã quem vai ensiná-la hoje é Mestre Jocasta Nu. No dia anterior Mestre Yoda já havia avisado Oaahi que ela iria aprender o Código Jedi com a Mestre Nu. Ao invés do pátio do Templo, o local de treinamento hoje é na Biblioteca da Ordem Jedi. A jovem Wroonian está animada para aprender o Código que rege a vida dos Jedi.

— “Está pronta para começar, Oaahi?” – pergunta gentilmente Mestre Nu.

— “Sim, Mestre!”

Mestre Jocasta abre um Holocron Jedi através da Força mostrando os 5 preceitos do Código Jedi:

Não há emoção, há a paz.
Não há ignorância, há conhecimento.
Não há paixão, há serenidade.
Não há caos, há harmonia.
Não há morte, há a Força.


— “Nós vamos aprender sobre cada preceito detalhadamente. Quando você prestar o Teste de Iniciação eles não vão perguntar sobre o que está escrito, então você não precisa memorizar. Mas você precisa compreender o significado de cada preceito porque isto será questionado.”

— “Sim, Mestre.”

— “Não há emoção, há paz. O princípio guia todas as meditações e interações com os outros. Ele reafirma o ideal Jedi de agir sem descuido, e ver as ações dos outros através da lente pura da Força Cósmica. Nossas emoções podem nos trair e nos levar para o lado sombrio da Força.”

— (Não há emoção!? Como não!?) – Oaahi está com uma interrogação enorme na cabeça. – “Mestre Nu, eu tenho uma dúvida.”

— “Pode dizer.”

— “O primeiro preceito é de que não existe emoção, mas como algo que não existe pode nos levar para o lado sombrio?”

— “É...” – Mestre Jocasta interrompe por um segundo sua réplica e após uma breve pausa ela responde Oaahi. – “Se atenha para a compreensão do Código e vai ficar tudo bem.”

— “...” – Oaahi não está satisfeita com a resposta, mas acena em sinal de afirmação com a cabeça. – “Tudo bem, Mestre Nu.”

— “Os Jedi são protetores da paz, Oaahi. Só através da Força podemos encontrar a paz. Nunca esqueça disso. Se nos guiarmos somente pelos nossos sentimentos não vamos conseguir alcançar a paz.”

— “Quer dizer que quanto mais eu me dedicar em buscar a Força mais preparada eu vou estar para proteger a paz?”

— “Sim, Oaahi. Quando a paz que vem da Força guiar o seu caminho, essa mesma paz será transmitida por onde você for. Você precisa entender o que você está protegendo. Só quando compreendemos o valor de algo é que podemos realmente protegê-lo. E só através do preparo você conseguirá isso.”

— (Preciso buscar isso nas minhas meditações...buscar a paz que vem da Força!)

— “Os Jedi são altruístas! Colocam o bem do próximo acima de seus interesses, acima de seus próprios sentimentos, tudo isso por um bem maior: a paz!” – Mestre Jocasta encara Oaahi nos olhos repentinamente. – “Você está pronta para isso, minha jovem?”

As palavras de Mestre Nu atingem Oaahi diretamente como se fosse um golpe. A jovem reflete na pergunta da Mestre: Você está pronta? Como que um filme passa na mente da jovem Wroonian, imagens de sua infância sem uma estrutura familiar, sem segurança, trocas de famílias e por último a tragédia em Aleen. Momentos de sofrimento que moldaram o coração da jovem. Uma parte de sua vida que passa em suas memórias em segundos levando Oaahi a responder a Mestre:

— “Eu não estou pronta, Mestre.” – Oaahi olha no fundo dos olhos de Mestre Nu. – “Mas eu quero estar pronta! A Força me deu um presente, mas também uma responsabilidade. Eu quero usar esse presente para o bem! Para o bem de todos!”

— “Você está no lugar certo, Oaahi. Nada acontece por acaso. Há uma razão para tudo o que vivemos. Resta a nós escolher se estamos dispostos a seguir o caminho traçado pela Força ou se iremos seguir nosso próprio caminho e correr o risco de se perder.” – Mestre Nu vira de costas para Oaahi e olha para cima. – “Existe uma diferença em conhecer o caminho e trilhar o caminho.” – o olhar de Mestre Nu retorna para Oaahi que está sentada.

— “...” – a jovem órfã admira Mestre Nu com os olhos marejados. – (Eu não só vou conhecer o caminho...eu vou trilhar esse caminho. É a minha chance de chegar ao meu destino.)

— “Minha jovem! esqueceu do primeiro preceito? Não há emoção! Se recomponha!” – Mestre Nu gentilmente entrega um lenço para que a jovem possa enxugar suas lágrimas. – “Com o tempo, você conseguirá controlar suas emoções.”

— “Desculpe, Mestre Nu. Mas foi um sentimento bom...” – Oaahi enxuga as lágrimas e devolve o lenço.

— “Cuidado com seus sentimentos, Oaahi. Seja guiada por princípios, não por sentimentos!”
Mestre Jocasta prossegue sua explicação com o próximo preceito do Código Jedi: Não há ignorância, há conhecimento. A Ordem Jedi possui o maior acervo de conhecimento de toda a galáxia. Todo o conhecimento acumulado por milênios através de pessoas que dedicaram suas vidas para que a geração futura pudesse se beneficiar. Aqueles que não compreendem este princípio básico estão próximos ao medo. Costumamos ter medo do que não conhecemos. E o medo é o caminho para o lado sombrio. Por isso, Mestre Nu ressalta a importância de se buscar conhecimento.

— “Nenhum Jedi pode alegar ignorância quando falham por algo que deveriam saber. Todo esse conhecimento está a sua disposição. E todos são responsáveis por expandir seus conhecimentos a serviço da Ordem e consequentemente, da República.”

— “Sim, Mestre.” – Oaahi acena com a cabeça afirmativamente. – (Quanta responsabilidade!)

Enquanto Oaahi está com a Mestre Jocasta Nu na Biblioteca, Bvee e Cala vão até a sala do Chefe de Recrutamento Morrit Ch’Gally para falar sobre o que viram na noite anterior. Toc toc ...ambos batem à porta e são atendidos pelo Chefe do Recrutamento que está com o Jedi recrutador Elie-eh em sua sala.

— “O que vocês querem Iniciados!?” – esbraveja o Chefe.

— “Precisamos falar com o senhor sobre algo muito importante!” – diz Bvee.

— “Não estão vendo que eu estou ocupado!?”

— “Se não fosse tão importante não estaríamos aqui, Chefe Ch’Gally.” – responde Bvee com muita firmeza.

— “Chefe Ch’Gally, se é tão importante é melhor ver do que se trata. Eu posso voltar mais tarde.” – sugere Elie-eh. – (É um favor que esses dois me fazem...me livrar de mais uma reunião chata com o Ch’Gally.)

— “Tudo bem, então. Deixe-nos a sós!”

Enquanto Elie-eh sai da sala, Bvee observa o recrutador atentamente acompanhando com os olhos até que ele tenha saído da sala e pede para que o Chefe Ch’Gally feche a porta porque o assunto é muito delicado.

Com as portas fechadas, Bvee conta tudo o que Cala viu na noite anterior e sobre os últimos dias que eles vem observando Oaahi. Mestre Ch’Gally golpeia a sua mesa com força após ouvir a história dos dois Iniciados e então começa um discurso sobre como deve ser o comportamento entre os membros da Ordem e de como já havia falado com Elie-eh sobre sua relação com Oaahi. Porém, Bvee o interrompe:

— “Mestre Ch’Gally. Não quero ouvir discurso de uma coisa que Cala e eu já sabemos! Quero saber que atitude será tomada nessa situação.”

— “...Tudo bem Sorr. Vou convocar uma reunião do Conselho de Re-Atribuição para falar sobre o assunto. O recrutador e a menina serão chamados para dar explicações. Fiquem tranquilos, ninguém saberá que foram vocês que me contaram.” – Chefe Ch’Gally se reclina em sua cadeira e fica pensativo. – “Não foram embora ainda!? Dispensados!”

— “...” – Bvee acena com a cabeça e sai da sala na companhia de Cala. – “Conseguimos, Cala. A festa acabou!”

Passado algum tempo Oaahi e Mestre Jocasta são interrompidas por um Jedi Sentinela que pede para que a jovem Wroonian compareça a uma sessão extraordinária do Conselho de Re-Atribuição. Oaahi é pega de surpresa, mas recebe o apoio de Mestre Nu dizendo que vai ficar tudo bem. A youngling só consegue acenar com a cabeça em sinal de afirmação, mas continua apreensiva.

O caminho até a sala de reunião do Conselho de Re-Atribuição parece ter levado uma eternidade, tamanha a ansiedade de Oaahi. Assim que chegam até o local e as portas se abrem, estão lá: Chefe Ch'Gally com cara de poucos amigos, Elie-eh Zerr com a cabeça baixa, Mestre Mei Loorun e mais alguns Mestres do Conselho de Re-Atribuição.

Assim que entra, o Jedi Sentinela fecha a porta da sala e alguns segundos se passam sem que ninguém fale nada. Até que Chefe Ch'Gally quebra o silêncio:

— “Eu imagino que você saiba porque foi convocada para esta sessão extraordinária, Oaahi Lynkuo."

— "..." - Oaahi olha para Elie-eh Zerr que apenas acena com a cabeça negativamente. - "Não sei, não."

— "Bem...foi reportado a mim que Elie-eh e você estão tendo um comportamento inadequado dentro da Ordem Jedi. Procede?" - Chefe Ch'Gally olha fixamente para Oaahi aguardando uma resposta.

— "..." - Oaahi fica surpressa com a colocação de Chefe Ch'Gally. - "Como assim, inadequado?"
— “Não se faça de desentendida. Eu mesmo já repreendi Elie-eh Zerr uma vez por causa de você. Mas achei que isso não fosse de repetir.” - Chefe Ch'Gally encara o recrutador. - "Mas pelo jeito, eu me enganei."

— “...” – o recrutador apenas encara o Chefe Ch’Gally de volta.

— (Elie-eh já foi repreendido por minha causa!? Ele nunca me disse nada.) – agora além de apreensiva, a jovem está se sentindo culpada por trazer problemas para Elie-eh.

— “Além de continuarem se encontrando, ainda recebi uma denúncia de que ambos estão apresentando sinais de apego aqui dentro, o que é estritamente desencorajado pela Ordem. É verdade?”

— “Eu já disse que Mestre Yoda me colocou à disposição de Oaahi caso ela precisasse de alguma coisa e...”

— “Chega dessa desculpa!” – esbraveja Chefe Ch’Gally. – “Vocês não podem se apegar!!!”

— (...não adianta discutir com esse velho...) – Elie-eh permanece em silêncio após o grito de Ch’Gally.

— “Eu não posso agradecer por tudo o que ele fez por mim? Não posso conversar com ele sobre a minha vida aqui na Ordem? Não posso me reconciliar com ele após uma discussão?” – protesta Oaahi.

— “Todas as pessoas devem ser tratadas igualmente aqui dentro, não podemos concentrar em apenas alguns o cuidado e o trato que devemos ter com todos. O nome disso que vocês têm é A-PE-GO!” – Chefe Ch’Gally começa mais um de seus famosos, e longos, discursos sobre o comportamento dentro da Ordem.

— “...é o bastante Chefe Ch’Gally!” – interrompe Mestre Mei Loorun. – “Eu mesma já questionei o Alto Conselho sobre esse peso absurdo que ainda mantemos sobre os membros da Ordem. Não vejo problema algum aqui, se me permite.”

— “Mestre Mei, eu não crio as regras apenas as cumpro.” – Chege Ch’Gally volta a sua atenção para Elieeh. – “E como ele é meu recrutador, tenho o direito de repreendê-lo se vejo que algo não está certo.”

— “Não seja por isso então!” – Elie-eh dá um passo a frente. “Quero apresentar o meu pedido para ser transferido imediatamente para o Corpo Agrícola, abaixo da supervisão de Mestre Mei.”

— “...” – o recrutador e a Mestre se encaram em silêncio.

— “Você não pode. Você tem apenas 4 meses na função de recrutador. Só poderá ser transferido daqui a 2 meses. Trocas só são permitidas de 6 em 6 meses. É a regra!”

— (Não é possível! Vou ter que aguentar isso mais 2 meses!!)

— “Além disso, peço que votem para o afastamento imediato da jovem Oaahi Lynkuo e do recrutador Elie-eh Zerr por 2 meses.”

— (2 meses!? É o tempo até o Torneio dos Aprendizes! Vou ficar sem meu amigo...por 2 meses...) – a jovem Wroonian ensaia uma tentativa de protesto, porém desiste ao olhar para Elie-eh que acena negativamente. Ela abaixa uma das mãos que começara a levantar para pedir atenção e se retrai aguardando o resultado da votação.

Mestre Ch’Gally propõe que os Membros do Conselho de Re-Atribuição levantem as mãos quem for a favor do afastamento imediato de Oaahi e Elie-eh. O primeiro que vota é Chefe do Recrutamento que vota levantando sua mão. Um a um, cada membro levanta uma das mãos para expressar seu voto. O momento é de tensão para Oaahi e Elie-eh. O silêncio é ensurdecedor. Cada mão levantada é como um peso sendo acrescentado às costas da jovem Wroonian e do recrutador. O último membro a votar é a Mestre Mei Loorun que permanece imóvel encarando Ch’Gally. Elie-eh agradece a Mestre Mei silenciosamente enquanto recebendo um olhar amistoso de volta e o tradicional sorriso da Mestre.

— “Bem...já temos um resultado. 7 votos a favor do afastamento e 1 contra.” – Chefe Ch’Gally encara Elie-eh e depois Oaahi. – “De agora em diante, Oaahi Lynkuo, qualquer problema que você tiver deverá procurar a mim e não Elie-eh!”

— (E se meu problema for você?) – Oaahi encara o Chefe em silêncio.

— “E você, recrutador Elie-eh Zerr, me acompanhe até a minha sala. Nos próximos 2 meses você vai trabalhar como nunca trabalhou antes.” – Chefe Ch’Gally leva Elie-eh Zerr pelo braço.
Enquanto o recrutador é retirado da sala, a jovem Wroonian o acompanha com o olhar. Por poucos segundos seus olhares se cruzam e é nítido a insatisfação de ambos. Oaahi queria chamar por Elie-eh, porém sua voz se foi. Assim como a sua alegria em ter se reconciliado com seu amigo. A jovem ainda não acredita no que acabou de acontecer. Ambos foram punidos por serem verdadeiros amigos.

Com a cabeça baixa e em silêncio, Oaahi decide voltar para a biblioteca para continuar o seu treinamento com a Mestre Jocasta Nu, porém antes de dar seu primeiro passo alguém coloca as mãos em seus ombros. Oaahi se vira para ver quem é e se depara com a Mestre Mei Loorun que após lhe dar um sorriso a abraça com ternura.

— (É um abraço aconchegante como o de Elie-eh) – Oaahi sorri. – “Você votou contra o afastamento não foi?”

— “Sim, minha jovem. Acredito que os Jedi tem problemas maiores para resolver ao invés de se preocupar com dois jovens que dão valor as suas amizades.” – Mestre Mei coloca suas mãos no ombro de Oaahi e diz. – “Confiem na Força!”

Enquanto observa a Mestre Mei deixando a sala, Oaahi pensa em tudo o que acabou de acontecer. O silêncio de Elie-eh e como eles não puderam se defender diante do Conselho. Oaahi não imaginou que um ato tão inocente quanto um abraço em um amigo pudesse causar tantos problemas. Por que Elie-eh não me contou que já tinha sido chamado a atenção por minha causa? pensa Oaahi. Quem fez a denúncia contra eles para o Chefe do Recrutamento? Como vai ser daqui pra frente? são perguntas que passam pela cabeça de Oaahi. A sala agora está vazia, assim como a vida de Oaahi sem poder ver seu amigo. Oaahi então deixa a sala e volta para a Biblioteca.

— “Tudo bem, Oaahi?” – Mestre Nu, recebe Oaahi de volta na Biblioteca.

— “Não, Mestre. Nada bem...” – Oaahi se senta com cara de poucos amigos e cruza os braços.

— “O que houve, minha jovem?” – Mestre Nu se senta, preocupada.

— “Fui proibida de visitar meu amigo Elie-eh Zerr por 2 meses!” – a jovem olha para a Mestre, contrariada.

— “Mas por que?”

Oaahi conta para a Mestre Nu o que aconteceu na sessão do Conselho de Re-Atribuição. Sobre a denúncia de que havia apego entre os dois e como houve somente um voto para o não afastamento dos dois.

— “Entendo. Ninguém te falou sobre apego aqui na Ordem?”

— “Sim. Mestre Yoda.”

— “E mesmo assim você foi adiante?” – Mestre Nu observa Oaahi que fica em silêncio. – “Nós Jedi, não podemos concentrar nossas energias para apenas algumas pessoas. Nossa maior missão é defender a paz na República. Apego gera ciúmes e o ciúmes leva ao sentimento de posse. Os Jedi não têm posses. Ele vive para os outros, não para si mesmo. Você entendeu?”

— (A Mestre Nu pensa da mesma forma que os outros. Não adianta eu conversar com ela.) – Oaahi acena afirmativamente. – “Podemos continuar, Mestre Nu?”

— “Sim, podemos.” – a Mestre ativa novamente o holocron através da Força. – “Olha, que conveniente! O próximo preceito é: Não há paixão, há serenidade.” – Mestre Nu olha para Oaahi com um grande sorriso no rosto.

— (Você deve estar de brincadeira comigo, Força Cósmica.) – a jovem olha para cima com olhar de descrença e depois da um sorriso amarelo para a Mestre Nu.

— “Uma extrapolação sutil do primeiro preceito, esse lembrete para agir imparcialmente em todas as deliberações se estende às obsessões pessoais e é um lembrete para não elevar o eu acima da missão.” – Mestre Nu volta o olhar em Oaahi. – “Compreende a importância desse preceito?”

— “Sim, Mestre.”

Mestre Nu e Oaahi passam a manhã conversando sobre os 3 primeiros preceitos do Código Jedi. Chegado a hora do almoço, Oaahi é liberada para o refeitório. Assim que se senta à mesa com seu clã, a jovem Wroonian percebe que Elie-eh não está no lugar onde geralmente fica. Apesar de percorrer os olhos por todo o refeitório, Oaahi não vê o recrutador.

— “O que houve, Oaahi?” – Baffa pergunta, curiosa.

— “Não estou vendo o Elie-eh em lugar nenhum...” – Oaahi desiste de procurar e se senta.

— “Daqui a pouco ele deve aparecer, Oaahi.”

— “Bom...do que adianta...não posso me aproximar dele por 2 meses mesmo.” – Oaahi cruza os braços, aborrecida.

— “O que amiga? 2 meses ? por que ?”

— “Alguém contou pro Chefe de Recrutamento que Elie-eh Zerr e eu estavamos nos apegando.” – Oaahi bufa, descontente.

— “Eita, Oaahi. Você devia ter falado com Mestre Yoda sobre isso. Apego pode levar a expulsão da Ordem.”

— “Que absurdo, Baffa. Eu, poder ser expulsa porque me importo com um amigo.” – Oaahi olha fixamente para a comida sentindo vontade nenhuma de comer. – (Força Cósmica, me ajuda! Eu não posso ficar sozinha no mundo de novo.)

Baffa coloca uma das mãos no ombro de Oaahi em forma de apoio e a encoraja a comer. Apesar da falta de vontade, Oaahi se rende e começa a comer.

Na mesa do clã Urso, Cala e Bvee conversam sobre suas estratégias no Torneio até que o assunto Elie-eh x Oaahi surge na mesa. Cala questiona Bvee se ele sabe o que aconteceu depois que eles denunciaram os dois ao Chefe Ch’Gally. Bvee diz que depois da Sessão do Conselho de Re-Atribuição viu o Chefe do Recrutamento conversando com Elie-eh e assim que a conversa terminou o recrutador foi diretamente para o Hangar. Acredito que foi enviado para alguma missão e bem longe, julgando a cara de poucos amigos de Chefe Ch’Gally diz Bvee. Ao final da conversa, o jovem humano diz, encarando a jovem Wroonian, que ninguém vai ameaçar o modo de vida dos Jedi...ninguém.

Enquanto isso, Elie-eh está programando o destino de sua viagem no computador de bordo de sua nave. Após guardar suas coisas nos compartimentos da Nave, o recrutador finalmente inicia a sua viagem.

— “Oaahi...que a Força esteja com você!” – enquanto vê o Templo da Ordem ficando cada vez mais distante, Elie-eh não para de pensar no que acabara de acontecer. – (Parece que o Chefe Ch’Gally me passou todos os casos de futuros recrutamentos da Ordem Jedi. Acho que vou demorar no mínimo um mês para visitar todos os lugares da lista. Nem consegui me despedir de Oaahi.) – o jovem dá um murro no painel da nave. – “Isso é muito injusto!”

— “Não danifique a nave! Ela é propriedade da República Galáctica!” – alerta o droide de protocolo saindo do compartimento traseiro.

— “AHHHH!!!” – o recrutador dá um pulo de susto. – “De onde você saiu, criatura? Quase me mata de susto, pelo amor da Força Cósmica!”

— “Fui designado para lhe auxiliar durante a sua missão. Meu nome é TC-5, a serviço da República Galáctica!”

— “Era tudo o que eu precisava...” – bufa Elie-eh Zerr.

— “Fico feliz em lhe ser útil, recrutador Elie-eh Zerr da Ordem Jedi.”

— “...” – Elie-eh encara o droid. - “Você não sabe o que é sarcasmo, droide!?”

— “Sim. Mas decidi responder com ironia, você não percebeu?” – o droide olha para o recrutador aguardando uma resposta.

— “Olha aqui...se você sobreviver à essa viagem eu vou garantir que você nunca mais viaje comigo em uma missão!” – Elie-eh volta a sua atenção para o painel da nave.

— “...” – TC-5 se vira e retorna para o compartimento traseiro dizendo: - “Essa atitude não condiz com o comportamento Jedi.” – a porta automática se fecha atrás do droide.

— “Não tem como ficar melhor...” – resmunga Elie-eh.

— “Poderiam ter enviado dois droides!” – dispara TC-5 do compartimento traseiro.

Após o comentário irônico de TC-5, o recrutador Elie-eh decide meditar antes de chegar ao primeiro dos muitos planetas que visitará durante a sua missão. O jovem repete o mantra que costuma usar para meditar: Eu sou um com a Força e a Força está comigo. E não temo nada, pois tudo é conforme os desígnios da Força. Assim que começa a meditar, Oaahi sente um calor em seu coração, um sentimento bom e acolhedor como um abraço de um amigo. Mesmo não entendendo exatamente o que está acontecendo a jovem Wroonian pensa consigo mesma: Que a Força esteja com você Elie-eh. Após terminar a sua meditação, o recrutador diz: Que a Força esteja com você, Oaahi. Mesmo um não tendo ouvido o outro, ambos têm o mesmo desejo no coração: o bom estar um do outro.

De volta a Biblioteca da Ordem, Mestre Jocasta Nu está esperando Oaahi. Assim que a jovem Wroonian se senta, a Mestre Nu ativa novamente o holocron com o Código Jedi e inicia a explicação do terceiro preceito:

— “Não há caos, há harmonia. Aqueles que não conseguem ver através dos fios que unem toda a vida, veem a existência como aleatória e sem propósito. Os Jedi percebem a estrutura e a vontade de muitas galáxias.” – Mestre Nu olha o alto e continua: - “Todos temos um propósito neste mundo, uma missão que somente nós podemos realizar. Muitos poderão ter a mesma tarefa, mas cada um irá realizá-la de uma forma única!”

— (Nossa...que demais...) – Oaahi se concentra em Mestre Nu. – (eu, Oaahi, tenho um propósito. Algo que somente eu posso fazer!)

— “Preste atenção nisso, minha jovem!” – a Mestre se vira novamente e olha nos olhos de Oaahi. – “Quando você compreender que tudo o que acontece tem um propósito e que serve como um agente transformador da Força para te moldar e levar ao seu destino, nada poderá te impedir. Não haverá barreiras, limites ou fronteiras...você vai chegar exatamente onde deveria estar.”

— “Isso é harmonia! certo, Mestre Nu?”

— “Sim, Oaahi. Já o caos age de uma forma diferente. Se você não acredita que exista um propósito para tudo o que existe, não há esperança...não há sentido em fazermos as coisas que fazemos ou respeitar as diferenças que temos. Tudo parece conspirar contra nós, trazendo a sensação de injustiça, de que não vale a pena seguir em frente. É nesse momento que, olhando apenas para dentro de nós mesmos, o lado sombrio nos toma de assalto e nos leva a espalhar esse caos interno para fora. Onde tudo o que existe além de nós mesmos deve sofrer pela razão de nossos conflitos. Este não é o caminho Jedi.”

— (Caos...foi por causa dele que eu me deixei levar pelos meus sentimentos e destruí o orfanato em Aleen!?) – Oaahi volta a se concentrar em Mestre Nu assim que ouve ela continuar a sua explicação.

— “Mesmo que tudo esteja desmoronando ao seu redor, Os Jedi devem permanecer firmes buscando manter a harmonia consigo mesmo, com a Força e entre o que está a sua volta. Somente quando entendemos o valor de uma vida é que podemos realmente protegê-la. Somos protetores da paz, Oaahi. Nunca se esqueça disso!”

— “Mestre, isso também tem a ver com o primeiro preceito, não é mesmo? Buscar ver as ações dos outros através das lentes da Força Cósmica.”

— “Sim, Oaahi. Você percebeu que os preceitos do Código Jedi se conectam? Por isso, você deve compreendê-lo e não somente decorá-lo. Os preceitos do Código funcionam como um cordão de 5 dobras, separadamente as dobras não são resistentes, porém quando elas se entrelaçam formam uma resistente corda, difícil de se quebrar.” – Mestre Nu busca na biblioteca um cordão de 5 dobras nos arquivos para que Oaahi possa ver como é.

— “Muito interessante, Mestre Nu” – Oaahi testa a resistência do cordão e depois de cada dobra separadamente.

— “Resiliência! É uma das características de um Jedi. Você deve buscar isso, minha jovem! Um Jedi não se deixa levar pelo o que está acontecendo a sua volta. Mesmo em situações adversas, o Jedi se mantém firme e não se deixa levar pelos seus sentimentos. Ele não culpa o que está a sua volta pelas suas ações. Todos somos responsáveis pelos nossos atos! E ninguém pode ser culpado pelas decisões que nós mesmos tomamos. Não transferimos a outros nossas responsabilidades...”

— “E o que fazer quando a gente erra?” – Oaahi interrompe Mestre Nu.

— “Os Jedi seguem em frente, deixando para trás o que passou e buscando o que está a sua frente. Nossas experiências do passado devem servir de lições para o futuro, mas não podem se tornar uma barreira que nos impede de prosseguir.”

— (Os Jedi seguem em frente...) – Enquanto Oaahi reflete, Mestre Nu pergunta se elas podem ir para o próximo preceito. – “Sim, Mestre!”

— “Muito bem! O último preceito é: Não há morte, há a Força. Todas as coisas morrem, mas a Força vive. Como seres que existem como sombras da Força, o fim de nossa existência nesta forma não deve ser lamentado excessivamente. Somos parte de uma energia maior do que nós mesmos e desempenhamos papéis em um tecido cósmico que ultrapassa nosso entendimento encarnado.”

— (Lamentar excessivamente...é como eu sinto com os orfãos de Aleen...lamentar...mas como não lamentar com a morte deles...da forma que foi...) – Oaahi abaixa a cabeça ficando em silêncio.

— “Tudo bem, minha jovem?!”

— “Você sabe o que aconteceu em Aleen...não é!?” – Oaahi levanta se rosto e olha diretamente nos olhos de Mestre Jocasta.

— “Sim, o relatório do recrutador foi lido na Sessão do Alto Conselho no dia que você foi trazida para a Ordem.” – Mestre Nu vê que a jovem Wroonian está com um semblante de sofrimento e está com os punhos cerrados. – “Não faça isso com você mesma, minha jovem.”

— “O que você espera que eu faça!? Eu matei aquelas crianças...eu...” – Oaahi desvia o olhar.

— “O que houve em Aleen foi uma tragédia? Sim. Mas você não tinha conhecimento da Força e nem sabia que poderia fazer aquilo. Você não pode se culpar para sempre. Tudo o que existe nasce, cresce e um dia morre. Mas tudo o que passa a existir vem da Força e volta para a Força quando morre. É o ciclo da Força. A energia que recebemos para existir, é a mesma que se desenvolve e um dia retorna para a Força quando nosso corpo terreno morre. E desta forma a Força existirá para sempre.”

— “Mas...por que?...por que?” – Oaahi volta a olhar para os olhos de Mestre Nu.

— “Lembre-se! Tudo tem um propósito e a Força pode nos guiar para o nosso destino. Muitas vezes não sabemos o porque de coisas ruins acontecerem. Até que no momento que atravessamos a tempestade e vimos o quão fortes nos tornamos...e que nós sobrevivemos! Aquilo não foi o nosso fim. É o momento em que entendemos que precisavamos passar por aquilo para nos fortalecermos. Respeite a vida daqueles que se foram naquele dia e agradeça pela oportunidade que você tem de servir aos outros na Ordem Jedi. Você tem a oportunidade de honrar aqueles que se foram e que fizeram com o que você estivesse aqui hoje. De alguma forma eles foram instrumentos da Força para te trazer até aqui. A energia deles agora faz parte da Força Cósmica que rege o universo. A vida e a morte deles não foi em vão.”

— (Eu...não posso desistir...não posso ficar me lamentando pra sempre...eu devo isso a eles...e a mim.) – Oaahi se levanta repentinamente. – “Eu não quero mais me lamentar por eles, Mestre Nu! Eu vou seguir em frente, rumo ao meu destino! Com toda a energia que eu tenho enquanto eu viver... será para a Força!” – Oaahi fecha os olhos se conectando com a Força Cósmica. Naquele momento ela sente a energia benevolente da Força que a envolve. A expressão da jovem agora é de alívio, não mais de tristeza.

Mestre Nu coloca a mão no ombro de Oaahi dizendo que vê um futuro brilhante para ela na Ordem Jedi. A jovem abre os olhos e agradece a Mestre com um sorriso amistoso. As duas caminham em direção ao pátio da Ordem para fazer os exercícios físicos. Mais um dia de treinamento vai chegando ao fim e assim que termina os exercícios físicos, Oaahi é liberada para tomar banho e jantar. Após tomar banho, a jovem Wroonian se encaminha para o refeitório e se senta com os membros do clã Bergruufta.

— “Oi pessoal, Oi Baffa.”

— “Oi, Oaahi” – todos respondem.

— “...” – Oaahi começa a comer e fica em silêncio.

— “...” – Baffa observa o silêncio de Oaahi. Mas não consegue manter a curiosidade sobre controle. – “Ainda está chateada com o afastamento?”

— “Sim...e não.” – Oaahi suspira. – “Estou buscando aplicar o quarto preceito do Código Jedi...”

— “Não há caos, há harmonia.” – Baffa termina a frase de Oaahi.

— “Isso. Eu preciso me focar no Código. Preciso passar no Teste de Iniciação pra continuar na Ordem.” – Oaahi volta a comer.

— “Estamos do seu lado, amiga.” – Baffa coloca uma das mãos no ombrio de Oaahi em forma de apoio.

— “Obrigada, amiga.” – Oaahi coloca a sua mão sobre a mão de sua amiga carinhosamente. – “Agora, tira a mão Baffa, porque é capaz de alguém denunciar a gente também...”

— “Fique tranquila, amiga. A chance de isso acontecer é de 0,78594837% de acontecer!” – Baffa sorri para Oaahi.

— “Pois é...mas já foi o bastante pra eu ser afastada do Elie-eh...então, não vamos dar mole.”

Após a refeição Oaahi vai conversar com o Chefe do Recrutamento para perguntar sobre Elie-eh. Chefe Ch’Gally responde que passou uma missão para o recrutador e que ele só deve retornar em 2 meses como uma medida para garantir o afastamento dos dois. A notícia caiu como uma bomba na cabeça da jovem Wroonian. Oaahi decide então ir dormir. Tudo o que a jovem quer é que este dia acabe logo.

Assim que chega e seu dormitório, a jovem coloca a sua roupa de dormir e se deita. Depois de se cobrir e deixar somente os olhos descobertos, Oaahi pensa consigo mesma:

— (Agora não vou poder ver meu amigo nem de longe...como se já não fosse ruim ver ele e não poder falar...) - sniff...sniff... Oaahi começa a recitar o primeiro preceito do Código Jedi: – (Não há emoção, há a paz...não há emoção há a paz... não há emoção há a paz...)

Há muitos parsecs dali, o recrutador Elie-eh ainda está acordado, deitado em sua nave pensando em Oaahi.

— (Espero que ela entenda o meu silêncio...há coisas que acontecem que não entendemos logo de início e temos que seguir em frente...o silêncio também pode ser uma resposta quando não há o que dizer ou o que fazer diante das situações...no silêncio podemos ouvir a Força e ela nos guiará.)

— (...Eu sou um com a Força e a Força está comigo. E não temo nada, pois tudo é conforme os desígnios da Força...) – enquanto os dois recitam o mantra da Coleção de Poemas, Orações e Meditações na Força ambos caem no sono, mas não antes de derramar uma lágrima.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.