Um galho de uma árvore rasgou seu rosto do lado direito fazendo sangrar, não parou de seguir o caminho nem por um minuto, nem para ajustar sua pulsação, ou o fôlego para seus pulmões. Seu músculo das coxas queimavam, e seu corpo todo parecia que suportava mais peso que o normal

Havia uma pessoa em suas costas, Will sabia que estava em apuros, não poderia parar de correr mesmo que o sangue mancha-se cada vez mais suas vestimentas. Ele retirou sua capa suja encharcada a escondendo em um tronco podre qualquer; como foi mandado. Assim como suas facas e o arco que fez para Halt, e tudo que pertencia que mostra-se sua identidade.

O menino olhou através das folhagens curtas das copas contando mentalmente, o céu parecia bem tarde, andando mais adiante sem fazer muito barulho, — lembrando do que Gilan falou— sua boca estava seca, e sua vistas tão cansadas.

Bem à sua frente dois misterioso arqueiro se projetaram como uma sombra verde e cinza, seus arcos alinhados ao atônito garoto esfacelado, que arregalou os olhos escuros, assim, como outro arqueiro com a face ocultada, este em sua frente transbordava perigo. Torceu os lábios num ensaio de fala, mas parou, abaixando os olhos em derrota. Seu corpo tremia de medo ao movimento do primeiro arqueiro, ele era alto, em uma voz rouca, porém forte, ditava ordens:

“Mexa-se!” Ele tinha um brilho estranho em seu olhos; uma tonalidade azulada, esverdeada, uma mistura clara e hipnotizante. Ele deixou seus lábios finos numa linha zangada, deu um passo para frente deixando-se mais ameaçador, Will estava pálido, suava frio, enquanto encolhia os ombros pequenos.

Colocando as mãos para cima em rendição enquanto aos poucos era cercado pelos dois homens. Um deles bateu em suas pernas fazendo o menino cair de joelhos, no susto se encolheu sentindo um par de mãos em sua cintura subindo pelo seu corpo grosseiramente à procura de algo.

O outro agachou-se em sua frente, segurando seu queixo magro olhando no fundo de seus olhos. Lá estava o mesmo olhar quase vazio do homem, como no outro, gelado.

“O que um coelho faz em nossas terras?” Ele disse, apertando ligeiramente a pele morna, seus dedos longos estavam duras.

“Meu mestre, Gilan, me mandou à frente”. Will disse com a voz baixa embarcada. Os dois se olharam compartilhando as mesma suspeitas.

O menino engoliu difícil, estava quase dando um soco e alguns pontapés, entretanto, seguiu conforme o plano verdadeiro.

Will, escute com atenção, estarei ocupado enquanto você entra nos arredores da Ordem, quero que finja ser um garoto normal, lembre que eu fui designado para encontrar um suposto aprendiz, e será você o escolhido, não sei como estão as coisas por lá. Espero que Halt chegue a tempo, e que eu consiga pegar o perseguidor, seja o mais visível possível” .

Aquilo ecoou na mente dele, conseguiu andar por algumas milhas até ser descoberto, Puxão havia ficado para trás, com um forte sentimento de culpa. Estava cansado, mas pelo visto Gilan conseguiu fazer seu trabalho. Foi que Will queria acreditar.

Will estava em uma das salas que foi levado, havia um sofá de madeira com forro, uma janela entreaberta, uma mesa grande e algumas estantes. Era um lugar que não dizia nada sobre quem fosse o dono dela. Secando as mãos suadas nas calças, pensou em Halt, e em seus conselhos: "Conheça seu inimigo". Diria.

Sorriu com as lembranças das batidas em suas costas; esperava, contudo, o incentivo do homem mais velho no término dos treinos. Podia sentir o cheiro do café que ele fazia; com a torra perfeita, Halt fechava a cara quando colocava mel na bebida. Isso deixava Will alegre, eram momentos assim, junto dele, mesmo que às vezes não falassem nada.

Até que as boas lembranças tomaram novos rumos, deixando para trás o sabor amargo do agora.

Estava sozinho e Gilan não estava ali, muito menos Halt.

Olhando para os lados com uma sensação estranha, perturbadora e quase cortante. Quando chegou naquela sede escondida pensou em encontrar uma estranheza que levasse à pensar em algo negativo.

Mas não foi bem isso que encontrou. Havia logo na entrada algumas montarias desgrenhadas. Cavalos de arqueiros amontoados tranquilamente, mas não via muitas pessoas.

As poucas estavam encostadas, escondidas quase às cegas. Era um clima sombrio, porém, parecia que os mesmo estavam prontos para uma partida brevemente e quase dura; no lombo dos animais algumas provisões e outras coisas de longas viagens. Estavam saindo de lá. Mas para onde os mesmo estavam indo? Halt tinha dito um dia, que o corpo de arqueiros constituía em cinquenta pessoas contando com ele, mas ali eram pouco, o próprio Gilan fazia parte do Feudo Meric, um feudo vizinho do reino.

Ele olhou com mais atenção, não deu para não vê-lo parado deliberadamente como só um arqueiro faria. Uma pessoa normal não conseguiria nunca enxergá-lo, mas Halt havia lhe ensinado muito bem, na verdade, muito bem para saber que aquele trata-se do líder deles.

Crowley.

Os cascos de Abelard corriam para o castelo pela trilha, o animal bufou com a velocidade que o cavaleiro forçava, Halt mantinha o ritmo acelerado conforme passava às presas pela cidade, algumas pessoas davam espaço com medo do estranho encapuzado que não ligava de transitar pela população avoada.

O castelo do Rei Duncan não parecia tão distante, assim, pensou, quando desmontou agradecendo à montaria com um afago calmo. Duas das sentinelas vieram ao seu encontro com lanças em mãos, Halt torceu o rosto com aquela intromissão suspirando quando um dos rapazes entrou em sua frente: Era mais alto, e parecia não saber quem era.

“Identifique-se!” Ele disse querendo passar confiança.

“Quero falar com Duncan” Halt mostrou sem paciência seu colar em forma de folha de Carvalho. Prateado e brilhante. Um dos jovens abriu os olhos em espanto, depois ele pareceu prestar atenção nas vestes do recém-chegado; cinza-esverdeado, capuz e uma carranca de poucos amigos.

Ao seu lado um cavalo pequeno, silencioso e troncudo. Aquele definitivamente era um Arqueiro, pois tinha o colar da Ordem. Todos sabiam que eram misterioso, e nem todos tinha coragem de se meter com eles. Era quase lendas, por isso, que eram chamados de Bruxos, feiticeiros.

Acreditavam que os arqueiros tinham poderes de desaparecer.

E ali se projetava um desses enigmáticos homens de rostros ocultos.

“Halt! Halt o que faz aqui?” Uma voz ditou alto da entrada do castelo. Era Rodney. Mestre que treinava os Guerreiros.

“Vim com um comunicado!”.