Uma leve garoa fina caía em sua cabeça protegida pelo capuz, tão fresca que fazia seus pelos se eriçarem com a temperatura que estranhamente rondava à região. Seus olhos viram as nuvens escuras planando tão silenciosas quanto um gato na espreita, deixando uma atmosfera pesada para respirar.

Ele suspirou retirando as flechas da aljava, o ar de domínio que imperava como se fosse uma ordem; um exemplar comandante, que estava ali à espreita, camuflado. Com uma segurança de mil homens treinados o arqueiro permanecia escondido: com calma e leveza, puxou a corda do arco levantando até seu queixo barbado. Havia em seus dedos que sobravam mais três longas flechas com pontas prateadas — seu arco era longo — segurando a respiração, seu peito forte alinhou-se, e conforme seguia-os com o olhar calculista e frio uma pequena comitiva vinha logo à frente, os dedos calejados começaram com a ideia de acertá-los.

Era no total cinco homem que cavalgavam, dois deles eram bem jovens, talvez tivessem a idade de Will, ou um pouco mais velhos, o resto, eram adultos, homens com feições duras e marcadas pela vida. Podia ser uma simples comitiva do Rei, ou mercadores, ou até mesmo aldeões.

Entretanto, não eram, trabalhavam para Morharath e sua corja de abutres.

Mas ali, encontrava uma prova de que os problemas estavam sendo verdadeiros. Ele soltou a flecha calculada acertando o outro lado da árvore grossa. Um dos cavalariços se assustou, retirando de seu cinto uma espada pesada, o resto imitou por reflexo. Aquele era o líder. Seu cavalo malhado parou rodando algumas voltas, já o homem desviou a atenção da estrada tentando procurar o atirador audacioso. Porém, o culpado desta intervenção estava nem muito distante, na verdade, Halt estava praticamente em sua frente, encostado em um tronco.

O cavaleiro não enxergava-lhe, e isso irritava os estranhos.

“Apareça! DESGRAÇADO!” O suposto líder gritou. Todos os outros mantinha separados.

“Um arqueiro! Isso foi obra deles”. Um dos rapazes disse, sua voz passava não só medo, mas um desejo imenso de sair dali. Os dois rapazes se olharam com uma cúmplice necessidade.

“Cale-se, ou eu mesmo irei matá-lo.”

“Um dos desgarrados? Aquela Ordem maldita não se desfez em pó?”

Um dos homens comentou, rindo com os mais velhos com o comentário sarcástico. Rei Duncan ainda não sabe. Lá estava a nova realidade que Halt passava, e também, as bocas infelizes que informava sobre os últimos acontecimentos. A carta que recebeu o deixa transtornado, descobriria algo melhor antes de falar com o Rei. Mas precisava interpretá-los, nem que ele para isso terá que usar mais da força.

Halt rosnou mais uma vez, e seu escuros e enigmáticos olhos brilharam por detrás do capuz. Ele se mexeu lentamente acertando em cheio o peito do desorientado estranho.

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Will ouvia com atenção o que dizia. Às ordens foram bem claras, ninguém sabia como era sua aparência: a não ser o perseguidor, que ainda continuava à espreita. Era um dos espiões da Ordem, porém, pelo que estava demonstrando, o mesmo não tivera contato com a mesma.

À categoria que o mesmo pertencia, e suas habilidades incríveis, mostravam que aquele estranho; para Will, era de igual semelhanças a Halt. Tudo apontava que teria que se passar por outro aprendiz, e se infiltrar no meio, era bastante arriscado, porém, Gilan teria que ser seu novo e único mestre. Pois, Halt era um dos poucos que lutavam contra à corrupção na ordem.

“Este espião estava no enlaço de Halt para dar cabo, pois foi enviado uma mensagem a ele às pressas, porém, por algum motivo ele desviou a atenção, pelo visto sua reputação acabou caindo nos ouvidos dele de algum modo. Mas ninguém sabia que havia um aprendiz, Halt ainda não havia falado, nem eu sabia.” Ambos estavam ouvindo os sons da floresta cochichando, colocando tudo em ordem pela última vez.

“Reputação… aquele Javali mesmo morto está me dando canseira”. Will resmungou sem jeito.

“Foi por causa disso que foi atacado, estávamos indo nos encontrar, embora ele tenha pensado em trazê-lo, mas nosso caminhos se dividiu por um tempo, eu estava indo te pegar, quando aquele espião interveio em nossos planos. Não há muitos arqueiros confiáveis agora. Halt precisava ver se os que estão em nosso lado, realmente são amigos leais”.

“Entendi… onde fico na ideia? Ainda sou um aprendiz, vão perceber logo.” Will disse, parando logo em seguida quando Gilan levantou a mão pedindo silêncio. O homem escutava alguma coisa, o menino também.

“Não vão, não se preocupe, já tenho uma história para você”. Gilan disse sentindo o ar. “Há um esconderijo onde os outros estão, mas é um lugar bastante complicado de chegar lá, temos que dar um jeito de matá-lo antes que seja tarde”.

Will entendia, mas matar um pessoa era novo, sabia que ele teria que fazer isso algum dia, mas não tão cedo, seu coração apertou em receio e medo. Queria Halt ali. Seus olhos umedeceram, agradeceu por ter cabelos bagunçados.

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“Está bem! Eu falo, estava levando esta mensagem para o Rei de Crowley, sou apenas um dos informantes.” O homem disse encolhido, seu rosto estava sangrando, os lábios inchados pelos socos da mão pesada de Halt, os meninos estavam desacordado, — mas não terrivelmente feridos— o resto haviam flechas entalhadas. O arqueiro entortou o colarinho deixando a face azul sem ar, Halt não era muito alto, porém, era musculoso de um porte atlético preparado.

Aquela frase entrou no subconsciente enrugando a testa, a sobrancelha elegante mostravam que não queria mentiras. Ele deu um último golpe na nuca fazendo-o desacordar. Halt se abaixou pegando a bolsa de couro escura do chão, procurou de qualquer jeito qualquer pergaminho com a insígnias dos Arqueiros, até encontrar, estava lá, enquanto abriu viu o que suspeitava.

Era falsa. Ele amassou com raiva, ira, e repulsa.

Esperava que Will estivesse bem com Gilan, fazia algumas horas que eles haviam se visto, porém não tivera chance de ver o garoto, e isso entristecia bastante. Will ainda não estava pronto para a vida de Arqueiro, e muito menos para a situação adulta que cairá em suas costas.

Retirou de seu bolso a carta que tinha manchada com sangue.

“Nossa ordem foi corrompida meu irmão, nossa irmandade está sendo desfragmentada. Em breve uma Guerra virá, muitos de nós já se foram, e os que não, estão indo para escuridão…”

Logo em baixo coordenadas.

Halt estava num grande impasse. Acreditar naquelas palavras, ou ir até o Rei Duncan? Podia ser uma armadilha. Ele segurou sua folha de carvalho do pescoço, lembrou do juramento que fizera perante o Rei. Eles eram amigos, conhecidos, e Halt era seu maior conselheiro.

Ele rezou que Will saísse bem um sua tarefa de descobrir um pouco mais desta “doença”, que o cavaleiro disse.