[..]O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força
Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:
Pois assim como ele ama a flecha que voa,
Ama também o arco que permanece estável.

Khalil Gibran


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“Vamos, beba um pouco mais deste chá, deve está sentindo um pouco melhor, porém, a febre irá voltar logo!" Disse estendendo a caneca de madeira, um vento abafado bagunçou seus cabelos bem claros com algumas pinceladas de ruivo, fazendo os mesmo agitarem. Gilan olhou para cima à procura de novas nuvens. O ambiente cheirava à terra molhada de Araluen, e a eucalipto.

Will aceitou sem fazer birra ou ir de encontro à vontade de Gilan, por respeito, mas manteve-se calado, pensando em muitas coisas. Teria sido uma chamado urgente? Quem era aquele arqueiro? Seus olhos pesaram fazendo as indagações para lá, uma sensação de formigamento gostoso cresceu em seu corpo passando com uma quentura de um banho morno.

Ele se enrolou na manta relaxando por completo, e, pela primeira vez, esqueceu dos problemas ou até mesmo das dores. Seus olhos castanhos se fecharam, e seus cabelos desgrenhados pelo amassado pioraram quando ele deitou confortavelmente.

Se sentia tão pequeno.

Gilan segurou seu arco, suas facas, e todo armamento leve. Faria a vigília com atenção, pois ali se encontrava Will, o matador de Javalis*. Subindo num eucalipto envergado com ramificações ásperas, ficou a vigiar com a face coberta à paisagem panorâmica com olhar de águia bem treinada; havia uma trilha à direita, onde sumia entre as árvores, conseguia ver suas copas onde abrigavam sombras e escuridão do bosque e das clareiras. Oculto de quem passasse.

Ele suspirou leve agradecendo por ter a mesma, as vestimentas dos arqueiros possuem uma tonalidade cinza-esverdeada, meio manchada. Olhando para baixo via que o aprendiz dormia pesadamente.

O treinamento que recebeu de Halt, assim, como está sendo para Will, são iguais, porém, em situações diversas. Os pássaros levantaram voo batendo as asas, seu coração apertou com a invasão de alerta que preenche não só com tensão, mas com o desespero.

Estavam sendo caçados e Halt estava terrivelmente atrasado.

Logo de manhãzinha, antes mesmo dos pássaros acordarem, Will é despertado pelo arqueiro, que sorria calmamente ao seu lado, dando as costas do sonolento menino logo sumindo das vistas. O acampamento parecia que estava sendo desfeito pelo mais velho, mas Will ainda estava mole dá medicação forçada que tomou há algumas horas atrás.

O jovem bocejou alto, passando as costas da mãos nos olhos aerados e inchados do sono. Ao seu lado, suas roupas estavam devidamente dobrados e secos. Will acabou sorrindo com a ideia de usá-las novamente, pois sentia que nesta missão teria mais picadas dos insetos no traseiro do que nunca.

Ele não conseguiu ver Gilan por perto, decerto, ele estaria fazendo guarda em algum lugar, ou dando apenas um espaço para o corado Will se vestir, coisa que não tardou, apressadamente ele colocou as roupas; com mais vergonha ainda de que uma outra pessoa tenha visto como ele era "magricela", mesmo que treinasse e tivesse bons músculos rígidos, de modo que não existisse espaço para gordurinhas, porém, pouco da puberdade ainda estava presente.

Diferente de seu amigo, Horace; robusto. Ele era uma vergonha!

Agora vestido, em pé, mas ainda assim dolorido, ele segurou o arco que tinha feito para Halt. Resmungando quando viu uma mancha de sangue na madeira, pelo visto tinha segurado com tanta força, que as seus dedos ficaram lá.

Hoje teria mais consciência para conversar com Gilan à respeito de tudo. Will colocava o capuz sentindo um friozinho da manhã passar pela orelhas geladas, até que, um ronco absurdamente alto da sua barriga fez com que uma segunda pessoa tomasse nota, logo atrás o arqueiro puxava sua montaria de nome Blaze para mais perto.

“Bom jovem aprendiz, é melhor darmos uma rápida olhada no que temos para este estômago reclamão”.

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Na estrada, os pôneis andavam lado a lado relinchando baixinho em passada e outra, já seus donos estavam em silêncio, até Will querer cortar o silêncio com as suas perguntas:

"Então..."

O outro suavizou o rosto. Will expiou-o de canto mordendo a bochecha direita, Halt sempre enrugava mais a cara quando abria a boca; ele ficava mais altivo, alisava a barba do rosto meio grisalhas, os ombros imponentes, seus olhos inteligentes deixava ele sensualmente mais atraente, mostrava assim, seus anos de experiência de vida. Deixando os murmúrios de lado por parte do mesmo. Já pegara observando aquele rosto, tantas vezes, que podia escrever cada feição zangada.

Mas Gilan era novo. Alto e esbelto, jovial, com um sorriso encorajador.

“Você me disse que ele te chamou ontem, sabe por qual motivo?” Will comentou de novo tentando soar natural. Seus dedos instintivamente passearam para o arco pendurado na cela, queria senti-la com vigor. O peso da Aljava em seu ombro, e o estojo das facas, também lhe davam conforto.

“Apenas sei que havia uma tensão disfarçada nele, mas algo me pareceu em ser algo sobre ‘A ordem tem mais inimigos do que o próprio inimigo Morgarath que estamos lidando’, deu para entender que temos espiões na ordem”.

Sua voz saiu sombria e baixa, aquilo constataram em ideia horríveis na cabeça do rapaz, que apertou as rédeas com força. Morgarath, o senhor das Montanhas da Chuva e da Noite, seria um dos inimigos mais cruéis que Araluen estava enfrentando no momento, é uma das dores de cabeças, principalmente do Rei.

Se a ordem dos Arqueiros estava corrompida, então, seria quase o fim do que conhecia. Pois a Ordem, sempre foi a mão invertida do Reino.

Com pena do rapaz que empalidecera como papel com a notícia, Gilan, deu um sorriso esperançoso .

“Halt e um raposa menino".

“Mas porque ele não me levou junto?” Will abaixou a cabeça irritado. Ele sabia a verdade, pois ainda era um aprendiz inútil, que só atrapalha, provavelmente, Halt já sabia sobre sua quedinha infantil por ele. Ele queria se livrar do problema. Mandando um antigo aluno para ser a babá dele. Seu peito se comprime com a ideia negativa e absurda. O reino estava com problemas, e havia um aprendiz com pensamentos puritanos.

“Ele não me mandou aqui por achar que você era inútil, Will”. Ele confirmou com a voz mansa “Eu não deveria estar aqui contigo” reafirmou, olhando para os lados. Podia ver seus ombros rígidos com o comentário.

"Temos uma missão onde sua participação é deveras importante".