Destino

Capítulo 2


Após a saída da professora a sala virou uma grande bagunça, era de um lado aluno comentando o quanto Regina era gata e do outro a surpresa de uma pessoa tão nova já estar dando aula. Alguns meninos, assim como Killian, apostavam quem a chamaria para sair primeiro, afinal, mesmo que a resposta fosse um não, eles não deixariam de tentar.
— Então, Emma, o que achou? — Killian e os outros sempre faziam isso, desde que eu contei a eles que era bissexual. No começo eu ainda entrava na brincadeira e falava alguma coisa, porém, com o tempo, começou a me incomodar, não podia entrar uma menina nova na nossa sala ou na escola que eles me faziam essa pergunta.
— Ah! Não, Kill, sério? Já perdeu a graça, não é pela opção sexual que tenho que toda mulher ou homem que aparecer eu vou ficar eufórica, ou algo do tipo. Quando eu contei era porque não queria ter segredo com vocês, e não para que a minha vida virasse uma eterna questão de: "o que eu acho?" — Não era bem assim que eu queria ter contado a eles sobre a minha posição com o assunto, mas já não era a primeira vez, eu já tinha tentado falar antes, só que dessa vez eu realmente estava chateada, mesmo sabendo que não era por mal, eu tinha que parar aquilo.
— Desculpa, Em, não tive a intenção, me desculpa mesmo, eu estava brincando. Não queria te chatear com isso, não vai mais acontecer, prometo. — Killian sempre foi um amor de pessoa, ele só era muito brincalhão e acabava extrapolando as vezes, mas já tínhamos nos acostumados e, como toda vez, o momento acabou em um enorme abraço.
O restante das aulas foi tranquilo, não tinha mudado mais nenhum professor, o que era bom, não queria ter que passar o último ano com professores novos. Nada contra, era mais pelo costume mesmo, pela amizade que já existia com alguns deles, eu tenho sorte por cada um, eles são ótimos.
— Emma, pronta? O pai já chegou, e você o conhece, se demorarmos 5 minutos que seja, é capaz dele vir atrás de nós para saber se estamos com algum menino pelo corredor.
— Por que será, Ruby?
— Nem vem, foi só uma vez, e era para você me dar cobertura, porém, se me lembro bem, você estava meio ocupada e, no fim, não foi só eu que levei uma bronca aquele dia, papai viu você com aquela ruiva estranha, e foi um longo caminho para casa, depois daquele dia eu prefiro não atrasar mais nenhum segundo sequer.
— É, foi constrangedor o fato do seu pai me ver com a Michele, ainda bem que nossos pais não são preconceituosos. Mesmo com a tortura da bronca no caminho de volta para casa, temos sorte por ter eles.

Como Ruby tinha dito, assim que chegamos no portão da escola seu pai já nos esperava no carro.
— Boa tarde, meninas, como foi? - Perguntou ele assim que entramos.
— Foi legal, pai! Entrou uma professora nova de matemática, se um dia o senhor a vir, irá achar que é uma aluna, de tão nova.
— Olha só, o ano mal começou e já tivemos mudanças, ela deu algo hoje ou só se apresentou? Ela é boa?
— Não muita coisa, apenas alguns tópicos que vamos estudar e algumas observações. Foi a maior parte do tempo focado mais nas apresentações, ela parece ser boa... — Respondo já que Ruby acabou perdendo a atenção em algo ou alguém no celular.
— Então daqui a um mês pergunto de novo — disse Marcos sorrindo.
O restante do caminho foi Ruby contando dos outros professores, e mesmo que eu concordasse ou falasse algo sobre o assunto, a minha cabeça não estava alí, por algum motivo meus pensamentos estavam presos na nova professora e nos seus olhos castanhos que me prenderam boa parte da aula. Ela realmente era uma das mulheres mais lindas do mundo, e eu estava encantada. — Bom, chegamos. Em, mande um beijo para a sua mãe e para o seu pai por mim, e assim que der, marcamos algo para colocar a conversa em dia.
— Pode deixar, eu mando sim, manda um beijo para a tia Helena também. Até amanhã e obrigada tio Marcos! Tchau, Ruby.
Abracei minha amiga e desci do carro. Entrei no prédio e logo subi para o apartamento, sabia que meus pais logo chegariam para almoçar, já que ambos, por trabalharem perto, sempre vinham em casa para almoçarmos juntos.
Entrei, deixei a mochila na sala, pois tinha que fazer umas pesquisas depois do almoço e subi para tomar um banho. Coloquei uma roupa leve e desci.
— Querida? — ouvi a voz da minha mãe, e logo respondi:
— Estou aqui, mãe! Estava no banho, como foi o trabalho? — perguntei
— Nada fora do comum, seu pai ainda não chegou?
— Não, deve estar a caminho. Mal terminei de falar e papai passou pela porta.
— Cheguei, e olha o que eu trouxe? Almoço do restaurante preferido de vocês, por isso acabei me atrasando um pouco. Se aproximou da minha mãe dando um beijo rápido, e ao passar pelo sofá beijou o topo da minha cabeça. Ajudei minha mãe a colocar a mesa enquanto meu pai levava as mãos, e quando ele voltou, já estava tudo no lugar para que pudéssemos almoçar.
— Então, filha, como foi a escola?
— Foi legal, temos uma professora nova de matemática esse ano, parece ser boa, porém como Ruby disse ao tio Marcos, se vocês chegarem a ver ela, irão pensar que é uma aluna.
— Por que, filha?
— Porque ela é nova, pai, tem 23 anos, e é filha da diretora Cora, então se ela puxar a mãe, será uma excelente professora, já que a diretora é um amor de pessoa.
— Nossa, realmente ela é muito nova, mas tenho certeza que será uma ótima professora. — Disse minha mãe.

— Eu também, mãe! Algo nela me prendeu hoje cedo, e eu não sei explicar, deve ter sido o lugar que ela está mesmo sendo tão nova, ou algo do tipo, fiquei admirada... Afinal, não é fácil dar aula, ainda mais para adolescentes. — Disse meio pensativa, como se eu mesma tentasse explicar o que tinha naquela mulher que me prendia aos seus olhos. Meus pais sorriram, se olharam entre si e não disseram nada, apenas continuaram comendo.