Mudanças

Finalmente o sábado havia chegado e Ada mal podia esperar para chegar em casa. Desde a ação de graças Jill esteve ocupada todos os dias úteis e sendo assim, a asiática não teve oportunidade de conversar com a amiga. Á dois dias atrás quando conversou com Chris e ele concordou com a situação que ela delicadamente tentava impor, se sentia mais confiante em conversar com a amiga. Para isso se muniu com algo que realmente chamaria a atenção da Jill: torta gelada.

Assim que adentrou ao apartamento achou estranho o fato de Jill não ir de encontro a ela, mas lembrou-se que a situação entre elas não era a mais agradável. Mesmo assim, Ada colocou o bolo sobre a mesinha para que elas pudessem conversar ali mesmo na sala. Prepararia um suco natural e voilà... plano perfeito para uma conversa “finalmente” agradável. E o clima de inverno já se fazia presente na cidade. Ada tirou o casaco grosso que vestia imediatamente deixando-o sobre a bota, já que a casa estava quentinha.

Antes de ir até o quarto de Jill ela seguiu para a cozinha, se surpreendendo ao encontrar a garota dormindo debruçada sobre a mesa. Logo se lembrou que Jill havia passado a madrugada em claro ensaiando uma música que segundo ela, foi pedida por um dos clientes e ela cometeu erros gravíssimos ao reproduzi-la e isso tinha deixado ela frustrada. Então naquela tarde, Ada acreditou que ela descansaria... Mas não em cima de “classificados”, acompanhado de uma xícara de cappuccino com marshmallow.

Ada se inclinou para ver o que ela estava procurando quando se intrigou ao ver a amiga procurando um apartamento para morar sozinha... no outro lado da cidade. Ela olhou aborrecida a atitude da menina, que tinha se tornado mal-humorada desde o jantar e que apenas falava com ela com má vontade ou forçada, espirrando ironia.

— Jill, o que é isso? – Ada perguntou ao cutuca-la levemente, fazendo ela despertar e levantar sua cabeça, que acabou trazendo a folha do jornal para cima, já que estava colada no seu rosto, pela saliva.

— Acho que peguei sono... – Disse com uma voz sonolenta. Descolou o papel do rosto e o embrulhou, no intuito de Ada não perceber o que ela estava fazendo e ia andando em direção do quarto quando foi interrompida.

— Classificados?

Jill se virou para encará-la, olhou para suas mãos, amassou o papel com um rosto frio no pequeno corredor.

— Agora é lixo. Quer fazer o favor de jogar ele fora para mim? Eu vou dormir. Conversamos depois.

— Aham… claro que é lixo, afinal você não pretende morar em Washington Park, ou quer?

Jill engoliu seco a repreensão, porque já sabia que Ada já tinha conseguido entender todo o ambiente como sempre. A mais jovem suspirou lentamente e olhou para o chão.

— Só estou de olho em alguns preços… lá tem uns apartamentos bem em conta. Eu só achei que... que seria uma boa idéia deixar a casa para você e o Leon viverem o momento “casados”.

— Claro, com o nível de criminalidade ultrapassando os limites, ninguém quer morar lá. E você não vai ser a primeira a ir para aquelas bandas, moça. Eu nunca permitiria...

Ada disse amassando o papel e jogando no lixo da cozinha. Logo seguiu para a sala, onde tinha deixado a torta que tinha comprado para a amiga, no intuito de guarda-la na geladeira, devido ao clima que tinha ficado muito ruim entre elas. Antes que tocasse no doce, Jill a interrompeu.

— O que eu posso fazer? É a área mais próxima da faculdade e do restaurante. E não sei se você se lembra mas não ganho tão bem quanto gostaria. Portanto não interfira em nada.– A voz de descaso de Jill com que Ada disputasse. Aquilo estava indo longe demais.

— Para que ir tão longe se tem a oportunidade de permanecer aqui ? Por que quer arcar com as dispesas sozinha ? Qual é o seu real problema com Chris? – Ada alterou seu tom de voz.

– Afinal o que você está achando ruim? Eu não ter compartilhado a idéia com você? Porque foi exatamente isso que você fez quando apareceu com a linda história de um casamento repentino com alguém que você acabou de conhecer! – Jill exclamou com tanta ira que seus olhos ficaram marejados. – É exatamente isso que você fez comigo, Ada Wong. Eu nunca ocultei nada de você... Sempre te pedi conselhos. Mas você sempre se acha a tão sábia que nem me perguntou se trocar o seu namorado com o cara que te deu um pé na bunda era viável, deixando o coitado para eu livrar com a minha fiança! Você comete erros... E por que eu não posso cometer? Você me disse que seus pais nunca lhe deram a escolha entre ser você ou se tornar Carla, pois eles sempres acharam que tudo jamais poderia sair de seu controle e que isso te magoou muito... Eu não consigo entender... No fundo você é igual a eles. – Ada ficou estática. Não sabia o que responder. Não entendia o repentino comportamento rebelde de alguém que nunca brigou com ela, não daquele jeito. Os olhos de Ada avermelharam e em instantes as lágrimas desciam sobre seu rosto.

Naquele instante Jill percebeu que havia perdido o posto de vítima e ganhado o de vilã. Ela sabia que tocar no assunto da família Wong feria os sentimentos da amiga. Mas sua impulsividade já não podia ser controlada.

— Eu só… eu não esperava que isso fosse te machucar tanto… não foi minha intenção Jill. – A voz de Ada calma e sincera fez com que Jill deixasse o local, saindo pela porta principal. Quando fechou a porta, deixou as lagrimas que tanto conteve caírem e então desceu as escadas com pressa.

Ela só não imaginava que por aquela hora, Chris tinha acabado de chegar de um happyhour os com amigos do trabalho e parou em frente ao apartamento das meninas, quando percebeu a voz exaltada de Jill. Assim que notou o silencio e a tranca da porta se abrindo se escondeu na escada superior, vendo sorrateiramente uma Jill chorona descendo as escadas.

Chris não era alguém que se comovia com lágrimas. Mas ao subir alguns degraus das escadas que dava para seu apartamento, o rapaz resolveu ouvir sua voz interior. Então revirou o olhos e voltou a descer as escadas.

— - -

— Loja de música? Muito previsível, amiguinha.

A voz de Chris por trás de Jill fez ela se espantar com a presença do indesejado. Mas a garota não quis replicar nada para ele, mantendo um rosto sério e um olhar desviado. Continuou andando pela loja, ao tomar um álbum em mãos e olhar todas as músicas, para ver se o álbum valia a pena, isso de artistas aleatórios. Chris a seguiu, temendo um pouco, tinha medo de outro escândalo e esse evitaria exatamente sua principal intenção ali dentro.

— Jill, você está bem? – Ele insistiu, com o rosto franzido em desconfiança. Ela o encarou por alguns segundos e desviou o olhar, ao se lembrar que seus olhos ainda poderiam estar vermelhos e ele não hesitaria em perguntar o porquê. – Tudo bem, me ignorando pela segunda vez… não, terceira vez, contando com aquele dia lá embaixo do prédio. Tudo bem, olha... eu não iria te perturbar hoje... Mas acabei ouvindo sua discussão com a made in China, então...

– Então você deveria saber que não é nada educado escutar atrás da porta. – Jill replicou seca.

– Ok Valentine você venceu. Se um dia precisar conversar não exite em esquecer que eu existo. – Chris respondeu e logo se virou rumo a saída.

Jill observou o rapaz indo embora e por mais curiosa que estivesse, estava com raiva dele por existir. Porque se ele não existisse, muitas desgraças na vida dela não teriam acontecido. Principalmente a ultima, onde acabou ferindo sua única melhor amiga. Continuou a distração da sua mente, evitando entrar na ala de instrumentos musicais. Estava com raiva da musica, e principalmente pelo pedido da noite passada, quando um cliente pediu para ela tocar Norah Jones. Ela se sentiu vulnerável por saber que aquela era a cantora favorita da sua melhor amiga e se distraiu porque ainda sentia um resquício de rancor desde a noite de ação de graças e da primeira traição de Ada. Por isso, quando chegou, tocou Norah Jones até sua mente lembrar ela da verdadeira amizade que elas tinham em Maryland e de como lá tudo era perfeito.

Mas aquele sentimento estava matando ela e foi exatamente por isso que agiu daquele jeito, momentos atrás. Ela só não imaginava que aquela atitude a machucaria tanto.

— Olha, só uma idéia antes de ser ignorado e de você querer me xingar na frente de todo mundo, mas... Qual deles é o melhor? – Chris apareceu novamente, portando dois CDs do Eric Clapton nas mãos. Ela se virou para encará-lo e notou os dois álbuns virados para ela. Ao olhar para os CDs, ela não imaginava qual seria o joguinho do manipulador.

Chris não pode resistir ir embora e desistir tão cedo de seu intuito, mesmo com tantas bolas foras. Mas ao notar o CD do amado Eric Clapton da Jill, de quem tanto falou na parte feliz do jantar de ação de graças, não pode deixar de notar um sinal do além ao verem as duas capas se complementando.

O primeiro CD era “BACK HOME (De volta para casa)” e o outro era “NO REASON TO CRY (Sem razões para chorar)”.

Jill não percebeu a razão daquilo, mas Eric era a melhor motivação presente que poderia aparecer naquele momento. Sem hesitar, apontou para Back Home, sem procurar olhar na cara do Chris.

—Eu também gostei dele, mas... eu acho que ninguém pode voltar para casa, com razões para chorar em mãos. – Chris finalmente implicou, usando bem as palavras como costumava e ela levantou a sobrancelha. Já quase esboçava um sorriso, quando notou que já estava dando muita liberdade a quem não merecia.

— Eu não estou chorando... me deixa em paz, idiota. – Jill exclamou ao tomar o caminho para fora sem olhar para trás.

Chris suspirou e colocou os CD’s na prateleira, com a capa virada para dentro. Trocou o rosto amigável por um irado enquanto caminhava para fora da loja, caminhando em passos lentos e com sorriso forçado.

– Maravilha! Agora entendi porque a Ada não pode deixar o bebê caminhar com as próprias pernas... Você é mimada demais pra isso! – Chris exclamou. – Jill por sua vez se irritou e em passos pesados se aproximou do rapaz. Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, Chris a segurou pelo braço e a encostou na parede com certa rigidez – Você quer mostrar a todos que é forte e pode se virar sozinha. Mas no primeiro obstáculo agi como uma criança amedrontada em seu primeiro dia na nova escola. Acha que eu estou gostando dessa ideia idiota que sua amiguinha inventou ? Escute, se não quer morar comigo tudo bem. Mas pare de se fazer de vítima, de induzir as pessoas a terem pena de você porque uma coisa é certa; Ada e Leon não vou desistir apenas pelos seus caprichos e por enquanto ainda te querem por perto...mas você sabe que tudo tem um limite.

– Me solta Redfield... – Jill disse em voz calma. Suas lágrimas já se faziam presentes novamente. – Meu problema nunca foi com eles... Meu problema é você.

Ele se afastou dando espaço para que ela fosse embora. Ela caminhava de pressa quase correndo, queria ficar o mais longe possível daquele maldito ser.

Depois de tanto caminhar parou em frente a um jardim privado. O local sempre foi rumores de histórias assombradas pois seus donos eram descendentes de um casal de assassinos dos anos 50 que supostamente foram enterrados vivos naquele jardim. Jill nunca achou qualquer ligação entre esses fatos mas conhecia alguém que certa vez cogitou a hipótese de invadir o local para ver oque realmente tinha de tão especial alí. Pegou o celular e em segundos já ouvia o som da chamada.

– Alô Jake...

— - -

Chris chegou a casa bem tarde, encontrando Leon e Ada abraçados no sofá, curtindo um filme de (*drama bem interessante*).

— Achei que você não iria mais vir. – Leon disse se virando para encará-lo.

— É... não deu pra ficar na Jessica. Probleminhas. Tem algum problema se eu ficar por aqui hoje? – Chris perguntou um pouco chateado com a situação, ao ver seus amigos tentando alguns momentos sozinhos, sempre sem êxito.

— Imagina, Chris. Essa é a sua casa. E eu só estou aqui para dormir mesmo porque as coisas lá em baixo não estão tão legais. – Ada disse ao pausar o filme e se virar ao amigo, como Leon. Seu rosto arrasado e pálido demonstrou exatamente o que Chris já imaginava. E o carinho na cabeça que Leon deu, consolando-a deixou tudo mais claro.

— Não? Problemas com a Jill? – O tom de voz disfarçando o que ele já sabia, mostrava que ele se compadecia bem da situação.

— Aquela conversa não saiu como planejada. Tentei falar com ela, depois de uma semana quase sem palavras e ela já estava procurando apartamento em Washington Park, sem falar nada para ninguém.

— Ela quer se matar? Ninguém sai daqui pra morar lá.

— Ela quer me dar o troco. Está se sentindo traída com a situação, porque acha que vamos nos separar mas... O Leon mora bem aqui. Não tem como fugir dele... não nos separamos porque ele mora acima de mim. Com ela não seria diferente, seria? Eu fico imaginando o quanto deve ser complicado para você ir para o norte para ver sua namorada, atravessando vários distritos para isso.

— Para quem quer estar perto, a distância nunca é um problema. Não importa como ela será. – As palavras de Chris fizeram Ada sorrir.

— Não conhecia esse seu lado tão sentimental, Chris. Que lindas palavras.

— Larga esse bobão do seu lado e vem me conhecer melhor. – Chris brincou com a namorada do Leon e ele olhou ferido para Chris, franzindo a sobrancelha e em seguida, abraçando com mais intensidade sua namorada.

— Dispenso qualquer cavalheiro pelo meu príncipe aqui. – Ela disse trocando alguns beijos com o namorado, enquanto Chris os deixou para não ter que ver a cena. Seu humor não estava nada compatível com cenas de amor.

— - -

Assim que acordou Ada desceu para o seu apartamento. Sentia que devia se desculpar com Jill e dizer a ela que havia pensado melhor e por fim decidido junto com Leon que era melhor não precipitar as coisas, talvez daqui a um ano. Mas nada podia preparam Ada para oque seus olhos presenciaram naquela manhã. Caixas e mais caixas espalhadas pela casa. Ela olhou o conteúdo de uma delas e viu que era os pertences de sua amiga, e logo seu coração gelou. Jill só poderia ter alugado um apartamento em Washington Park.

Ela rapidamente correu até o quarto da amiga e quando chegou a porta lá estava Jill embalando sua coleção de CDs de seu amado Clapton.

– J-Jill...

– Ah! Bom dia Ada! – A jovem abriu um grande sorriso para a outra.

– Jill eu... eu estive pensando quer dizer, eu e Leon estivemos pensando e–

– Leon. Era justamente sobre ele que eu queria falar. Quando ele vai descer? Vou precisar de espaço pra colocar as minhas coisas.

Ada franziu o celho sem entender nada do que estava acontecendo.

– Oque?... Não! Você foi pressionada a isso. Jillian eu estava errada...fui egoísta. Vamos desarrumar essas caixas e esquecer esse assunto ok – Ada estava nervosa. Retirou um urso de pelúcia de uma das caixas para colocar-lo sobre a prateleira.

– De jeito nenhum! – Jill pegou o urso das mãos da amiga e o devolveu a caixa – Olha cheguei as quatro horas da manhã e desde então estou empacotando toda essas coisas. Não me faça todo meu trabalho para o alto. – Sorriu.

– Quatro horas? Você não dormiu em casa? Onde e com quem estava? – Ada usou seu tom de mãe e Jill revirou os olhos com um sorriso.

– Eu estava com Jake – Jill respondeu pegando uma caixa e carregando para a sala.

– O estranho? Oque estavam fazendo? – Ada a seguia curiosa.

– Jake não é estranho, você está apenas julgando o livro pela capa. E hum... Estávamos ensaiando algumas músicas juntos. Talvez venhamos a fazer um dueto qualquer dia desses. O Chris está em casa? Vou pedir para ele me ajudar. – Concluiu. A garota girava a maçaneta da porta principal quando Ada a impediu de continuar.

– Jill... Está dificil para mim processar todas essas informações de uma vez mas... Eu não consegui pregar o olho essa noite, me perdoe – Os olhos de Ada marejavam. Jill a abraçou fortemente também chorando.

– Me perdoe por ontem, fui imatura. Eu estava com medo e acabei agindo de forma horrível... Nunca mais vamos brigar, é uma promessa.

– Nunca.

– – –

Um, dois, três toques na campainha e algumas batidas na porta fez com que Chris levantasse — a contra gosto — e se arrastasse até a porta. Se perguntava onde diabos Leon estava que não havia atendido a maldita porta. Mas logo se lembrou que Ada havia dormido com o namorado ou seja, certamente estariam em suas transa matinal.

Abriu a porta e de imediato pensou em fechar com toda força que tinha. Mas para evitar maiores transtornos apenas abriu passagem para uma Jill radiante passar.

– Problemas para dormir querida?

– Não. Apenas muita coisas a fazer – Jill analisava bem o cômodo – E o Leon já acordou? Preciso de vocês dois.

Chris olhou para o relógio sobre o rack.

– Valentine são 07:30 da manhã de domingo. Mesmo que você estivesse entre a vida e a morte eu não moveria um dedo para te ajudar antes das onze. Portanto, quando sair feche a porta – Chris bocejou deixando claro seu descaso para com ela. O rapaz retornava calmamente para seu quarto.

– Mas eu realmente preciso de vocês...

– Se eu tivesse um momento de epifania oque eu duvido muito, em que eu e Leon te ajudariamo? – Chris questionou já ciente de qual que fosse a resposta não o agradaria.

– Bem, o Leon é pra cair fora e você para me ajudar com as minhas coisas afinal, meus pertences não vão subir as escadas sozinhos – Jill respondeu com um sorriso vitorioso ao notar a expressão de Chris.

Claro que em seu interior ele estava comemorando mas Chris era um homem de várias faces, então estava disposto a mostrar a que menos agradaria sua "amiguinha"

– Se eu soubesse que te colocar contra a parede 'literalmente' iria surtir um efeito tão rápido já teria feito isso antes. – Ironizou

– Pois é Chris Redfield, se não fosse você nada disso estaria acontecendo. Não se esqueça disso amiguinho...jamais. – O sorriso de Jill deixou Chris intrigado. A mudança dela havia sido muito repentina e isso com certeza teria um motivo muito maior que apenas um "cair a ficha" e o rapaz tinha razão.

– – –

Durante a madrugada enquanto Jake e Jill invadiam o jardim a garota contou ao maior sobre seu dilema. Claro que Muller não era o tipo de cara no qual ela devesse desabafar, mas a companhia dele era infinitamente a melhor naquele momento.

Vasculharam todo o local e de fato não havia nada que diferenciasse aquele jardim dos demais.

– Droga! Eu tinha esperança de encontrar alguma coisa que fizesse jus as histórias que ouvi – Jake disse ao chutar algumas raízes em decomposição.

– Pensa pelo lado bom, esse lugar e sombrio...está aqui faz com que eu me sinta em um filme de terror – Jill abraçou a si mesma quando o vento assoprou seus cabelos.

– Jill olha isso...

Quando Jake chutou as raízes observou algo estranho abaixo da vegetação apodrecida, então se abaixou e começou a fuçar o chão até que encontrou um retangulo de mármore escrito " Garden dedicated to Graham and Joan Birkin " e abaixo um símbolo redondo branco e vermelho.

– Sinto muito Jake, sei que você esperava que isso fosse uma lápide – Jill riu – Vamos, ainda tem muito oque explorar.

Jack observou o símbolo com a sensação de já te-lo visto antes. Mas deu de ombros, voltando a caminhar com sua colega de faculdade.

– Enquanto você ria da minha frustração eu pensei na sua – Começou. – Qual é o problema em morar com um cara que você odeia ?

– Oque é a palavra ódio pra você?

– Algo que com certeza você não sente por esse tal Chris.

Jill parou de caminhar e o fitou, então ele suspirou pois teria que explicar a ela sua linha de raciocínio.

– Você tem a oportunidade perfeita em mãos. Pensa bem, esse cara só te traz problemas pois banca o bom moço com todos menos com você. Morar com ele te da a chance de descobrir algo a mais sobre ele, um ponto fraco ou sei lá, assim você pode simplesmente ter sua vingança perfeita.

– Isso é loucura Jake Muller – Jill voltou a caminhar dando de ombros ao plano maquiavélico do rapaz.

– A não ser quer não seja a raiva que te faz querer manter distância... Talvez esteja apaixonada pelo cara e por isso acha que morar com ele seja absurdo. Vocês mulheres são louças então prefiro acreditar na opção B – Jake sorriu. Sabia que havia "tocado na ferida".

– Não me interessa oque você pensa Jake... Chris Redfield vai se arrepender do dia que cruzou meu caminho ou não me chamo Jill Valentine.

Ela olhou para trás e sorriu para o rapaz. Era questão de tempo para que Jake ficasse a par dos novos capítulos dessa história.