Ada chegou em casa um pouco tarde do seu novo emprego. Ela ainda estava em fase de experiência e isso exigia um esforço maior do seu trabalho e tempo. Mas estava aborrecida. Desde que tinha começado em seu novo emprego, seu relacionamento com Leon tinha começado a ficar desgastado. E naquele momento, ela tinha acabado de voltar de um quase jantar que não deu tão certo por uma discussão que começou de uma forma muito sutil, mas que culminou em algo que Ada simplesmente não gostava de tocar no assunto: seu ex-namorado.

Leon tinha ficado aborrecido pela sua volta repentina a Chicago, onde o mesmo apareceu na escola em que ele continuava dando aula e perguntando da asiática. Assim que John soube através de outros professores sobre o mais novo relacionamento de sua ex, não se contentou em manter isso para si. Tinha que procurar seu novo rival para saber o que estava acontecendo. E assim que Leon deixou a escola, se deparou com o professor.

— Professor Kennedy, quanto tempo amigo?

Leon olhou sério para o mesmo, que jamais tinha demonstrado uma atitude tão amistosa quanto a que aparentava fazer naquele momento.

— É... e o que você faz aqui depois de tanto tempo? Não conseguiu manter os custos do mestrado? – Retornou com ironia, medindo suas palavras.

— O mestrado está indo bem e já que tenho uma pausa de alguns dias, eu apareci para resolver alguns assuntos pessoais. Mas parece que alguns desses assuntos já estão muito bem resolvidos, porque... não se pode deixar queijo estragado na mesa que os ratos fazem a festa.

— Seja mais claro, professor? Não consigo entender tamanha idiotice.

— Professor... Já ouviu a expressão: para bom intendedor meia palavra basta? É isso. – John colocou seus óculos de sol e se virou para sair.

Leon, mesmo com muita raiva, não conseguiu falar nada. Ficando preso em sua excelente educação e por estar na frente da escola, sentiu que começar a fazer uma cena não era algo viável no momento. Mas saiu dali quase galopando pela direção oposta a fim de buscar Ada, como de costume.

Desde que se encontraram as perguntas sobre John se tornaram assunto em discussão. Até Ada descobrir que John tinha voltado para Chicago e tinha ido buscar ela na escola. Leon parecia muito enciumado, mas não contou a Ada das ofensas que tinha escutado, para não deixar ela triste.

Mas se Ada conhecia bem John, ele ainda iria provocá-la com seu orgulho ferido. Por isso, procurar acalmar Leon era o mais indicado a fazer, dizendo a ele que John já tinha se afogado em seu passado e que agora Leon era o único. Mas ele completamente pensativo, fez com que ela perdesse a paciência e um pequeno conflito começasse por causa do ciúme.

Ao chegar em casa, se deparou com Jill se arrumando para ir trabalhar. Decidiu se abrir com ela, reclamando do rumo que o namoro estava indo e isso fez Jill se atrasar um pouco mais para ir trabalhar. Explicou o que tinha acontecido e que estava preocupada com Leon. No fundo ela não queria que ele ficasse preocupado com a presença repentina de John porque John não pertencia mais a sua vida. Quando Ada decidiu que iria descansar, Jill ligou para seu amigo Parker falando que iria se atrasar um pouco por conta de uma alergia.

Mas Jill já tinha outros planos. Iria conversar com Leon, porque sabia que se Ada tinha ficado muito mal, ele provavelmente estaria. E por gostar muito dos seus amigos e principalmente ter se apegado bastante ao seu “cunhadinho”, sabia que isso era algo simples e que ela ajudaria a resolver. Subiu as escadas com pressa e tocou a campainha.

Quando a porta se entreabriu, devido a corrente prendendo a porta e o umbral, Jill se deparou com Chris.

— O que você quer? – Disse com desdém ao notar quem era.

— Falar com o Leon.

— Ele não está, volta mais tarde. – Terminou a ação fechando a porta com um chute.

Jill fechou os olhos contendo toda a raiva do sujeito. Desde o dia da ação social na escola, ele nunca mais voltou a falar com ela. Jill absorveu a culpa pelo que disse no último momento em que os dois se falaram: que não voltaria a falar com ele depois que aquilo acabasse. Mas na mente dela, era ela que iria ignorá-lo e não ele. Nem mesmo na frente dos amigos ele tinha voltado a falar com ela – Além do "Oi" — e o estado estava se tornando crítico. “Talvez ele pode estar por trás disso tudo, colocando lenha na fogueira”, pensou.

Ela que já estava descendo as escadas, decidiu voltar atrás e se retratar com Chris, a fim de saber alguma coisa para ajudar na reconciliação dos seus amigos. Tocou novamente a campainha.

— O que foi? – Chris atendeu mostrando uma insatisfação.

— Eu preciso falar com você.

— Oh... Sabia que sentiria saudades – Provocou mas sem mostrar alegria.

— Não começa imbec... Eu vim em paz. – Disse levantando a mão direita e então levantando dois dedos em sinal de paz.

Chris olhou para ela pela brecha por um momento e fechou a porta. Uns três segundos depois ele tirou a corrente e abriu a porta, se afastando dela em seguida, dando passagem para ela entrar.

Jill entendeu o recado e quando decidiu passar pela porta, observou a figura andando na sua frente sem camisa, somente com uma calça preta e cinto desafivelado ainda preso na cintura, provavelmente tinha acabado de chegar do trabalho. E na mente dela se passava ao menos uma frase: pelo menos a vista é boa. Preparou-se mentalmente para encará-lo sem corar ao ver ele voltar para o sofá, focar os olhos à televisão e as mãos para seu Cheetos em uma tigela. A boca dela se encheu d’água ao ver que ele estava comendo seu biscoitinho favorito, em uma tigela presa entre as pernas dele. Jill não pode deixar de notar também a enorme fênix que realçava ainda mais aquele músculo perfeito. Mais precisamente, o braço direito do rapaz.

— Gosta do que vê?

— Isso não vem ao vem ao caso agora. – Ela responde, sentando-se na ponta do sofá, ignorando indícios de piadas. – O motivo de eu estar aqui é... Por que você não está falando mais comigo?

— Preciso repetir a última frase que você me disse na escola?

— Preciso relembrar que na frente do Leon e da Ada, nos fechamos um trato sobre os nossos comportamentos? Você que inventou aquilo, você tem que ao menos cumprir isso, por mais ridículo que seja fingirmos qualquer tipo de amizade.

Chris tirou os olhos da televisão e olhou pra ela sério por um tempo.

— Não tô afim de ficar inventando mentiras. Principalmente agora que esse namorinho de três meses já está indo pra cova. Eu sabia que ele não iria suportar uma namorada.

— O que? Do que você está falando? – Jill perguntou chateada. – Do que você sabe?

— Do que tá todo mundo vendo. Eles estão forçando a barra com eles mesmos. Leon vive reclamando que Ada agora não liga mais pra ele e me enchendo o saco com isso. Agora apareceu com a nova de que o ex dela está na cidade e que tem que ficar de olho nela... Quando ele chega com esses papos, eu já levo ele para o bar para ele pegar outra e dar um chifre na ocupadinha lá. – Diz com desdém voltando a olhar para a TV.

— Mas... que sem vergonhisse é essa, Chris? Você realmente é o ser mais asqueroso existente. – Disse se levantando assustada mas ele segura o pulso dela.

— É brincadeira. Eu to apenas quebrando o gelo. Senta ai se quer ouvir meu ponto de vista disso. E eu não mordo.

Jill hesita e acaba sentando ao lado dele novamente.

— Se acha que eu ter vindo aqui pedir clemência pela nossa relação foi para você começar com suas intimidades, eu prefiro ir embora. – Disse cruzando os braços.

— Esqueci que você é intolerante. Mas, olha... O cara tá mal. Quando eu cheguei aqui o encontrei guardando comida, provavelmente um jantar como eu o vi preparando desde cedo e com um rosto preocupado. E não é a primeira vez que encontro ele assim, já tem quase duas semanas isso... e as coisas pioraram com esses ciúmes que fizeram com que ele fosse dar uma volta para pensar um pouco. – Disse oferecendo uma garrafa longneck pra Jill que estava ao lado do sapato que ele ainda usava. Ela negou com o rosto enquanto ouvia ele falar, pensativa.

— E ele comentou mais sobre isso?

— Não... eu não busco muito saber sobre isso. Não sou mulher pra ficar de fofoquinhas de amigas. Mas se parar para pensar bem a resposta está bem na cara. Ada não vem aqui faz quase um mês, desde que parou de trabalhar na escola. Distância faz qualquer um desanimar. Isso já era um bom motivo para ele ficar preocupado. Mas eu realmente espero que Jessica não tenha nenhuma influencia nisso.

Jill ficou pensativa ao observar Chris comentando sem ao menos mostrar preocupação com outra coisa a não ser a reprise do jogo do fim de semana.

— Jessica?

— É, minha namorada. Ela vive aqui, mas não incomoda tanto, assim espero.

— Ah, foi por causa dela que me evitou na faculdade quando eu te cumprimentei lá na sala do Leon?

— Não, eu realmente não quis falar com você, porque até então você não tinha esclarecido nada comigo.

— Nossa, isso foi tão feminino... isso é birra ou você é presunçoso mesmo?

— Na verdade, foi uma “encheção” de saco a menos. – Terminou tomando um gole de sua bebida.

— Eu realmente me preocupo com Ada e Leon. Acho que deveríamos ajudar eles.

— Não sou cupido e ainda tenho o meu próprio relacionamento pra cuidar. – Comentou ainda com os olhos fixos na tela.

— Não por isso, seu tolo... Pelo Leon que é seu amigo. Tenho certeza que ele te ajudaria se a situação se invertesse. Peça pra ele ter paciência e calma, você é o melhor amigo dele e ele provavelmente vai te ouvir. E eu vou ajudando a Ada. E pior do que isso... vamos ao menos mostrar pra eles que somos felizes juntos... digo, ao menos em grupo. Sem ódios e rancores e sem “não estou afim de falar com você”. Fechado?

— Tá, que seja. – Chris disse distraído com a televisão, apenas entendendo o “estou afim de falar com você” quando o jogo entrou no intervalo. – Quer cheetos? Já é um início da nossa amizade verdadeira – ironizou ao estender a tigela pra ela.

Ela sorriu de canto de lábios, expirando. Logo aceitou o que lhe foi oferecendo, comendo em seguida. Quando olhou para Chris, ele observava seus movimentos tomando um gole de sua cerveja. Seus olhos continham um certo enigma, como se ele quisesse comentar algo mas estivesse se travando para que aquilo não acontecesse. E a situação ficava mais complicada a medida em que ele olhava para os lábios dela mais intensamente. Logo, o biscoito em sua boca parecia tomar um gosto amargo, algo em que ela tinha repulsa até que ele interrompeu seus pensamentos.

— Porque você está fazendo bico? – Ele terminou por perguntar.

Ela então entendeu que aquele sabor era intolerável ao seu paladar por conta de uma alergia. Cuspiu o alimento em sua mão.

— Que sabor é esse?

— Tempero mexicano... eu não acredito... que você é alérgica a cheetos? – Chris perguntou tomando aquilo como uma piada.

Jill saiu em direção ao banheiro correndo, a fim de lavar a boca e verificar seu estado. Ao se olhar no espelho, notou que ao redor dos lábios e sua língua tinham ficado inchados. Chris estava logo por trás dela, rindo desde que ela deixou a sala.

Ela tapou a boca e deixou o banheiro.

— É incrível que toda vez que estou perto de você, eu tendo a me dar mal. – Comentou com dificuldade pelo seu estado ao caminhar até a porta de saída quando escutou a campainha tocar.

— Ei, ei, ei... Espera... – Chris disse tomando o braço dela por trás para conter seus passos, sem falar muito alto. – É a Jessica. Se não quer problema pra você e pra mim, melhor se esconder por um tempo.

Jill olhou aquela atitude com repulsa e decidiu voltar para o banheiro. Ele não ligava para aquilo a um mês atrás mas agora queria mostrar uma boa conduta já que realmente estava namorando. No fundo, isso foi uma boa surpresa. Enquanto esperava, analisava a mutação de seus lábios com profunda chateação.

Após quinze minutos ouviu batidas na porta e abriu.

— Ela já foi... e que bom que ela não te encontrou nesse estado. – Disse ao tentar segurar o riso. – Ela nunca iria acreditar que eu não paguei pelos seus serviços moça. – Ironizou.

Jill parou para tentar entender a ironia, e quando conseguiu, seus olhos confusos demonstraram raiva. Então passou por ele com a mão sobre a boca e caminhou até a porta principal.

— Vai se ferrar, Chrisloteiro. Se inventar mais uma de novo, eu vou lá te ameaçar no seu trabalho. Fica ligado, otário!

Chris pensou em implicar mais, mas ao notar o estado da Jill, se comoveu um pouco e decidiu apenas encerrar sutilmente com gargalhadas.

— Tchau, minha mais nova amiga! – Fechou a porta com agilidade ao notar que o jogo tinha acabado de recomeçar.

Ele tinha em mente dizer que não era Jessica na porta minutos atrás, e sim o entregador de pizza pedindo informação sobre outro apartamento. E que demorou a chamar-la porque ficou de papo com o entregador, a fim de comprar a pizza dos vizinhos já que era do seu sabor favorito. Mas Jill viveria com menos rancor a seu respeito se não soubesse dessa "travessura".

Jill desceu as escadas xingando mentalmente pelo acontecido. Pensando em como toda vez que Chris aparecia, algo ruim acontecia. Era como uma espécie de Karma ou qualquer força negativa do universo, que aparecia toda vez que eles se encontravam. E a alergia ainda tinha acontecido de verdade, pelo menos uma desculpa mais convincente para o trabalho.

— - -

Quando Leon voltou, um pouco atordoado para casa encontrou o amigo conversando com a namorada por telefone, ou melhor tentando achar uma desculpa para não ficar ouvindo o bla bla bla dela.

— Aham... Aham... está bem, meu bem. Olha, Leon acabou de chegar aqui e eu vou conversar com ele sobre aquele assunto importante, beleza? Até amanhã, um beijo... eu também amo você. – Chris desligou o telefone e levantou do sofá encontrando o amigo com uma cara desanimada – E ai, o que você disse pra ele? Ao menos conseguiu falar com ele?

— Não Chris... quando eu vi ele lá no bar que eles costumavam ir... Ele ainda tem esperança de encontrar ela. Ele vai atrás dela amanhã na galeria, disso eu tenho toda a certeza.

— Como tem tanta certeza ? E amanhã é sábado. A Ada não trabalha amanhã, trabalha?

— Óbvio, se ele não a viu no bar... E sim, ela trabalha... e é por isso que eu disse que ele vai lá amanhã. Isso se eles não estão conversando. Acabei de passar na Ada e a Jill disse que ela já estava dormindo... – Leon parecia muito desapontado.

— Eu sei o que a gente vai fazer amanhã. – Chris propôs – Vamos correr lá por perto da galeria e então ficamos de olho no sujeito. Se ele aparecer por lá a gente parte ele em quatro – Chris sorriu empolgado.

— Não... eu jamais faria isso. Principalmente próximo a Ada. Eu não sou de perder a cabeça. Vamos ter que fazer isso de maneira adulta e civilizada.

– Fechou.

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Tal como combinado, Leon e Chris pararam em frente da galeria, do outro lado da rua, entrando em uma lanchonete para olhar para a entrada depois de uma corrida. Acabaram tomando alguma coisa para se refrescarem e então conversando um pouco para passar o tempo.

— Eu ainda acho que esse cara não vai aparecer aqui. Ela já deve ter dado uma cortada nele, se já conheço muito bem a Ada. – Chris comentou depois de tomar o copo de suco das mãos da garçonete que flertava sutilmente.

— Não, não acredito nisso. Talvez ela queira conversar com ele sobre alguma coisa que ficou para trás na relação deles, ou mesmo tirar a história a limpo e isso, meu amigo. Eu não vou deixar! Já estou quase perdendo a Ada por todo esse foco nesse maldito emprego e agora esse cara.

— Deixa a moça se dedicar. Você também era assim, dedicado ao emprego... Agora que está meio largado. Acho que você tem que deixar a coisa fluir, você parece muito tenso com isso.

Nesse mesmo tempo, a garçonete passou e Chris acompanhou com o olhar o shorts curto que ela usava por trás do avental se distraindo totalmente.

— Eu não posso relaxar com isso Chris. – Virou seu copo na boca, bebendo todo o conteúdo pelo nervosismo reprimido. – Acho que ele já entrou lá dentro e chegamos muito tarde.

— Pode esmurrar a minha cara se um dia eu me tornar um babaca assim. – Disse Chris. Ignorando o olhar do amigo que o fuzilava.

Quando Leon planejava começar uma discussão com Chris, o mesmo fez um sinal com a cabeça, indicando que um "suspeito" se aproximava. Em imediato Leon reconheceu o homem, então deixou o amigo para seguir rumo a galeria, esquecendo seu celular sobre a mesa. Atravessou a rua e subiu as escadas da galeria parando em frente a porta, fazendo John se assustar imediatamente com sua presença, já que estava caminhando para dentro.

– Ei John. Surpresa ver você por aqui. O que te fez vir aqui em pleno sábado de manhã?

— Não lhe parece óbvio?

— Fique longe dela John.

— Não preciso de sua autorização. Você é só mais um cara na vida dela, para de agir pateticamente. Não vê que ela só tá com você porque eu fui embora?

— - -

Assim que Chris saiu da lanchonete, se deparou com um soco vindo do seu amigo no rosto do homem de terno. Seus olhos brilharam com a cena e ele começou a rir. Logo, o celular do seu amigo que estava em sua mão vibrou e ele atendeu.

— Oi Ada, aqui é o Chris. O Leon está aqui sim, mas está um pouco ocupado batendo em um tal de John aqui em frente a galeria. Isso mesmo, é só você sair que vai ver. Eu vou ter que ir, até.

Chris foi em direção do seu amigo subindo as escadas e assim que ele já alcançava a briga que agora já tinha ido ao chão, Ada apareceu desesperada.

— Meu Deus... parem... Leon! – gritou pedindo para o segurança que afastava as pessoas pelo caminho que eles tomavam enquanto se atacavam. – Chris, que bom você que chegou, faça alguma coisa!

Chris passou por Ada dando-lhe esperanças que o conflito acabaria. Mas assim que Ada viu o punho de Chris contra o rosto de John, sua fé caiu por terra. O rapaz tomou a briga para si assim que notou a desvantagem em que seu amigo se encontrava. Já Leon um pouco sonso, se levantou mexendo o maxilar e logo partindo para o confronto novamente. Ada olhou para os policiais que para o azar dos rapazes, avistaram o conflito e se aproximaram rapidamente. Eles apartaram a briga com dificuldades, pois Chris e John estavam irredutíveis ao contrário do namorado de Ada que controlou sua raiva logo que foi abordado pelo segurança.

– Filho da puta cretino! – Chris berrava enquando se debatia para se livrar do segurança que o segurava.

– E quem é você? – Perguntou John, que mesmo furioso tentava manter o controle diante dos oficiais.

– Não interessa quem sou eu, e sim o que vou fazer com você. – Chris se soltou do policial e novamente socou John.

– Christopher! – Ada e Leon gritaram em sincronia.

Assim que os policiais o pegou novamente deram voz de prisão aos três e isso deixou Chris ainda mais furioso. Acabando por fim sendo preso por desacato a autoridade também.

Eles foram encaminhados para a delegacia mais próxima. Ao chegar lá tiveram que explicar o ocorrido, oque de fato inocentava John de toda a agressão. Mas por hora também ficaria detento. Talvez por pura conveniência do delegado. John não entendia o porque de ser mantido ali, mas não iria questionar nada para que a situação não se a gravasse.

Chris e Leon foram encaminhados até uma cela que por sorte estava vazia naquele momento. Assim que entraram os dois se sentaram em lados opostos. Leon estava com a parte inferior de sua pálpebra roxa e o canto do lábio com um pequeno corte enquanto Chris não tinha nem se quer um arranhão. Leon fitou o outro e se perguntava quantas briga Chris já esteve na vida.

– Posso saber por que fez aquilo?

– Claro. Você disse que ia resolver esse assunto de forma civilizada, mas em questão de segundos já estava rolando pelo chão com o engomadinho. – Chris respondeu indiferente.

— Não dá pra ser civilizado perto daquele cara... – Leon desviou o olhar para o chão. Sentia vontade de retomar a briga.

— Sua primeira experiência em briga de rua longe dos videogames foi um fracasso. O cara varreu as escadarias com você nos primeiros minutos da briga – Chris tinha um sorriso de deboche em seus lábios.

— Tudo bem Rambo, talvez eu estivesse em desvantagem no começo, mas sei que logo a situação iria se inverter. Mas precisava mesmo todo aquele show? Agora estamos nós dois aqui... Por quê?

— Porque ninguém bate no meu irmão. – Respondeu Chris sério.

Leon semicerrou os olhos.

– Vai pro inferno.

Leon se mostrou bravo e Chris esboçou um sorriso que logo foi retribuído pelo mesmo gesto. Ele sabia que no fundo o amigo estava contente por tudo que houve e que a intervenção de Chris foi a cereja do bolo. Mesmo sendo o oposto um do outro, Leon e Chris sempre estavam prontos para o que der e vier, e isso era um grande motivo de orgulho para ambos.

O momento "feliz" foi quebrado assim que Ada se fez presente. Os dois se levantaram e foram rapidamente até as grades que os separava da jovem.

– Ada! Ainda bem que você chegou – Começou Chris utilizando das mesmas palavras que ouviu da moça ainda na galeria.

– Cala a boca Redfield. – Ada cortou seca. E o rapaz se calou assustado e voltou a se sentar – Eu estou decepcionada com vocês dois... Agindo como selvagens em frente ao meu local trabalho... Talvez eu seja demitida por isso.

– Ada me perdoe, fui impulsivo e... Me perdoe, por favor. – Leon tentou tocar em Ada, mas ela se afastou de imediato.

– Eu jamais esperei isso de você, melhor, de vocês dois... Quem eram aqueles brutos? Você! – Ela olhou para Chris – Quem é você afinal? Porque com certeza não é o Chris que eu conheço. Aquele rapaz gentil e simpático que conheci jamais faria aquilo... – O rapaz apenas ficou em silêncio pois não havia como se defender, ou talvez não quisesse se defender, afinal ele tinha consciência do molde que criou para Ada nesse longos três meses. – Kennedy... Um homem culto, um príncipe pra qualquer mulher, se transformando num bárbaro por conta de algo tão irrelevante...

— Irrelevante? O cara estava disposto a flertar com você, a brincar com seus sentimentos! – Diz Leon irritado.

— Eu te disse muitas vezes que não me deixar levar... Não me interessa o que John quer ou deixa de querer porque eu tinha você e nada mais era importante! – Ada se alterou por uns instantes, mas logo respirou fundo mantendo a calma.

— Tinha?... – Leon e a namorada se ficaram por uns instantes.

— E-eu estou aqui para testemunhar a favor de John... Recomendo que entre em contato com algum advogado. – Novamente olhou para o estudante de direito que de imediato se lembrou que aquela situação não era nada favorável para a profissão que escolherá. – Ou para a família de vocês... – Finalizou e seguiu para a saída do ambiente.

Leon a chamou algumas vezes, mas foi ignorado. Ele e o amigo se entreolharam em silêncio pois por essa não esperavam. Começavam a se questionar se a peleja havia mesmo valido a pena.