Chris abriu os olhos com dificuldades por conta da luz do dia que adentrava ao quarto pela varanda. Sua cabeça doía indicando que havia excedido demais a bebida na noite passada. Tentou se mexer, mas sentiu um peso extra sobre si. Uma mulher de cabelos longos e castanhos estava agarrada a ele e com a cabeça em seu peito.

Imediatamente Chris abriu um sorriso e pensou "Opa! Então tive algum lucro essa noite". Ele passou as mãos sobre as costas da mulher para acariciá-la, notando que as suas costas estavam vestidas. Então sentiu um aroma cítrico com um toque floral bem familiar.

— Jill? – Ele disse erguendo a moça para encará-la, temendo ser quem tinha pensado. – Não pode ser! – Chris exclamou tirando a moça de si, jogando-a delicadamente ao seu lado com as costas deitadas sobre a cama e então esfregou os olhos e a observou para ter certeza se ela era mesmo a pirralha.

Ela não havia acordado com a movimentação e o rapaz ainda surpreso tentava se recordar sobre o que exatamente havia acontecido depois chegaram ao hotel no meio da madrugada onde Jill tinha voltado ao estado emocional depois de mais bebidas. Fitou a jovem e notou que ela ainda estava vestida, com o novo vestido que tinha arrumado na capela. Apesar de que agora ele tinha tornado uma saia e apenas o sutiã branco com alças transparentes lhe cobria os seios. Por mais estranho que fosse isso de fato era um alívio para ele. – Menos mal...

Mas agora tinha que se preparar para o pior: acordar ela. Afinal de contas, ela se lembrava do que tinha acontecido na madrugada anterior?

—Ei, Jill... Acorda! – Ele a cutucou já de pé. – Temos que voltar pra Chicago e vamos deixar você aí. Bora, levanta!

— Sai do meu quarto Redfield... – Jill disse com voz abafada e sem abrir os olhos apesar de seus braços instintivamente cobrirem seus olhos da luz, já que ele tinha ido abrir toda a cortina. Ele olhou ao redor a fim de reconhecer o ambiente em que estavam e se sentou do seu lado, de onde dormia.

— Nesse caso acho que essas palavras seriam minhas. – Ele respondeu. Observou a garota permanecer quieta e até achou estranha tal atitude. – Valentine? Você me ouviu? Você está no meu quarto... Na minha cama!

— Sua cama?! – Ela se sentou rapidamente o assustando. – Eu dormi no seu quarto?!

— Porra Jill! Não faça escândalos! Minha cabeça está doendo. – Chris colocou a mão na têmpora massageando-a em seguida. – E se te serve de consolo... Quando acordei você estava em cima de mim.

Jill arregalou os olhos assustada. Não sabia como havia parado ali e naquele momento tão pouco importava. Tinha dormido com um homem e pior ainda, com o Chris. Suas bochechas ficaram rubras ao cogitar a hipótese de ter tido qualquer tipo de relação sexual com aquele imbecil.

– Chris... Você... Nós...

— É claro que não! Acha mesmo que se tivéssemos transado estaríamos vestidos? Bem, você tudo bem, mas eu não estaria... Tenho maior preguiça de me vestir pra dormir. E quem diabos transa de meias? – Ele apontou para seus pés que estavam cobertos por meias brancas. Jill sorriu aliviada e tímida ao notar que seu sutiã estava a mostra e que Chris sempre dava um jeito de notar isso por mais que tentasse não notar. Subiu o vestido rosado, fingindo não se importar tanto com aquilo.

— Desculpe... Mas é que não me lembro de nada. – Jill fez uma careta ao sentir uma pontada em sua cabeça. – Nunca mais eu vou beber na vida! – Ela deitou novamente – Ah!

— Já disse para não gritar! – Chris disse enquanto levantava da cama.

— Minhas costas. – Jill se sentou novamente. – Será que machuquei em algum lugar? Chris olha aqui... Vê se está arranhado?

Chris revirou os olhos incomodado, mas preferiu não retrucar. Voltou até a cama para ver o que Jill tinha em suas costas e não pode conter a gargalhada quando viu do que se tratava.

— Nossa, eu não me lembrava disso. – Chris disse gargalhando. – E acho que você também não está se lembrando.

— Do que você está rindo seu idiota? O que tem nas minhas costas?! – Jill perguntou nervosa.

— Eu te disse que você estaria muito louca para fazer uma coisa dessas. – Riu com mais intensidade.

— Que bela ajuda a sua, retardado!


Vendo que havia se tornado motivo de chacotas por Chris, Jill se levantou e correu para o banheiro que era todo espelhado. Amarrou os cabelos em um coque e se fitou no espelho. No lado esquerdo das costas de Jill havia uma tatuagem com a famosa placa de entrada da cidade de Las Vegas e a frase "Death to the Love".

Ela estava estática de frente ao espelho sem acreditar no que estava vendo através do espelho atrás de si.

— E se você fosse à Califórnia, o que iria tatuar? A ponte do Rio São Francisco? A placa de Hollywood? – Chris disse ainda se divertindo com a situação quando apareceu na porta do banheiro.

— Vai pro inferno, Redfield! – Jill passou por ele irritada – Com certeza você tem alguma coisa haver com isso! – Ela andava pelo quarto, atordoada, procurando suas sandálias.

— Vai com calma ae garota radical, eu não faço ideia do que aconteceu, mas não tenho nada com isso. Dê os méritos ao tal Norrington ou já se esqueceu de que foi ele que estragou o seu final feliz? – Chris replicou calmamente enquanto se jogava na cama.

— Harris... – Jill parou por uns instantes se recordando da decepção que sofreu com o rapaz. – Oh meu Deus! Preciso remover essa tatuagem, como eu posso ter sido tão idiota! – Passou as mãos sobre seu rosto, desacreditada.

— Ah! Qual é Valentine, nem ficou tão ruim assim. "Morte ao amor em Las Vegas" Isso é ficou tão exclusivo, parece até nome de filme. – Chris novamente voltou a rir.

— Como eu vou encarar a Ada agora? E os meus pais? Se minha mãe vir isso ela vai surtar! – Jill sentou na poltrona com as mãos na cabeça. – Eu preciso dar um jeito nisso e vai ser agora. – Ela levantou e seguiu para porta e Chris rapidamente a interrompeu.

— Só por curiosidade... O que você vai fazer?

— O que vc acha? Vou dar um jeito de remover isso das minhas costas.

— Remover uma tatuagem é uma fortuna e doi pra caralho... Onde vai conseguir grana suficiente?

— Não é da sua conta! – Ela abriu a porta e o fitou – Ah! E até lá, nenhuma palavra sobre esse assunto com Ada e Leon. – Jill concluiu abandonando o ambiente.

Totalmente indisposto o rapaz deu de ombros e retornou para a cama e pegou seu celular. Notou que havia algumas fotos e gravações ao quais não se lembrava, então assim concluiu que seu celular seria a resposta para o vazio de sua mente. Ao assistir o primeiro vídeo não conseguia conter o riso, pois algo inusitado estava acontecendo.

— Leon e Ada se casaram?

— - -

Ada acordou abraçada com o namorado e sorriu ao se deparar com o quarto de Hotel em Vegas. Ele roncava alto e isso significava que ele estava realmente exausto. Se separou dele e notou que dessa vez ele nem sentiu isso. Ficou de pé com dificuldade devido a cabeça estar latejando. Foi em direção ao banheiro e ao passar a mão sobre os cabelos sentiu algo arranhar e quando olhou para a mão notou o anel de diamantes sobre o dedo anelar da mão direita.

— Eu me casei? Não... Eu não me casei, mas eu estou noiva. – Disse confusa a si mesmo admirando a grande pedra de diamante. – E isso é uma fortuna! Ai meu Deus... Leon!

Olhou para trás e ele ainda continuava roncando. Ela observou sua mão direita com uma aliança menos extravagante e ainda assim grossa. Pensou em como aquilo tinha acontecido, olhou ao redor procurando evidencias quando encontrou seu próprio celular jogado no chão, desligado.

Rapidamente conectou o aparelho e já buscava liga-lo quando Leon acordou confuso. Ele não conseguia abrir os olhos, mas chamou por Ada que imediatamente foi ao seu encontro.

— M-minha cabeça... Está girando. – Comentou com as mãos sobre os olhos.

— Eu sabia que isso iria acontecer. Você nunca bebeu desse jeito antes não é? – Ada perguntou ao examinar o estado de Leon, que mal conseguia falar.

— Meu estômago está doendo, meu corpo está doendo. Onde estamos Ada?

— Em Vegas, querido. Celebrando meu ani... – Travou ao dizer as palavras, mas nesse momento um relance sobre eles no telhado veio em sua mente e ela se lembrou do momento em que sua mente finalmente se adaptou a ideia. – Celebrando o meu aniversário. O meu primeiro aniversário.

Nisso, Leon se assustou e abriu os olhos contra sua vontade ao notar o tom encantador e emocionado que Ada tinha dito aquelas palavras. Nesse momento se lembrou da madrugada em que eles tinham ido a Capela. No mesmo momento olhou para o anel em suas mãos e se assustou.

— Ada, o que fizemos ontem? – Disse preocupado se sentando sobre a cama. Percebeu que ainda estava com a calça do dia anterior, mas se assustou ao ver Ada com um vestido branco.

— Eu não sei direito, mas eu não me lembro disso. – Apontou para a aliança em sua mão. – A gente não se casou, não é?

— Não... O anel está na mão direita, mas acho que noivamos. – Sorriu preocupado com a reação de Ada, mas se assustou quando viu a frustração dela.

— É uma pena não nos casamos.

Leon ainda continuava estático. Ele sabia que ela odiava a ideia de casamentos. E pior que isso, de aniversários. O que tinha acontecido com sua namorada na noite passada?

— Ok, eu não estava esperando isso... – Disse rindo da situação –... Onde estão Chris e Jill?

— Não sei... Vai que foram eles que se casaram de verdade, não é? – Ada perguntou em um tom divertido.

— Ai meu Deus, ele não é louco de ter feito isso. Chris tem amor à vida de solteiro dele.

— Eles estavam na capela ontem também. – Ada disse tentando se lembrar, preocupada, quando se lembrou de ter visto os dois muito apegados na capela. – Eles estavam juntos... – Seus olhos ficaram largos ao tentar montar detalhes. – E se eu não estou maluca... Acho que eles estavam se beijando.

— Não... – Leon se levantou da cama, caminhando pelo quarto preocupado ao tentar se lembrar de algo. – Deve ser coisa da sua mente. Isso não pode acontecer, eu mato o Chris se ele tiver feito alguma coisa com a Jill. Afinal, onde ele está? Acho que vou atrás dele.

— Não Leon. Deve ser coisa da minha mente mesmo... Que noite mais maluca. Vamos fazer o seguinte, deve ter alguma coisa aqui. – Ela disse indo de encontro ao celular onde eles encontraram um vídeo...

Ei, Mulan... Quais são as suas últimas palavras de solteira?— A voz de Chris era ouvida quando ela tentava tirar a câmera do biombo de onde ela se escondia para trocar de vestido e Jill a ajudava.

Chris, sai daqui. Isso aqui é privado, vai procurar uma puta pra você filmar.— A voz de Jill também era ouvida quando ela saiu de trás do biombo em direção a ele sorrindo e a filmagem foi cortada por um momento.

A imagem voltou a aparecer quando Ada estava desfilando em frente ao biombo com o novo vestido. Logo Jill se juntou a ela e as duas com os braços entrelaçados caminhavam na pequena sala em que estavam ensaiando os passos para adentrar na capela. Elas estavam bastante risonhas.

Ei Jill, não quer casar também?— A voz de Chris estava animada por trás da câmera.

Casamentos não são para mim.— Ela disse em tom soberbo ao olhar para a câmera.

Então acho que vai ficar pra titia.— As gargalhadas de Chris fizeram a câmera que ele segurava em mãos tremesse.

Acho isso também. O amor não existe para mim... E acho que nem pra você. O amor só existe para Ada e Leon que vão casar hoje. Só se pode casar com amor. — A voz de Jill estava muito machucada, quase embargada e seus lábios voltados para baixo demonstravam que ela estava chateada com algo.

Nem sempre as pessoas casam por amor, às vezes é tudo questão de dinheiro mesmo ou greencard... Mas diz ai, o que você tem a falar sobre isso Ada?

Primeiro: Jill está bêbada... Ela só está falando merda porque sonha com um cara que nem nota ela porque ela não quer.— Se virou para a amiga ao seu lado e notou que a tristeza de Jill só havia aumentado. – Quando você parar com a loucura de ficar presa a um conto de fadas, vai encontrar o pretendente bem a sua frente.

O Chris?— Jill disse ao olhar para frente com desanimo e se deparar com o rapaz filmando.

Não, você perdeu sua chance... Agora eu tenho a Jessica. Vai ter que disputar com ela pra me ganhar.

Chris, você não é a ultima bolacha do pacote! E eu jamais me condenaria a isso.

Ei Jill, ele não está falando sério. Minha bateria deve estar acabando então me deixem continuar meu discurso... Eu gostaria de agradecer aos meus pais por tudo o que me fizeram passar desde criança. Humilhação, reclusão, tristeza, bipolaridade, transtorno mental, e a minha fuga de casa aos dezoito! E quero dizer que agora, aos vinte e um anos completos que finalmente eu encontrei a cura para tudo isso. – Disse se aproximando da câmera. — Papai e mamãe, se vocês achavam que eu iria me submeter a vocês toda minha vida, eu quero que olhe a quantidade que quilates que tem nesse diamante. — Disse ao mostrar a aliança para a câmera. – Eu vou me casar com o cara mais amoroso, mais bondoso, mais compreensível, mais gato, mais gostoso, mais compromissado e mais... — Os olhos de Ada se lacrimejaram e ela mordeu os lábios. – Bem, ele foi em seis meses o que vocês nunca foram pra mim, nem quando Carla estava presente.

Nesse momento ela olha para baixo com as lágrimas escorrendo e tentando se acalmar com as mãos sobre o rosto.

E-ele sabe como cuidar de mim. E é por isso que eu vou me casar com ele... E eu odeio vocês e nunca vou perdoa-los por não estarem aqui nesse momento! No momento mais feliz da minha vida.

Jill que estava atrás de Ada o tempo todo a abraçou e pediu para Chris cortar a gravação com um sinal. Ada e Leon ainda assistindo a filmagem, notaram os olhos revirados de Jill. Sabiam que Chris estava perplexo por trás das câmeras.

— Chris, acorda para a vida! Desliga essa droga agora!

Nesse momento a gravação foi cortada e o casal que assistia estava mais perplexo. Quando Leon olhou para Ada, notou que ela estava tentando não parecer emocionada e estava evitando as lágrimas em seus olhos.

Ele tirou o celular de sua mão e a abraçou. Logo, notou que ela deixava as lágrimas escorrerem e sentou-se com ela na beirada da cama.

— Ada, procure se acalmar. Está tudo bem. Isso é normal, estávamos bêbados. Falamos besteiras.

— Não Leon. Acho que você não se lembra... Mas eu já sei o porque de ainda estarmos noivos. – Ela dizia enquanto a voz ia levemente se embargando. – Eu disse não... Eu não deixei a gente se casar.

— O que... Eu não me lembro disso. Não, deve ter acontecido alguma coisa. A gente tinha enlouquecido. Devo ter sido eu, eu não deixaria isso acontecer tão rápido, não sou desse tipo de loucura. – Ele disfarçou sorrindo.

— Onde está o seu telefone? A Dolly Parton falsa filmou a parte onde eu te deixei... Leon, eu te deixei no altar. Você ficou um pouco chateado e o Chris te tranquilizou. A Jill não parou de chorar comigo e viemos tristes para o hotel. Fomos tomar algumas para esquecer o que tinha acontecido e... Depois subimos quase morrendo de exaustão. Mas... eu não sei porque eu fiz aquilo com você. Você não merecia isso... eu que pedi o casamento.

— Não, não tem problema. Olha, esquece essa filmagem. Vamos apagar tudo depois. E isso não importa porque... Quando nos casarmos vai ser tudo completamente diferente e eu vou estar ao seu lado e não vou deixar você chorar daquele jeito. Vai ser perfeito... Prometo que vamos fazer alguma coisa diferente! Praia, Hotel de Luxo, a beira de um penhasco ou sobre o Grand Canyon, onde você quiser... Vamos para a lua ou vamos nos casar a cada novo ano. Vai ser bem melhor do que ter casado sem lembrar os votos, não é?

— E... Pode ter sido isso. – Ela propôs se acalmando ao se lembrar do momento único vivido. – Vamos esquecer essa loucura. Acho que a única coisa que eu nunca quero me esquecer... É do momento em que fomos para o terraço. Aquilo foi além de tudo o que eu esperava.

Nesse momento Leon se lembra do que tinha acontecido e olha assustado para ela que mesmo sob os olhos vermelhos, já sorria.

— Ada... Você se lembra? – Ele perguntou já sendo interrompido pela risada dela. – Caramba... O que deu na gente nessa madrugada? Como conseguimos chegar até o terraço? Como foi que... Você propôs essa aventura não é, sua danadinha?

— Na verdade, você estava impossível nessa madrugada. Eu não aceitaria sair daquele terraço sem batizá-lo. – Ela disse com um olhar inocente, mas implicante.

— Ada, Ada... Você é tão única. – Ele a beijou e ela o retribuiu, com as duas mãos sobre o rosto do seu amado, até sentir o anel sobre suas mãos novamente.

— Espera, e o que fazemos com isso? – Ela disse apontando para o anel.

— - -

Jill estava deprimida, dormindo estilo fetal na cama quando ouviu batidas na porta. Ao se assustar com as batidas ela relutou, mas acabou levantando. Ainda estava com a roupa do dia anterior e quando notou isso se lembrou da tatuagem. Tomou um roupão do banheiro, se despindo rapidamente do vestido volumoso e ao usa-lo, abriu a porta.

— Já parou de chorar? – Chris cumprimentou-a usando apenas um calção de banho e um roupão verde. Ela olhou chateada para ele e o arrependimento estava fazendo seus olhos lacrimejarem de raiva. – Vai me deixar entrar ou não?

— Não. – Disse ao tentar fechar a porta sendo barrada por Chris que colocou um pé, evitando o fechamento. Ele empurrou a porta a seu favor, vencendo na batalha de quem era mais forte.

— Pronto, entra logo! E não vou ter que pagar adicional para consertar a porta. – Ela disse se afastando da porta e indo para cima da cama. Se deitou e se cobriu. – Não estou bem. Se veio pra me perturbar, é melhor ir procurar um rabo de saia.

— Não, eu não vim te perturbar. Eu só queria saber como você tinha conseguido arrancar a tatuagem.

— Ela nunca vai sair daqui. – Disse passando as mãos pela tatuagem em suas costas – Eu só não sei como vou dizer isso a Ada.

— É normal ter uma tatuagem... Eu gosto muito da minha. – Disse flexionando os músculos para exibir a sua em seu braço. – E a sua não seria tão ruim se não tivesse uma frase tão idiota.

Depois de achar desgastante aquele Chris exibicionista, ela escondeu o rosto dentro do cobertor ao se lembrar do que tinha acontecido com Harris Norrington. Seu emocional estava muito abalado.

— Eu sou tão estúpida. Ele apanhou por minha causa. Eu deveria ter evitado o que aconteceu.

— Bem, eu não me arrependo nem um pouco de ter surrado ele. Fazia um bom tempo que eu não me divertia... Na verdade desde que fui preso da última vez. Mas acho que ele mereceu, pirralha. Se quiser ficar com a culpa pra você o problema é seu.

— Que fácil... Agora eu, suja, estou ouvindo sermão do mal lavado. – Ela pôs a cabeça para fora.

— Que seja... Olha... Ada e Leon marcaram de irmos nos encontrar na piscina. Se quiser ir... Vai ser uma boa oportunidade para mostrar sua novidade. – A voz de Chris veio junto com suas gargalhadas. – Até logo pirralha radical... Ah, só mais um conselho do mal lavado: se você não aparecer, vai ser pior porque a Ada vai vir aqui te buscar e saber o porquê dessa deprê.

— Obrigada por me lembrar da quão ferrada está a minha situação. – Disse com um polegar estendido e um sorriso falso.

Viu o rapaz fechar a porta ainda gargalhando. Isso deprimia muito a garota coberta.

— - -

— E não é que ela apareceu mesmo? – Ada disse ao ver Jill coberta por um roupão de banho, um rosto desanimado vindo à direção da piscina.

O grupo já estava no clube do hotel, onde Ada se encontrava sentada sobre a cadeira de banho e os rapazes estavam na água, brincando de vôlei aquático com um grupo de universitários que passavam um fim de semana por lá. O movimento por lá não estava tão grande. E Jill decidiu descer depois da terceira ligação da Ada.

— É... Eu ainda estou de ressaca. – Disse se sentando na cadeira ao lado.

— Tudo bem. Eu só acho que você já deve tirar o roupão... Não temos sol, mesmo assim aqui é um local apropriado para exibição de roupas de banho.

— Mas eu não quero tirar. Eu quero ficar aqui assim... Para sempre. – Disse a última frase sem que a amiga ouvisse.

— Ah, já sei, você trouxe o “maiô da vovó” e agora está com vergonha.

— É, isso! Estou muito mal por não trazer o biquíni que você me deu de presente. – Ficou sem graça e logo se levantou – Onde fica o bar? Eu preciso tomar alguma coisa.

— O bar está cheio de gatinhos. Tira o roupão, garota. Graças a Deus, você tem pernas lindas e o maiô não vai te ofuscar.

— Não... Vou assim mesmo. – Deu um sorriso sem graça e foi em direção ao bar.

— Ali não é a Jill? – Leon comentou com o Chris que se virou para vê-la quase que imediatamente de dentro da piscina, desacreditado.

— E aquele roupão ridículo? Isso é pra estampar para a sociedade o nível de virgem que ela é?

— Chris! – O tom repreensivo de Leon veio junto com uma carranca. – Ah, qual é? Não poder falar da tatuagem escultural da sua esposa, eu entendo... Mas cara... O que a Jill está fazendo está vergonhoso. Será que ela tem autoestima baixa?

— Por que você não vai ajudá-la em vez de criticá-la?

— Tem razão. – Colocou um sorriso no rosto e deixou a piscina indo em direção ao bar jogando olhares para umas pernas que tentavam inutilmente tomar um pouco de sol.

Os raios solares apareciam vez ou outra por conta do inverno. Toda a extensão das piscinas era cobertas por uma espécie de estufa, evitando assim o frio gélido da estação. As piscinas eram de água quente, tudo para o maior conforto dos hóspedes.

Quando Jill notou que Chris se aproximava ela tentou se afastar indo até outro lado do bar e ele não mediu esforços em segui-la. Ele já tinha seu argumento em mente para a conversa.

— Ei, tatuada. Vai se esconder no roupão mesmo?

— Ah, e você não deve saber o porquê, não é? – Ironizou. – Isso é pra rir do meu estado outra vez?

— Ah, qual é... Claro que não. Mas digamos que você tem um corpo bonito. Devia se juntar a gente sem parecer a Madre Tereza.

— Ada não pode saber da tatuagem. Quer dizer... Ela vai querer saber o motivo da frase e eu vou ter que contar sobre o Harris. Ela vai contratar alguém pra mata-lo se descobrir o que aconteceu. Eu não a subestimo.

— Eu acho que mais uma surra já basta e não precisa se sujar tanto. E tem outra... Não precisa dizer a verdade a ela. Fala que deu na telha e pronto. Mulher sempre tem dessas coisas de contar tudo... Eu odiaria ser mulher nessas horas. Não acha que só ela pode mostrar a dela por ai, não é mesmo? Eu não sei se você sabe, mas ela tem uma tattoo gigante pelo...

— Eu sei, tá? O problema vai ser as perguntas infinitas que ela vai fazer e você não conhece ela. Vai ser no estilo “Onde esteve com quem esteve? Eu sei que alguém te influenciou.” E eu vou me recusar a dizer a ela que saímos juntos ontem e que você me influenciou em tudo!

— Ah, é mesmo? – Ele disse sarcástico. – Eu já disse sobre tudo.

— Sobre o que, seu idiota? – Ela perguntou alterada.

— Que nós saímos por ai depois que eles foram pro quarto transar pra reconciliar depois do vexame da Ada dando um fora no Leon em plena capela.

Naquele momento Jill se lembrou do que tinha acontecido e sentiu pena de Ada. Ela só tinha pensado na droga da tatuagem e no seu proprio umbigo até então.

— Nossa... Eu não me lembrava desse episódio.

— Foi bem legal... Pra mim como espectador. Nunca tinha visto um fora no altar. Mas eu também fiquei chateado pelo clima. Enfim, eu iria contar sobre tudo mas eu travei no momento em que disse que tínhamos dormido juntos. Sei lá como que eles iriam entender que você me agarrou na noite passada.

— Mas eu não te agarrei na noite passada. Eu nem sei como fui parar no seu quarto!

— Então... Você não se lembra do que aconteceu quando fomos para lá? – Chris blefou.

— Não... O que aconteceu? – Seus olhos se arregalaram.

— Não sabe o que aconteceu entre a gente ontem? Ah, sabia que você não iria se lembrar. Mas posso dizer que foi bem pior que essa pequena tatuagem ai.

— Christopher, eu te ordeno que me conte!

— Não estou a fim... Vou pra piscina. Se quiser saber mais, sabe onde me encontrar, Virgem Maria!

Os olhos de Jill ficaram estáticos ao observar o homem andando tão pomposamente. Ela teria contado a ele que era virgem? Virou-se e voltou com a sua bebida pensativa quando Ada se aproximou.

— Jill?

— O que é? – Ela respondeu arrogante.

— Tudo bem? O Leon disse que você não parecia bem.

— Eu só quero beber alguma coisa.

— Jill, são dez e meia da manhã. Pode parar com isso! Seja lá o que você está tentando fazer com seu fígado. Bebemos muito ontem, acho que já deu. – O tom repreensivo só fazia Jill lacrimejar aos poucos. – Vamos para a piscina logo e depois vamos almoçar. No almoço, você toma o que você quiser, mas agora é a hora da piscina. Os meninos pagaram adicional para o clube e você está fazendo uma desfeita.

Elas saíram do bar e já estavam indo para a piscina quando pararam na borda.

— Tudo bem. Mas... Eu vou entrar de roupão. Devem ter tarados por perto. – Ela disse a primeira desculpa que veio em mente quando encarou Chris saindo da piscina conversando com uma mulher.

Ada olhou a atitude de Chris, com um olhar desaprovador, mas decidiu manter silêncio porque nunca foi de apontar erros das pessoas.

— Você enlouqueceu Valentine? Para com essa paranóia agora. Tira esse roupão e entra logo. – Ada disse pulando na água e indo se encontrar com Leon que a esperava com um sorriso.

Jill ficou feliz ao notar que o vexame na capela não parecia ter afetado o relacionamento deles. Já ela, parecia perdida então pensou em algo que iluminou sua mente. Soltou os cabelos e agradeceu aos céus por não ter os cortado na noite passada. Logo, abriu o roupão, deixando-o sobre uma mesa ao redor e então olhou para a piscina e para uma Ada boquiaberta.

Ela já sabia dessa reação porque tinha mentido sobre o maiô. Ela estava com o biquíni rosa shock que Ada havia lhe dado de presente. Olhou para o lado e para o outro quando começou a ser notada pelas pessoas ao redor. Suas bochechas já ardiam a cada passo que se aproximava da piscina.

Chris mudou sua atenção assim que viu a garota tímida na borda da piscina e a tatuagem sobre a pele ainda avermelhada das agulhadas.

— Psiu! Ei, garotão... Conversa olhando nos meus olhos. – A loirinha que trocava umas ideias com Chris o repreendeu de leve ao tentar notar o que Chris observava.

— Ah, aquela é a minha irmã. – Disse para a mulher. – Se importa se eu trocar umas palavras com ela?

— Tudo bem. Não demora tá, gatinho?

Chris sorriu ao caminhar em direção a Jill sem que ela o notasse quando a carregou nos braços vindo de trás e pulou com ela na piscina.

Ela ainda muito assustada se debatia na água quando sentiu que ele mesmo trouxe ela a tona. Ela tirou os cabelos dos olhos e se virou para ver quem tinha feito isso com ela, mas Chris já estava longe sinalizando para ela, com um sorriso, para cobrir a tatuagem com o cabelo. A raiva dela foi quebrada quando viu Ada aplaudindo o salto.

— 8,5 pelo seu despreparo Jill! – Ada disse agarrada nas costas do namorado.

— Ele quase me matou de susto! – Disse chateada.

— Você estava com medo da água. Ele te ajudou e muito. – Ada disse olhando para Chris que tinha voltado ao posto, acariciando as costas da mulher com um hidratante. – Eu só não entendo uma coisa amor... O Chris ainda está namorando a Jessica?

— Eles terminaram. – Jill interviu imediatamente quando notou que Leon parecia perdido na resposta. Nesse momento Jill notou que Leon sabia muito bem como Chris era e isso a frustrou um pouco. – Eles terminaram na semana passada. Ele até estava muito mal por isso... Então, Vegas melhorou muito seu estado depressivo. Foi uma boa ter chamado ele, Leon. – Jill sabia que estava contribuindo para a mentira de Chris mais uma vez. Mas por estar morando com ele, ficava um pouco difícil revelar as verdades sobre o verdadeiro Chris. Ada iria se preocupar imediatamente por ele ser um mulherengo e isso seria um problema para Jill, que teria que morar com o casal contra sua vontade. Além de que ela poderia terminar as pequenas férias por ali mesmo. – Deixa o coitado se divertir. – Sorriu sem graça e Leon parecia bem mais sem graça.

— Ah, entendi. Só um pergunta... Vocês não ficaram ontem, certo?

— C-claro que não!

O coração de Jill disparava por cada nova pergunta. E achou muito suspeita aquela pergunta porque Ada não se enganava nem se confundia mesmo bêbada. E se o nariz dela era o mesmo, sim... Ela poderia ter farejado alguma coisa da noite anterior. Poderia mesmo ter acontecido alguma coisa que ela ainda não tinha se lembrado, mas que poderia ser o que Chris havia comentado no bar minutos antes. Ela estava em suas mãos e isso não era bom.

— Não mesmo... – Jill completava. – Morar com ele não me dá esse tipo de liberdade. – Disse rindo.

— Ah amor, então era impressão minha mesmo. Por um momento, na loucura da capela, eu achei que vocês estavam juntos. Mas, aquilo foi um fracasso que nem vale a pena ser lembrado. E que bom, isso me deixa bem mais tranqüila. Eu gosto muito daquele carinha ali e qualquer complicação entre vocês seria um empecilho para nosso relacionamento. – Disse ao ver Chris voltar para a água e ir em direção ao grupo. – Então, como foi com a moça? Conseguiu um telefone?

Chris se assustou ao ver Ada empolgada com as suas empreitadas e quando se deu conta, notou que apesar de ter ido falar com a mulher, ele tinha uma namorada “a quem muito respeitava” na visão da namorada do seu amigo.

— Ele deve ter conseguido, não é Chris? Afinal, é bom partir para outra desde que você terminou com a Jessica na semana passada, certo Chris? – Leon disse encarando-o com sinais nos olhos e uma carranca, por trás de Ada.

— Ah, é... Isso ainda me machuca muito. Não consegui nada com aquela ali porque, enquanto tentava partir para outra, as lembranças de Jessica e de tudo que ela continua sendo para mim me impediram de ter qualquer outro número. Assim que chegar a Chicago, eu vou ligar para ela e essa historia toda de “dar um tempo” vai embora. Eu não desisto tão fácil da minha princesa.

— Ah, isso é tão romântico. – Ada disse quando ele terminou, mas notou que Jill havia se afastado da roda, de costas e tinha se escorado na outra borda da piscina, arrastando as mãos na água, pensativa. – O que deu nela?

— Acho que ela quer um tempo sozinha. Deve ser a ressaca. Olha, aquele pessoal ali deixou a bola para trás... Que tal um pequeno vôlei aquático, dois de dois? – Chris disse ainda olhando para Jill, preocupado pela atitude dela.

— Vamos ter que precisar dela para fazer dois times de dois. – Leon o motivou.

— Certo... eu vou lá falar com ela.

Chris se aproximou de Jill e ela revirou os olhos de imediato.

— Olha, eu não sei qual é o papel de vítima que você está tentando fazer, mas... Pare! Está chato já. Mostra logo a droga da tattoo ou vaza da piscina.

— Chris, o que aconteceu entre a gente depois da capela?

— Ah, era isso? Eu tava só enchendo seu saco. Você é tão fácil de ser enganada!

— Mentira... você é um mentiroso nato que acabou de dar mais um showzinho. Eu quero a verdade Redfield. Não aconteceu nada entre a gente, não é?

— Não. Nada! Pronto! Eu não estou mentindo. Eu juro pela minha mãe.

— Tudo bem. E não precisa jurar pela mãe, mãe é sagrada.

— A minha não é não, mas beleza. Vamos lá jogar um vôlei agora, vem – Ele disse puxando-a pelas mãos para ela passar a sua frente quando sentiu que ele estava mexendo na alça do seu biquíni por trás.

— Ai! Ei, o que você está...

— Calma... to só prendendo seus cabelos de Rapunzel no seu biquini para que a sua tattoo não apareça. Assim, você vai ficar mais confortável. Eu costumava ajudar as minhas garotas da Califórnia a prender o cabelo no biquíni quando a gente costumava surfar por lá. Eu sempre dou um jeito em tudo.

Jill olhou para ele com indiferença, quando notou que ele passou por ela para pegar a bola e disputar campo com Leon. Ela não conseguia medir seus sentimentos ao redor de Chris, mas toda vez que ela tentava ver algo positivo ali, ele sempre vinha com um balde de água fria com seus papos de garoto popular metido ou com suas mentiras alheias.

— Ganhei. E eu escolho a cabeluda ali. – Chris disse ao jogar um pequeno jato de água em Jill que se aproximava com um humor melhorado.

— Justo! Apartamento de cima versus apartamento de baixo. – Leon brincou. – Vamos ver quem vai financiar a festinha de ano novo, o que acham?

— Excelente amor! – Ada o beijou na bochecha por trás, já que ainda não havia saído das costas do namorado.

Chris e Jill se entreolharam indiferentes, mas acabaram aceitando a proposta. E assim, começou o vôlei aquático dos casais. Cada pontuação de Ada e Leon, os afetos eram intermináveis e talvez fosse essa a razão deles estarem na frente na competição.

Já do outro lado da piscina, Chris odiava a ideia de perder para um casal amoroso e bobo. Nisso ele tinha que motivar Jill, embora ela soubesse do que tinha que fazer, ver Chris irritado era uma maneira de se divertir com o jogo e ele sabia que ela estava fazendo aquilo de propósito.

Então, muito apelativo, Chris disse que cada pontuação perdida deles, era um beijo no rosto que ela ganharia, contra vontade. Jill chegou a receber apenas uns cinco, depois de tentar fugir dos três últimos, levemente chateada. Logo para evitar a persuasão, jogou com vontade e viraram o jogo, já que Ada e Leon perderam a concentração depois que o jogo se resumia em assistir o casal pateta do outro lado lutando para não perder.

- - -

O grupo havia deixado a piscina para almoçarem juntos depois de um banho. Eles interagiam muito sobre o hotel, mas por mais que Jill estivesse chateada, estar ali ainda era divertido e logo o tão temido assunto sobre a tatuagem não ocupava tanto a sua mente.

Ada já farejava uma nova surpresa quando Leon disse que ainda iriam para um novo lugar. Ainda na mesa, os meninos se retiraram e disseram que iriam acertar tudo o que tinham que acertar sobre todos os consumos. Mesmo assim a atitude suspeita fizeram as meninas trocarem algumas novas ideias.

— - -

Depois de descansarem um pouco, os quatro se encontraram no hall de entrada com suas mochilas. Leon disse que seria a última atração do dia. Tomando um taxi eles pararam em frente a High Roller, uma Roda Gigante enorme.

Aquela era uma novidade para os quatro, já que da ultima vez que Chris esteve por ali a roda gigante estava em construção.

— Chris, porque não vai lá ver como faz para entrar? – Leon disse enquanto distraia Ada falando sobre a roda gigante que ela estava admirando.

— Claro, quer ir comigo Jill? – perguntou para a moça que também admirava a atração.

— Não. – Ela respondeu, mas mesmo assim, Chris a agarrou pelo pulso e ela procurou não chamar a atenção.

Já estavam longe do casal quando ela se soltou de Chris, se lembrando de relances da noite anterior ao comparar as ações idênticas no momento em que ele tinha batido em Harris Norrington por causa dela e tinha tirado ela do meio da multidão da mesma maneira.

— Dá para cooperar um pouco? Ou ainda está chateada com o lance da tattoo?

— Eu só estava distraída. Mas, diz... O que você quer dessa vez?

— Leon preparou uma gôndola só para nós. Parece que o filho de um político pagou tudo pela gente como presente para Ada. – Ele disse se referindo a si mesmo, mesmo sem se revelar e logo levou a garota boquiaberta consigo. Chegou até um funcionário do local para saber os detalhes dessa gôndola.

Nisso, ao ouvir a palavra político, ela se lembrou de Harris Norrington e então sobre o que ele tinha tentado fazer com ela no meio do show. Se ela não estava enganada, ela ouviu a multidão dizendo que Harris era um filho de um político e estava no meio da briga. Jill sentiu um arrepio ao se lembrar disso e seu rosto deixou claro o seu sentimento, quando Chris interrompeu seus pensamentos.

— Jill, tudo bem? – Ele apareceu em sua frente então ela se lembrou do momento em que o abraçou com medo do que tinha acontecido em frente ao hotel. Pensou em fazer o mesmo naquele momento quando se lembrou da pior parte da noite anterior, mas agora estava sóbria o bastante para não se humilhar da maneira que tinha feito anteriormente. Ela prometeu a si mesmo que jamais o abraçaria novamente por mais fraca que estivesse.

— Sim... Queda de pressão. – Ela arrumou uma desculpa, mas insistiu em lembrar-se dos detalhes da noite passada porque sentiu que ainda faltava a última peça do quebra cabeça que sua mente deveria montar.

— Deve ser cirrose. – Ele brincou e então o funcionário apareceu novamente e lhe explicou como tinha que fazer para alcançar a gôndola solicitada.

— - -

— O que é isso Leon? – Ada disse ao entrar na gôndola com Jill e Chris já adentro em silêncio. Ela estava com os olhos vendados pelas mãos do namorado. Apenas quando a gôndola se mexeu, Leon soltou as mãos e Ada pode ver a ultima surpresa do dia.

— Feliz aniversário, Ada!

A aniversariante olhou ao redor se deparando com a gôndola completamente enfeitada para um aniversario, com luzes especiais, os monitores coloridos e uma faixa no teto de feliz aniversário. O bolo era branco de dois andares e um laço vermelho feito de pasta americana.

Ada não poderia conter a felicidade de estar ali naquele momento, com as pessoas mais próximas e com seu namorado perfeito. Ela só não esperava olhar para trás para agradecê-lo e vê-lo com uma caixinha e um anel adentro.

Eles até então tinham pensado que iriam devolver as alianças e tomar o dinheiro de volta ou mesmo penhorar as jóias. Mas Leon não tinha conseguido e incentivado por Chris, pensou na melhor solução.

— Já que não deu para a gente ter casado por causa dos seus pais, por eles não estarem presente e você ter me deixado no altar por isso, acho que não estávamos completamente loucos em querer um casamento. E apesar daquele vídeo ter sido uma grande bobagem, você disse que finalmente achou alguém para cuidar de você Ada. E você não estaria mais certa. Porque ainda não escolhemos aonde iremos nos casar, mas eu quero que você saiba que... Eu não quero te forçar a nada... Isso é só uma prova de que temos um compromisso e... – Os olhos de Leon já estavam marejados quando ela o interrompeu.

— Eu aceito... O que quer que isso seja. – Ela disse rindo. – Eu quero ter um sinal ou uma lembrança disso tudo... E se a gente não chegar a se casar, só de estarmos juntos será lindo porque eu sempre vou me lembrar disso aqui. Eu não acreditava em aniversários... Em casamento... Mas depois de tudo isso, eu não tenho para onde ir ou o que comemorar se você não estiver comigo.

Eles trocaram rapidamente as alianças e então beijos.

Chris filmava toda a cena e quando virou a câmera para Jill, no intuito de captar ela chorando silenciosamente, ela virou a câmera impedindo-o.

— Só pra constar aqui para os telespectadores, isso foi um noivado? – Chris perguntou apontando para a câmera.

— Isso foi nosso sinal de compromisso. Tudo ao seu tempo, amigão. Ainda temos um bolo para comer.

— E o que dizer do seu primeiro aniversário, Ada? Sem discursos para os pais, por favor. – Chris brincou e todos riram inclusive Jill, então ficou muda quando se lembrou de que levou um fora de Chris durante outra filmagem. A cada nova lembrança, uma vergonha. Mais ainda faltava aquela peça ainda não encaixada que não se lembrava nunca.

— Eu amo vocês três! Vocês são a minha família! Eu quero que nunca esqueçamos esse momento. E eu te amo muito Leon! Você é a causa do meu melhor e primeiro aniversário. – Disse ao abraçar o namorado novamente.

— Eu acho que a Jill também não vai se esquecer de que esteve aqui tão cedo não é Jill? – Disse ao se referir a tatuagem com o nome do lugar e ela sorriu sem graça, mostrando uma língua para Chris que se divertia com sua situação. – Legal, agora vamos comer logo o bolo... São apenas trinta minutos de passeio, pessoal! – Chris disse ao desligar a câmera e então, as luzes de Vegas já estavam iluminando tudo adentro da Gôndola. A final de contas foi um excelente passeio em Vegas e o melhor aniversário para Ada.