Pandora Black

"Num tempo de engano universal, dizer a verdade é um acto revolucionário."

Oscar Wilde

Andrew abriu a porta do carro conversível preto e deu a mão para ajudar Pandora a descer, mas ela o recusou veementemente. Saiu sozinha e começou a andar em direção ao prédio no meio da floresta, o qual parecia mais uma caixa de concreto do que qualquer outra coisa: apenas uma porta de ferro e sem nenhuma janela, paredes cinza escuro e uma cerca elétrica em volta. Como se isso parasse o meu pai...

— Então é aqui? É aqui que meus pais estão?

— Sim. É muito mais seguro que a ilha... Pode não parecer, mas... Acredite quando eu digo isso. Vamos. Não temos muito tempo.

— E como eu vou entrar? Se é tão seguro assim, não deixariam a filha dos Black's entrar...

— Não mesmo... Mas eu tenho um amigo aqui dentro que meio que me deve uma. Eu venho muito aqui, para pensar. - Ela parou no a três passos da cerca para olhá-lo incrédula.

— Você vem numa prisão de suposta segurança máxima para pensar? Não podia, sei lá, ser menos... Diferenta... Estranho? Ninguém faz isso.

— Mas eu sim. Aqui é muito mais calmo que qualquer outro lugar de Auradon. Aliás, aqui eu me sinto muito melhor que em qualquer outro lugar... - Eles pararam na frente da cerca e Andrew digitou uma senha no controle, abrindo facilmente a porta. - Eu não me sinto facilmente a vontade nos lugares.

— Você é estranho...

— Talvez todos aqui sejam estranhos. Só escondem muito bem. - Pandora balançou a cabeça e encerrou o assunto. Ela não estava muito a fim de falar; estava nervosa, embora não quisesse admitir. Fora fácil de mais, e agora ela estava entrando numa prisão de segurança máxima sem saber os motivos de Andrew. E se for uma armadilha... Como eu fui idiota de ter aceitado!!!

Eles pararam na pequena porta de ferro e Andrew, mais uma vez, digitou uma senha num painel. A porta se abriu e eles entraram num ambiente mal iluminado, com guardas para todos os lados. A respiração de Pandora falhou, e então Andrew começou a tirar tudo o que tinha do bolso, e ela apenas o imitou, temerosa. A garota teve que tirar seu colar e seu anel, sentindo uma dor no peito por isso. Ela não se separava do anel desde os 10 anos, e não estava gostando nada de ter de fazer isso num lugar tão desconhecido.

Eles passaram por um raio-x de corpo inteiro e depois por uma revista mais minuciosa, com um aparelho de scanner menor. Andrew, que eu estava na frente, continuou sem pegar suas coisas de volta e ela, relutante teve que fazer o mesmo, olhando para trás, para o anel na bandeja.

— Por que não pegamos nossas coisas?

— Porque não pode... - Ela parou no meio do caminho, estranhando muito o fato dos dois estarem indo sozinhos, sem a companhia de nenhum guarda armado.

— Mas o meu anel...

— Ele ficará bem. Prometo. Agora vamos? - Ele indicou o caminho por onde iam.

— Cadê os guardas? Por que estamos indo sozinho ver... - Ele tampou de leve a boca dela, impedindo-a de continuar.

— Para qualquer um aqui estamos indo para o terraço. Apenas uma pessoa vai saber o que realmente viemos fazer. Então fica quietinha! Ou seremos expulsos antes de você vê-los!! - Ela concordou com a cabeça e ele a soltou aos poucos. A de cabelos negros ficara extremamente incomodada pela proximidade, porém não poderia reclamar, se realmente quisesse ver os seus pais. Andrew a estava fazendo um grande favor... Embora a Black não quisesse admitir.

Eles voltaram a andar em silêncio, chegando próximos a duas portas. Andrew fez que foi até uma, olhou para a câmera de segurança e pegou no braço dela, levando-a para a outra é entrando o mais rápido possível. Pandora olhou surpresa para o loiro, o qual não demonstrou nenhuma expressão ao soltá-la e continuar seu caminho. Eles desceram escadas estreitas numa espiral por uns quatro minutos, até chegarem num patamar muito bem iluminado (mais do que o térreo) e andaram por um corredor com várias portas de chumbo trancadas.

— Aqui estão criminosos muito piores do que estão na ilha. Os que não podem mais conviver em sociedade...

— Como quem? - Ela cruzou os braços, sentindo a brisa fria do corredor; não com frio, apenas temerosa de entrar naquele lugar com a possibilidade de não sair mais.

— Como seus pais; a Malévola; o Chernabog; Juiz Claude Frollo; entre outros serial killers que não deixariam a ilha... Digamos que segura.

— Eu não conheço esses dois últimos...

— Chernabog é um Deus da Noite, um monstro. O Juiz é um psicopata preconceituoso, racista e genocida que se acha superior aos outros... Você não perde nada não conhecendo-os...

— E eu achando que meu pai e a Malévola eram extremamente perigosos.

— E são. Por isso estão aqui. Enquanto a Malévola estava na ilha, ela não era tão ameaçadora, mas uma vez que conseguiu sair, a barreira não seria mais o suficiente para pará-la uma outra vez. Seu pai e sua mãe... Digamos que a barreira também não era o suficiente. Chegamos. - Eles pararam numa porta com o número 17. Um homem alto e forte apareceu no fim do corredor, sorrindo para Andrew.

— E aí cara? Achei que não viria mais!! Você está quase dez minutos atrasado!

— Só dez minutos William! Não é muita coisa!

— Mas agora você só tem 20 minutos! Em 25 minutos acaba o meu turno! Não se esqueça disso. - William digitou uma senha no painel, colocou a palma da mão para a verificação de digitais, e se agachou para verificação da íris. Só depois disso, eles escutaram um barulho de engrenagens velhas se mexendo e a porta se abriu lentamente, revelando um cômodo escuro.

Pandora foi a primeira a entrar e William acendeu a luz pelo lado de fora, assustado a garota. Ela viu seus pais dentro de redomas de vidro e de metal. Eles estavam de olhos fechados, pálidos e completamente imóveis, mal dava para ver suas respirações. Ela escutou passos e soube que Andrew parou ao seu lado.

— Eles... Eles estão mortos?

— Não. Apenas dormindo. Como se estivessem em coma induzido. É assim que todo mundo fica aqui. Dormindo dentro dessas redomas.

— Isso... Isso é...

— Eu sei... E sinto muito por isso. - Ela deu mais um passo e ficou exatamente entre os dois caixões. Ela primeiro se virou para a sua mãe, vendo seu rosto calmo e belo.

Pandora sempre a achou a mais linda de toda a sua família, porém também a mais quieta, mais sofisticada. A Black sentia tanto a falta da mãe, e apenas olhando para ela percebeu isso. A garota colocou a mão sobre o vidro, sem saber o que fazer; sua respiração estava falhada, mesmo não querendo, então ela se virou para o pai. Pitch também estava sereno. Exatamente como era antes daquele dia...

A garota se agachou, com as mãos apoiadas sobre a redoma do pai, sem querer mais vê-los assim.

— Você está bem? - Andrew se aproximou lentamente, temendo a reação dela. Ele estava repensando a sua decisão. Talvez não tenha sido uma boa ideia trazê-la aqui...

— O que você acha? - Ela respondeu entredentes. - Qual você acha que deveria ser a minha reação? Dar pulinhos de alegria por aí?

— Eu nunca esperaria isso. - Ele se sentou no chão, ao lado de Pandora, mesmo que ela continuasse apoiada sobre suas pernas. A de cabelos negros encostou sua testa no metal frio da redoma, sentindo a cabeça latejar e a visão escurecer. Eu tenho que manter a calma... Mas seu sangue quase fervia dentro de suas veias. - Pandora...

— Me de um minuto! Por favor!! - Ele não respondeu, apenas olhou para o chão enquanto ela continuava respirando fundo de olhos fechados. - Vamos embora. Eu quero ir embora Andrew.

— Claro... Vamos.

...

Pandora sentia, de olhos fechados, o vento ir contra o seu rosto. Ela não estava nada bem; sua cabeça rodava, seu sangue fervia, e suas mãos tremiam. Andrew estava preocupado com ela; desde que saíram da prisão, ela estava assim, segurando seu anel forte contra os dedos. Ele tomara o caminho mais longo de volta à faculdade, ainda dando umas voltas em círculo, para dar-lhe mais tempo para se recuperar. Ele sabia o quanto deveria ser difícil ver os próprios pais pela primeira vez depois de 10 anos daquela maneira.

De repente, ela abriu os olhos, já quase estando melhor, e olhou para o loiro, enquanto ele prestava atenção na estrada e nos seus próprios pensamentos. Pandora analisou os detalhes do rosto dele, tentando se focar em algo que não fossem as suas lembranças recentes e antigas.

— Por que está demorando tanto para chegarmos? - Ele olhou para ela pelo canto do olho e se incomodou ao vê-la olhar tão fixamente para ele.

— Achei que gostaria de um tempo antes de chegarmos.

— Valeu... Mas conversa algo comigo. Quero esquecer um pouco as coisas e minha cabeça não está deixando.

— Eu sei muito bem o que é ter uma cabeça sempre cheia... Sobre o que quer conversar?

— Por que a prisão? - Ele levantou a sobrancelha em confusão. - Quero dizer, por que você prefere a prisão para pensar? Não é um lugar exatamente feliz...

— Qualquer coisa menos sobre isso... É meio pessoal...

— Claro... Sem intimidade. Entendi. Acho então que vai ter que ser sobre o que acabou de acontecer... Por que?

— O que? - Ele olhou confuso para ela de relance.

— Por que eles estão lá? Assim?

— Já disse, eles eram muito poderosos para ficarem na ilha... Não seria seguro.

— Seguro. Seguro para quem? - Ela colocou os dedos, do braço apoiado na janela, perto da boca, olhando para a paisagem que passava rapidamente por eles. - Porque posso garantir que não foi para todos.

— Eu sei... Já disse que sinto muito.

— O seu sinto muito não vai mudar o passado de duas crianças que ficaram sozinhos aos 10 anos. - Ele não respondeu a isso. Ela estava certa. Não havia o que dizer. - Sabe... Vocês de Auradon podem não acreditar, mas... Eles eram bons pais. Antes de irmos para a ilha, claro. Mas eram... Excelentes, na verdade. - Andrew ficou espantado; sempre que conversara com Mal, Evie, Carlos e Jay, eles sempre falavam que os pais não eram tão bons assim; que, comparado aos pais de Auradon, eles não eram nada bons. - Eu nunca tive um pesadelo sequer até colocar os meus pés na ilha. Depois que chegamos, tive todos os dias, os piores possíveis. Acho que ele queria atingir Auradon, ultrapassar a barreira...

— E ele conseguiu. - Ela parou de olhar a paisagem para mirar os olhos claros do garoto. - Por isso eles saíram da ilha: os pesadelos dele estavam chegando a Auradon, cada dia mais fortes. Todos temiam o dia que ele destruiria a barreira de uma vez por todas.

— Então por isso eu e meu irmão ficamos sozinhos? - Ele concordou com a cabeça, com uma expressão de pesar, fazendo-a olhar de volta para a paisagem, tornando a viagem silenciosa até chegarem na universidade.


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Rosabelle estava quieta ao lado de Petter, brincando com a comida em seu prato. Desde que a Pandora sumiu com Andrew, há quatro horas atrás, o gêmeo Black estava de cara fechada e não a respondia mais. Todos os ex-residentes da ilha e a Mal estavam a sua volta, comendo em silêncio, sem ao menos um olhar na cara do outro, e ela estava desconfortável, sentindo que eles estavam assim por causa dela. Ela sabia que eles, de certa forma, a aceitaram, mas isso não queria dizer que era amigas deles, sendo que ela nem sabia se eles se consideravam amigos uns dos outros de verdade. Então ela decidiu ir para outra mesa.

— Então... Acho que eu vou me sentar com a Jane... Acabei de me lembrar que ela tem coisas a decidir sobre a festa e eu disse que ia ajudá-la com...

— Tudo bem. Pode ir. - Petter a cortou frio. Então ela pegou sua badeja e foi para o outro lado do refeitório, se sentindo despejada. A loira sabia que seria difícil, mas nem tanto.

Na outra mesa, Rosabelle viu Janessa sentada com Eleanor e Melody, sorrindo e olhando diversos papéis espalhados.

— Oi! Tudo bem com vocês? - A princesa disse ao se sentar numa das cadeiras. Melody sorriu para a loira, cumprimentando a garota que não via a dias.

— Tudo sim!! Como vai a princesa mais fofa de toda a universidade?? - Melody cruzou a mãos sobre a mesa, apoiando a cabeça sobre seus braços, quase deitada na mesa.

— Hahahaha... Vou bem Mel!! O que vocês estão fazendo agora?

— Vendo os detalhes da música! Quem vai cantar o que, revendo a melodia... Essas coisas! - A morena cruzou os braços, ainda deitada sobre eles, espalhando seu cabelo por cima de todos os papéis.

— Pelo menos era o que estávamos vendo antes do cabelo dela cobrir tudo!! - Janessa brincou, rindo da amiga. - Aliás, cadê o Andrew? Ainda não o convenci de cantar na música.

— Ele saiu a um tempo... - Rosabelle ficou um pouco hesitante em falar para Janessa.

— Não acredito ainda que a Penelope Sleeping desistiu de cantar a parte da música da própria mãe! Como ela pode fazer isso?!?!

— Calma Jane... - Eleanor comentou sorrindo. - Possivelmente ela, assim como a Audrey, só achava que ninguém era digno de dividir o palco com ela...

— Credo Elly! Ela não faria algo desse tipo! - Rosabelle cortou a prima, tentando não concordar

— Certeza Rose? - A ruiva levantou as sobrancelhas, segurando o sorriso. - Aliás, cadê o Andrew? Precisamos que ele cante a parte da música da minha tia para eu poder cantar a parte da Aurora!!! Ele é a nossa última opção! Onde ele se meteu??

— Com a Kingsley, aposto!

— Falando de mim, Frost? - Addyson apareceu atrás de Janessa, segurando a sua bandeja. Ela contornou a mesa e se sentou do lado de Rosabelle, que teve que aceitar a contragosto. - Eu quero falar com você tanto quanto vocês comigo! Mas eu só quero saber onde está o Andrew. Não falei com ele o dia inteiro! Ele não me procurou nem nada!! Estou preocupada...

— Ele não tem que ser um chiclete com você Addyson... - Eleanor respondeu com um sorriso amarelo. - Ele não é um cachorrinho!

— Eu não estou falando isso! Eu sei que vocês não gostam de mim, e o sentimento é recíproco! - As três reviraram os olhos, enquanto Melody segurou a risada; ela não entendia a antipatia entre elas. - Mas temos que convir que o sumiço do Andrew é estranho!

— Ele some assim Addyson! Você namora ele a três anos! Não se acostumou ainda?

— Não Janessa!! Não me acostumei! Ele some sim, mas nunca ficou um dia inteiro sem falar comigo! Quando ele some, fala comigo antes! Não para falar que vai sumir, mas só para falar oi! - Addyson ficou olhando para as garotas da mesa tentando parecer firme, e não demonstrar a preocupação. Contudo, Eleanor olhou para trás da Addyson e segurou uma risada antes de falar novamente.

— Acho que não tem com o que se preocupar Kingsley... Olha para trás...

Todas olharam para onde Eleanor apontou e viram Andrew chegar ao refeitório ao lado de Pandora. Eles estavam próximos, fisicamente, com seus braços quase se encostando, mesmo que calados. O rosto de Addyson ficou vermelho; ela se levantou, deixando a bandeja na mesa e andou até o namorado. Janessa não perdeu a oportunidade e disse alto antes que Addyson deixasse de ouvir, levando um leve tapa de Rosabelle em resposta, a qual riu silenciosamente.

— Acho que estou gostando mais da Pandora neste momento. - Addyson respirou fundo, tentando se acalmar antes de chegar ao lado do namorado, o que não funcionou.

— Andrew!! Onde você estava?!?!

— Oi Addy.

— Oi nada! Você sumiu o dia inteiro e depois me aparece ao lado dela??

— Qual o problema de ele estar comigo? - Pandora cruzou os braços sobre o peito, vendo Addyson a copiar.

— O problema é que você pode ser bem capaz de dar uma de Mal e roubar o meu namorado!! - Mal teve que ser segurada pelo Henry para não levantar e armar um barraco contra a loira.

— Me poupe Kingsley! Eu não roubo nada de ninguém! Sobretudo de uma pessoa com tão baixa autoestima como você!

— Eu não tenho baixa autoestima!! Só não confio em vocês da ilha! Sei muito bem o que podem ser capazes de fazer!! - Andrew estava calado, chocado pela discussão sem sentido que a namorada estava criando.

— Ah é?? E o que eu sou capaz de fazer? Me fala se sabe tanto!!

— Olha aqui... - Addyson deu um passo para frente, mas Andrew a parou no meio do caminho, fazendo ela tentar se soltar.

— Fala sério! Você é muito ridícula! E não se aproxime! Não quero pegar seus germes... Sua idiotice pode ser contagiosa...

Assim Pandora saiu de perto dos dois, fingindo não ver os olhares de todos do refeitório, e foi até o lado de seu irmão, pegando a comida dele como se fosse sua. Janessa, Eleanor e Rosabelle se seguravam para não rir da cara de Addyson; elas realmente estavam gostando mais de Pandora, principalmente Janessa. Já a Kingsley se soltou de vez do namorado e o fuzilou antes de sair do refeitório às pressas. Andrew olhou para a mesa da família, para Pandora e saiu também, atrás da loira andando devagar. Ele a alcançou perto do hall, na frente do chafariz.

— Addyson!

— Me deixa Andrew!!

— Addyson!! - Ele segurou seu braço delicadamente. - Por favor! Para de drama!

— Drama? DRAMA?? Andrew!!! Ela acabou de me humilhar na frente de todos da universidade e você não fez nada!!

— E o que você queria que eu fizesse?? Você estava sendo injusta com ela!!

— Eu?? Injusta??? Ela aparece com o meu namorado, depois dele ter sumido o dia inteiro, e eu sou injusta? Você só pode estar brincando!

— Eu não sumi o dia inteiro! Eu só não tinha te visto até agora! Não somos grudados!

— Não quero que sejamos grudados! Eu só quero atenção!! - Ela parou, passando as mãos no rosto antes de juntá-las como numa prece, sem desencostá-las de sua boca. - Andrew, eu te amo. Muito! Mas não dá para ter uma relação assim!! Você quase nunca é carinhoso, não conversa comigo, não fala sobre o que você está sentindo... Eu escutei a Janessa falando que tem algo acontecendo com a sua família e você não se abre comigo!!

— Addy...

— Você acha eu eu estou errada Andrew? Pelo o que eu vejo, essa relação não tem futuro enquanto você não me ver como uma amiga também! Enquanto você não confiar em mim e dividir de verdade sua vida comigo!!

— Mas eu confio em você!!

— Então me fala onde você estava essa tarde? - Ele abriu a boca, mas nenhum som saiu. - Viu? Olha, estou com dor de cabeça... Eu só quero deitar, está bem? A gente se vê amanhã. - Então ela saiu sem se despedir direito do namorado e subiu até seu quarto.

...

— Credo... Que menina ridícula!!

— Que maldade Mal...

— Você liga para ela por acaso Henry? Ou só para a bunda dela?? - Mal perguntou entediada, visto que já sabia a resposta. Ele é tão previsível...

— Com certeza a bunda... - Daniella respondeu pelo loiro, o qual assentiu sorrindo.

— Não sabia que hoje era dia de você vir nos vigiar Mal...

— E não é Pandora. Eu só... Queria descanso.

— De quem? - Heather perguntou fingindo interesse. Atualmente, ela não se interessava por absolutamente nada.

— Do Ben... E um pouquinho da Evie.

— Que grande amiga você Mal... Fugindo da garota...

— Deixa ela em paz Petter... - Pandora olhou de soslaio para o irmão, não querendo perder os mínimos gestos de Mal. - Okay. Ai tem problema. Vamos roxinha. - A Black se levantou da mesa, puxando o braço da mais nova, a qual nem se importou. Ela apenas soltou a outra quando estavam sentadas longe da porta do refeitório. Sozinhas. - Qual o problema?

— Qual mais seria? Os meus sogros!! Eles querem que eu me vista diferente, que eu aja diferente, que eu seja diferente!!

— E você não quer?

— Claro que não Black!! Eu não vou mudar por causa de meros caprichos dos meus sogros!!

— E pelo Ben? - A de cabelos roxos abriu a boca para retrucar, mas a Pandora levantar a sobrancelha a parou. - Viu? Olha... Eu não acredito que farei isso, mas... Que tal você não ir para o seu dormitório, dormir um pouco, se acalmar e deixa isso para depois?

— Espera!! Pandora Black aconselhando alguém??

— Eu sei, eu sei! Auradon não está me fazendo muito bem... Mas faz isso, está bem? Porque eu te conheço: uma hora ou outra, você vai ceder... E espero que demore mais do que isso.


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— Okay Pandora. Onde você passou essa tarde??

Petter perguntou, sentado ao lado da irmã em sua própria cama. Matthew, Giselle, Henry e Daniella estavam no quarto também, extremamente curiosos com o sumiço repentino da garota. Pandora já havia "dispensado" Mal a mais de meia hora e queria ter adiado mais um pouco a conversa que sabia que teria com os outros. Contudo, também sabia que isso não seria possível. Ela, então, rolou os olhos e deu um sorriso torto antes de começar.

— Vocês não vão acreditar no que aconteceu... Lembram quando Andrew escutou minha conversa com a Mal? Bem, parece que eu sou muito boa atriz, porque ele me levou até meus pais! - Todos tiveram reações diferentes: Petter arregalou os olhos, Daniella colocou as mãos na boca, Henry sorriu em escárnio, Giselle começou a gargalhar e Matthew montou sua expressão de "estou formando um plano".

— Você está brincando, né?

— Estou com cara de quem está brincando Petter?! Estou falando sério! Ele me levou lá e... Não foi tão legal quanto vocês devem estar achando...

— Onde eles estão? - Perguntou Matthew, que parecia cada vez mais interessado.

— Não lembro por completo o caminho até lá, mas é uma prisão de segurança máxima no meio da floresta. Eles estão no subsolo, junto com outros: a Malévola, um tal de Juiz Claude Frollo e Chernabog.

— Quem são?

— Não sei Daniella, mas pelo o que eu entendi, são perigosos. Mas eles não são nossa missão. E sim meus pais. Eles estão dentro de redomas de vidro e metal, dormindo.

— Dormindo? - Petter parecia cada vez mais incrédulo.

— Sim. No subsolo não tem tantos guardas juntos, mas para entrar tem um senha além da impressão digital da palma de alguém mais a íris dessa pessoa. Já o térreo é cheio de guardas. E mesmo que conseguíssemos passar por eles e chegar até o subsolo, a escada é muito estreita e comprida, não sei como conseguiríamos subir de novo.

— Mas já é um avanço! - Matthew sorria abertamente. - Já sabemos onde eles estão! Só precisamos saber como chegar até eles!

— E acordá-los. - Daniella se intrometeu, sentada no chão com pernas de índio. - Como vamos acordá-los? Não tem como a gente carregar eles pela escada, se for como você descreveu! Teríamos que saber como fazer isso antes de ir buscá-los. Até porque, teríamos que lutar para sair de lá!

— Olha... não é que a Bludvist pensa...? - Henry comentou irônico, irritando Daniella.

— Não comecem vocês dois! - Matthew fuzilou os dois, fazendo-os se calarem. - Daniella está certa! Temos que descobrir isso antes!

— Mas como vamos descobrir? - Giselle perguntou, sentada na cadeira da mesa que ficava no meio do quarto. - E quem iria nos contar?

— Fácil! - Matthew respondeu, ainda sorrindo. - Andrew!

— Andrew? - Pandora perguntou incrédula. - Ele vai contar isso para a gente?

— Ué! Ele já não te levou lá?

— Levar é uma coisa Matthew... - Petter se intrometeu, sem olhar o outro. - Contar como acordá-los é outra. Completamente diferente!

— Talvez não tanto! Ele só precisa confiar mais em você Pandora!

— Em mim? - Ela colocou a mão no próprio peito, quase incrédula.

— Sim! Você vai se aproximar dele! Vai fazer ele confiar em você! Você fazer com ele pense que você é inocente! Vai fazer ele gostar de você a ponto de te contar esse tipo de coisas!!

— Como você espera que eu faça isso gênio?? - Ela não pode evitar de rolar os olhos com toda aquela conversa, sem sentido para ela.

— Simples! Seja a melhor amiga dele! Melhor! - Os olhos de Matthew brilhavam em expectativa. - Seja a namorada dele!!

— Não viaja Matthew! Isso é função da Giselle, não sua!! - Eii!! (Giselle) - Ele já tem namorada!! Namora com ela há três anos!!

— Não estou viajando Black! Pense bem! - Matthew se levantou da cama e começou a andar pelo quarto, mexendo as mãos sem parar. - Se você for a namorada dele, vai ser mais fácil ele se abrir! Contar esse tipo de coisa! Vai confiar o suficiente em você para isso!!

— Okay, digamos que você estava certo, que ele se abra comigo se eu for a namorada dele... - Pandora não estava gostando nada do rumo dessa conversa. Ter que namorar o filho do Frost....???— Como a gente se livraria da Kingsley??

— Convenhamos, a namorada dele não é um real obstáculo.

— Ah não? E como você pretende fazer com que ele fique comigo? Preparando a mesma poção que a Mal?

— Claro que não! - Ele parou em frente à Black, fazendo uma careta bizarra, na visão de Daniella. - Aquela poção é muito óbvia! Deve ter alguma muito melhor, ou algum feitiço que...

— Feitiços não interferem em sentimentos Matthew!! Você não prestou atenção no que Jafar falava?

— Claro que não Pandora!! Ele é um tagarela ladrão e sem-noção!! Nunca escutaria ele!!

— Mas deveria! - Pandora se levantou também, ficando de frente para Matthew. - Ele sempre falou sobre o que gênios podem fazer, e criar amor era uma das que ele não podia!! E gênios são as criaturas mais poderosas deste mundo! Se eles não podem fazer um feitiço para isso, ninguém pode!!!

— Tá! Tanto faz!! A gente faz uma poção então!!

— E fazer a mesma coisa que a Mal?

— Já não disse que não? Não vamos usar a poção com o Frost!!

— Com quem então? - Ela voltou a se sentar, com tudo, na cama do irmão, já ficando cansada com a discussão.

— Com a Addyson!!

— Como é??

— Claro! A gente faz a Addyson se apaixonar por outro, o Andrew fica de coração partido e se apoia em você! Isso é genial Matthew!!

— Eu sei que é Giselle!! - Ele também voltou a se sentar, em êxtase com o próprio plano.

— E ela vai se apaixonar por quem? Se precisarmos de um candidato, eu sirvo!

— Fica na sua Henry!! - Daniella responde, rindo da cara do loiro.

A porta de repente abriu e Heather finalmente chegou junto de Fabian. Os olhos de Matthew brilharam e ele se levantou, mais uma vez, para recepcionar a ruiva.

— Minha querida, linda, maravilhosa e poderosa Princesa dos Corações...

— O que você quer Matthew?? - Ela cruzou os braços, empinado o nariz.

— Preciso que você convença a Mal a convencer o Rei Ben a trazer mais algumas pessoas da ilha...

Heather levantou as sobrancelhas e olhou para o resto das pessoas que estavam no quarto, encontrando expressões confusas no rosto de todos, menos de Petter, que parecia rir.

— Quem...??