Descendants - In Reverse

VIII - Segredos Inóspidos


—E então Carly, como estamos indo com essa poção? – perguntou Maison, entrando na cozinha com um pacote de bolinhas coloridas – Alguém quer balinha?

—Bem, eu acho – a menina deu os ombros – Alguém me lembra por que eu que estou fazendo esse negócio? O menor das minhas preocupações no momento é voltar para a Ilha...

—Por que eu não sei cozinhar, Ethan é fresco como uma menininha...

—Cala a boca – grunhiu Ethan, mas foi ignorado.

—E eu não quero correr o risco da Jullie estragar a receita cuspindo nela – seguiu Maison, enquanto a morena fazia cara de ofendida – Todos sabemos que você faria isso!

—Verdade – riu Jullie, lendo o livro de feitiços – Ok Carly, pode parar de mexer. Estamos quase acabando, só precisamos de uma lágrima.

—Boa sorte com isso vocês três – falou Maison, se encostando na parede – Por que eu nunca choro!

—E se a gente cortar umas cebolas? – perguntou Carly.

—Deixa eu ver isso – falou Maison, arrancando o livro das mãos de Jullie – Tem que ser uma lágrima de tristeza humana! E essa poção é a com as melhores críticas, foi a que fez o pai da Branca de Neve se apaixonar pela Rainha Má, então vamos seguir ao pé da letra!

—Mas lágrima é lágrima – grunhiu Jullie, chutando um caixote até os pés de Ethan – E eu garanto que se Ethan te der um soco, você chora!

—Em primeiro lugar, eu não sou louco disso – falou Ethan, chutando de volta – E em segundo, Jullie, embora ambas tenham anticorpos e enzimas, uma lágrima de emoção tem mais proteínas do que uma reflexiva!

—Não sei do que você está falando – Maison deu os ombros, e se virou para Jullie – Mas deu pra entender que é diferente?

—Por favor, eu sabia disso o tempo inteiro – ela revirou os olhos.

—Claro que sabia – Carly riu, sarcástica.

—Volta pra sua panela, Cindy-Carly – Brincou a outra, jogando farinha no rosto da filha de Cruella, enquanto os meninos riam.

—Ah, achei vocês... – falou Laurent, entrando na cozinha – Er... Carly, tem uma coisa no seu.

—É, eu sei – ela riu.

—Culpada – Jullie levantou a mão.

—Por que está aqui? – perguntou Maison.

—Ah, sim... Os meninos – falou Laurent, rapidamente – Todos querem que você arrume os cabelos deles... E algumas meninas também.

—Era só o que me faltava – Maison suspirou, revirando os olhos. – Bem, agora eu não posso.

—E, to vendo... Lanche da meia noite? O que é isso? – perguntou ele, curioso.

—Estamos tentando fazer uns biscoitos – Maison deu os ombros – Receita da...

—Minha mãe – falou Carly, rapidamente. Uma receita de Malévola ou da Rainha Má poderiam parecer perigosas, mas Cruella era inofensiva em meios culinários. – Ela desenvolveu uma loucura compulsiva por culinária ultimamente! Roubamos essa receita dela...

Laurent riu, colocando a mão na vasilha e levando a boca.

—NÃO! – gritaram os quatro ao mesmo tempo, arregalando os olhos.

—Calma, eu não vou colocar de novo – riu ele – Pelo visto não foi só Cruella que se tornou obsessiva.

—Desculpe, minha mãe sempre diz que faz mal comer massa crua – falou Carly, mais uma vez pensando rapidamente – Então, sentiu alguma coisa... Diferente?

Carly piscou os olhos duas vezes, da maneira mais doce que uma garota da ilha poderia ser. Laurent riu.

—Faltam gotas – ele anunciou.

—Gotas? – perguntou Maison – Tipo...

—Gotas de Chocolate, é claro. O grupo alimentar mais importante. – falou ele, rindo e despejando uma grande quantidade na vasilha –Suas mães nunca fizeram biscoitos de gotas de chocolate? Quando tudo parecia errado, e você chegava em casa e eles estavam saindo do forno com um copão de leite, e não importa o que ouve, sua mãe te faz rir e tudo faz sentido! O que foi?

—Onde a gente mora, as coisas são um pouco... Diferentes – Falou Maison, pensando em todas as vezes que algo dava errado e sua mãe gritava com ele.

—Desculpem, eu sei... Mas eu pensei – Ele deu os ombros – Que até as vilãs amassem seus filhos.

Todos ficaram em silêncio. Laurent parou, analisando-os até perceber a burrada que tinha dito.

—Nossa – ele suspirou, enquanto uma lágrima descia pelo seu rosto, ele colocou a mão sobre a de Carly – Me desculpem.

Maison deu um chute no tornozelo dela.

—Não precisa chorar – Ela falou, dando um passo para frente assustada com o susto e limpando a lágrima dele, jogando dentro da receita – Estamos acostumados. Mas obrigada, por se importar com a gente.

Ela deu um beijo na bochecha dele, onde antes estava a lágrima. – Agora, se nos dá licença, temos que acabar esses biscoitos!

—Mas... Vocês estão bem mesmo? – perguntou ele.

—Nunca estivemos piores – Maison sorriu malvadamente – Sério, cara, não precisa se preocupar. Agora, é melhor ir indo. Maus sonhos, e até amanhã!

Laurent riu enquanto Maison lhe empurrava para fora. Aqueles quatro eram tão estranhos.

—Está pronto – anunciou Carly.

—Maravilha – Sorriu Maison – Jullie, liga o forno. Ethan, papel manteiga.

—Como se liga isso? – perguntou Jullie.

—O que é papel manteiga? – perguntou Ethan.

—Tudo bem, Ethan, o forno. Jullie, papel manteiga! – ele suspirou, enquanto os dois corriam para lados contrários.

...

A tarde de sábado estava radiante em Auradon, enquanto todos os alunos se preparavam para o grande jogo. Boa sorriu quando o sol tocou ao seu ombro, enquanto seguia para o seu armário com o outro armário – quer dizer, com Andrew, ao seu lado.

Maison seguia o casalzinho, parando em seu próprio armário para não despertar suspeitas.

—Hey, Maison – gritou um dos garotos no nível abaixo, jogando uma bola em direção a ele – Pensa rápido!

Maison parou a bola no ar a centímetros de sua mão, a lançando de volta contra os meninos que riram.

—Você não se sente mal com tudo isso? – perguntou Jullie, parando ao lado de Maison - Quer dizer, se pensar bem... Aqui até que é legal.

—Está delirando? – perguntou Maison – Vida longa ao mal! Você é mal! É Pavorosa! É encrenca! Para com esse delírio!

—Ah, valeu – suspirou ela, parecendo aliviada – Eu precisava mesmo disso! Hey meninos, falem a verdade? Eu não fiquei muito gata com esse uniforme?

Os meninos riram no nível inferior, assentindo.

—Olha só para esse circo – grunhiu Andrew, se encostando em uma armário enquanto Boa penteava o cabelo – Ele fez a mesma coisa com o cabelo do John, e a Fada Madrinha não gostou nada disso!

—Mas o John gostou – Boa deu os ombros – Se ele está feliz, qual o problema?

—O problema, é que estão usando magia para se dar bem – grunhiu Andrew – Começa com o cabelo. Depois os dentes. Narizes. Músculos. E como eu fico? Todo meu trabalho duro, meus dez anos de treinamento físico?

—Andrew, você não acha que...

—Não. Nem ouse defender eles – falou Andrew – Não posso ficar irritado antes do jogo. Lembre-se de torcer por mim.

Ele se inclinou para beija-la, mas Boa virou os rosto.

—Boa...

—Vai se preparar para o jogo – suspirou ela, encostando-se no armário. Ele deu os ombros e saiu.

—Problemas no paraíso? – perguntou Maison, se aproximando.

—Isso nem de longe é o paraíso – riu Boa – E é muito errado ouvir a conversa dos outros.

—Bem, eu acabei de fazer uns biscoitos com gotas de chocolate... Isso serve de pedido de desculpas? – perguntou ele, sorrindo. Estava sendo fácil.

—Bem que eu queria. Mas o jogo começa daqui a pouco, e eu não como antes dos jogos – ela deu os ombros – Se eu vomitar no meio da coreografia, não vai ser bonito... Mas obrigada mesmo assim, quem sabe outra hora?

—Ah, certo... – Ele assentiu – Entendi.

—Entendeu o que? – perguntou Boa, se virando de novo.

—Cuidado com aquilo que os vilões oferecem – ele recitou – Esperto da sua parte.

—Não... – ela gemeu – Não é nada disso... Cindy realmente me mataria se eu vomitasse no meio do campo!

—E ai ela casaria com Andrew e ficaria com a coroa que tanto quer – Falou Dany, passando por eles em direção ao próprio armário. Boa riu, Dany era incrivelmente sincera com o que pensava, mesmo que pudesse ter problemas por isso, ela a admirava.

—Não precisa me explicar nada – Maison deu os ombros - É normal ter medo de nós. Bem, sobra mais para mim...

—Ah, não – grunhiu Boa, arrancando o biscoito da mão dele. Ela não era medrosa. Ela os levou para lá, não tinha medo deles. E não vomitaria por um biscoito. Ela deu uma mordida – Está vendo? Não tenho medo de você!

—É, to vendo – ele sorriu – Gostou?

—Muito... – Ela sorriu, e de repente Cindy apareceu atrás dela – Oi!

—Vamos molenga – riu Cindy, e pegou o biscoito da mão dela – O que é isso?

—Nada que seja da sua conta – grunhiu Maison, arrancando o biscoito das mãos dela, e guardando no pacote. – Boa...

—Sim? – perguntou ela, parecendo um pouco aérea. Cindy olhou desconfiada para os dois. Não poderia falar nada suspeito na frente da loira.

—Boa sorte, no seu negócio de torcida – ele falou, sorrindo.

—Obrigada – ela agradeceu, sorrindo bobamente enquanto Cindy lhe puxava para longe.

—O que deu em você? – perguntou a loira – Andrew disse que estava estranha, e agora isso?

—Isso o que? – perguntou Boa, confusa.

—Nunca aceite nada que os vilões ofereçam – falou Cindy, raivosamente.

—Eles não são vilões. Estão aqui para provar isso... – falou Boa, na defensiva – Você já notou coo os olhos do Maison são bonitos?

—Não? – Cindy encarou ela, atordoada – Agora pode parar a loucura e ir colocar seu uniforme?

...

—Como vamos saber se deu certo? – perguntou Ethan, parando ao lado de Maison.

—Não faço a mínima ideia – ele deu os ombros – Onde está a Jullie?

—Foi se preparar para o jogo – falou Carly – O que na língua dela, significa esfregar na cara do Andrew sua presença. Se querem mesmo saber minha opinião...

—Não queremos – falaram os dois juntos.

—Tudo bem – falou ela, dando os ombros – Mas vocês sabem que é verdade. Vou me arrumar também, e descobrir se essa besteira deu certo. De nada.

Os dois se entreolharam enquanto Carly se afastava.

—Acha que ela está certa? – perguntou Ethan – Sobre Jullie?

—Espero que não – Maison suspirou – Tudo que não precisamos é da Jullie virando uma princesinha molenga justo agora. Vamos, vamos conseguir bons lugares antes desse jogo começar.

Os dois sumiram de vista aos poucos. Dany se afastou de seu armário, olhando para a área dos armários agora vazias.

—E enquanto o sol brilhava e todos esperavam um jogo honesto, as estranhas figuras se confrontavam internamente, com segredos inóspitos – ela recitou, e então anotou em se caderno antes de joga-lo dentro do armário.

Aquela história só ficava mais e mais interessante.