“Querido diário…

Não sei bem como começar, afinal faz séculos que não escrevo. Tudo que sei é que preciso desabafar retirando todo esse sofrimento de dentro do meu peito. É tão estranho! Quando li meu ultimo diário e vi a garotinha inocente que eu era, me da um aperto no coração ao pensar no que me transformei. Quase tirei minha própria vida. Tudo por causa de um idiota que não consigo esquecer. Sofro dia após dia por ele, e ele nem esta ligando para isso. Como posso ser tão boba. Quero voltar a ter minha inocência de volta, pensar que tudo esta bem e que não preciso ter medo de nada, mas quando se é mais novo tudo é mais fácil.

O tempo que fiquei sem escrever, sem desabafar, descontei tudo em meu corpo. Cada cicatriz que tenho será uma lembrança desses dias horríveis que estou vivendo, se eu conseguir chegar com vida até la. Meus pais irão me levar para um psicólogo e eu tenho medo. Medo que as pessoas descubram, medo que meu amigos descubram.

Como já escrevi, quase tirei minha própria vida hoje. Tudo por culpa dele, do Dougie. Como pude ser tão idiota a pensar que ele me amava, ele só estava brincando comigo. Tirando uma com minha cara. Preciso contar diário, preciso desabafar tudo o que vi, tudo que esta me dilacerando por dentro.

Eu estava tão feliz, à caminho rumo a casa do Dougie, com minha pequena carta em mãos e sua musica. Estava tão nervosa e ansiosa que quase nem prestava atenção no caminho que estava fazendo. Queria que ele cantasse para mim. Um sorriso bobo se formou em meu rosto. Caramba, como era bom se sentir dessa maneira. Meu coração estava tão acelerado, acho que nem um carro de formula 1 conseguiria acompanhá-lo. Nossa, que comparação horrível, eu sei mas era a verdade.

Logo cheguei a casa. Ela é bem grande, de cor branca, com um lindo jardim na frente. Havia espécies de flores que nem sabia o nome. Na verdade não sei o nome de muitas, a não ser as mais famosas e comuns.

Passei pelo portão da garagem, o ensaio era nos fundos. Numa casinha que havia la, onde a família do Dougie guardavam coisas inúteis. Foi o que o Tom havia me dito.

Realmente, esse pessoal não sabe expressar o tamanho do lugar, não era uma casinha, era uma casa e grande. Claro não tão grande como a do Dougie, mas era grande. Na entrada vi o Tom e o Danny.

_Caramba Lah, o que você está fazendo aqui? – O Tom parecia meio espantado por eu estar lá. De certo o Dougie ainda não havia contado. Achei até melhor porque não queria que os garotos tirassem uma com minha cara.

_Vim ver o ensaio. – disse como se fosse obvio.

_Ah… Bom, Você quer esperar o Harry lá fora, comigo e o Danny, Neh Danny.

_Claro, vamos Lah. – Danny já ia me empurrando rumo a saída, achei isso muito estranho.

_Ei, gente. Eu não quero ir lá fora. Na verdade… – Comecei a corar, tenho certeza que fiquei vermelha como um pimentão. _ Eu queria falar com o Dougie antes do ensaio. Já volto. – Não dei tempo a eles, porque percebi que iam me impedir, isso estava estranho. Comecei a sentir um nervosismo, não bom e sim de algo ruim.

Acelerei meus passos quando entre dentro da casa. Ouvi vozes vindas de um dos cômodos. Segui o barulho até ver uma porta fechada. Abri.

Nunca devia ter feito isso. A cena que vi foi como se uma faca houvesse invadido meu peito furando meu coração. Não acreditava no que estava vendo, não acreditava que ele pode ser tão cafajeste.

Lá estava Dougie, agarrado com sua antiga namorada, que não faço idéia do seu nome, nem muito menos quem é. Só sei que eles estavam deitados no sofá, ela em cima dele, beijando-o. Beijando o meu garoto, e ele parecia estar gostando, pois estava muito bem posicionado com as mãos na cintura dela. Um ódio enorme me invadiu. Ele me enganou, queria brincar comigo, queria que eu passasse por essa humilhação, queria que eu visse que ele não me queria. Os garotos tentaram me avisar e eu fui uma idiota iludida. Não acredito.”

Após escrever a ultima frase, Larissa começou a chorar descontroladamente. Não conseguia escrever, não conseguia acreditar que estava revivendo aquilo de novo. Em um momento desejou nunca ter começado a escrever, porque sua dor interior voltou. Mas após respirar fundo, percebeu que foi bom escrever, afinal estava desabafando e tudo que precisava era colocar tudo para fora. Voltou-se para o diário e começou a escrever.

“Os garotos tentaram me avisar, e eu não dei ouvidos a eles. Fui como uma boba, achando que encontraria o Dougie me esperando, feliz por me ver ali. Mas me enganei como sempre. Sem perceber que estava chorando muito, dei um soluço. E a garota, ruiva falsa, me olhou assustada, como se pensasse que ninguém entraria ali e veria os dois. Ela deu um sorrisinho cínico para mim, e levantou-se de cima do Dougie. Este, por sua vez, quando me viu, arregalou os olhos e veio em minha direção dizendo:

_Lah não é nada do que você esta pensando. – irônico não acha, quando um homem diz isso.

Sem pensar duas vezes, antes dele se aproximar o suficiente, sai correndo, rumo a saída. Não queria suas explicações, não queria nada que viesse dele. Já CHEGA, fui idiota o suficiente, não da mais. Não quero mais. Assim que atravessei a porta, Tom e Danny me viram e vieram ao meu encontro ao perceberem que eu estava chorando. Com a vista embaçada pelas lágrimas, consegui me esquivar deles, não queria conversar, não queria que ninguém sentisse pena de mim. Corri o Maximo que consegui.

Pela rua, as pessoas que passavam me olhavam preocupadas, talvez pensando que eu fosse louca. Mas eu não ligava. Só queria que todos fossem para o inferno. Por que é isso que estou vivendo.”