Sendo conduzido por sua bengala, Matt chega a uma cafeteria de Nova York. Ao entrar, ele é abordado pelo seu amigo e fiel companheiro, Foggy Nelson.

—Matt! Não o esperava aqui! - diz Foggy.

—Como assim? Sempre estou aqui neste horário, assim como você. - diz Matt, sendo conduzido agora por seu amigo.

—É, eu esqueci que você vem aqui todas as manhãs às 8, depois vai ao nosso escritório bagunçado próximo à saída do bairro. E eu sempre vou contigo. – Brinca, sorridente.

Os dois advogados se sentam em uma mesa com uma flor artificial e guardanapos.

A televisão ligada no noticiário traz uma reportagem especial: Era sobre a repentina aparição de vigilantes nos mais variados bairros de Nova York. A maioria fazia o que a polícia não conseguia fazer: diminuir a criminalidade. Foggy acredita que eles dificultam o trabalho, já que legalmente não foram capturados pela polícia e não há ninguém para acusá-los. Alguns dos vigilantes preferem fugir da cena do que depor à polícia.

—Querem alguma coisa? - perguntou uma mulher gorda com uma mancha vermelha na bochecha.

—Sim, eu quero um descafeinado e ele quer um expresso. - Foggy faz o pedido e olha para a televisão, que mostrava um cara de vermelho no ar - Estes vigilantes querem mesmo arrumar a cidade atrapalhando a polícia?

—Como assim?

—Veja esse tal Homem-Aranha! Ele veste um pijama esquisito e sai por aí batendo nos bandidos sem respeitar as leis. Quer dizer, prendem sem ler os direitos.

Matt balança a cabeça rindo do comentário de seu amigo.

—E agora a mídia fala sobre um cara vestido de demônio. Quanta palhaçada! Já existem os Vingadores e a polícia para nos proteger. Não precisamos desses vigilantes.

—Não consigo imaginar Tony Stark salvando minha vida de um atropelamento de ônibus, a menos que ele tente causar o atropelamento.

—Você os apoia?

—Não apoio, só acho que vigilantes são mais para a comunidade do que os Vingadores.

—Precisam ser fiscalizados, daqui a pouco até eu me fantasio e saio batendo em criminosos.

Matt ri do comentário mais uma vez, imaginando Foggy de fantasia. Após a chegada do café, o resto da manhã passou como sempre: Matt e Foggy no escritório de advocacia conversando com clientes honestos.

...

Assim como toda a cidade de Nova York, Hells Kitchen também é coberta por imensos prédios que, às vezes, bloqueiam o nascer do sol. Um desses prédios, com inúmeros andares, é a torre Fisk, pertencente ao empresário Wilson Fisk, um homem de 42 e poucos anos, tão rico que secretamente usou sua fortuna para ganhar a fama de Rei do Crime. Ele considera este nome bastante ofensivo, porém adequado para os empreendimentos que ele faz.

No saguão da torre, a recepcionista está tendo uma manhã sem graça como sempre. A garota é bastante atraente: tem olhos azuis, rosto macio e cabelo loiro. Enquanto conversava pelo celular, marcando um encontro com um garoto que encontrou numa festa, a porta automática do prédio abriu e apareceu um homem com capuz na cabeça. Seu rosto não podia ser identificado, mas percebia que o casaco era de couro. Suas botas, no entanto, não passaram despercebidas e chamaram a atenção da garota.

—Com licença, senhor - ela disse, levantando da cadeira e intervindo.

—Sim?

—Tem reunião marcada?

—Sim, com Wilson Fisk. Acho que para às... 10 da manhã. - Ela aproxima-se do homem, mas logo recua. O bafo dele cheirava a cerveja, e o rosto continua um mistério.

—Então o senhor está um pouco atrasado. Quer dizer, já são 10:45 e ele não aceita começar uma reunião atrasada.

—Você não entendeu. - O homem puxou de forma rápida e sutil uma carta, mostrando-a para a moça - Não tenho tempo para burocracia.

A recepcionista se assusta ao ver aquela carta de baralho. E fica mais assustada ainda ao sentir a primeira gota de sangue em sua mão. Era um corte sinistro acima dos olhos da garota. Então, o homem retirou o capuz, revelando uma máscara azul com um alvo na testa. O primeiro impulso da garota era fugir. Até tentou correr, mas o homem jogou aquela carta de forma certeira, acertando exatamente na coluna vertebral.

—Durma, bela adormecida. - O homem retira o casaco e joga-o no corpo caído da recepcionista.

Ao passar pela catraca, o alarme do detector de metal dispara incessantemente. Um guarda chega ao homem.

—Senhor, pedirei que venha com... - ele não completou. O guarda começou a cuspir sangue - migo. - O homem havia acertado uma facada na altura do peito do guarda.

...

Muitos andares acima, Wilson Fisk observa a neve cair sobre a cidade de Nova York. Dali, ele conseguia ver todo o seu império do crime. Logo saiu da janela e se sentou na cadeira. Havia algo errado na recepção.