Dear Mr. Potter

Capítulo Vinte: Medo


Frida se olhava no espelho. Estava se arrumando para passar o dia em Hogsmeade com Sabina, sua prima, após a confusão que ocorrera da última vez que tentara sair. Era o primeiro dia de neve do final do ano de 1977, então tinha que está bem agasalhada para não sentir frio. Apesar de estar acostumada, era sempre bom não arriscar muito.

Vestiu-se com uma calça justa preta, botas de couro com salto preto, sobretudo vermelho de com botões pretos e por baixo uma blusa leve branca. Deixou os cabelos soltos e passou batom vermelho nos lábios, sombra prata e delineado preto, escondeu o rosto machucado.

—Não quer ir comigo e com Sabina para o Três Vassouras mesmo? _Frida perguntou para Sylvia se questionando se prendia ou não o cabelo.

—Não, hoje eu já tenho um compromisso _Sylvia respondeu ajeitando suas galochas de chuva._ Tive coragem de finalmente convidar Melanie para ir comigo.

—Melanie é a corvina? _Frida perguntou maliciosa, arqueando uma sobrancelha para a amiga através do reflexo do espelho.

—Sim _respondeu Sylvia rindo._ Demorou, mas finalmente vamos em um encontro.

—Te desejo boa sorte _Frida pegou sua varinha e colocou dentro do sobretudo._ Acho Melanie muito legal e bonita. Vocês formam um belo casal. Agora tenho que ir antes que minha prima resolva me azarar pelo atraso. Até mais tarde.

Acenou para a amiga e desceu as escadas para o salão comunal.

Foi andando até sair do salão e continuou até sair das masmorras. Encontrou sua prima andando em sua direção, provavelmente estava indo para as masmorras encontrar com Frey. As duas trocaram poucas palavras e seguiram juntas para Hogsmeade, começando a tagarelar sobre o natal que estava próximo.

Sirius havia acabado de sair de uma loja de conveniências do vilarejo. Passou uma parte da tarde comprando presentes para o natal e aproveitaria o restante do tempo no vilarejo no Três Vassouras, pois a noite seria de lua cheia. A neve havia parado e o céu começava a se abrir lentamente, porém o vento frio ainda estava presente.

Mais cedo tentou ir atrás de Edward Greengrass para lhe ensinar uma boa lição sobre não machucar uma garota e não mexer com a garota dos outros. Porém seus amigos insistiram para que ele fosse com eles comprar presentes de Natal para a família e os amigos, já que nenhum deles sabia muito bem o que comprar.

A neve ainda estava fofq no chão, sujando os coturnos do rapaz. Ele carregava uma mochila encantada onde havia colocados todos os presentes que conseguiu escolher e comprar. Estava usando sobretudo preto e luvas de couro da mesma cor, tentando se manter aquecido e não ter que exibir sua mão machucada para as pessoas. Não havia sido uma boa ideia socar uma parede, porém não conseguia controlar seus impulsos de raiva. Caminhou confiante até o bar Três Vassouras.

Ao abrir a porta pôde sentir o calor do lugar e uma cantoria estranha. Vários alunos batiam palmas no ritmo de uma música e alguns adultos que deveriam estar na estalagem cantavam acompanhando uma jovem. Sirius arqueou a sobrancelha quando notou Frida rodopiando com um senhor no meio do bar, enquanto cantava uma canção que o rapaz desconhecia. A garota estava aparentemente embriagada, talvez pelas cervejas. Sorria como nunca, cantando com uma voz angelical, porém alta para todos ouvirem.

Sabina estava sentada em uma das mesas enquanto segurava um sobretudo vermelho, provavelmente de Frey. Ela mantinha a mão sobre a testa enquanto ria da prima, que era o centro de toda a atenção no bar. O moreno caminhou até a mesa onde a jovem estava e se sentou em uma das cadeiras vagas.

—O que aconteceu com ela? _Perguntou Sirius sorrindo com as sobrancelhas franzidas.

—Digamos que ela gosta muito de cerveja, mas tem o estômago fraco para isso _respondeu Sabina sorridente.

—Não sabia que ela cantava _comentou o rapaz encarando a loira que não parava quieta no bar.

—E ela não canta. Tem a voz bonita, mas não tem o costume de cantar. Só faz isso quando está assim _comentou Sabina sorrindo de forma triste._ Acho que assim ela esquece um pouco os problemas.

Frida passeava por todo salão sempre de braço dado a algum senhor e saiam dançando pelo salão. A loira até havia conseguido fazer Madame Rosmerta sair de trás do balcão e ir dançar com ela. Todos riam e se divertiam, cantando, batendo palmas e os pés no chão, bebendo cervejas amanteigadas, hidromel, whisky de fogo ou rum de groselha.

—Ela não irá se arrepender depois quando o efeito passar? _Sirius perguntou se divertindo com a cena da loira.

—Se ela conseguir se lembrar, sim _Sabina assentiu rindo alto._ Com certeza vai.

Após mais quase uma hora de festança na estalagem, Sabina resolveu que já estava na hora de levar a prima embora. Não foi uma tarefa fácil convencer a loira a voltar para Hogwarts, mas depois de muito esforço e com ajuda de Sirius, que se ofereceu para acompanhá-las, conseguiu tirar Frey do bar. A loira acenou para todos lá dentro, que soltavam muxoxo pela ida da condutora da festa.

Eles caminhavam pela estrada que levava até Hogwarts. Frida agora estava com seu sobretudo e sua prima havia a vestido com touca, luvas e cachecol que havia levado para caso precisasse. A loira andava mais a frente, pisando firme e espalhando neve, enquanto Sabina ia mais atrás com o moreno de olhos cinzentos.

—Então... _Sabina começou para tentar puxar assunto._ Como a conheceu? Acho que ela nunca comentou e eu apenas deduzi que foi graças a Lily.

—No trem vindo para cá _ele respondeu._ Ela e Lily estavam sem vagão e acabaram entrando no que eu estava com James.

—Claro! Naquele dia havíamos nos perdidos na estação _a morena declarou se lembrando do dia.— Só não desista dela. Frida pode não admitir, mas você faz bem para ela. Ela pode ser uma pessoa complicada e difícil de lidar, mas tente ter paciência com ela. Frey tenta parecer forte, mas no fundo não é.

—O que quer dizer?

—Bem... Meu pai morreu há alguns anos _ela começou a sua explicação.

—Frida já comentou algo sobre isso _declarou ele.

—Certo. Então... Eu e os meninos vivemos bem com a nossa mãe. Não guardamos mágoas e aprendemos a viver com isso. Mas ela não. Acho que ter assistido a cena fez com que ela se sentisse impotente. E conviver com os Malfoy deve ser doloroso para ela, já que sabe que o primo que tanto gosta se juntou aqueles a quem ela odeia.

—Sei bem como é ter uma família problemática _o rapaz admitiu._ Os Black costumam apoiar as crenças de puro–sangue. Acho que foi um dos grandes motivos para eu ter ido embora. Fora ser o único da família que não foi para a Sonserina.

—Você foi corajoso _ela sorriu triste._ Mas temo que Frida não tenha essa coragem. Família é a única coisa que ela sempre teve e não conseguiria abrir mão. Até mesmo de Lucius e Narcisa, de quem ela gosta muito. Talvez esse amor fraternal que ela sinta por todos nós e por eles faça com que ela mude. Tenho medo de ela querer se juntar aos...

Sabina olhava para os pés enquanto caminhava. Frida cantarolava a frente dos dois, perdida em seu mundo. A morena olhou tristemente para a prima e voltou a olhar para baixo.

—Eu a amo tanto _Sabina declarou._ E sei que ela me ama também. E também sei que ela tem um coração puro e maravilhoso, mas acho que o amor que ela também tem pela outra família possa a cegar. Fora que tem aquele maldito do Greengrass que fica infernizando a cabeça dela.

Sirius olhou para a mão onde estava com os nós dos dedos machucados, escondida pela luva. Lembrou do dia anterior quando socou a parede da torre de astronomia por conta do que Edward Greengrass havia feito com a loira.

—Ela nunca faria nada para machucar você ou o restante da sua família _Sirius disse.

—Eu sei disso _sua voz se tornava triste._ Mas podem usar isso contra ela, não acha? Os bruxos das trevas. Eles podem nos ameaçar e isso fazer com que ela nos deixe. Com que ela deixe de ser ela...

—Ei _Sirius parou e segurou Sabina pelos ombros, fazendo-a olhar para ele._ Isso não vai acontecer, eu prometo. Sei que não sou grande coisa, mas sou amigo dela. E se depender de mim e sei que de você também, nenhum bruxo das trevas vai ousar chegar perto de vocês.

Sabina sorriu e quando iria agradecer, viu a prima tropeçar e cair de bunda na neve. Gargalhou alto e foi correndo até a mesma, depois sendo seguida pelo rapaz.

—Bateu seu recorde. Não pensei que chegaria até tão longe _Sabina disse se agachando.

—Não fale bobagens _Frida pediu._ Eu estou ótima! Só me ajude a levantar.

A morena puxou a prima para cima, porém a mesma voltou a cambalear e só foi impedida de ir ao chão porque Sirius a segurou.

—Você não está nenhum pouco bem para andar, gracinha _ele comentou sorrindo.

—Cale a boca, Black _ela rebateu segurando o braço do rapaz para não cair.

—Venha cá, sua teimosa _Sirius fez ela passar um dos braços em torno dele e enlaçou as costas dela para ajudá-la a andar.

—Eu sei andar sozinha _ela declarou autoritária.

—Não está parecendo _a prima comentou e a loira bufou._ Obrigada por estar ajudando.

—De nada _respondeu o Black.

O caminho foi mais demorado por Sirius estar servindo de apoio para Frida. Sabina e ele tiveram que ouvir reclamações da loira por algum tempo até ela finalmente ficar totalmente quieta pelos dois ignorarem suas reclamações. O restante do percurso a morena e o rapaz passaram conversando sobre faltar uma semana para o natal e o que iriam fazer.

Chegaram em Hogwarts no entardecer. Frida ainda estava emburrada, mas assim que sentiu o cheiro do colégio se alegre e se separou do rapaz, saindo andando na frente. Ela se ajeitou, desamassou a roupa e praguejou com dor na cabeça.

—Venha _Sabina colocou o braço em torno dos ombros da loira, começando a guiá-la para dentro da escola._ Vamos comer alguma coisa que você melhora. Obrigada Sirius. Até logo!

—Eu estou bem, Sabi _declarou Frey prendendo o cabelo em um coque frouxo após entregar a prima a touca, cachecol e as luvas._ Quero dormir um pouco primeiro.

—Está bem _Sabina concordou._ Eu irei para o salão principal. Nos vemos mais tarde _a Ravenclaw se virou para Sirius e acenou._ Até logo.

—Até _Sirius se despediu e começou a caminhar sendo acompanhado por Frida._ Sua prima gosta muito de você, gracinha. E tem medo de você se machucar.

—Sabina tem medo de muitas coisas _a loira deu de ombros._ Que eu a abandone e me torne uma pessoa ruim é um deles.

—Você não tem medo? _Ele perguntou quando viraram um corredor.

—Não. Eu sei quem eu sou _ela respondeu simplesmente._ Podemos mudar de assunto? Não quero entrar em um assunto sobre como eu posso ser e coisas do gênero.

—Que falar sobre o quê? Sobre eu não ter conseguido ir atrás de Greengrass porque meus amigos queriam minha ajuda e eu não poder dizer o que eu estava indo fazer?

—Ainda bem que eles não deixaram _ela disse e o garoto parou, virando-se de frente para ela, fazendo-a parar na frente dele._ O que foi?

—Por que você não quer que eu vá atrás dele? _Sirius perguntou se curvando para deixar seu rosto mais próximo ao dela.

—Porque eu conheço você e sei como é esquentado. Sei o que faria com ele _ela disse dando um passo a frente dele. Sua expressão de suave passou para séria com a expressão séria e desgostosa que se apossou do rosto do Black._ Não olhe assim para mim.

—Quer que olhe como? _Ele perguntou rude._ Você deixa esse imbecil fazer o que quiser com você. Nem imagino o que mais ele pode fazer quando vocês estão na droga do dormitório.

Frida ergueu a mão para desferir um tapa no rosto do rapaz, mas ele segurou o pulso dela antes que atingisse o seu rosto. Ele endireitou então sua postura, notando o olhar raivoso nos olhos esverdeados da loira.

—Está vendo? _Ela perguntou puxando o seu braço com força, fazendo-o soltar._ Olhe o meu tamanho. Eu não consigo acertar o seu rosto, quanto mais me defender de Edward. Naquele dia que consegui foi sorte, mas não significa que eu não fui punida depois. Ele é o covarde que me agride e eu sou a culpada?

Os olhos dela se encheram de fúria e se tornarem marejados. Ela se virou e saiu andando batendo os pés. O rapaz demorou para reagir e correr atrás dela, segurando o seu braço e a fazendo virar. Ela logo se soltou do rapaz e empurrou o peito dele, não tendo muito resultado.

—Por que tem que ser tão idiota às vezes? _Ela perguntou triste e ríspida.

—Eu sinto muito _ele se desculpou enquanto tentava pegar uma das mãos dela._ Eu não deveria descontar a raiva em você.

—Você não tem que descontar raiva em nada _ela disse ríspida puxando as mãos. Deu um passo atrás para se afastar dele.— Não foi com você para estar com raiva.

—Ah não? _Ele perguntou com raiva.

—Não, Black. Não foi!

—O filho da puta te machuca e acha que não foi comigo? _Ele perguntou alterado, se aproximando da loira._ Ele precisa receber o que merece, Frida!

—Pare com isso! _Ela ordenou e ele bufou, começando a andar de um lado para o outro. Por sorte a maioria dos aluos ainda estavam em Hogsmeade e os corredores de Hogwarts estavam vazios._ Já disse que posso lidar com isso. Não se envolva! Eu mesma irei acabar com aquele cafajeste.

O rapaz suspirou pesadamente e caminhou até uma das paredes, apoiando-se e escorregando até o final dela. A loira caminhou até ele e se agachou em sua frente. Ele apoiava os braços estendidos sobre os joelhos enquanto as mãos dela foram em direção ao rosto, apoiando em suas bochechas.

—Eu juro para você que ele nunca mais irá encostar em mim _ela disse e o rapaz fitou os olhos esverdeados dela._ Eu posso cuidar disso. Confie em mim.

—Em você eu confio _ele disse após um longo suspiro.— Só não quero ver você machucada novamente.

—Não vou _ela apoiou sua testa na dele e acariciou as bochechas dele. Sirius fechou os olhos e suspirou pesadamente._ Eu prometo.

Ela acariciou o nariz dele com o seu próprio e o beijou rapidamente em seguida. Pequenos gestos como aquele vindos da parte dela ou até mesmo de Black vazias ambos se questionarem que tipo de situação os dois estavam de envolvendo. Porém nenhum dos dois chegava a comentar sobre isso.

Frida sempre possuiu medo de relacionamentos desde o último que tivera. Não podia arriscar muito dessa vez. O problema é que não conseguia manter o controle disso quando estava na presença do Black.

—Agora venha _ela o chamou._ Quero comer alguma coisa e já deve estar na hora do jantar.

—Pensei que você quisesse ir dormir _questionou enquanto a loira se levantava.

—Mudei de ideia _disse ela estendendo a mão para ele._ Vamos jantar.

O rapaz riu e se levantou, seguindo a loira. Caminharam de mãos dadas sem reparar pelos corredores do castelo. Chegando ao salão principal muitos olhares se viraram para os dois e rapidamente ambos soltaram as mãos, trocando um olhar rápido antes de Frida sair rapidamente para a mesa da Corvinal.

Sentou-se ao lado dos primos ignorando o sorriso travesso vindo de Sabina.

—Olá, perdedores _cumprimentou ela as pessoas ao redor, que incluíam os primos e alguns alunos da Corvinal que eram colegas de seus primos.

—Pensei que você fosse dormir _comentou Sabina sorridente enquanto Frida se servia com pernil.

—Eu acabei mudando de ideia —respondeu a Malfoy dando de ombros, ignorando o olhar da prima. Voltou-se para os gêmeos que estavam a sua frente._ Como foi o passeio?

—Wil aprontou _respondeu Jacob olhando o irmão por canto de olho._ De novo.

—O que você fez dessa vez?_ Perguntou Frida enquanto se servia de suco de abóbora.

—Nada demais _Wilhelm deu se ombros._ Mas talvez eu tenha feito o Jay-jay passar vergonha na frente do garoto que gosta.

Wilhelm levou uma cotovelada do gêmeo e gargalhou, porém soltou um muxoxo quando levou um chute da canela vindo da irmã mais velha e Frida arremessou uma maçã nele, que pegou a tempo.

—Imbecil _repreendeu Frida enquanto revirava os olhos e voltava a comer. A principal diferença entre os gêmeos era essa. Além de Jacob ser bem mais reservado e tímido do que Wil, era gay. Somente os irmãos e Frida sabiam disso e o apoiavam sem porcento. Porém o seu gêmeo não deixava de o zombar por esse motivo, assim como vazia com todo mundo.

Sem perceber graças às pequena discussão entre os primos, um pequeno pássaro de papel pousou ao lado do prato de Frida. A mesma arqueou a sobrancelha quando o notou e pegou o pequeno objeto, abrindo-o em seguida.

“Me encontre hoje no lago a meia-noite. Quero te mostrar uma coisa.

B.

Frida se virou para encarar a mesa dos leões e encontrou os olhos cinzentos de Sirius a encarando. O rapaz sorriu torto para ela e ela revirou os olhos sorrindo, voltando seu olhar para frente e encontrando Wil olhando para ela com um das mãos apoiando seu rosto e o cotovelo sobre a mesa.

—Devo te chamar de senhora Black, prima? _Ele perguntou travesso e Sabina riu de maneira discreta, sabendo que Frida provavelmente brigaria com ele.

—Você deveria me chamar de dementador, primo _corrigiu ela enquanto de levantava da mesa e pegava uma maçã.— Se você fizer algo para envergonhar Jay de novo eu quebro seus dentes e você nunca mais irá sorrir assim para mim.

—Me magoa saber que você tem preferência entre nós _Wilhelm fingiu descontentamento, mas ainda com seu sorriso presunçoso.

—Claro que tenho! _Exclamou a Malfoy._ É a Sabina e todos sabem disso.

—Assim até eu fico magoado _comentou Jacob recebendo o dedo do meio de Frida e rindo em seguida enquanto ela caminhava para fora do salão, mordendo sua maçã.

Talvez fosse imbecilidade sair meia-noite para encontrar Sirius em uma madrugada tão fria. O pior era Frida não ter parado para pensar nisso quando resolveu sair de short e casaco de moletom. Praguejava mentalmente a cada corredor que virava sentindo o frio congelante em suas pernas e imaginando como poderia estar pior do lado de fora do castelo.

Pelo menos sabia que poucos monitores ficariam rondando graças ao frio. Até pensou em usar sua varinha para clarear o caminho, mas como estava tão acostumada com o caminho e a escuridão que não precisava.

Quando estava próxima a saída para o Lago Negro sentiu ser puxada por alguém para o quanto e tentou gritar, porém sua boca fora tapada para não o fazer. Sentiu ser encostada na parede e notou olhos cinzas cintilando próximos a si. Sirius então tirou a mão da boca e.

—Que susto, Black! _Ela exclamou, porém aos sussurros.— Quer me matar do coração? _Frida perguntou irritada e logo estranhou. Encarou o rapaz e, pelo brilho que vinha da lua e penetrava o corredor, Frida pôde perceber que ele apenas com uma manta cobrindo o corpo junto da calça.— Sirius, você está seminu? Era isso que queria me mostrar? Sério? Eu já vi você sem roupa diversas vezes, isso não é uma novidade. A questão é que está muito frio e você nem está tão grande coisa assim.

O rapaz arqueou uma sobrancelha com o último comentário dela e levantou o rosto dela para que olhasse novamente para seu rosto. Ela sorriu travessa, fazendo o rapaz revirar os olhos antes de sair puxando ela.

—Eu quero te mostrar outra coisa _disse ele parando perto da saída para o lago._ Fique atrás de mim para caso aconteça qualquer coisa.

—Do que você está falando? _Ela interrogou enquanto o rapaz parava e colocava um braço em sua frente para impedi-la de avançar.

Logo o olhar da Malfoy fora atraído para fora ao ouvir um uivo. Olhou por todo o lugar até encontrar uma espécie criatura que parecia agonizar. Após alguns segundos a criatura se metamorfoseou em um grande lobo.

Frida tapou a própria boca para não emitir nenhum som quando percebeu finalmente do que aquilo se tratava. Sirius havia a levado para ver seu amigo Remus metamorfoseado em lobisomem.

—É Remus! _Exclamou ela antes de ser puxada para longe da entrada, voltando para o interior do castelo. Ainda estava em estado de choque com a visão que tivera. Apesar de saber sobre seu amigo, nunca havia o visto de tal forma. Todos os pelos de seu corpo estavam arrepiados e sentia um calafrio na espinha.

—Sim, é Remus _confirmou Sirius parando em frente a ela._ Nós vamos todas as noites de lua cheia para a Casa dos Gritos para que não ocorra nenhum perigo aqui em Hogwarts. Foi o professor Dumbledore que deu essa ideia para que ele conseguisse estudar aqui.

—Vocês você quer dizer você e Remus? _Frida perguntou espantada.

—James e Peter também _respondeu o Black.

—Está louco? —A loira perguntou transparecendo desespero em sua voz._ Você não vai a lugar nenhum com ele assim. Lobisomens não têm controle quando estão transformados. Você não irá com ele, Sirius. Está tentando se matar?

—Ei. Se acalme _pediu ele colocando as mãos em torno do rosto dela._ É aí que entra a parte do que eu queria te mostrar.

Ele então deu um passo atrás se afastando dela e também se metamorfoseou. Frida se espantou mais ainda, porém o Black estava escondido pela manta que cobria seu corpo nu anteriormente. Ela se abaixou e puxou o tecido, notando um cão negro que se sentou assim que ela retirou a manta.

Pelo susto Frida caiu sentada para trás. A Malfoy não acreditava no que via e, após tantas surpresas em apenas uma noite, o frio que sentia já havia desaparecido por completo.

—Você é um animago _ela disse em um fio de voz pela surpresa, olhando as orbes cinzas do animal.— Isto é ilegal.

O cão negro então logo voltou a ter feições humanas e Sirius novamente estava em sua forma normal. Tomou a manta das mãos de Frida e se cobriu, ficando sentado em frente a ela.

—Eu sei que é ilegal, gracinha —alertou o Black cruzando os braços e a encarando.— Remus precisava de ajuda e nós resolvemos o ajudar nessas noites difíceis.

—James e Peter também? _Frida perguntou e o viu acenar a cabeça em concordância._ Por que está me contando isso?

—Porque você é minha garota e precisava saber desse pequeno detalhe sobre mim _ele respondeu simplesmente dando de ombros._ James não sabe guardar segredo e já contou tudo para Lily mesmo. Talvez logo você soubesse.

—Era algo que você poderia ter simplesmente falado, não me feito sair de madrugada nesse frio todo para me matar do coração _reclamou a Malfoy, ignorando completamente o fato dele ter dito que os motivos dele eram ela ser uma espécie de namorada dele.

—Pare de reclamar _Sirius revirou os olhos e se levantou, estendendo a mão para ela fazer o mesmo. Assim que ela se levantou, ficou parada de frente para ele, encarando os olhos cinzentos por longos segundos.— Eu tenho que ir agora. Os meninos estão me esperando e Remus precisa de nós.

—Claro _assentiu ela ainda com os olhos fixos nos deles._ Só tenha cuidado.

Ele sorriu torto com a preocupação dela e Frida apenas revirou os olhos. Logo ele a puxou para um abraço, apoiando o queixo sobre a cabeça dela.

—Você está quase nu _ela disse com o rosto apoiado no peito despido dele._ E cheira a cachorro molhado.

—Você nunca reclamou do meu cheiro antes _Sirius pontuou com as sobrancelhas franzidas. Frida então se afastou o suficiente para encarar o rosto dele.

—Antes eu não sabia que você era um cachorro.

—Muito engraçada _ele forçou uma careta de descontentamento e ela riu._ Tenho que ir agora.

Frida assentiu a selou rapidamente os lábios nos dele, antes de se afastar e acenar, vendo-o sair em direção ao Lago Negro. Após perder Sirius de vista resolveu seguir de volta para seu salão comunal. Uma vantagem é que agora não sentia mais frio após uma noite cheia de euforia pelas descobertas.