Dear Mr. Potter

Capítulo Vinte e Um: Família Potter


As malas estavam sendo levadas ao trem. Os alunos estavam eufóricos em ir passar o feriado de final de ano em casa e não era diferente com o grupo de amigos mais popular de Hogwarts.

Frida estava sentada no chão enquanto todos a sua volta conversavam sobre o que fariam. Sua prima estava nervosa checando se havia pego o necessário para levar para casa, andando de um lado para o outro fazendo lista mental e os seus irmãos seguiam suas ordens, revistando as malas.

—Ansiosa para as festas? _Frida ouviu e olhou para o lado, deparando-se com os olhos castanhos de Remus, que havia se juntado a ela no chão.

—É igual em todos os anos, mas eu particularmente gosto _ela admitiu sorrindo para o amigo antes de apoiar a cabeça no ombro do mesmo e ele enlaçar o braço nos ombros dela._ A única novidade esse ano será a festa na dos Potter.

—Pois é. Eles adoram comemorar qualquer data especial _o rapaz constatou._ Seus pais deixaram sem problemas?

—Sim _ela respondeu._ Na verdade reclamaram um pouquinho. Mas nada que um drama do tipo "meu último ano com meus amigos de Hogwarts" ou "não se preocupe, os Potter são puro-sangue" não pudesse resolver.

—Eles tem preconceito com mestiços ou nascidos trouxas? _Remus perguntou com receio franzindo o nariz, pois gostava da garota.

—Não se preocupe, eles apenas se sentem mais seguros com famílias de tradição. Somos Malfoy, apesar de tudo _ela respondeu afagando o ombro do amigo após um suspiro._ Além disso, eles não não precisam saber tudo sobre a minha vida.

Os dois riram e se levantaram ao serem informados que o trem logo partiria. Entraram e foram em buscas de vagões. Remus entrou numa cabine com os marotos e Frida na cabine ao lado com Lily, Sabina, os gêmeos, Frank e Alice.

—Não vejo a hora de ir finalmente para o castelo da vovó e comer o delicioso pudim que a mamãe prepara _Sabina declarou nostálgica sorrindo ao se lembrar dos deliciosos pratos de natal.

—Castelo? _Alice perguntou. Estava sentada ao lado do namorado, com a mão entrelaçada na dele e a cabeça no ombro do mesmo.

—Sim! _Respondeu Sabina sorridente.

—Lá vai ela conta a história da nossa família _Wilhelm revirou os olhos entediado e recebeu uma cotovelada de Jacob.

—Ignore-o, Sabi _Frida falou. Sabina deu de ombros como se não se importasse e continuou:

—Nosso avô é descendente de Rowenna Ravenclaw. Quando Helena, a Dama Cinzenta, fugiu levando o diadema de sua mãe, ela se apaixonou por um outro bruxo que não sabemos quem era. Ela teve um filho, mas ele herdou somente o nome da mãe porque o bruxo por quem ela se apaixonaram havia sumido. Antes dela ser assassinada pelo Barão Sangrento deixou o filho com uma família de trouxas, pois sabia que corria perigo. Ao crescer ele se tornou o único herdeiro dos Ravenclaw. Mas diferente da avó, Rowenna, que era escocesa, ele viveu na Irlanda, onde fez sua fortuna.

“Muito depois nosso avô herdou o castelo da família que fica ao norte da Irlanda. Nossa avó, Yulia, é uma bruxa russa que se mudou para a Irlanda em busca uma vida nova. Lá eles se conheceram e se apaixonaram e vivem até hoje, lá no castelo. E todos os finais de ano vamos para lá comemorar com eles.

—E é por isso que a nossa querida prima aqui tem essa cabeleira loira quase branca _acrescentou Jacob.

—E esse Alma esquisito no nome _Wilhelm completou recebendo um chute na canela da prima._ Sem ofensas Frey.

—O que isso tem haver? _Frank perguntou.

—Nossa avó é extremamente loira _respondeu Frida._ E o sobrenome dela antes de se casar com nosso avô é Alma. Minha mãe sempre gostou, apesar de não ter herdado. Então resolveu que eu teria os dois. Alma e Malfoy.

—Isso é legal, Frey _Alice sorriu.

—Sua avó tem olhos vermelhos ou algo assim? Sabe, albinismo ou algo do gênero? _Frank perguntou curioso.

—Não. Ela só sempre fora muito loira, mas não tem a ver com isso _respondeu Frida._ Tanto que até eu sou mais pálida do que ela. Minha mãe é como a Sabi, mas meu pai é loiro. Acho que a genética dele facilitou um pouco para eu parecer uma assombração.

Os amigos ali presente riram do comentário dela.

—Estranho _Frank indagou pensativo._ Os Ravenclaw não pertencem ao Sagrado Vinte Oito. E, pelo que vocês contaram são uma família muito antiga e, provavelmente, de sangue–puro.

—Nós não participamos muito na sociedade bruxa _quem tomou a frente foi Jacob._ Acho que por isso, além de terem muitos mestiços entre nós.

—Só a minha mãe tem alguns ideias de sangue-puro _comentou Frida suspirando pesadamente.

Subitamente a porta foi aberta e um Sirius com um olhar travesso entrou e a fechou a porta tão depressa quanto como entrou na cabine. Deitou rapidamente no chão para que não pudesse ser visto através do vidro da porta do vagão.

—O que você fez? _Perguntou Alice, endireitando sua postura no assento e cruzando soltando a mão de Frank para então cruzar os braços.

—Eu roubei uns doces de uns Sonserinos nojentos _ele disse rindo baixo. Frida pigarreou e arqueou uma das sobrancelhas, cruzando os braços._ Menos você, gracinha. Você não é nojenta.

—Não dá uma folga nem quando estamos indo para as festas de natal? _A loira perguntou revirando os olhos e sorrindo torto.

—Você não é mais santa do que eu, loira _ele rebateu.

—O que ele quer dizer, Frey? _Sabina perguntou e Frida se fez de desentendida, fazendo uma cara de sonsa.

—Uma ou outra vez eu talvez tenha enfeitiçado algumas lufanas _ela respondeu como se não fosse nada demais, ignorando os olhares de repreensão vindo das amigas._ Mas eu juro que foi em legítima defesa.

—Aquela garota que fica cochichando sobre você durante as aulas de astrologia? _Alice perguntou fazendo uma careta de nojo.

—Sim _respondeu Frey exaltada e Alice gargalhou.— Ela já cortou uma mecha do meu cabelo!

—Aquela garota é estranha _Sirius disse se sentando no chão._ Mas não justifica você ter enfeitiçado o cabelo dela para ficar rosa.

—Eu ainda fui boazinha _ela disse com tom de indignação.— Rosa é uma cor bonita. Realçou os olhos dela.

Todos ali começaram a rir do comentário.

Chegaram à estação logo. Ainda tinham a tarde inteira para aproveitar. Frida saiu da estação acompanhada dos primos. Sua varinha, como sempre, prendendo os fios loiros, não sendo relevante para os trouxas que ali passavam. Suas malas eram trazidas pelos gêmeos e ela estava saltitante saindo da estação.

—Seria maravilhoso mostrar para a vovó como estamos bons em magia agora. Pena que ainda não podemos praticar fora de Hogwarts _Sabina acrescentou.

Chegaram a frente à estação e lá avistaram algo que não esperavam: o carro que Frida havia ganhado de seus avós.

—Não acredito! _A loira exclamou correndo até o carro, chamando atenção de quem passava e de seus amigos que vinham um pouco atrás.

Frida se aproximou e percebeu que o carro estava encantando para abrir quando se aproximasse. Entrou em sei Dodge Charger RT 70 preto e sorriu como se não houvesse amanhã. Encontrou uma carta sobre o painel do carro e a pegou, começando a ler.

"Querida, mamãe não pode te buscar, pois está com Spectra comprando alguns presentes para vocês. Sei que já está grande o suficiente para vir sozinha e sei como gosta desse carro que seus avós lhe deram, apesar de eu ser completamente contra esses artefatos trouxas. Porém não tenho mais tanto controle sobre você, minha pequena. Então, podem ir ao Beco Diagonal comprar o que quiserem e seguir para o castelo. Devem chegar até o anoitecer, então tomem cuidado.

Até breve, com amor, mamãe."

Ela então pegou as chaves do carro que estavam no porta-luvas e saiu indo abrir o porta malas e guardas suas coisas. Os rapazes perguntaram sobre o carro enquanto Frey os ajudava a guardar as malas e explicou.

—Que carro maneiro _Frida ouvir Sirius se aproximar e falar. James havia caminhado para outro lado, em direção aos seus pais.

—Incrível, não? _Ela sorriu radiante com o seu objeto. Pediu para os primos se despedirem de todos._ Estamos indo agora para o Beco Diagonal e depois finalmente para a Irlanda. Dia 28 vamos para a casa dos Potter.

—Está preparada para passar quatro dias inteiros comigo? _Sirius perguntou encostando-se à lataria do carro, ao lado da loira.

—Eu não me importo com isso. Sei lidar com problemas muito bem _ela disse sorrindo de escárnio, fazendo o rapaz revirar os olhos, mas sorrir da mesma forma._ E você, aguenta?

Sirius abriu a boca para responder, porém foi interrompido por James.

—Pare de namorar e venha logo, Almofadinhas.

—Melhor ir logo. Seu irmãozinho está lhe chamando _Frida disse e deu um beijo na bochecha de Sirius, depois indo se despedir de suas amigas.

Sirius e sua família aparataram e logo estavam em frente à mansão dos Potter, com a frente cheia de granizos. Levaram as malas para dentro e cada um seguiu para um canto. O Black foi até o andar de cima pela escadaria que se dividia em dois corredores, seguiu pelo da direita. Entrou em um quarto que possuía uma placa de Alta Voltagem na porta. O seu, obviamente.

Deixou as malas largadas no chão e se jogou na cama de casal. Seu quarto estava do jeito que havia deixado. Paredes em um tom cinza e outras azuis escuras, uma estante de madeira escura cheia de discos, alguns livros, enfeites, várias coisas que Sirius nem lembrava mais de ter comprado, uma escrivaninha com uma cadeira na frente, onde havia vários desenhos e anotações do mesmo, um grande guarda roupas preto e algumas prateleiras espalhadas pelas paredes. Havia uma porta grande de madeira e vidro que levava a uma pequena sacada, uma porta que levava para seu banheiro, alguns pôsteres de banda pelas paredes e um violão pendurada sobre a cabeceira da cama. Um verdadeiro quarto de uma adolescente rebelde como ele.

Estava olhando para o teto divagando quando ouviu Euphemia o chamar do andar de baixo. Apesar da distância, tudo naquele casarão ecoava. Sirius gritou que já iria descer e se levantou indo tomar um banho. Pegou suas roupas e uma toalha e seguiu para o banheiro.
Trocou as roupas que estavam cheias de neve por uma blusa com a estampa do disco The Dark Side of the Moon da banda trouxa Pink Floyd, uma calça moletom cinza escura e um casaco qualquer que achou sobre a cama. Calçou as chinelas que costumava usar quando estava em casa, apesar do frio, e pegou sua varinha e colocou no bolso traseiro da calça.

Saiu do quarto e seguiu para o andar de baixo. Encontrou James e o pais na sala de jantar, postos à mesa. Caminhou até lá e se sentou ao lado do amigo.
Os pais de James tratavam Sirius como filho, igual a James.

Euphemia, mãe de James, era uma senhora adorável. Olhos azuis gélidos, pele corada e cabelos vermelhos com madeixas grisalhas. Era baixa e se vestia elegantemente. Já Fleamont era uma versão mais velha de James. Olhos castanhos esverdeados, cabelos castanhos grisalhos espetados atrás e o mesmo sorriso travesso. Alto e magricela como o filho, usava óculos meia lua e sempre acobertava os filhos quando aprontavam em casa.

—O que foi, tia? _Perguntou Sirius assim que se sentou. Pôde ver a senhora sorrir de orelha a orelha e apoiar o rosto sobre as mãos e os cotovelos a mesa.

—Está namorando, querido? _Ela perguntou sorridente, arqueando uma das sobrancelhas em sinal de sugestão.

—O quê? _Sirius quase se engasgou e olhou espantado para o amigo ao seu lado, que ria de maneira descontrolada, acompanhado do pai.

—Não acha que ela é bonita demais para você? _Fleamont perguntou entre risos.

—Claro que não! _Sirius respondeu indignado, assimilando logo a pergunta com Frida.

—Isso significa que você está namorando? _A Potter mais velha perguntou e fez James rir mais ainda, colocando as mãos na barriga enquanto lacrimejava.

—Não, claro que não _o Black passou os dedos entre os cabelos em sinal claro de nervosismo._ Apenas quis dizer que nenhuma garota é demais para mim. Eu sou Sirius Black.

—Eu tinha esperanças que você me daria netos _Euphemia choramingou dramática, fazendo James revirar os olhos ao saber que logo a situação se voltaria para ele._ Seu irmão não consegue se resolver com essa tal de Lily e, depois de te ver conversando com aquela loira, achei que finalmente eu seria avó. Já estou velha! Estou na idade de ser bisavó e não de ter meus filhos na escola ainda.

—Mãe, pare de ser dramática _James pediu após parar de gargalhar._ E, aliás, eu e Sirius não somos nem maiores de idade ainda e você já quer que tenhamos filhos? Desacelera um pouco, por favor. Espere acabar o ano letivo pelo menos para termos essa conversa.

—Vocês são tão chatos. E Sirius já é maior de idade. Aliás, parabéns atrasado, meu amor. Espero que tenha gostado da vassoura nova. Mas ainda assim, quero netos logo _a ruiva se levantou e saiu da mesa, indo para a cozinha praguejando sobre como havia criado filhos sem atitude.

Os homens na mesa seguiram a senhora com o olhar enquanto ela resmungava.

—Ignore a mãe de vocês _pediu Fleamont._ Ela anda cismada com a idade ultimamente e por isso está reclamando com vocês.

—Não se preocupe, pai _disse James cruzando os braços atrás da cabeça._ Minha garota irá vir passar alguns dias aqui para a festa de fim de ano.

—A tal Lily? _O Potter mais velho perguntou sorrindo e o filho concordou com a cabeça._ Ouviu isso, Euphemia? A namorada de James virá para a festa de ano novo.

—Depois da conversa que eu tive com vocês só acredito vendo _ela respondeu da cozinha e agora foi a vez de Sirius rir alto.

—Eu não sei vocês, mas eu irei dormir um pouco _Sirius declarou e se levantou._ Já decidimos que James dará netos para vocês e eu continuarei sendo incrível e solteiro por mais uns 40 anos.

—Eu não diria isso _James cantarolou e Sirius revirou os olhos, seguindo para o seu quarto mostrando o dedo do meio para Pontas.

O rapaz se jogou na cama assim que chegou ao seu quarto. Atirou as chinelas em qualquer canto e colocou a varinha na escrivaninha. Começou a lembrar de tudo que havia passado nos últimos meses, porém sua mente se fixou no diálogo com Sabina uma semana antes.

Ele sabia que Sabi era bem próxima à prima para dizer como Frida era. Mas havia se espantado em saber que ela temia que a Malfoy fosse consumida pelas trevas. Claro que a loira havia ficado furiosa na primeira noite que brigaram e também quando Greengrass havia lhe dado um tapa na frente dos alunos de Hogwarts, mas ele não havia visto trevas ou sentido que ali havia uma bruxa próprios a ser uma comensal da morte, mas sim uma garota cheia de mágoas.

Sirius sempre fora um cara misterioso e isso sempre havia sido parte do seu charme. Sabia que as garotas amavam esse jeito dele e seus mistérios apenas o deixava mais atraente aos olhos delas. Porém Frida não era misteriosa por charme. Era uma característica dela ser evasiva e cheia de mistérios, mas não a achava uma pessoa ruim.

Muitas vezes, quando a Malfoy se encontrava de guarda baixa, achava que conseguia ver além do que a maioria conseguia. Ela se preocupava com ele, apesar de talvez nem ela mesma perceber suas pequenas demonstrações de afeto. Isso para ele já era o suficiente para mostrar que Frida nada mais era que uma pessoa boa.

—Por que raios eu estou pensando nela mesmo? _O rapaz se perguntou em voz alta antes de passar os dedos por entre os fios negros.