Dia do casamento

Meu telefone não parou de tocar. Eu não podia jogar tudo pro alto, por mais que eu quisesse. Ser editor-chefe tinha suas desvantagens. Havia tanto a ser feito na edição e com o casamento tudo pareceu se acumular. As coisas na editora demandavam minha atenção. Nem no dia do meu próprio casamento as pessoas me deixavam em paz.

Margaux entrou em meu escritório e praticamente me arrastou pra fora. Eu estava razoavelmente atrasado.

Eu teria que correr um pouco, tomar um banho e vestir meu smoking. Graças a Deus, Emily e eu não seguiríamos a tradição de não nos ver antes do casamento.

Casaríamos na praia, perto de casa.

Eu sabia que ela estaria linda, mas quando a vi em frente ao espelho com seu vestido branco e seus cabelos ondulados caindo sobre os ombros, me surpreendi.

Ela estava radiante.

Fui interrompido pelo seu riso.

- Você está linda. – disse, olhando pra ela novamente.

- E você está atrasado! – ela me repreendeu com um ar brincalhão.

- Eu sei, só vim saber como está... - franzi o cenho - Se sente enjoada?

Eu sabia que aquilo era normal, mesmo assim me preocupava. Ela não estava se alimentando direito, trabalhando mais do que o deveria e ainda achava tempo para mim.

- Sabe que podemos adiar tudo se não estiver se sentindo bem. – tentei convencê-la.

Abracei-a por um momento e acariciei sua barriga, ainda plana. Tínhamos acabado de descobrir a gravidez. Não foi planejado, mas era o melhor presente de casamento que poderíamos ganhar.

- Estou bem. Não se preocupe. – ela disse, me levando até a porta do quarto – Agora vá se aprontar ou estará encrencado.

- Nem nos casamos ainda e você já me dá ordens. – provoquei.

- Daniel, não contrarie uma mulher grávida. – ela ordenou.

- Ok, ok. – disse, me retirando.

Com o casamento tão próximo, não pude deixar de pensar em como minha vida tinha mudado desde que ela passara a fazer parte dela. Ela era a luz dos meus dias. Emily era o amor da minha vida.

*

A cerimônia fora linda. A recepção, grandiosa, bem ao estilo Grayson.

Meus pais não mediram esforços como anfitriões.

Havia uma enorme quantidade de flores por toda a casa, além de um cardápio de dar inveja e as melhores bebidas.

- Venha, Danny. – disse meu pai – Vamos ao meu escritório.

Ele abrira uma garrafa de uísque de 1984 e me oferecera um copo.

– Hoje é um dia importante, portanto, requer uma boa bebida. – dissera.

Ele me contara histórias sobre o dia de seu casamento com mamãe. Eu não tinha as ouvido ainda. A cada nova história, bebíamos uma nova dose. Quando me dei conta, havíamos bebido quase a garrafa toda e eu me sentia levemente embriagado.

Eu deveria estar ao lado da minha esposa e não ali.

Sei disso agora.

- Papai, eu preciso voltar para Emily. – disse, me levantando – Obrigado pela bebida.

Ele levantou o copo e bebeu o restante do líquido nele.

- Daniel? – ele me chamou antes que eu deixasse o recinto. – Ainda tem algo que precisa saber, filho.

- Ok.

- Sente-se. – seu olhar agora era preocupante.

Ele pegara um envelope pardo e entregara a mim.

Abri o envelope e não acreditei nas coisas que estavam escritas. Uma revista de fofocas tinha uma matéria sobre a nova senhora Grayson e como ela havia me traído. Era uma história bem detalhada.

Havia uma foto escura também. Ela abraçava um homem e ele segurava suas mãos entre as dele. Não consegui reconhecê-lo, mas aquela era definitivamente minha mulher.

Quem era ele e o que Emily estava fazendo ali?

Será que...?

Eu precisava tirar essa história a limpo.

Papai me olhava com cautela.

- Ela... – eu me recusava a pronunciar aquilo – Com licença.

Saí do cômodo, trôpego e fui confrontar minha esposa adúltera.

Eu não podia acreditar que ela me enganara daquela maneira.