"As vezes eu prefiro imaginar do que lembrar "
Anne shirley

É tão ignorante dizer que esta frase me define esquisitamente bem, claro que não estou me comparando a minha querida amiga fictícia Anne e a tudo que ela suportou, mas sinto que a qualquer momento chego lá.

Minhas lembranças não são as melhores e sinto que imaginar é um meio de me manter livre para querer entrar onde quiser .

Agora minha imaginação me levou novamente a Avonlea, uma cidadezinha localizada na Ilha do príncipe Eduardo, no Canadá. Me imaginar correndo sem rumo por campos verdes está virando um hábito, mas é claro que não julgo minha mente já que a todo momento estou concentrada na minha querida série predileta Anne with an e, que felizmente foi apresentada por minha mãe nos últimos momentos de vida nesta terra, já que antes era seu livro predileto e admito que também entrou na minha lista .

Como neste exato momento, estou sentada na sala de aula, já havia terminado a lição, então apenas coloquei meu fone de ouvido e me concentrei na cena em que o idiota do Billy aparece por entre as árvores que começa a falar palavras maldosas à protagonista.

Esta pode ser um dos episódios que me deixa mais nervosa, mas também é o meu predileto da temporada toda, pois o personagem mais maravilhoso aparece, sim, acho que estou apaixonada por Gilbert Blythe e acho que isto influência todo o meu ver sobre o sexo oposto, bem, claro que não insisto que um menino seja bonito, inteligente, fofo e carinhoso como ele.

—Mas estes estão drasticamente abaixo de uma média Guilbert. -Sussurro para mim mesma enquanto olho ao redor da sala e vejo "opções" tida neste lugar.

—O que disse?-Pergunta Jéssica ao meu lado.

—Apenas pensei em voz alta .

—Merlya, Jéssica o que é tão importante que não estão fazendo a lição .

—Desculpa professor, mas já acabei.

—Então traga-me aqui, quero ver .-Me levanto e levo até ele que observa tudo e depois me devolve.-Certo agora sente se é fique quieta .

Concordo com um aceno e volto sorrindo, desculpa professor mas matemática é a minha área .

Depois de finalmente o som ensurdecedor do sinal tocar, guardo as minhas coisas e espero Jess fazer o mesmo.

Quando vejo que ela já estava pronta eu saio e ela me acompanha:

—Então, concentrada no mundo de Green Gables novamente?

—Você sabe que sim.

—As vezes acho que isto lhe faz mal, nós estamos no primeiro ano do ensino médio e voce nem sequer citou que algum menino era bonito.

—Não falei por que não tem.-Digo convicta do meu ponto de vista .

-Tem o Fernando e eu soube que ela anda olhando muito pra você .

—Soube de quem ?

—Eu reparei na verdade .-Fala, e eu reviro os olhos.

—Primeiro, isto realmente é coisa da sua cabeça e segundo, mesmo que ele gostasse de mim eu não ficaria com ele, que como você sabe ele fuma, e não duvido nada que chegou a utilizar drogas mais fortes .-Digo enquanto fechava meu armário e ia até a saída .

—Mas...

—Mas nada, só está última coisa que te disse já o tira da minha lista, esta fora dos meus princípios.

—Mas você não entende, todos temos defeitos .

—Olha, para um menino realmente me conquistar ele tem que ser ...

—Carinhoso, fofo, inteligente, bonito .-Diz tentando me imitar mas transmitindo uma voz irritantemente chata.-Você sempre fala isto.

—Por que é a minha realidade.

—Só que não existe pessoas assim, apenas o seu menino criado por Lufy Montgomery.

—Caramba você decorou o nome da escritora, que orgulho.-Finjo chorar.

—Você não para de falar nela.-Fala revirando os olhos .-Ei não muda de assusto .

—Lamento tenho que ir .-Digo atravessando a rua a vendo com uma cara de raiva e então lhe mando um beijo no ar.

Ao parar de frente a construção amarela com ar triste me sinto presa sem nem ao menos ter entrado nela, hoje tia Verônica voltou de viagem ou seja hoje não poderei ficar comigo mesma e minha mente .

Ao subir as escadas para seu apartamento me relembro de como vim parar aqui, logo após que minha mãe morreu meu pai se afundo na bebida e com isto eu fui a influenciada, sempre que podia ele colocava a culpa em mim e descontava com palavras ou até agressões, então um certo dia ele fugiu e nisto eu fui obrigada a ficar com sua irmã que nunca gostou de mim e se pudesse me livrar mesmo que por instantes de mim mesma seria um milagre, como ela mesma fala.

Tomo cuidado para entrar no local, ao entrar na cozinha a vejo fumando olhando para o nada, respiro fundo e vou ate a geladeira:

—Olá tia, irei fazer o almoço.

—Eu apenas gostaria de saber....-Fala levantando .-Por que ele ainda não está pronto.

—É que ...eu estava na escola.

—Ah.-Diz se aproximando.-Estava na escola.-Fala e se aproxima me deixando com medo .

—Você tem tudo, comida, teto e eu só te peço para cuidar das coisas e você o que !?-Não respondo.-VOCÊ NÃO TEM LINGUA GAROTA!?-Pergunta me pegando pelo cabelo e os puxando com força .-Talvez eu devesse corta-lá para você aprender .-Diz me soltando mas se passou apenas segundos para sentir ardência com o rosto e encontrar o chão .-Espero que faça o trabalho certo da próxima vez .

Então sai da sala e sinto meus olhos arderem e lágrimas de pouco a pouco saem de meus olhos, bem no momento que escuto a porta da frente se fechar.

Corro para meu quarto e me jogo na cama, estava cansada disto, de fazer o meu melhor e ser tratada como se não fosse nada .Em certos momentos cheguei a pensar na possibilidade de uma fuga, mas nunca a levei a sério e agora estou prestes de fazer a mesma coisa, logo ela iria embora para mais uma de suas viagens democráticas e eu ficaria livre .

Já que estava sem fome e sentia que tia Verônica não iria dar a mínima se eu fizesse algo para quando voltar, não me preocupei com comida, então antes de sair para arrumar algo que provavelmente a outra pessoa que esta convivia comigo teria sujado ao chegar, me sentei e peguei um dos poucos livros que tinha para assim me esquecer de tudo que ouve e entrar em outro mundo.

E foi no exato momento que abri o livro que pude ouvir o som de algo se mechendo no pequeno banheiro do lado de meu quarto, quando me aproximei com o livro em forma defensiva na mão, perguntei:

—Tia é a senhora ?-Abro a porta e vejo uma cena bem estranha.

A minha frente uma menina de cabelos ruivos, olhos claros e magra me encarava sorrindo, arregalo os olhos no mesmo estante :

—Você, você. ..

—Ah senhorita, como é fascinante isto, nunca vi nada igual, admito que me surpreendi bastante ao ver tão peculariedades, mas creio que isto não seja fruto de minha imaginação.

—Espera, fruto da sua imaginação? -Digo inerte.-Eu só posso estar louca, sim, louca, acho que realmente ando lendo e assistindo de mais como Jéssica falou.-Falo andando de um lado para o outro.

—Oh não senhorita creio que não está louca, estou mesmo aqui .-Diz se aproximando em quanto eu me afastava.-Nossa, que modos são os meus, prazer sou...

—Anne Shirley .

—Sim, como sabia?

—Eu te conheço como a palma de minha mão, mas você nem ao menos é real.

—Eu sou real.-Diz e no mesmo momento um som de algo batendo é escutado e me viro para ver o que era, sem ter restício de alguém me viro novamente para estranha figura e não a acho mais lá.

—Tá bem, eu estou sonhando, voltarei para a cama e deitarei então vou ver que ...Não vi nada, acho que ela bateu em minha cabeça muito forte desta vez.-Falo tentando me converser .

Me deitei e logo adormeci em um sono diferente.