Acordo com o som de buzinas altas, me espreguiço pensando no sonho louco que tive, olho o relógio e vejo que já era 13:30 ou seja tarde, me levanto correndo rezando para minha tia não ter chegado, depois de vasculhar pela casa e não a achar o que eu queria vou varrer o chão e limpar o que está sujo.

Já era 19 horas quando de repente ela apareceu e eu havia terminado a janta no mesmo momento, só que ao contrário do que eu imaginava ela apenas foi para seu quarto e se trancou lá, admito que fiquei brava, mas achei melhor do que ouvir os questionamentos dela novamente.

Comi um pouco da mistura e fui novamente para meu quarto, fiz as lições de casa e adiantei um trabalho, quando olho para o relógio vejo que já era 11:39 e tinha que dormir. Coloquei o celular para despertar e logo cai no meu maravilhoso sono.

Acordei com o som irritante que tenho que acordar todo dia, trato de me levantar logo e me arrumar, logo vou para a cozinha e já preparo tudo que há de bom e deixo arrumado, depois, pego apenas uma maçã e pego minhas coisas para ir á escola.

No percurso pego meu celular e conecto meu frágeis fones de ouvido e escuto minhas músicas aleatórias, até chegar na frente da escola e já achar Jess me esperando, logo ela me abraça e eu retribuo:

—Então como foi o dia com a...-Ela para e olha para meu rosto.-Que roxo é este?-Pergunta séria, havia me esquecido totalmente disto.

—Cai.

—E é claro que eu acredito, você devia denunciar .

—Certo não quero falar disto por favor, que tal irmos a sala?-Pergunto a fazendo suspirar mas concordar logo após .

O resto das aulas foram tranquilas, nada de diferente para ser contado, até que em um momento falho meu, por conta de não ter assunto, conto a Jess sobre o meu sonho com Anne Shirley.

—Estou achando que devo parar de compartilhar minha netflix com você.

—O que !?-Pergunto arregalando os olhos.-Por favor não, é meu único intreterimento naquele apartamento.

—Não faço isto pois sei que é verdade .

—Obrigada amiga.-Digo a abraçando.

—Mas se estas coisas continuarem eu vou tirar .

—Certo.-Falo concordando.

Logo após a penúltima aula, fomos avisados que o professor teve um problema pessoal e teve que ir embora, então para a alegria te todos fomos liberados mais cedo.

Já que não queria ir diretamente para "casa", Jess me convenceu de irmos passear no parque, ele era duas quadras atrás do meu prédio.

Quando chegamos lá ficamos andando e conversando sobre coisas aleatórias, até que vi ser hora de voltar, me despedi dela e fui embora.

Ao abrir a porta escuto a TV ligada, passo por trás rapidamente deixando a bolsa no canto, mas ao chegar vejo todo meu café da manhã no chão juntamente com pratos e copos quebrados, logo sou empurrada e sinto o vidro entrar em minha mão:

—Você acha que simplesmente pode andar por aí como uma vadiazinha com coisas pra fazer aqui?-Nisto eu já estava chorando.-Você é uma imprestável que estou aturando todo este tempo, estou cansada de você. -Fala ao memso tempo que sinto cheiro de álcool. -Sua mãe morreu pois não queria mais você, e esta foi a melhor opção, e seu pai.-Ri alto.-Aquele viu o quanto você era idiota e logo te largou deixando o peso para mim.-Depois anda e como sempre sai, sai me largando como se fosse lixo e era simplesmente isto eu me sentia .

Sem pensar em o que estava fazendo, me levanto largando tudo e tirando sem dó os pequenos cacos de minha mão, pego minha bolsa jogando o material no armário e pegando minhas roupas, kits higiênicos e por fim as minhas economias de quando trabalhava escondida.

Vendo que estava pronta respirei fundo e fui andando até a porta e então novamente escutei um som no banheiro, peguei uma vassoura e andei até lá, quando cheguei percebi que talvez não tenha sonhado:

—Anne !?

—Olá, isto não é emocionante ?-Fala apagando e acendendo a luz.-Ficaria assim o dia todo só apreciando .

—Não, você era um sonho!

—Novamente isto senhorita ?-Fala se aproximando e tocando meu braço, logo sinto a pele gelada em contato com a minha .

—Isto não pode ser possível, você é uma personagem fictícia criada por Lucy Montgomery.

—Este nome é fascinante mas tenho certeza de não a conhece-lá.

—An...-Digo pensando .-Me fale algo que eu não saiba.-Pergunto, se ela não saber falar, ou dizer algo já conhecido em algo saberei que é mentira.

—Certo.-Fala pensando.-Os Beers fizeram um pique-nique hoje, não lhe informo que foi o melhor, já que metade da festa eu passei indiferente dos outros, mas encontrei Diana ...

—Isto eu já sei, mas espera você não foi mandada embora

—Como sabe disto? E o ocorrido foi a duas semanas atrás, mas estou bem com eles e hoje fortaleceu ainda mais Minha amizade com Marilla .-Fala e eu penso por um tempo tentando raciocínar o que houve, entao percebo que a série não retratava totalmente o mesmo tempo de como era .

—Não importa, quero outra informação. -Falo e novamente ela pensa .

— Navios baleeiros chegavam à região das Ilhas Sandwich do Sul e encontraram porções de blocos de gelo, li em um livro faz poucos dias.

—Com certeza não sei nem o que é baleeiros e nem sei onde é Sandwich -falo com dificuldade.

—É uma parte extremamente gelada um pouco a frente da área norte do planeta.

—Mas lá é a Antártica.

—Não sei o que é Antártica, mas vou tentar achar mais informações .

—Mas como isto pode ser possível, não entendo, de que modo chegou aqui?

—Por aquela porta.-Fala apontando para a parede.

—Mas aquela parte são apenas a infiltração de água, canos.

—Lhe garanto senhorita, foi de lá que eu vim.-Fala e se aproxima de onde sinalizou, até que empurra a pequena porta dando a visão de um amplo corredor que eu já conhecia bem.

—Não pode ser.-Digo indo até lá e passando pela porta entrando assim nos domínios dos Coutibergs.-Mas você? porta? como?

—Quando Matheu me contou que existem portas que são abertas para algo, eu não acreditei, logo eu que sou capaz de entender a tudo e agora vejo que é real, embora de um jeito retórico bem forte.

—Anne!

—Ah desculpe-me, parece que quando alguém deseja tanto algo, mas ao mesmo tempo não tem o porque de se arrepender se deixar todo o resto para trás, algo extremamente mágico acontece, mas claro que só em momentos que sabem que a ou o escolhido teria a capacidade de fazer a diferença .-Fala e eu ainda estava paralisada tentando assimilar.-Não é emocionante .-Fala batendo palmas no mesmo momento em que solta a porta e assim ela fecha com tudo.

Arregalo os olhos e corro até ela, tentando ao máximo abri-la, mas ao contrário, parece que quanto mais eu puxava, mais forte eu ficava .