—Me desculpa, me desculpa, ela fechou sem querer eu realmente não queria.-Fala com as mãos na boca .

—Meu Deus ela não quer abrir, eu preciso voltar, tenho uma vida lá.

—Certeza ?Como eu lhe disse, a porta é aberta apenas quando não tem o porque de voltar, será que ela se enganou? Será que isto é possível? Mas agora a senhorita terá que ficar aqui até ela resolver abrir.

—Anne eu não sou daqui, não sei como falar, não sei como as coisas são, nem roupa eu tenho.

—Ah isto você não precisa se preocupar, eu lhe empresto uma minha.

—É você tem quantas ?

—3.-Fala e eu bato em minha cara, então eu pela primeira vez penso na realidade, nunca gostei de minha vida e sempre que podia me imaginava neste mesmo local, por que simplesmente não aproveitar o que quis quase a minha vida toda?

—Certo, mas...-Sou interrompida pela voz de outra pessoa.

—Anne, o que está havendo aí em cima?

—Marilla, minha amiga está aqui como sabe e estamos colocando a conversa em dia apenas.-Grita Anne.

—Ah sim, falando nisto, desça precisamos conversar a respeito .

—Já estamos indo.

—O quê!?

—Vamos .-Fala me puxando mas para.-Esqueci de perguntar o seu nome senhorita,estava tão distraida .

—É Merlya .

—Que nome lindo.-Fala com uma expressão de choro.-O meu é simples, nunca me aperfeiçoei tanto a ele, embora meu sonho é ser reconhecida como Cordélia, um nome forte e lindo como de uma princesa - Fala enquanto descíamos as escadas.

Logo tenho uma ampla visão da sala de jantar, já escura por conta de ser noite, iluminada por velas e sentados estavam o casal de irmãos que adotaram uma órfã :

—Você deve ser a amiga de Anne.-Fala Marilla se aproximando e parando bem bem a minha frente e me analizando, só agora me lembrei de estar de calça e blusa decotada, ela espreita um pouco os olhos um pouco espantada.

—Digamos que a moda de minha cidade é um pouco distinta .-Falo e logo acrescento.-Senhora Cuntbert.

—Creio que sim e vejo que ja me conhece.

—Anne me falou.

—Sim, antes de ir vê-la ja expliquei certas coisas e estou vendo que ela decorou, embora a carta que devo ter lhe mandado ter passado por chuvas e sol escaldante felizmente chegou em suas mãos .

—Ótimo, este é meu irmão, Mattew Cuntbert.

—Prazer senhor .-Digo tentando fazer uma reverência que saiu melhor do que eu imaginava .

Depois ele se levanta e anda até ao lado de sua irmã baixando a cabeça .

—Mas antes de tudo gostaria de dar minhas condolências pela morte de seus pais.-Fala e eu demoro um pouco mas logo entendo que era a história que Anne lhes contou.-O fogo é algo poderoso e muitas vezes não sabemos lidar com ele.

—Sim.-Digo, mas se realmente iria fazer isto, queria fazer do meu jeito o menos mentiroso possível. -Não sei se Anne contou, mas apenas minha mãe morreu no incêndio .-Falo e os irmãos se entre olham. -Quando minha mãe morreu, meu pai se afundo na bebida e de repente sumiu, me deixando sozinha, uns falam que o viram pegando um navio de carga para longe, ou o trem para outro lugar, mas eu nunca mais o vi .

—Isto faz quanto tempo?

—Em torno de duas semanas.

—E o que fez neste tempo para se sustentar?-Pergunta ainda espantada com o que disse.

—Achava o que conseguia para comer e dormia pelos cantos, não queria ir ao orfanato pois sabia qual era sua fama e quando Anne me disse que poderiam me acolher por um tempo fiquei muito feliz .-Vejo Marilla soltar um sorriso solidário e logo Mattew solta um pequeno também.

—Bem, já pensou em o que fazer?-Pergunta é neste momento nada vem a mente .

—Ela poderia ficar conosco, logo começarei a escola e ela pode vir comigo, além de ajudar aqui em casa ou em algo do plantio.-Fala Anne que até agora incrivelmente estava quieta.

—Eu não sei se teremos condições.-Fala Marilla e então algo vem a mente.

—Eu poderia tentar achar um emprego, os peço que me dê tempo para agora me adequar, depois começarei a pagar pela hospedagem, o que acham?-Pergunto e a vejo se viram para Mattew.

—É uma ótima oferta .-Ele solta, o que me alegra já que sei que o mesmo é tímido.

—Certo, pode ser assim.-Agradeço com um sorriso enquanto Anne já pula no colo dos dois os abraçando, depois me puxa escada acima.

—Obrigado.-Grito vendo que poderia trabalhar como atriz.