Darkpath

♤09 - De quem é a culpa?♤


Matthew D. Coleman

Eu me sentia um covarde quando saímos da biblioteca. Não estava muito escuro àquela hora, mas estava vazio. Eu não conseguia tirar os olhos das poucas árvores do campus. E se ele aparecesse por lá?

O Matt da minha mente o chamava de "Projeto de Satanás", mas "Der Großmann" foi o nome que a Milla descobriu e "Slenderman" o nome que a Nathalie descobriu. (A gente realmente não estava vendo pornô, eu juro que não sabia porque ela falou aquilo. Não que ela não tenha tentado, mas no máximo fizemos um pacto com o Bob Esponja.)

Por falar nela, já não parecia mais uma louca psicótica. Eu estava curioso, mais do que nunca queria conhecê-la. Ela parecia entender o que eu estava passando.

— Está tudo bem aí, Matt? - Milla perguntou, quase provocando um ataque no meu, já não tão bom, coração.

— Estou. - Respondi, olhando de soslaio para a árvore mais próxima.

Nathalie sorriu.

— Você se acostuma. - Ela disse. - Depois de algum tempo nem vai sentir mais nada.

Troquei um olhar com Milla.

— Do que está falando? - Ela perguntou.

— Essa história de medo. - Ela agarrou minha mão novamente. - Vocês vão ver.

Tentei puxar para longe dela, mas Nathlaie sussurrou:

—Relaxa, Matt.

E foi o que eu fiz, apesar de estar me sentindo muito idiota.

— Por que ele é tão tímido? - Nathalie perguntou pra Milla, que sorriu.

— Eu acho bem fofo.

— Hoje deve ser dia de "provocar" o Matt. - revirei os olhos. - Será que a gente pode se apressar?

— Eu já disse que aquela marca não tem nada a ver com o Toby. - Foi a vez dela de revirar os olhos.

Milla olhou para trás.

— Eu acho uma boa ideia.

Milla tinha caído da escada momentos atrás e agora estava mancando.

— Está tudo bem? - Perguntei, olhando para um hematoma na sua testa. Soltei a mão de Nat—Nathalie e segurei as de Milla, para que não me impedisse de olhar. Ela virou o rosto.

— Eu já disse que estou bem, Matthew.

— Você não parece estar bem. - Nathalie disse. - Aqui, apoie-se em mim.

Nat e eu ajudamos Milla a subir as escadas que faltavam após o elevador falhar. Eu estava cogitando pagar o conserto, mas a lonja ainda não havia me tornado milionário.

Enquanto subíamos as escadas, Milla ficava olhando para os lados com o rosto cheio de raiva. Confesso que assustou-me um pouco.

— Obrigada, gente. - Milla disse, quando chegamos no sofá. Ela suspirou, aliviada.

— A gente não devia ter ido pra enfermaria? - Perguntei.

Milla sorriu.

— Foi só um tombinho. - Ela riu. - Vai ficar tudo bem, obrigada por se preocupar comigo.

Desviei o olhar quando senti meu rosto esquentando.

— Então... - Nathalie se manifestou. - Vamos continuar nossa pesquisa?

— Vou procurar algo pra comer. - Disse enquanto movia-me para a cozinha.

Não tínhamos mais chá, nem biscoitos. Na verdade tinha metade de uma pizza fria na geladeira que coloquei no microondas.

— Não achei que morassem no mesmo apartamento. - Ouvi Nat—desculpa-Nathalie falando no outro cômodo. - Um menino e uma menina...

Senti meu rosto queimar novamente e estava agradecendo em silêncio por não estar perto delas.

Milla apenas sorriu.

— Você não tem um colega de quarto ou algo do tipo?

— Não... - A resposta não me surpreendeu. - Na verdade é bem menor do que esse lugar.

PRIIIII

Pizza pronta.

Coloquei as fatias em um pratinho e rumei em direção à sala, apenas pra ver meu mundo desmoronar.

O cheiro de ferro foi a primeira coisa que senti. O pútrito odor invadiu minhas narinas, enviando arrepiantes ondas por minha espinha.

Havia sangue por toda parte. No chão, nas paredes... no corpo sem vida de Milla e no olhar vazio de Nat.

Olhei em volta, desesperado! Sangue, sangue, sangue!

Havia algo sobre a mesa de centro.

Forcei-me a ir até lá, ignorando a ânsia que subia pela minha garganta.

Sobre a unica parte limpa na superfície da mesa, havia um envelope, já aberto com aprenas uma frase escrita:

"A CULPA É SUA".

Larguei aquilo como se tivesse se tornado uma cobra.

"Toby" sussurrei.

Riso. Vinha do sofá onde minhas amigas jaziam.

Havia um corte profundo no rosto de Milla.

Ele começou pelos olhos.

Forcei-me a olhar para Nathalie. O tapa olho sumira e, por trás dele... Por trás dele havia...

"ERRADO".

— Matt? - A voz parecia bem distante e soava como Milla.

Pisquei.

Estava tudo normal, exceto pela parte que eu estava parado porta da cozinha, como um retardado segurando uma bandeja cheia de pizza.

— Agora entendo o que disse na biblioteca. - Nathalie comentou com Milla, que assentiu com a cabeça.

— Desculpa. - Pedi. A ânsia acompanhava meus passos, mesmo sem nenhum sangue. - Por favor, não grita comigo.

Milla ficava assustadora quando gritava.

— Está tudo bem. - Milla disse. - Vem cá.

Sentei-me entre Milla e Nathalie.

— Conta pra gente o que você viu. - Nat pediu.

— Por que a gente não continua a pesquisa mais tarde? - Milla perguntou, comendo um pedaço de pizza.

— Tá brincando? - Nathalie exclamou. - Agora que a gente finalmente descobriu alguma coisa?

Ela tinha razão. Não tinha o porque esperar, a gente podia acabar com tudo de uma vez antes de eu precisar de uma lobotomia!

— Estamos todos cansados. - Ela continuou. - Tem pizza e o Matt, provavelmente, viu outro zumbi. A gente podia só descansar um pouco.

— Fazer o que. - Nathalie se espreguicou e caminhou para o corredor, provavelmente para ir ao banheiro.

— Matt, qual desses é seu quarto? - Ela perguntou.

— O que ela quer no meu quarto? - Perguntei, rezando para que tivesse trancado a porta.

— O da direita. - Milla gritou.

— Obrigada. - Nathalie respondeu.

— Por que você fez isso? - Perguntei, sem entender nada.

— Porque eu preciso falar com você. - Sussurrou.

— Sobre ela? - Indaguei. - Milla...

— Não acha nenhum pouco estranho ela se interessar tanto?

— Matt seu safadinho! - Nat gritou do meu quarto.

— Não sei do que tá falando, mas guarda isso. - Retruquei. Não tinha nada safado no meu quarto até onde sabia. Ela estava fazendo de propósito só pra me constranger! E tava funcionando.

— Eu não estou julgando. - Milla mostrou as palmas das mãos.

Suspirei.

— Você disse que seria bom falar disso com outra pessoa.

— Naquela hora! - Milla espiou por cima do ombro com certa dificuldade. - Não consigo confiar nela, parece que finge o tempo todo.

Comecei a sorrir.

— O que foi? - Milla perguntou.

— É uma ideia idiota. - comecei a deliciar-me com pizza requentada.

— Conta. - Ela pediu. - Vai ser bom sorrir um pouquinho.

— Bem... É que antes só tinha você e eu e a-agora ela tá aqui também.

— E... - Eu não queria dizer. Suspirei.

— E eu só consigo pensar em ciúmes. -estava rindo de nervoso no momento, torcendo para que ela não gritasse comigo.

Ela riu também, o que foi uma ótima (e definitivamente não perigosa) reação.

— Deixa de ser bobo, Matt. - ela terminou sua fatia. - É ótimo a gente fazer amigos novos, eu só acho ela meio estranha. Tipo, ela tá no seu quarto agora e nem pediu permissão.

— Posé - Eu não tinha certeza do que isso significava, mas Milla falava assim às vezes. - Bem, desde que ela não esconda a arma de algum crime lá acho não ligo muito.

— As pessoas podem te usar se confiar nelas desse jeito.

— Eu confiei em você e você nunca me usou. Até agora, foi a melhor decisão que já tomei.

— Owwn. Que fofo, Matt. - O barulho que ela fez deixou meu rosto vermelho. Eu odiava quando ele ficava vermelho. Naquele momento, só que eu conseguia fazer era comer pizza e tentar não chorar.

Nathalie chegou em algum momento, trazendo o meu notebook com ela.

— Eu também tentei entrar no seu quarto, mas a porta estava trancada. - Ela se referia à Milla. - Esperta.

Disse, piscando um olho.

— Eu tenho certeza que a do meu quarto também estava.

— Não adianta muito se deixar a chave na porta. - Ela riu. - Enfim, isso é incrível! Ele já te mostrou?

Ah não.

Nathalie colocou o notebook sobre a mesa. Estava aberto em um Documento Word contendo coisas que escrevi. Ela fez questão de minimizar e mostrar dezenas de outros arquivos e notas. Eu havia trabalhado naquilo minha vida toda e estava quase terminando, me orgulhava bastante de mim mesmo, mas ainda assim, não estava pronto para ser lido.

Fechei a tela quando Milla ir ler o Doc 1.

— Matt! - Milla exclamou.

— Não está pronto para ser lido ainda. - Eu disse.

— Tem arquivos de 2010 aí. - Nathalie disse. - Vai ficar pronto quando? Daqui a dez anos?

— Se não está pronto, não está. - Milla disse. - O Matt deveria decidir mostrar ou não, não acha?

— Não, eu não acho! - Ela exclamou. - Está tudo pronto, Milla! Ele tem história pra dez jogos! Até esboços das cenas, não sei o que tá esperando.

Eu não sabia o que dizer.

Ter uma pessoa invadindo minha privacidade dessa forma era angustiante e deixava meu rosto se desmanchando de vergonha, ainda mais sendo aquela pessoa, uma especialista no assunto.

Suspirei.

— Você acha mesmo que está bom? - perguntei.

— Está incrível. - Ela respondeu. - Tenho certeza que sua amiga concordaria comigo.

— É claro que concordaria. - Milla aparentava estar bem melhor. - Exceto se sua definição de incrível seja cabeças rolando por aí.

Ficamos um bom tempo discutindo sobre o futuro melhor jogo de todos os tempos e mudando MUITAS coisas no melhor jogo de todos os tempos. Milla sugeriu que eu trocasse o protagonista por uma menina, já que haviam muitos protagonistas homens nesse tipo de jogo e bem poucas mulheres, certamente chamaria bastante atenção. Ela poderia ser a nova Lara Croft. Nathalie concordou. E esse foi só o começo.

Uma história que estava sendo escrita há anos terminou-se em uma noite. Era incrível ter amigas, mas eu não acreditava que acostumaria com a sensação tão cedo.

>~

— Matthew. - Mr. Gajeel me chamou quando a aula começou.

— Bom dia. - Respondi, bocejando.

— Mano 'ce ta acabado. - Ele deu um tapa nas minhas costas, o que doeu bastante, mas parecia ser um gesto amigável. O jeito de Mr. Gajeel era muito estranho, eu nunca sabia quando o brutamontes estava falando sério ou brincando. - Teve uma noite agitada ontem?

Se com "agitada" ele se referia passar o dia na biblioteca tentando impedir Nathalie de me mostrar pornô brasileiro (Não pergunte, foi ideia dela), então tive.

— Não. - Respondi. - Passei a noite... pesquisando.

Mr. Arman e Mrs. Brigette juntaram-se à roda.

— Todo mundo viu, Matt. - A voz da moça ruiva se fez ouvir. Preferia ruivas como zumbis mudas.

— As duas. - Arman começou a rir. - Você é meu fucking ídolo!

Do que eles estavam falando?

A Srta. Dodds apareceu, graças a Deus, e pediu para que eles sentassem em seus lugares.

— É por isso que não queria falar dela? - Mr. Gajeel ainda tava rindo. - Ah eu sabia, você e a putinha brasileira... Quem diria.

A raiva estava subindo pelo meu corpo, inundando minhas veias. Eu queria socá-lo, transformar aquela cara de candense em canadense morto!

— Cala a boca. - Eu disse. - Ou eu juro...

— Vai fazer o que? - Ele começou a rir. - Você deve ter ido brincar de casinha com elas, olhe pra você. Matt, meu velho, não importa o que esse povo pense, tu ainda é um viadinho.

Eu não culpava o Toby por matar gente desse tipo. O antigo Matt se calaria enquanto o Matt da cabeça dele dizia algo para ajudar, que acabaria por magoá-lo ainda mais, mas dessa vez eu não era o antigo Matt. Dessa vez, a voz da Nat soou na minha cabeça: "Vai deixar ele brincar sozinho? Fica bem mais divertido quando duas pessoas brincam juntas."

Eu espero não ter interpretado a frase errada, não queria esse tipo de "brincadeira" com ele.

Forcei-me a sorrir.

— Tudo isso porque não teve coragem de falar com a Milla? - Sussurrei.

— Cuidado as palavras. - Ele rosnou.

Eu sentia os olhares pousando em nossa direção. Algumas pessoas da classe perceberam que o clima não estava muito legal por aqui.

— Eu não sou "viadinho", você que é covarde. Me deixa em paz.

Voltei para a tela do computador, sem ver a expressão de ódio no rosto do imbecil. Meu prazer imenso foi também momentâneo.

— Eu avisei, Matthew. - sussurrou.

Eu senti minha roupa molhar na altura do ombro. Um jato de água voou no meu lap top e invadiu cada brecha do teclado. Atônito, eu olhava a tela queimar, levando com ela todos os meus sonhos.

A postura de Mr. Gajeel mudou.

— Desculpa Sr. Coleman. - Ele parecia assustado, mas eu sabia que estava gargalhando por trás daquela expressão. - Prometo que lhe pago outro...

No momento, eu não estava pensando.

Segurei o computador estragado e o arremessei com força no rosto de Mr. Gajeel. Um filete de sangue escorria de sua testa, mas era muito pouco! Eu queria mais... Ele mereceia mais!

Tentei investir contra ele, mas me seguraram! Merda! Eu queria matar o infeliz. De que adiantaria ele pagar outro computador? O projeto da minha vida estava ali, tudo, tudo, tudo!

— Foi um acidente, eu juro! - Ele tentava se explicar.

— Matt! - Um dos caras que me seguravam exclamou.

Olhei ao redor. A Srta. Dodds aparentava não saber o que fazer, algumas pessoas tiravam fotos - ou gravavam, sei lá - e o computador estava com um amassado enorme na tela. Algumas peças espalhadas pelo chão. Eu não disse mais nada enquanto dois seguranças me empurravam pra fora da sala.

>~

Eu precisei falar com o RH, um psicólogo, o reitor e, nem imagino o porque, o bibliotecário. Ah, claro, com a polícia também.

Todos tentaram me assustar tentando explicar a gravidade da situação, mas depois de ter visto o que eu vi, depois do Grosb-Slenderman... eu não tive medo de nenhum deles.

Então, eu estava sentado em uma cadeira próxima à sala onde tive que assinar uns papéis com meu depoimento. Burocracia à parte, uma figura feminina estava vindo em minha direção, praticamente desfilando naqueles jeans rasgados.

— Eu não acredito nisso. - Nathalie riu enquanto sentava-se ao meu lado.

Era só o que faltava.

— Você não estar na aula? - perguntei.

— Eu precisava ver com meus próprios olhos, - Ela tocou minha mão. - não acreditei na msg do Aram. Logo você, Matt?

— Eu sei o que está pensando, mas ele mereceu!

— Relaxa. - Ela sorriu. - Foi incrível. Ele merecia muito mais, na verdade.

— Você é uma péssima influência. - Suspirei. - Cadê a Milla?

— Eu não mostrei pra ela. - Nathalie soltou minha mão. - Não ia prestar atenção em mim se ela viesse também.

Eu não fazia do que ela estava falando.

— Que?

— Ah, você sabe... - Ela tirou uma mecha de cabelo e colocou-a atrás da orelha. - mas deixa pra lá. Eu só queria dizer que estou orgulhosa de você.

Orgulhosa... por eu ter batido em um cara. Não sei porque estava feliz com isso, talvez seja porque nunca se orgulhou de mim, mas não tenho certeza.

— Só me trouxe problemas. - abaixei a cabeça. - Eu perdi tudo, Nat. Tudo...

Aquela foi a primeira vez que a chamei de "Nat", mas ela não pareceu notar.

— Nós podemos fazer tudo de novo. - Ela disse. - Eu posso ajudá-lo, se quiser.

— Você não tem seu próprio projeto?

Nathalie sorriu.

— Vai ser nosso projeto agora, mas tem uma condição: Não vamos escrever nada, vamos pular direto pra parte da animação.

— Está louca? - Ela estava disposta a descartar arquivos inteiros e refazê-los por uma mudança no roteiro? Deus... eu ficaria louco.

— Não quanto você vai ficar. - Ela sussurrou em meu ouvido, baixinho. Depois se levantou, rindo. - Vamos.

Levantei-me também.

— Pra onde? Temos que voltar pra aula.

Ela agarrou meu braço e me puxou.

— Eu não estou com nenhuma vontade de voltar, você está?

Eu estava?

Mr. Gajeel devia estar na enfermaria no momento, então lá não seria tão ruim. Ou era isso, ou sair com uma potencial psicopata pra sabe-se lá onde ela quisesse ir.

Acabou que fomos até a minha loja, que ainda não tinha um nome, e ficamos conversando por lá.

Nathalie bebeu um pouco enquanto eu dirigia a Urus, ela também derramou um pouco no painel e quase metade da garrafa no banco, mas incrivelmente, não me importei. Eu adorava meu carro que custava mais do que a casa dela? Sim, mas eu estava gostando bem mais de ter uma amiga. Sem contar que ela me fez rir bastante contando piadinhas e falando besteira pelo caminho.

Havia bastante gente àquele horário, começo de tarde, o que era bem estranho. Poucas pessoas tinham tempo disponível para jogar durante o dia.

Estava me sentindo meio culpado, pois ficara de encontrar Milla após as aulas, mas ela apareceria por aqui mais cedo ou mais tarde, afinal estava contratada (e fazendo um ótimo serviço segundo quem nos parava para perguntar por ela).

Ficamos quase o dia todo no andar de cima, onde eu improvisei um escritório. Por sorte, Nat não tomou a garrafa toda, então conseguimos trabalhar de forma eficiente.

Já tinhamos o storyboard dos primeiros trinta minutos e estávamos concluindo as animações da Lexi, minha nova protagonista propositalmente desenhada pra parecer a Milla. Não foi ideia minha, só disse que queria uma protagonista que parecesse tão corajosa quanto fofa, carismática e inabalável... Nat só conhecia uma pessoa desse jeito e eu só conhecia duas pessoas, a outra era uma doida de tapa olho.

Quando havíamos acabado de decidir que o vilão não se chamaria "Kid Bengala" (Nat me mostrou uma foto na internet. Acredite, ele é bem assustador), alguém bateu na porta.

— Matthew D. Coleman. - Voz grave e masculina. Eu estava bastante assustado quando abri a porta e dei de cara com os policiais.

— Posso ajudá-los? - Perguntei, olhando deles para Nat, que estava sentada sobre minha mesa balançando as pernas.

— Malcom T. Gajeel apresentou uma queixade agressão contra o senhor esta manhã.

— Eu assinei os papéis, - disse. - está tudo resolvido.

— Receio que não, Sr. Coleman. - O policial que estava calado antes pigarreou.

— Mr. Gajeel foi encontrado morto há cerca de uma hora.

Minha cabeça parecia rodar e meu corpo gelou. Céus...

— Precisamos fazer algumas perguntas.

Pedi para que entrassem. E se acomodassem, o que fizeram sem se importar com o fato de termos apenas duas cadeiras e Nathalie e eu tivéssemos que ficar de pé.

Por falar nisso, Nat não parecia nenhum pouco abalada.

— Eu disse que ele merecia mais. - E começou a rir.

— Com licença, - O policial voltou-se para ela. -senhorita?

— Nathalie! - exclamei, segurando seus braços junto ao corpo, mas ela os soltou sem dificuldade.

— Ele era um desgraçado e não vou fingir que gostava dele só porque morreu! - Ela se moveu para a porta. - É bom que ele esteja no inferno!

E me deixou sozinho com os dois policiais se entreolhando.