Dark Angel

Capítulo 23 - Estrela do Caos.


PDV Leticya

Me joguei na não muito confortável cama de casal. Não demorou muito para dormir, a dor era quase suportável, o que facilitava.

Eu estava na sala de aula tendo aula com o professor mais insuportável de todos: Adalberto, matemática. Em um segundo eu estava no fundo da sala jogando bilhetinhos e participando de uma pequena guerra de bolinhas de papel, e em outro eu não tinha nada nas mãos, as classes estavam encostadas nas paredes formando um grande O, e eu estava no centro dele, sem saída. Sobressaltei ao sentir um toque frio no meu braço direito.

- Lucas? – Perguntei espantada enquanto meu coração se revirava dentro da minha caixa torácica.

- Eu sinto saudades. – Ele falou enquanto suspirava.

- Ahn, eu também. Você podia ter passado lá em casa e ter dito tchau. – Falei soando sincera.

Eu era para ele praticamente uma melhor amiga, eu posso dizer o mesmo, e também posso dizer que eu gosto dele não apenas como tal, e até ele sabe disso, e talvez poderia ter dado certo, se ele não amasse tanto Stephanie.

- Eu preciso te contar uma coisa... – Ele começou e eu cortei ele:

- Eu sei de tudo. E você deve saber que... eu sou uma bruxa. – Falei um pouco envergonhada.

- Uma bruxa? – Ele perguntou quase boquiaberto.

- É. – Ri da sua reação.

Ele sentou-se em uma cadeira que segunda atrás não estava ali, e eu fiz o mesmo com a cadeira que aparecera à sua frente.

- Ei, eu aprendi uma piada nova. – Ele falou como um garotinho de 5 anos animado como se tivesse ganhado um presente. Fiz sinal para ele continuar: - Por que eu atravessei a rua?

Eu conheço uma infinidade de piadas, as vezes ele entrava na minha janela tarde da noite pela escada de incêndio escondido dos meus pais e ele ficava contando milhares de piada que eu já sabia a resposta.

Pensei um pouco sobre isso, essa piada ele provavelmente acabara de inventar, como eu saberia a resposta?

- Ahn, desisto, pela primeira vez você me pegou. – Ri como nos velhos tempo. – Para que? – Perguntei sorrrindo.

- Para isso. – Ele falou e apoiou suas duas mãos nos meus joelhos à mostra.

Quando percebi ele se inclinando na minha direção com um sorriso torto e olhos azuis e profundos encarando meus lábios, meu coração palpitou tão rápido que pensei que ele ia parar, senti como se enormes borboletas brincavam de pega-pega dentro da minha barriga.

- Posso? – Ele perguntou.

Milhares de perguntas, respostas, ideias e sensações cercavam minha mente. Antes de qualquer resposta concreta e um sábio e sonoro: "NÃO" Sair pela minha garganta, ele encostou seu nariz no meu.

- Seus lábios tem a curvatura de um coração. – Ele observou de olhos fechados.

Logo após ele inclinou sua cabeça em direção aos meus lábios, ele roçou os seus lábios nos meus. Eu sabia que era errado, proibido, perigoso e sem pé nem cabeça, mas mesmo assim, inclinei minha cabeça em direção aos seus lábios e selei nossos lábios, fechei os olhos para sentir aquela sensação tão boa.

Quase me senti voando.

Ele inclinou sua cabeça para direita, e eu também. Assim que nós fizemos isso tornamos aquilo um beijo. Calmo, silencioso, apreensivo. Antes que ele pudesse aprofundar nosso beijo, me retirei abrupdamente de perto dele. Levantei quase em um salto da cadeira e fui para trás dela.

- Lele... – Ele levantou e tentou alcançar minha mão, por um segundo pensei ter visto Stephanie parada na porta que havia atrás de Lucas, a porta tinha uma pequena janela de vidro e Stephanie parecia estar olhando através dela, diretamente para mim. - Eu... – Ele começou a falar mais foi interrompido. Por Cass me acordando.

Me sentei na cama e imediatamente coloquei meu dedo indicador nos meus lábios relembrando todo o meu sonho, meu coração ainda estava acelerado e as borboletas ainda estavam dentro de mim.

PDV Stephanie

Eu estava em um parque. Grama verdinha e cortada, bancos distribuidos graciosamente envolta dele e crianças felizes brincando na grama.

Olhei ao redor, tentando acostumar meus olhos á luz demasiadamente forte e clara. De repente me lembrei aonde estava: Um parquinho no interior de Kansas, onde minha vó morava. Eu e minha mãe costumavamos ficar horas lá, quando viajavamos para a casa da vovó. Olhei ao redor e vi mães e crianças felizes brincando, como nós duas faziamos. Notei uma mulher loira, sentada ao fundo do parque, observei um pouco. Ela estava grávida. Observei mais um pouco notando uma pequena familiaridade e sobressaltei.

- Mamãe? - disse baixinho.

Caminhei de encontro a ela apreensiva sentei ao seu lado. Ela não pareceu lembrar de mim. Deveria? O tempo todo que ficamos juntas ela era um... demônio, ou talvez nem todo o tempo.

- Lindo dia não é? - ela sorriu olhando em volta.

- Parabéns. - Falei.

- Obrigada - ela sorriu mais ainda, ela parecia feliz. Seu sorriso era radiante. - Ja te vi antes? Me parece tão familiar. - Ela falou de um jeito tão doce que por um momento tive vontade de chorar e abraçá-la.

Eu tinha vontade de gritar " SIM MAMÃE SOU EU!" porém ela não era mais minha mãe. Talvez nunca tivesse sido.

- Creio que não. Não sou da cidade, estou de passagem. - Falei com a voz um pouco embargada.

- Ah...

Passado um tempo silencioso e quase desconfortavel me levantei.

- Foi um prazer encontrá-la. - disse com um sorriso verdadeiro.

- Igualmente. - Ela acariciava a sua barriga.

Me virei de costas para ela, com lágrimas nos olhos, e me dirigi a um canto mais afastado do parque onde me sentei embaixo de uma árvore, e chorei. Chorei por tudo que havia acontecido desde o dia que sai de casa, até aquele momento.

- Tudo bem. - falei comigo mesma, limpando as lágrimas do rosto. Eu não me permitia abalar.

Me abaixei um pouco, e deitei sobre a grama macia, sentindo o vento leve no meu rosto secando lágrimas finas que insistiam cair sobre a minha face, e a tranquilidade de estar sozinha, finalmente. Adormeci sem nem perceber.

Estava no meu colégio. Algumas pessoas atrasadas passavam por atras de mim, no corredor da escola. Eu olhava a minha antiga sala de aula, pela janelinha de vidro da porta. De começo não vi ninguém, até que as classes se mecheram e trocaram de lugar em questão de um piscar, e vi Leticya e Lucas no meio da sala, dentro de um enorme circulo de classes. Eu só via seus lábios se mecherem, e não ouvia nada. Eles deviam estar sussurando. Lucas virou de costas pra mim, e Leticya em uma cadeira a sua frente, se ela olhasse para a porta, provavelmente ve eria se eu não ficasse invisivel ou coisa do tipo.

Eu via Lucas usar seu olhar e jeito encantador, e a ainda apaixonada, Leticya, caindo neles. Lucas se aproximava dela, e ela não fazia nada pra impedir ou se afastar, até que eles se beijaram. Eu não sei dizer o que senti, me senti traída e triste. Com ciúmes e com raiva. Mas a culpa não era de Leticya, ela nem deve saber que Lucas entra nos sonhos das pessoas.

De repente ela levantou-se parando o beijo, se colocou atrás da cadeira e olhou diretamente pra mim, eu só pensei em sumir. E sumi. Como um fantasma ao ser tocado por ferro.

Me acordei ainda embaixo de uma árvore, com um menino falando comigo a uns 7 metros de distância.

- Será que a senhora poderia alcançar a bola? - ele apontou para o meu lado.

- Senhora? Eu podia ser sua irmã! - nós rimos.

Atirei a bola pra ele e ouvi um baixo "obrigado" enquanto ele corria de volta aos seus amigos.

PDV Leticya

- Desculpa. - Cass disse em um sorriso que eu imaginei que fosse o mesmo da noite em que Sam disse o grandioso "Sim" para Lúcifer, e Cass sorriu dizendo que tudo ia dar certo, enquanto sabia que aquele era provavelmente o fim de tudo e todos.

- Ahn, não foi nada. Conseguiu tudo? - Perguntei me levantando meia tonta.

- É. Falta o seu sangue. - Ele disse enquanto jogava bastões, estatuetas pequenas escarlates de o que pareceu-me alguns deuses e outras com simbolos que eu não prestei muita atenção, algumas ervas, um jarro também escarlate com estranhos simbolos em volta, e por fim uma grande, afiada, e reluzente faca.

Estremeci.

A porta foi aberta por Dean enquanto cantava de olhos fechados:

- SHE'S GONE.

Então, atrás de Dean surgiu Sam quase atropelando Dean e praticamente gritando:

- Ela se foi!

- Não é nesse ritmo cara, você tem que cantar! - Dean falou e Sam revirou os olhos.

- Stephanie. Ela se teletransportou para algum lugar. - O pânico de Sam era óbvio.

- Calma, ela só deve estar dando um tempo dessa loucura toda. - Falei tranquilizando todos. - Eu conheço ela.

Ao fim da minha frase a porta foi aberta e todos imediatamente olharam para Stephanie que se encontrava meia surpreendida com o pânico estampado na cara de Sam e Dean.

- Viu, eu tava certa. - Sorri fracamente.

- Você está sempre certa. - Ela falou ironicamente.

Cass pigarreou chamando atenção à todos.

- Vamos começar?

Ele pegou alguma das ervas e salpicou pelo chão fazendo um enorme "O", depois com algumas outras ervas com diferentes cores salpicou alguns simbolos e colocou algumas estatuetas escarlates no meio dos estranhos simbolos, e por fim ele colocou o jarro no meio do "O".

Stephanie surpreendeu à todos e riu.

- Stephanie...? - Sam perguntou.

- É que esse símbolo - Ela apontou para o simbolo de uns estranhos tipos setas de que saíam de um centro redondo, o símbolo montava uma estranha estrela de 8 pontas. - é parecido com o que a Leticya tem nas costas, só que é marca de nascença, e é branca.

Todos olharam para mim.

- Ahn, é. - Admiti dando de ombros.

- Podemos ver? - Cass perguntou enquanto Sam sentáva-se ao meu lado e Dean se aproximava, enquanto Cass me deu a mão para levantar da cama onde eu estava sentada.

Stephanie também se aproximou e levantou um pouco a minha blusa na parte das costas, até a altura de cima da bacia, onde a marca se depositava. Me arrepiei ao toque frio de Sam contornando a marca.

Cass arfou, imediatamente me virei à tempo de vê-lo se afastar dois ou três passos de mim.

- Chaos Astrum. - Ele balbuciou e imediatamente traduziu: - Estrela do caos.

- Espera, espera, espera. - Sam falou balançando a cabeça no mesmo ritmo que os braços. - Você está falando da Estrela do Caos dos herdeiros de Crowley?

Cai sentada em cima da cama, o que diabos eles estavam falando? Crowley? O que ele tem a ver comigo?