Dark Angel

Capítulo 22 - Preciso salvar um shopping.


PDV Leticya

Eu estava no shopping, em uma loja de brinquedos que a minha mãe costumava me levar. Eu estava pegando todos os brinquedos que eu queria, e até os que eu não queria. A loja estava completamente vazia e a minha intenção era brincar com todos os brinquedos que eu não pûde na infância.

Parei no fim de um enorme corredor, cheio de barbies, castelos, enormes ursos de peelúcia.

– Ei. - Uma voz masculina, grossa, densa, firme, quase impetuosa, porém gentil, me chamou.

Virei-me e encontrei um homem alto, pele morena, sorriso lindo com dentes brancos que contrastavam com a cor morena da sua pele, músculos à mostra, apenas com uma espécie de tanga jeans tapando suas partes baixas, ele era muito parecido com uma versão mais velha de Taylor Lautner.

– Você precisa pegar o medalhão. - Ele falou me analisando, suspirou e pareceu deixar escapar: - Você é linda.

Fiquei um minuto pensando: O que diabos esse homem esta fazendo no meu sonho? Cortei esse pensamento no momento que deixei um dos meus vários pensamentos escaparem pela minha boca:

– Hã?

Ele riu.

– Você parece com a sua mãe. - Ele me analisou novamente. E então, rapidamente parou de sorrir e colocou sua face mais séria para continuar falando: - O medalhão que foi da minha mãe, que intensificará seus poderes para você seguir seu destino. Rápido! Se cair em mãos erradas... se cair nas mãos do que começará a guerra... O mundo estará perdido, e nem o híbrido conseguirá salvá-lo.

Ele falou enquanto me alcançava no fim do corredor. Eu estava extasiada, afinal, o que ele estava falando?

– E como eu acho ele? - Perguntei.

– Ele vai ser leiloado. Ele está com... - Ele começou a falar mas foi cortado.

Sua imagem fraquejou, assim como sua voz.

– Querida! Acorda! - Ouvi no fundo do meu sonho.

Abri os olhos com dificuldade para encarar minha mãe abrindo escandalosamente minhas janelas.

– Ai. - Falei levando a mão à cabeça enquanto me sentava na minha enorme cama.

– O que foi? - Ela perguntou gentilmente sorrindo.

– Enxaqueca. - Falei forçando um sorriso.

– Oh, oh. Você está tendo uma crise? - Ela perguntou preocupada e continou sem me deixar responder: - Eu vou buscar um remédio, fique aí!

Ela saiu porta afora e eu me estiquei até a cômoda ao meu lado para alcançar meu celular.

PDV Dean

Acordei no banco de tras do Impala, eu e Stephanie estavamos abraçados. Sua cabeça repousava em meu peito, olhei para baixo e vi seu rosto literalmente angelical adormecido. Notei que o dia não estava muito claro, e garoava levemente. Cheguei a pensar que estava escurecendo, porém lembrei que o dia devia estar chuvoso, a garoa e a rua deserta ajudaram a escurecer. Fechei levemente um pouco mais meus braços em volta de Stephanie, e ela se mexeu.

– Bom dia. - disse enquanto começava a acariciar levemente seus braços.

Ela abriu os olhos e os fechou novamente.

– Bom dia. - respondeu sorrindo sem abrir os olhos.

Ela se aconchegou um pouco mais em meus braços, o que me fez sentir ótimo. Passados alguns minutos de silêncio, ela se pronunciou.

– Que tal irmos comer um hambúrguer? - sugeriu.

Sorri em resposta.

– Como pude achar uma garota tão legal? - nós rimos. Dei um selinho nela, ela correspondeu. Não pensei se ela ia gostar ou não, só pensei que não podia desperdiçar aquele momento com ela.

PDV Stephanie

There's a stranger in my bed, there's a pounding in my head, glitter all over the room, pink flamingos in the pool, i smell like a minibar.

Ouvi o toque do meu celular. Alguém me ligando.

Abri os olhos pesadamente e me encontrei sorrindo deitada no banco de trás do impala, junto à Dean. Ele estava apenas de cueca, suas roupas na parte da frente, e eu apenas de lingerie. Tive um pequeno flashback da noite passada, o que fez meu queixo desabar.

Eu não queria mais me envolver fisicamente, muito menos emocionalmente com Dean. Mas eu não conseguia resistir, eu não queria. Seria pecado amar os dois Winchester? Seria egoismo, ou talvez luxúria de mais querer os dois? Sam e Dean me davam sensações diferentes. Me sentia bem com os dois. Havia me sentido tão bem essa noite, me sentido tão amada naquele breve selinho que ele havia me dado segundos antes.

O refrão de Last Friday Night de Katy Perry começou a tocar no meu celular, e como se tivesse me destravado, passei por cima de Dean, me debrucei sobre o banco da frente do carro, e encontrei meu celular em cima do porta-luvas, ao lado do cinto do Dean. Sem comentários. Peguei e vi no retrovisor: Lelesinha.

– Alô? - Falei enquanto tentava dar um jeito no meu cabelo que estava completamente desordenado, pelo retrovisor.

– Oi, ahn, eu estou morrendo de enxaqueca então eu vou direto ao ponto: Eu sonhei uma coisa muito estranha. Eu não sei se era verdade ou não, e eu provavelmente vou me esquecer do sonho daqui a pouco, então, lá vai: Eu sonhei que um homem provavelmente de origem indígena me mandava procurar um medalhão que intensificaria meus poderes, e que se caísse em mãos erradas nem o... - Ela fez uma pausa tentando lembrar. - híbrido conseguiria salvar o mundo, ou era o shopping? E ele falou algo sobre meu destino. - Ela gemeu no fim da frase.

Leticya tinha enxaqueca, uma doença neurológica que era causada por luzes muito fortes, sons muito alto, ou um stress demasiadamente grande, ás vezes por nervosismo. Atinge a metade direita ou esquerda da cabeça, causando sensibilidade no globo ocular, e fortes dores na cabeça, fortes mesmo, porém na maioria das vezes passava ao dormir ou ficar em lugares escuros e sem barulhos altos, depois de tomar seu remédio.

– OK, ahn, muita coisa pra uma cabeça só... mas eu entendi. Vamos pensar nisso depois, vai dormir ou fica quetinha no seu quarto. Mais tarde agente conversa. - Falei coçando o olho tentando acordar.

Como eu queria um café agora.

– Ok, obrigado. Beijinhos. - Ela falou e desligou.

A última coisa que eu ouvi foi sua mãe perguntando em um grito: Você quer com suco ou água?

Tentei por mais um tempo arrumar meu cabelo sem sucesso, vi meu prendedor de cabelo perto da camisa do Dean jogada quase na direção do impala. Prendi ele em um enorme rabo.

– Uau. - Sobressaltei ao ouvir Dean falando tão próximo do meu ouvido que me causou instantaneos arrepios.

– O que é? - Perguntei voltando para o banco de trás.

– Eu fiz isso? - Ele apontou para meu pescoço.

Me levantei um pouco e olhei pelo retrovisor. Meu pescoço estava praticamente coberto por enormes marcas roxas, minha coxa também, mas era apenas um pequeno roxo. Fiquei boquiaberta.

– Tem mais. - Ele me virou, por um momento achei que iria colocar sua mão nos meus seios, mas apenas apontou para um local próximo deles, entre eles.

Um hematoma também estava pousado ali, quase em forma de coração, o que seria engraçado se eu não estivesse meia traumatizada.

Ele começou a se vestir.

– Você vai de lingerie? - Ele perguntou enquanto tirava sua calça de baixo do banco e vestia-se.

– Onde foi parar o meu vestido álias?

– Está ali na rua, se alguém ja não roubou. - ele riu.

Abri a porta e não vi meu vestido.

– Droga! - quase gritei, passando as mãos no rosto. - Me da sua camisa. - Ele me jogou sua camise.

Coloquei-a e passei para o banco da frente, Dean me encarava e eu não pude deixar de encará-lo também. E pela primeira vez nós nos beijamos porque queríamos, sem eu ou ele ter forçado o início do beijo, como sempre fazíamos.

Ficamos inertes naquele beijo durante alguns minutos. E

le ligou o carro, pronto para irmos comer um delicioso hamburguer, e é claro que teríamos que passar no drive thru, pois eu estava com uma camiseta dele que nem era tão longa assim.

Passado um tempo, ele perguntou.

– Onde vamos comprar?

– Você ja comeu Mc Donald?

– Oh não - ele riu - é coisa de riquinho.

– Pois então vamos comer. Aonde tem um?

– Ahn, ta. Acho que no centro deve ter algum, interior não é tão moderno assim.

O dia prometia chuva, e eu me prometia um banho. Se nós não tivessemos ficado debaixo de chuva, e eu não tivesse suado tanto concerteza estaria coberta por uma crosta grossa de todo o tipo de sujeira.

Depois de aturarmos uma fila de quase 25 carros enquanto conversávamos quão fome nós estávamos e que com certeza comeríamos dois hamburgueres, paramos diante da atendente do Drive Thru. Dean abria a boca pra falar, quando em pronunciei:

– 2 Big mac's, 2 McNifico, todos completos.

– R$52, 68. - A atendente falou rapidamente.

E na mesma velocidade que a atendente disse o preço, por algum motivo, me lembrei de Sam. O que ele acharia se não me encontrasse no quarto dormindo? O que ele acharia dos meus hematomas? Oh oh.

– Ahn, me dá também 1 cheddar Mcmelt , uma batat grande, um capuccino e uma salada. - disse me lembrando de Sam, e de uma desculpa para estar sozinha com Dean no carro, era só dizer: Fomos buscar comida.

– R$74,50 agora - a atendente sorriu com aquele sorriso que dava todo dia, para todos os carros que passavam.

– Obrigado. - Falei.

– Espero que valha a pena. - Dean falou enquanto esperávamos o pedido, ele se debruçou contra meu banco.

– Ok. Se agente correr dá tempo de chegar antes do Sam acordar. Com sorte, é claro. - Falei enquanto empurrava Dean para o banco do motorista.

Ele permaneceu em silêncio, sem responder.

A atendente alcançou à Dean o pedido, que colocou tudo em meu colo. Eu carregava no colo um pacote com 5 hambúrgueres, outro com 5 batatas fritas, uma caixa com 4 copos plásticos médios de refri e 1 de capuccino, e uma salada.

– Acho que eu me enganei. - Ele disse parecendo escapar da sua boca.

– Você sempre esta. - Ri caçoando dele e ele não me acompanhou, pigarreei e me recompus. - Sobre o que?

Ele pensou aproximadamente um minuto e meio antes de responder vagarosamente:

– Sobre você gostar de mim emocionalmente. - Ele falou enquanto encarava a rua deserta que seguíamos rumo ao hotel.

– Mas eu gosto de você Dean. - Falei sorrindo.

– Não, não como namorado. Não como um noivo, ou como um marido. Você gosta de mim fisicamente, você tinha razão, nosso relacionamento é baseado em atração física, e parece que eu já sabia disso, apenas não conseguia admitir. - Ele falou tropeçando nas palavras enquanto aumentava a velocidade.

– Que crise emocional é essa? - Foi o que eu consegui falar.

– Não é crise. - Ele revirou os olhos e eu esperei ele continuar. - Você nos esconde do Sam, você não quer que ele pense coisas sobre você.

– Eu me importo com o que ele acha, e também me importo com o que você acha. - Falei aumento um nivel da minha voz.

– Então você também já teve alguma relação com ele, é? - Ele aumentou dois terços da sua voz.

E antes da minha voz sair pela minhas cordas vocais, ele freou o impala abrupdamente. Saiu do Impala, fechou a porta com força, e me deu as costas, me deixando com gigantes pacotes que quase escorregavam das minhas mãos.

Quando cheguei perto da porta ouvi a voz de Sam:

– Aonde vocês estavam? - ele quase gritava.

– Relaxa cara, só fomos comprar algo para comer. - Dean falava e quase conseguia vê-lo revirar os olhos.

– É? E cadê? - Sam perguntou dessa vez gritando.

Abri a porta sem bater.

– Hey, cheguei com o café. - balancei o saco no alto, e sorri tentando alegrar o ambiente meio tenso.

– Ah.. - Sam olhou para Dean e disse um baixo, quase inaudivel: "desculpa". Dean bateu nas suas costas e se sentou na mesa sem me olhar nenhuma vez.

Pûs um big mac, um mcnifico, 2 batatas e um refri em frente a Dean, e o mesmo para mim. E um mcmelt, um capuccino, uma batata e um potinho de salada em frente a Sam.

Foi nesse momento que eu reparei que ele olhava confuso meu corpo. Olhei para onde ele olhava e vi apenas a camiseta do Dean, droga! Esqueci disso!

– Minha mala molhou um pouco, e minhas roupas também. - Sorri disfarçadamente.

– McDonald? - Sam perguntou meio confunso ignorando minha desculpa. Assenti com a cabeça. - Faz anos que eu não como um desses. - ele sorriu e começou a abrir o embrulho.

Agradeci à mim mesma por ter soltado o cabelo cobrindo os hematomas.

Notei que talvez tivesse esquecido a briguinha idiota com Dean de minutos atrás.

– Cara, que coisa boa! - Dean exclamou enquanto mastigava seu BigMac, e enquanto pegava uma batata.

– Espera pra comer o outro, é de bacon. - Observei.

– É exatamente disso que eu gosto! Como você soube? - Sam sorriu e eu sorri em resposta.

- Ahn, acho que eu vou tomar um banho rápido. - Falei.

Levantei-me da mesa, fui até minha mala, peguei umas roupas, minha toalha, minha nécessaire, e fui para o banheiro.

Entrei no banheiro, tomei uma rápida chuveirada me esfregando com o sabonete, quando saí me enrolei na toalha e fui direto para o espelho sujo do banheiro, peguei minha base dentro da nécessaire e espalhei por todos os hematomas roxos do meu pescoço, cobri com mais uma camada de pó só para ter certeza que nada estava aparecendo.

Coloquei minha calça jeans, uma blusa branca um pouco decotada de alcinha, e um leve casaco vermelho por cima, por fim coloquei meu velho e sujo all star.

Saí do banheiro e Sam e Dean estavam o que parecia acabando uma conversa pois eles estavam sérios olhando um para a cara do outro.

Nos deliciamos com aqueles enormes hamburgueres, e creio que se eu engolir um pingo de saliva, eu explodo. Se Leticya estivesse aqui ela também devoraria tudo! Mc é a comida preferida dela.

Me lembrei da sua ligação, pensei se seria certo contar para os Winchesters sem ter certeza se era um aviso, ou um sonho qualquer. Optei por contar.

(...)

– É melhor falarmos com Cass. Temos que ter certeza que o que esse tal homem falou é verdade. - Sam falou franzindo as sobrancelhas.

– Por que um híbrido salvaria um shopping? - Dean perguntou enfiando as batatas que sobraram de Sam na boca.

– Creio que ela não se lembrava direito do sonho, e também creio que seja o mundo, e não o shopping. - Falei sorrindo.

– Você está nervosa? - Todos nos sobresaltamos ao ver Cass parado em frente a porta.

– Oh não, devia estar? Eu só tenho que salvar o mundo se eu for o tal híbrido. - falei em meio a uma risada sarcastica.

– Preicsamos falar com Leticya. - Cas disse em um tom sério.

– É, acho que eu vou buscar ela ...

– Nós vamos. - Cas completou.

Sam e Dean abriram a boca para contráriar porém Cas interrompeu.

– Eu e Stephanie vamos bucar ela. - disse autoritário.

A ultima coisa que vi antes de Cas se aproximar de mim e nos teletransportarmos foi Sam e Dean revirarem os olhos, e depois exclamarem "ok" e "tudo bem".

PDV Dean

Assim que eles saíram um apito soou pelo quarto, imediatamente olhei para o emissor do barulho: O celular de Stephanie em cima da mesa.

Antes que Sam pudesse achar o emissor do barulho o peguei, no visor dizia: 1 nova mensagem, de Lucas.

Meu queixo quase caiu e eu deixei escapar:

– Uma nova mensagem do Lucas? – Sussurrei revirando os olhos.

– Deixa eu ver! – Sam quase pulou do outro lado da mesa.

– Eu primeiro! – Falei levando o celular para as minhas costas.

– Dean! – Sam gritou em reprovação se levantando e parando ao meu lado.

Levantei-me e fui para o outro lado do quarto, e assim ficamos em uma brincadera de pega-pega, até eu saltar da cama para o chão e Sam me empurrar direto para o chão.


PDV STEPHANIE

Estavamos parados em frente ao enorme prédio no qual Leticya residia. Caminhamos de encontro a entrada, passamos pelos portões enormes, e portas e nenhum guarda ou porteiro nos impediu. ELes apenas nos olhavam, e assentiam.

– Os Winchester são muito teimosos não? - Cas disse pondo as braços atras das costas.

– Nem me diga. - apertei o 19º botão do elevador e as portas fecharam.

– Eles gostam de você. De verdade.

– Oh, é. Talvez. Mas por que? talvez eu nunca entenda.

Bom, você é - ele pensou um pouco procurando a palavra certa - poderosa, é ótimo. - sorri ficando feliz por receber tal elogio de um anjo. - E é vagamente parecida fisicamente com Ruby e Lisa.

Não consigo descrever se fiquei triste, surpresa, chocada ou o que seja.

– Você chegou a ver elas? Sabe, do céu?

– É, talvez. - Cas era pensativo. Gostava disso nele. Nós quase nunca nos olhavamos diretamente nos olhos.

– Talvez?

– É uma palavra que uso quando não sei como ou o que responder.

– Ah.

Olhei para o ponteiro que marcava os andares. 16º andar.

– Você está bem? Parece triste. - nos olhamos pela primeira vez naquele dia.

– Estou bem. - respondi séria, virando meu olhar de encontro a porta.

– Foi o que eu falei sobre Sam e Dean não é? Achou que eles só gostam de você por ser parecida com el..

– Eu estou bem. - repeti mais seca que o normal.

– Você gosta deles também. Dos dois. - ele refletiu olhando para mim. Olhei para o ponteiro e a porta abriu. Fiquei feliz por não ter que responder a Cas sua descoberta.

Fui até a porta do seu apartamento e segundos antes de eu apertar a campainha Leticya abriu violentamente a porta.

Ela estava em prantos. Seu rímel estava todo borrado, assim como o lápis de olho. Por um segundo ela pareceu perplexa no outro me empurrou para longe dando espaço para si mesmo sair porta afora.

– Le... – Comecei à chamá-la mas fui cortada por ela.

– Me leva embora. – Ela falou se pondo no meio de mim e do Cass enquanto fechava os olhos se preparando.

Olhei para Cass com um olhar interrogativo de quem transportaria agente.

– Pode deixar. – Ele falou enquanto envolvia Leticya em um tipo de abraço de lado.

Eu não pude deixar de pensar: Por que ele nunca fez isso comigo?

Espantei esse pensamento e segurei na mão da Leticya, e assim como ela fechei os olhos esperando que quando eu os abrisse encontrasse Sam e Dean sentados na mesa do quarto no motel, o que eu encontrei foi ambos caídos no chão, Dean de costas para Sam, que agarrava seus braços tentando pegar um objeto pequeno e preto.

Cass se pôs na frente de todos nós e chegou perto tirando o objeto da mão dos dois que ficaram paralisados assim que nos viram. Parecia ser um celular. Antes de eu alcançar Cass, ele disse:

– Quem é Lucas? E porque ele disse que viu você apenas de lingerie na rua, ontem à noite, no impala, se esfregando no Dean como se vocês estivessem no CIO? Ah, e ele acrescentou: Escolha. Ao fim da mensagem.

Cada palavra pronunciada por Cass era como se enormes holofotes se ligavam e miravam apenas uma coisa: Eu. Quase pude sentir minhas bochechas ficando vermelhas e eu quase me encolhendo querendo me esconder.

– E-eu psso explica - disse gaguejando

– Essa eu quero ver. - Dean cruzou os braços.

– Ahn... É que... – Foi o que saiu brilhantemente da minha boca.

– Ok, eu explico. – Dean falou e eu quase sorri achando que ele iria nos livrar dessa. Ele continuou: - Eu e ela fomos para um bar chamado Karamix ontem de madrugada, lá eu cantei uma música para ela e depois de vários drinks nós brigamos, ela saiu correndo para o Impala em meio à toda aquela chuva, lá nós tivemos um papo aberto e super interessante, até nós nos beijamos, e em um ato totalmente compreensível eu abri o zíper do seu vestido enquanto nós nos beijávamos encostados no impala e... bom, vocês devem saber o resto.

Depois de tudo que ele falou, eu não pude deixar minha boca fechada, ela caiu. Ele havia falado toda a verdade, a vergonhosa e safada verdade que em parte eu me arrependo. "Eu vou matar o Dean!" Foi tudo que vinha na minha mente naquele momento.

Imediatamente encarei Sam que encarava Dean. Depois de provavelmente 3 minutos de completo silêncio, Dean disse:

– Paraliso? – Ele se referiu à sam.

– Deveria? – Ele perguntou normalmente em pé ao lado de Dean.

Dean não respondeu, talvez não soubesse o que.

– Eu posso explica. – Repeti brilhantemente como uma retardada que trancou em uma só parte.

– Você não precisa explica. – Sam disse e ao fim deu uma pequena risada, e através dela não tinha ciúmes, tristeza ou raiva, apenas a dura frieza. – Nenhum, ou a maioria, de nós não temos nenhum relacionamento com você. E a desculpa de "minha roupas molharam" não colou. Sua mala estava seca.

– Eu... – Minha voz sumiu.

– E o que ele se referia com: Escolha? – Leticya falou meia roca.

Pensei um segundo em uma mentira, mas eu realmente estava cansada de me afundar cada vez mais nelas.

– Entre ele, Sam, ou Dean. – Falei finalmente enquanto sentava na cama olhando para baixo, ainda envergonhada.

E novamente o familiar silencio constrangedor pairou no ar.

– Eu tinha razão. – Leticya deixou escapar, se tem uma coisa que ela ama fazer é: Fazer os outros saberem que ela esta sempre certa. Vários olhares interrogativos se voltaram para ela. – Você tem que escolher um. E eu já disse isso.

– É. Você tem. – Sam falou se sentando ao meu lado e sorrindo, como se ele não fizesse parte das minhas possíveis escolhas.

O encarei com um ponto de interrogação na minha mente e provavelmente nos meus olhos, junto com uma pitada de raiva de Dean e da indiferença do Sam, o que causava também um misto de decepção e tristeza.

Castiel pigarreou atraindo a atenção de todos.

– Você quer nos contar o que aconteceu? – Castiel perguntou à Leticya e eu me senti culpada por não ter feito isto antes.

– Ahn... Ok. – Ela fez uma longa pausa enxugando teimosas lágrimas e encarando as faces de todos presentes ali. – Eu sou adotada.

Na cara de todos estavam confusão, pena, e solidariedade. Menos a minha que vinha com uma grande e enorme pitada de choque e surpresa. Um rápido flashback veio em minha mente, da nossa infância, da falta de traços parecidos entre Leticya e sua família, de nenhuma foto da gravidez de Reneé e da estranha marca de nascença de Leticya que mais ninguém da sua família tinha.

Meus devaneios foram interrompidos depois de ouvir Cass falar:

– Eu conheço um ritual, para identificar e trazer para cá esse homem do seu sonho.

Me perguntei quanto tempo fiquei "fora de mim".

– Precisaremos de algumas coisas rápidas que eu posso conseguir facilmente, bem, o item mais difícil é... – Cass deu uma pausa. – Sangue de virgem.

Dean gargalhou, e quando eu digo "gargalhou", eu digo que ele quase caiu da cadeira.

– Sinto que neste aposento, ninguém daqui é. – Ele disse entre pequenas risadas enquanto me encarava. Engraçadinho.

Imediatamente uma luz se acendeu dentro da minha cabeça e imediatamente encarei Leticya que olhava com um olhar de: Idiota. Para Dean.

– Ahn, lele. – Falei estimulando ela a falar.

– Ah, sim. – Ela disse depois de me olhar por alguns segundos. – Bom, eu sou. Só espero que ninguém me mate. – Ela falou sorrindo levemente.

Dean imediatamente parou de rir e encarou-a.

– Agora tudo faz sentido... – Ele falou pensando consigo mesmo e eu revirei os olhos.

– Não, não é por isso que eu não cedi. – Leticya respondeu e fez uma careta.

Preferi nem imaginar sobre o que eles estavam falando.

– Ok. Volto já. – Cass disse e desapareceu diante dos nossos olhos.

E novamente se construiu um silencio constrangedor, que foi rompido por um pequeno gemido de Leticya.

– Enxaqueca. – Ela respondeu à todos os olhares interrogativos.

– Ah... – Falei entendendo. – Vocês se importariam de deixar ela sozinha aqui? Só para ela tirar um cochilo.

– Não. – Dean e Sam falaram em coro.

– Quer que eu fique? – Dean perguntou malicioso.

– Fora. – Ela respondeu tapando os olhos.

Nós 3 saímos do quarto deixando Leticya sozinha.

Sam sentou no lado da porta, onde havia um banco. Sentei ao seu lado. Dean seguiu pelo corredor cor creme cheio de quadros.

– Hm... Você ficou chateado? – Perguntei quase em um sussurro.

– Deveria?

– Sam, para. – Falei encarando os seus olhos.

– O que? – Ele falou inocentemente.

– De ser sarcástico, irônico, frio e indiferente. Você não é assim. – Falei aumentando o tom da minha voz.

– É? Me parece que você gosta bastante do Dean. – Ele sorriu ironicamente.

– Não é disso que eu gosto. – Respondi revirando os olhos.

– Tenho medo de perguntar o que é. – Ele sussurrou.

Bufei e me levantei, em passos apressados me dirigi ao fim do corredor.

– Stephanie! Espera! – Sam gritou enquanto vislumbrei ele levantando do banco.

E isso fez meu sangue ferver, imaginei uma cortina invisível no meio do corredor que me teletransportaria para um lugar bom e agradável, qualquer um. Atravessei a cortina.

PDV Sam

Perto do fim do corredor ela desapareceu, segundos antes de eu ter proferido duas palavras que saíram do meu coração e com certeza esqueceram de passar pelo cérebro, pelo orgulho, ou pelo bom senso:

– Me escolha

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