Dark Angel

2ª Fase: Cap. 2 - Estilo lua de mel.



PDV STEPHANIE

Depois de uma noite não conturbada de sono eu me remechia na cama, procurando uma posição confortavel para voltar a dormir. Abri os olhos e vi Cass parado ao lado da minha cama, quase pulei dela.

– Era mais legal imaginar isso nos livros. - Disse pra mim mesma esfregando os olhos.

– Precisamos treinar. - Ele falou sério.

Suspirei. Me levantei e fui de encontro ao banheiro resmugando frases como "é cedo", "quero dormir", "porque eu tenho que ser o híbrido que deve salvar o mundo?" e "ninguém merece".

Lavei o rosto, penteei o cabelo e pûs uma calça jeans, cinto, tenis e uma blusa branca. Não esquecendo das minhas novas pulseiras.

Sai do banheiro e encontrei Cass no mesmo lugar que eu o havia deixado. Ele me avistou e se pôs em pé. Apanhei meu celular que estava em uma mesinha perto de mim e me postei ao lado de Cass.

– Você parece uma caçadora. - ele disse, e estendeu a mão para mim.

Olhei para Sam e Dean dormindo e respondi:

– Eu sou.

Um segundo depois me encontrava ao lado de Cass, em uma sala pouco familiar. Olhei em volta e a reconheci como a sala onde Dean havia ficado preso enquanto Sam rompia o último selo e trazia Lúcifer de volta, só que um pouco maior, sem a mesa, e sem coisas que eu pudesse quebrar e sim que eu pudesse treinar.

– Ah, por que eu não ganho hamburgueres? - disse e fiz uma careta que deve ter parecido triste.

– Depois do treino.

Olhei para o lado, e sorri com um daqueles sorrisos que crianças dão ao saberem que os pais lhe darão pirulitos.

– Vamos começar. - Cass falou se pondo no fundo da sala retangular, e eu me pûs na sua frente.

Estávamos a aproximadamente um metro e meio, talvez dois de distância.

– Me jogue na parede. - Cass disse como se dissesse "Respire".

– O que? Não! - Protestei.

– Não vou me machucar. - Cass me tranquilizou.

– Ok. - Falei receosa.

Levantei minha mão aberta em direção a ele, imaginei ele sendo jogado na parede junto com o movimento da minha mão.

O fiz, e ele não foi jogado para a parede, tentei de novo, e de novo, e de novo, e nada.

– Deixe o seu sentido atuar, deixe-se levar, deixe os seus poderes agirem em você, apenas... liberte-os.

Assenti com a cabeça, respirei fundo e busquei no fundo de mim qualquer sentido desconhecido (talvez animalesco) dentro de mim guiar-me.

Abri os olhos a tempo de ver Cass voar de acordo com a minha mão que o arrastava sem tocá-lo, ele bateu na parede e caiu de costas no chão violentamente, quase o fiz novamente, a sensação de ser tomada e domada era boa, como um caderno novo, com todas as folhas lisas e brancas, com aquele cheirinho de novo tão bom...

Abaixei minhas mãos, e Cass veio em minha direção, arrumando seu sobre-tudo.

Ele se postou a meu lado, olhando para a sala esperando que eu fizesse algo.

– O que eu devo fazer agora? Ele não respondeu. - Preciso de uma ajudinha aqui, vou repetir: O que eu devo fazer?

Continou calado e olhando para a sala.

– Nossa, você é bem tagarela. - revirei os olhos, e me postei de frente para a sala.

Fiz coisas habituais do tipo derrubar objetos, ler pensamentos, derrubar anjos, quebrar cadeiras. Bom, eu nunca havia quebrado cadeiras. Cass continuava imovel, me observando do fundo da sala.

Depois disso fiquei minutos pensando o que eu devia fazer, e nada me veio a mente. Me virei e me postei a frente de Cass que continuava parado, no mesmo lugar. Olhei-o profundamente. Meu Deus, aqueles olhos... Completamente azuis...

Sacudi a cabeça, tentando me concentrar. Levantei a mão na altura do seu coração, e a fechei a torcendo. Cass se retorceu e imediatamente abri minha mão.

Eu havia mesmo conseguido fazer aquilo? Bom, receptaculos tinham coração óbviamente, mas Cass sentir? Não pensei que fosse possivel. Eu estava atônita.

– Você é poderosa.

– Ah, veja só: ele fala.

Ele parecia querer responder a minha provocação, mas apenas disse.

– Derrubar anjos não é fácil, nem ler os pensamentos deles, e muito menos conseguir quase arranca-los o coração.

– Eu realmente consegui quase arrancar seu coração?

– Bom, o meu? Não. Mas o de Jimmy, quase. E eu senti. Ninguém nunca havia cometido esse feito antes.

Tinha vontade de rir, meu Deus eu era mesmo poderosa assim?

– Faça mais alguma coisa. - Cass disse e voltou para a mesma posição de segundos atras.

Fechei os olhos e quando abri vi um homem postado a minha frente.

Altura aproximada de 1,85, cabelos cacheados e curtos em um tom acobreado que lembrava bastante o crepúsculo cobre da tarde, usava uma camisa branca com listras pretas e pode se dizer que ele era bem... apessoado.

– Um anjo? O que você faz aqui? - Cass me olhou, e rapidamente direcionou o olhar para o tal anjo.

– Sou Vehuel. Ela me chamou. - Ele apontou para mim. Arregalei os olhos.

Eles me fitaram.

Vehuel? De acordo com Leticya, ele era o anjo do dia 19 de julho, por tanto, ele é meu anjo.

– Ahn, acho que você ja pode... ir. - Eu disse meio confusa e um tanto quanto constrangida.

Observei meu anjo desaparecer.

– Você é poderosa. - Ouvi a voz de Cass bem atras de mim, o que me deu um arrepio. Me virei para encara-lo. - Isso é uma coisa que eu pensei que você realmente não pudesse fazer, porém você não poderá chamá-los sempre que quiser. Mas que fique claro: eles só vão para a Terra quando querem, quando acham necessário. Ou quando alguem superior os manda.

– Você. - Observei.

Ele conscentiu e uma ideia pairou sobre a minha cabeça.

– Você vai ajudar na guerra, certo? - Perguntei erradiando esperança.

– Errado. - Ele falou como se estivesse se torturando.

– Errado?

– Certo.

– Certo?

– Errado.

– Errad... Chega disso. - Falei farta.

– Eu não posso interferir, ou qualquer outro anjo. Não é a nossa luta, nós não podemos interferir nas coisas que ocorrem na Terra, assim como o destino dela.

Ficamos alguns minutos nos olhando, que chance teríamos sem o apoio celestial? Haverá provavéis 50 mil seres das trevas e Leticya Toda Poderosa contra quem? Eu, Sam e Dean? MAS QUE DROGA!

Ele segurou a minha mão, e instantaneamente estavamos no quarto de motel novamente.

Dean estava sentado na mesa em frente a cama de casal comendo um delicioso e suculento X-Burguer, Sam abria a porta do banheiro e cometi o erro de olhar na sua direção, pois ele saía de um provável banho.

Ele estava apenas de toalha na cintura, gotas de água desciam do seu pescoço até chegar ao seu abdomên... E devo dizer: Que abdomên expetacular!

Acompanhei o caminho de uma das gotas de água que desciam desde seu pescoço, até que ela escorregou para dentro da toalha no exato momento que ouvi Dean me chamar.

– Stephanie, onde você estava? - ele disse cruzando os braços.

Não tive tempo de responder, e agradeci por isso. Cass se pronunciou primeiro.

– Estavamos treinando.

Dean ia protestar porém, revirou os olhos e se voltou ao seu X-Burguer.

– E os meus hamburgueres? - Me virei rapidemente para Cass ao me lembrar deles.

– Amanhã. - Pela primeira vez Cass sorriu para mim, e desapareceu.

– Vocês vão treinar todo dia então, a sós? - Dean disse com uma quase expressão ciumenta.

– É, algum problema? - Ele se calou ao não saber responder-me. - É, foi o que eu pensei.

Me sentei na cama e comecei a tirar meu tênis.

– Pode parar de tirar o tênis, vamos treinar agora. - Sam disse e se levantou, pegou sua flanela e se dirigiu a porta.

Comecei a colocar o pé de tênis que arressem havia tirado enquanto Sam estava parado na porta, gesticulando para mim sair.

– E eu sempre ultima opção. - Dean balbuciou ainda sentado a mesa. Fechei a porta.

– Vamos? - Ele me deu a mão.

– Ah não. Nós vamos de carro. - Sacudi a chave na mão.

– Dean vai ficar puto.

– Eu sei. - Sorri sarcásticamente e caminhei de encontro ao Impala com Sam ao meu lado.

– Você não presta. - Ele riu.

–Você não é a primeira pessoa que me diz isso - Atirei a chave para ele e entramos no carro.

Após alguns minutos estavamos diante da orla de uma pequena floresta.

– A gente vai entrar ai? - perguntei meio desconfiada.

– Sim. - Legal - Disse sorrindo - sempre quis entrar em uma. - Tomei a frente e entrei na floresta.

Após mais alguns minutos haviamos adentrado uns 500 metros a floresta, e então parei.

– Vamos - ele me puxou - falta pouco.

Respirei fundo e continuei caminhando. Uns 100 metros depois estavamos diante de um imenso campo aberto e verde, uma clareira.

– É lindo. Como você conhecia?

– Não conhecia - Ele disse simplesmente e caminhou a minha frente.

– Ah, claro. - Respondi com ironia e caminhei atras dele.

De repente Sam parou, e se postou a minha frente.

– Mostre o que sabe fazer.

Me aproximei dele totalmente desajeitada, e tentei lhe dar um simples soco com a mão direita. Ele segurou minha mão, e mudou seu rosto pra uma expressão sarcástica.

– Não tão cedo garotão. Segurei com minha mão esquerda seu braço que segurava minha mão, e o rodei prendendo-o em suas costas, Leticya havia me ensinado esse golpe. Ficamos um segundo imóvel e de repente ele colocou sua perna para tras, entre as minhas, e me deu uma rasteira. Cai no chão. Ele me olhou e sorriu sarcásticamente, logo depois me estendeu sua mão me ajudando a levantar, a segurei, e o puxei para baixo me postando em cima dele. Nossos rostos separados por não mais que 3 centimentros.

– Eu disse não tão cedo.

Finalmente nos levantamos. Notei um arranhão na minha mão que sangrava levemente. Sam a pegou dizendo.

– Você é boa. - Ele me olhou e desviou o olhar para minha mão novamente.- Mas não tanto.

Ele segurou meu braço e o pôs nas minhas costas, exatamanete igual ao que eu havia feito com ele antes. Ele colocou sua outra mão na parte das minhas costas, até a altura de cima da bacia, o que fez minha blusa levantar-se um pouco. Ele levantou-a um pouco mais, e pousou sua mão, quente e forte, sobre a minha costela direita. Ficamos imóveis naquela posição durante uns 20 segundos de tensão, era estranho e bom sentir Sam tão perto, como aliás eu nunca havia sentido. Até que Sam apertou levemente minha costela e disse:

– Se você acerta alguém aqui com algo forte, vai deixar a pessoa paralisada.

Ele escorregou sua mão de encontro a minha bacia novamente, o que me proporcionou um pequeno arrepio. Me virei para ele.

– Algo forte do tipo...

– Bom, se você atirar uma pedra, uma pedra grande capaz de quebrar uma costela, por exemplo. Ou se fizer a pessoa enfiar uma faca ali e perfurar o pulmão.

– É uma boa idéia. Uma ótima idéia na verdade. - Observei

Tentava não olhar nos olhos dele por muito tempo, tinha medo de me perder neles.

Sam caminhou 10 passo para tras, se afastando de mim. Colocou a mão nas costas, atirou algo na minha direção e falou:

– Pensa rapido.

Um segundo depois levantei minha mão como fiz com Cass, e a joguei para o lado levando o objeto junto. Uma faca. Ela prendeu na árvore.

– Nada mal. - Ele sussurou.

– Você esta tentando me matar é? - Caminhei de encontro a ele com uma expressão séria no rosto e parei a meio metro de distância dele.

– Eu acredito em você, sabia que não ia se machucar.

– Aé, como? Você não sabia que eu fazia isso.

– É, mas pensei no minimo que fosse se esquivar. Ou se teletransportar. E a proprósito, quando você aprendeu isso?

Levantei minha mão para meu lado direito, e puxei a faca de volta para minha mão. Entreguei-a para Sam.

– Vamos continuar.

Me afastei de Sam, e rumei de volta a meu lugar. Ele suspirou e guardou a faca no bolso.

– Atire em mim.

– O quê? Não. - Sam respondeu - Você está louca?

– O que tem demais? Você jogou uma faca em mim, pode muito bem atirar. - disse como se fosse a coisa mais normal do mundo.

Sam continuou parado.

– FAÇA. - Gritei.

Ele hesitou um pouco, até que tirou a arma do cinto e apontou para mim.

– Atire. - Abri os braços e sorri sarcásticamente.

Ele hesitou novamente. No exato momento em que ele apertou o gatilho me teletransportei para trás dele. Não ouvi barulho nenhum de tiro, a arma estava descarregada. Sam olhou confuso para o lugar que eu estava segundos atras.

– O que foi Sam? - Disse no seu ouvido, ele se virou bruscamente, provavelmente havia se assustado. - Não consegue atirar em mim? É, eu sei, sou querida de mais pra alguém suportar me perder. - Pisquei para ele e ri. Ele riu levemente em resposta e posso jurar que ficou ruborizado.

Treinamos mais alguns golpes fáceis, e voltamos para o carro, Sam disse que iria aumentar o ritmo dos treinos apartir de agora. Fiquei impressionada comigo mesma por estar tão entusiasmada para a próxima aula.

Nós estávamos voltando para o hotel a provavéis 3 minutos em completo silêncio, até que ele suspirou e sem jeito falou:

– Stephanie, me diz uma coisa?

– Ahn, sim. - Respondi temerosa analisando seu rosto, sua expressão estava definitivamente mostrando o conflito dentro de si, quase conseguia ouvir sua mente: Perguntar ou não perguntar, eis a questão.

Por um segundo me perguntei se eu literalmente havia ouvido sua mente, mas antes de eu ter alguma conclusão ele continuou tropeçando nas palavras após a rápida pausa:

– Quem... Você escolheu?

Hesitei um pouco, mas quando abri a boca para falar notei uma luz forte da janela que havia no meu lado do carro, e desmaiei.

Acordei com Sam me balançando, senti uma forte dor de cabeça, senti algo pressionando minha perna, abri os olhos com muita dificuldade, tudo estava meio fora de foco, eu não entendia a cena que via, havia Sam me balançando ao meu lado no banco do motorista, um homem caído ao lado de um carro preto ao meu lado direito com a frente toda amassada, olhei para baixo e vi o Impala praticamente destroçado, toda a parte lateral estava amassada, não havia mais retrovisor e vidro se espalhava por todo o chão, tambem notei metade do vidro da frente rachado.

– Dean vai ficar mais puto ainda. - Sussurei para mim mesma balançando com dificuldade a cabeça.

– Graças a Deus você acordou! - Ele disse me abraçando, minha cabeça doia tanto que não conseguia nem racionar e retribuir seu abraço.

– Você está bem? Vou te levar pro hospital.

– Não, não, eu estou bem. - Disse passando a mão no rosto.

– Mesmo? - Ele perguntou enquanto pegava minha mão e trazia-a para o meu campo de visão, ela estava coberta por sangue.

– Ah... O que aconteceu? E você, esta bem?

– Bom, o carro bateu só no seu lado... - Eu olhei para o homem caído e ele entendeu a pergunta.

– Ele era um demônio Stephanie, ele... Queria te matar. E eu estou bem, juro.

Ele ligou o carro e me perguntei como era possível isso acontecer com todos aqueles danos. Ele passou umas duas quadras (quase na velocidade máxima do carro) e entrou no estacionamento de um hospital.Eu juro que tentei ler o nome do hospital, mas eu não sei se eu não consegui por causa da velocidade do carro, da minha tontura, ou por causa que eu me sentia fraca o bastante para dormir agora e acordar daqui um mês... Ou dois.

– Vem. - Sam disse e quando me dei conta ele já abria a minha porta (que quase caiu) e me pegava no colo.

Não pude conter o pensamento: Ele me carrega como se estivéssemos indo para Lua de Mel.

Em um segundo (ou talvez eu tenha desmaiado momentâneamente) eu já estava em uma maca e me levavam por um corredor branco, minha cabeça balançava com o ritmo da maca dobrando os corredores, ouvi uma enfermeira ruiva praticamente gritando para Sam que ele não poderia passar daquela porta, e depois tudo ficou fácil, do tipo: Sem barulhos ao redor, sem sangue pingando de mim direto para o chão, sem médicos colocando luzes fortes nos meus olhos, sem... Um mundo para salvar. Eu havia desmaiado.

(...)

Virei-me para o outro lado deitada na cama, senti um metal desconhecido e gelado nas minhas mãos, abri vagarosamente os olhos e notei o quarto todo branco. Em uma poltrona branca estava ela, mexendo em seu mini iphone pink.