Dark Angel

2ª Fase: Cap. 3 - O aroma da flor.


Tive um pequeno flash do que aconteceu, do acidente. Minha cabeça doeu e imediatamente levei minhas mãos até minha testa, fios estavam grudadas nela.

- Estão fazendo lobotomia em mim? - Coloquei as mãos nos fios para arrancá-los e ela pulou da cadeira segurando minhas mãos. - O que diabos você está fazendo aqui Leticya? - Falei sooando um pouco rude, mas eu estava atordoada de mais para pensar direito agora.

- Eu fiquei preocupada com você.

- Como você soube?

- O importante é que eu larguei o Lucas, eu não quero continuar sendo... Daquele jeito. - Ela forçou um sorriso, ela nunca foi boa em sorrir falsamente.

- Você agora é do bem? - Perguntei estreitando os olhos.

- Sim. Eu voltei! - Ela falou pulando e me agarrou em um abraço.

Retribui o abraço fisicamente, mas mentalmente eu só conseguia pensar: Algo não está certo.

Ela sentou-se novamente na poltrona graciosamente branca, e seu celular deu um leve toque. Mensagem. Sua expressão era apreensiva e pensativa.

Nos dois segundos que ela levou para digitar uma mensagem em resposta, entrei na sua mente, sem querer. "Ela está bem" ouvi apenas. Minha cabeça doia muito, não estava controlando aquilo.

Franzi levemente o cenho para que ela não notasse.

- Quem era? - perguntei.

- Ninguém. - ela largou o celular em seu lado na poltrona e dirigiu o olhar para mim sorrindo.

- De qualquer forma, eu odeio esse celular.- disse em meio a uma careta. - Por que diabos alguém tem um celular rosa?

- É fashion.

- É ridiculo.

Leticya não teve tempo para contrapor minha palavra pois Sam adentrou o quarto com algums flores brancas na mão, não reconheci quais.

- Eu trouxe pra... - ele sorria, mas quando olhou para meu lado e viu Leticya sentada na poltrona, sorrindo, sua expressão se tornou confusa. - você. - ele terminou a frase.

- Ah, obrigado. - sorri.

Ele se aproximou da minha cama, e pôs as flores na mesinha de cabeceira que havia ali. Ele me olhou, e em seu olhar havia uma pergunta silenciosa: "o que ela faz aqui?" gesticulei um também silencioso "não sei."

- Ahn, são Cravos Brancos. - Sam explicou enquanto eu apreciava-as.

- São conhecidas pelo significado. - Leticya disse sorrindo, e ela deve ter entendido que a pergunta pairou no ar, pois logo continuou: - Amor ardente.

Senti minhas bochechas ficarem rosadas e vi o mesmo acontecer com Sam que imediatamente trocou de assunto.

- O que... Você está fazendo aqui Leticya? - Ele perguntou sério se encostando de costas na cama e cruzando os braços, olhando intrigado para Leticya.

- Eu voltei. - Ela levantou colocando o celular no bolso, como se estivesse o escondendo. E de um modo estranho (e eu diria falso) ela continuou:

- Eu chutei o traseiro do Lucas, uhul!

Sam fez um sinal de aprovação com a cabeça e sorriu tão verdadeiramente feliz que por um segundo me senti com raiva, o que é um pouco burro já que eu não tenho direito disso... e antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa foi a vez de Dean adentrar a porta. E lá vinha mais um buquê de flores. Essas eram rosas.

Dean olhou todos na sala com um esperado ar confuso.

- Hoje é o dia da flor ou o quê? - Leticya se pronunciou.

- Ahn... - Dean disse enquanto olhava para a mesinha que Sam havia depositado suas flores.

- Não tem problema - olhei com cara feia pra Leticya - eu gosto - e sorri.

- Ótimo - ele sorriu em resposta e depositou suas flores ao lado das de Sam, contrastando o branco com o rosa.

- Orquideas é - Leticya disse com os braços cruzados. Todos olhamos para ela com um "pode fala" estampado no rosto. - Beleza. Lúxuria.

Dean e eu nos demos uma rápida olhadela

- Perfeição. - ela disse por ultimo.

- Interessante - Dean disse se sentando aos pés da minha cama - Algo mais interessante é a pergunta que eu estou me fazendo agora: O que você faz aqui?

- Eu voltei. É tão dificil de interpretar?

- Bom, é. Todos vimos você ir com o Lucas e toda aquela palhaçada do "eu te aceito como você é blablabla" e o seu alto e claro "ok". Acho que nós merecemos uma resposta melhor do que um óbviu "eu voltei". - foi a vez de Dean cruzar os braços.

Ela olhou pra mim e para Sam tentando achar o nosso apoio porem falamos em coro.

- Ele está certo.

Ela hesitou e sua expressão era apreensiva.

- Bom, ele começou a falar umas coisas que eu não gostei. Sabe, eram muito más até pra mim, até pra vocês. Acho que ele só queria me usar. - ela explicou.

Ficamos alguns segundos parados, a olhando.

- Você está bem? - Dean se aproximou de mim com uma expressão preocupada, e passou a mão em meus cabelos.

- Sim. - disse piscando os olhos demoradamente e sorrindo. Ele sorriu em resposta. - Minha cabeça ainda dói mas, sim.

- Vamos deixar você dormir. - Sam disse de pé, atras de Dean e sorriu.

Vi os três deixarem o quarto e em menos de 5 segundos eu adormeci. Lembro-me de ter percebido duas coisas antes de adormecer: Leticya protegia seu celular, e ela não parava de sorrir, em nenhum momento.

(...)

Acordei e vi Leticya, Dean e Sam próximos a janela conversando. Fiquei calada os observando, até que Leticya me viu, todos se viraram.

- Ah, você acordou finalmente. - ela disse e sorriu.

- Quanto tempo eu apaguei?

- Umas 7 horas - Dean disse se aproximando da minha cama, e parando de frente a mesinha de cabeceira.

- Eu dormi 7 horas durante o dia? Sério mesmo?

- Poisé, estranho até pra você não? - Leticya disse rindo.

Dean segurava uma única rosa vermelha na mão.

- Da onde você pegou isso? - Sam disse apontando para a flor na mão de Dean.

- Tava aqui junto com as outras...

- Ninguém de nós entrou no quarto enquanto Stephanie dormia. - Sam disse intrigado e um pouco assustado.

- Uma rosa vermelha... - disse enquanto minha voz perdia o som.

Todos olhamos para Leticya, e ela então entendeu nosso pedido.

- Paixão eterna. Desejo.

- Quem...? - Comecei e Leticya não me deixou acabar.

- Não é óbvio? É claro que foi o Lucas, Stephanie! Ele sempre vai te amar, sempre! Você entende isso? - Ela falou exasperada balançando os braços enquanto caminhava pelo quarto olhando para o chão. E foi depois de dizer suas últimas três palavras que ela saiu do quarto batendo a porta: - Mas que droga!

- Sabe do que ela precisa? - Dean falou se encostando na parede mais calmo do que nunca.

- Do que? - Sam perguntou ingenuamente.

- Sexo. - Ele falou sério, e logo após anunciou que iria buscar um café para mim.

Enquanto virava meu rosto para falar com Sam, falamos em coro:

- Tem alguma coisa errada com ela.

- Com licença. - O médico adentrou o quarto. - Parabéns... - Ele fez uma pausa e olhou na prancheta meu nome. - Stephanie Simon, eu não sei como, mas você está praticamente curada, você mostrou sinais de um provável coágulo formado no cérebro com o impacto do vidro em contato com a sua cabeça durante o acidente, porém as suas ondas cerebrais estão ótimas.

- Ela é cabeça-dura. - Sam falou rindo, e o médico não acompanhou.

- Desculpa, continue.

- Se o coágulo estivesse aí nós precisaríamos fazer uma cirurgia bastante grave, pois o coágulo oprimiria o cérebro te impedindo de fazer coisa básicas como comer, enxergar, ou até mesmo influenciar na respiração... Mas enfim, você está perfeita, por um milagre! Você terá alta amanhã de manhã. - Ele disse saindo do quarto sem me dar chance de me pronunciar.

- Eu diria que é meu lado angelical. - Falei me gabando.

- Mas que pedacinho do céu esse médico! - Leticya adentrou o quarto falando e em seguida abriu a boca em um enorme "O" se abanando.

Concordei com a cabeça freneticamente.

- Nossa, vocês tem um péssimo gosto. - Dean disse enquanto entrava no quarto junto com Leticya.

- E se você estivesse na nossa lista de pedacinhos de céu? - Leticya respondeu estreitando os olhos.

E assim que Dean percebeu o que ela havia dito ele sorriu triunfante.

- Eu falei "E se"! - Ela se defendeu.

- Agora já era Leticya. - Falei rindo da sua cara.

Ela bufou e atirou a almofada da poltrona nele que se encostava ao lado da janela aberta, a almofada simplesmente voôu da janela direto para o estacionamento do hospital, segundos depois um alarme de carro soou alto alertando que alguma coisa estava errada, ou que uma almofada havia sido atirada do 23º andar direto para o carro.

- Bela mira. - Dean disse rindo e foi aí que me veio a ideia:

- Falando em mira, Leticya tem que aprender a atirar para conseguir sobreviver na guerra.

- E você também. - Sam disse.

- Eu já sei atirar, meu pai me levava em clubes onde forneciam aula de tiro gratuitamente. - Sorri satisfeita por ser útil.

- A vida de rico deve ser boa, né? - Dean perguntou para Sam.

- Sabe que deve mesmo...

- Gente, foco! Quem vai ensiná-la? - Perguntei.

- Eu vou estar ocupado te ensinando a lutar. - Sam respondeu. - Cass, te ensinando a usar seus poderes, e Bobby está a procura de caçadores, sobrou o... Dean.

- O que? Não! - Leticya e Dean sobressaltaram e responderam em coro.

- Stephanie! - os dois gritaram na minha direção esperando algum apoio meu.

- É isso ai mesmo.

- Você vem junto. - Dean disse vindo para o meu lado na cama, e se abaixou sussurando. - Eu não quero ficar sozinho com ela.

O olhei confusa.

- Mas eu sei atirar! - revirei os olhos. - E tenho a impressão que eu sei atirar melhor que você. - provoquei.

- Duvido.

- Ahn... - Leticya ia terminar a frase quando eu disse:

- Quer apostar? - ele retrucou um pouco furioso.

Leticya abriu novamente a boca pra falar, mas não teve tempo.

- É na verdade eu quero sim. - respondi.

- O QUE EXATAMENTE VOCÊS VÃO APOSTAR? - Leticya falou alto demais, soou quase como um grito.

- Quando chegar a hora a gente vê. - ele sorriu sarcasticamente para mim.

Leticya e Dean ficaram calados, cada um sentado em uma poltrona. Sam permanecia sentado do meu lado na cama.

- Vocês não querem ir pra casa e vir amanhã de manhã? Vocês estão cansados.

Todos discordaram mas persisti e acabei os convencendo.

- Até amanhã. - Sam disse segurando minha mão e sorrindo.

- Até - sorri sinceramente em resposta.

Sam foi de encontro a porta e parou ao lado de Leticya enquanto Dean vinha de encontro a mim. Nós dois olhamos para Leticya e ela revirou so olhos. Dean se abaixou perto do meu resto e eu lhe disse:

- É, ela precisa mesmo de sexo. - nós demos uma gargalhada controlada.

- Se cuida.

- Você também - respondi, ele dei um beijo em minha testa e sorriu.

De repente os três estavam parados na porta, me olhando.

- Isso é assustador. - falei em meio a uma careta.

Os três riram. Eles saiam pela porta quando chamei por Leticya.

- Será que você pode me trazer uma roupa amanhã?

- Claro.

Ela saia pela porta quando gritei.

- Eu disse roupa não fantasia.

Ela colocou a mão pra cima e gesticulou um "ok" com os dedos e logo após fechou a porta.

Suspirei, logo após fechei os olhos e pensei "como é legal poder dormir bastante". Ri comigo mesma e re-abri os olhos. Olhei para a janela e vi que a lua ia surgindo a oeste. Adormeci com essa visão

(...)

Eu já estava vestida com a minha blusa básica preta, meu casaco de couro, e uma bota que foi presente de Leticya. Essa foi a roupa que ela havia me trazido, o que me deixou bastante preocupada, pois pelo que eu sei, Leticya não usava saias de couro (mesmo que não sendo justas) ou casacos de couros, e é exatamente essa a roupa que ele esta. Desde quando ela adquiriu esse estilo?

Roupa Stephanie: ( http://imageshack.us/photo/my-images/716/stephosp.jpg/ )

Roupa Leticya: ( http://imageshack.us/photo/my-images/687/eutrreinanun.jpg/ )

-Então nós iremos roubar um carro? - Falei um pouco indignada de mais enquanto andava pelo estacionamento do hospital.

- Melhor do que ir andando. - Leticya disse com indiferença enquanto andava com o seu enorme salto e digitava no seu celular sem olhar para o chão e o mais impressionante: Sem cair.

- Será que dava para fazer menos barulho? - Dean implicou em relação ao enorme salto de Leticya criando um enorme e sonoro eco pelo estacionamente coberto.

- Por isso eu prefiro botas. - Eu disse sorridente.

- Mas oque...? - Sam disse enquanto tropeçava em uma chave de carro caído no chão.

Parei para analisar Sam se abaixando e pegando a chave. A chave tinha um chaveiro de um enorme L com strass.

- Espera, essa não é...? - Comecei a frase e foi Leticya que terminou:

- Minhas chaves? - Ela guardou o celular no bolso da saia e pegou a chave da mão de Sam, apertou o botão, e o alarme apitou.

- Meu carro! Que saudade! - Ela disse gritando sorridente e indo de encontro com seu porsche panamera preto. Ela abraçou o carro. ABRAÇOU! E por um segundo tive a impressão que ela era ela mesma.

Entrei no banco do passageiro ao lado do motorista e Sam e Dean entraram na traseira após ter guardado as armas no porta-malas, esperamos cerca de um minuto seu ataque acabar, ela se recompor, e dirigir o carro direto para algum campo de treinamento, ou campina, ou seja lá o que for!

- Eu esperava uma carruagem rosa. - Dean implicou.

- Confundiu o meu com o seu carro? - Ela riu e encarou ele pelo retrovisor enquanto estava parada em uma sinaleira.

- Meu bebê não está em condições de se defender! - Dean falou furioso.

- Só vire a direita! - Sam gritou em meio a gritos e xingamentros entre os dois.

Logo estávamos entrando em uma floresta.

- Aqui está bom. - Dean falou e saiu do carro enquanto ele ainda andava.

- Você quer morrer? - Leticya gritou freiando o carro.

- Bem que você ia gostar! - Ele respondeu. Vi o sorriso malvado propositalmente estampado na sua cara.

Todos descemos do carro e Dean anunciou:

- Que o torneio comece.