— Já arrumou suas malas? Seu passaporte tá aí? Tá levando casaco? — Essas e mais perguntas eram gritadas para mim enquanto eu corria de canto a canto do quarto.

— Mãe! Para! Você tá me deixando doida! Já falei que tá tudo aqui, só falta eu arrumar a minha bolsa! — Gritei para a sala, onde minha mãe, Elisa, se localizava.

Ela continuou gritando coisas do tipo “Você vai se atrasar!”, “Já conferiu o número do seu voo?”. Revirei os olhos suspirando em seguida, mães…



Peguei meus fones de ouvido e conectei em meu celular, abri o aplicativo de músicas colocando em uma música aleatória.



— AH MEU DEUS! — Gritei com os primeiros acordes de “War Of Hormone” do BTS.

Comecei a dançar e cantar a música normalmente enquanto terminava de arrumar as coisas.

Jonjaehae jwoseo (cham) gamsahae
(Eu sou agradecido pela sua existência)


Jeonhwa jom haejwo naega (ham) bap salge
(Me ligue, eu comprarei comida para você)


A yojeum michin michin geo gata gichim gichim
(Eu acho tenho ficado louco recentemente)


Hage mandeuneun yeojadeul otcharim da bichim, bichim
(Garotas que me fazem perder o fôlego)

(Berimachwi) ttaengkyu, nae siryeogeul ollyeojwo
[(Muito) obrigado! Por aprimorar minha vista]


(Jayeollasik) don deuril pillyo eobseo
[(Lasik natural) Não precisa gastar dinheiro com isso]

I’ll be in panic I’ll be a fan
(Eu entrarei em pânico Eu serei um fã)


And I’ll be a man of you, you, you, you babe
(E eu serei um homem para você você você você querida)



Dancei pelo quarto enquanto me esgoelava cantando ao som da melhor banda do planeta Terra. Tentei aumentar mais ainda o volume pra ver se a música entrava no meu ser, mas os fones estavam quase estourando no volume máximo, assim como os meus tímpanos.


Hello, hello (what)
[Olá, olá (o quê?)]


Hello, hello (what)
[Olá, olá (o quê?)]


Tell me what you want, right now
(Me diga o que você quer, agora)



— QUERO VOCÊ JUNGKOOK! AMOR DA MINHA VIDA! — Gritei dançando como doida pelo quarto.



Hello hello (what)
[Olá, olá (o quê?)]


Hello hello (what)
[Olá, olá (o quê?)]


Imma give it to you girl, right now
(Eu vou dar isso pra você garota, agora)



— SE PREPARA QUE A ARRASADORA TÁ CHEGANDO COREIA!

— ESTELA! PELO AMOR DE DEUS! — Minha irmã mais velha entra no quarto gritando comigo.

Acho que eu me empolguei um pouquinho…

— Qual foi?! Posso nem mais ser feliz nessa casa?!

— Claro que pode, desde que você não faça os vizinhos quererem chamar a polícia, tá ótimo!

Ela se jogou na cama mexendo no celular enquanto eu revirava os olhos. Coloquei as minhas últimas coisas dentro da minha mochila azul com glitter que eu usava para levar minhas coisas de dança.

— Pode me ajudar a levar essas coisas lá pra sala? — Perguntei para Clara que ainda estava jogada na cama.

Ela suspirou pesadamente, mas logo se levantou pra me ajudar com as malas.

Quando cheguei na sala e vi minha família toda reunida na mesa do café, me bateu uma saudade deles antes mesmo de sair. Meus irmãos se sujavam com o pão com chocolate e manteiga, enquanto papai passava geleia de bluebarry na torrada com manteiga e mamãe mexia a colher em seu café com leite.

Vou sentir saudades daqui… Mas é a vida, fazer o que? Aí… Fui ruim agora, mas vida que segue!

Me sentei à mesa e me servi de um queijo quente que mamãe havia feito pra mim.


Conversamos, rimos e até choramos nesse meio tempo em que estávamos sentados tomando o café da manhã. Meu celular apitou com o alarme que eu tinha colocado nele pra me avisar de ir para o aeroporto.

— Vamos? Temos que ir, está na hora já.

Papai se levantou assim como todos na mesa e cada um foi levando uma mala para o carro. Entramos todos na pequena Towner que meus pais tinham e fomos direto para o aeroporto de Vitória.

[...]



Todos os passageiros do voo 1785 com destino a Seul, escala em Guarulhos - São Paulo, escala em Paris - França, por favor dirijam-se ao portão de embarque 5 plataforma 2.

É agora…

Me levantei nervosa e abracei minha família. Mamãe e papai me desejaram todo sucesso e felicidade do mundo, dizendo que a qualquer hora eu poderia voltar pra casa que eles estariam de braços abertos. Clara não sabia como se expressar com palavras direito, então apenas me deu um abraço forte e um carinho nos cabelos. Bento e Lorenzo, os pequenos pestinhas de 12 e 11 anos me abraçaram e me desejaram sorte.

Sorri emocionada com um nó na garganta e peguei minha bolsa, a única bagagem de mão que estava levando.

Corri para abraçar todos novamente quando olhei pra trás e depois segui meu caminho rumo ao portão 5, onde a minha maior aventura de vida começava.