Betty estava se preparando para sair quando Nicolas a abordou. -

Betty, Betty. Preciso te contar algo!

—Nicolás, estou de saída.

—Betty, é muito importante! Preciso falar contigo!

—Pois fale, Nicolás, estou de saída!

—Sabe do que está acontecendo com a empresa do Mendoza?

Logicamente Betty sabia, inclusive das investigações, mas não sabia do que Nicolás iria te contar)

—Sabe que ando adquirindo ações das empresas?

—Sim.

—E uma das empresas que estão oferecendo ações no mercado é Ecomoda.

—O quê?

—Sim.

—E você não comprou dessa, não é?

—Comprei.

—Está louco?

—Não. A empresa é boa e sólida. Está passando por crise, por isso, um dos acionistas está vendendo.

—Daniel Valencia?

—Sim. O presidente.

—Você não podia ter adquirido ações da empresa sem falar com Armando!

—Aí que está! Tentei falar várias vezes e ele não quis ouvir! Era uma grande oportunidade, Betty!

—Deveria ter falado comigo.

—Estou falando, você sempre tão ocupada. Acontece que tem novidade: o mesmo que me recomendou que adquirisse as ações, dr. Bezerra do Banco Montreal.

—Meu ex-chefe.

—Sim e até perguntou de você e elogiou Terramoda. pois quem está adquirindo as ações é Terramoda. Bezerra me disse a razão de ter me oferecido, Eco moda contraiu um bom empréstimo com o banco, mas não conseguiram pagar, que também não pagaram a anterior e que senão pagarem, serão embargados.

—Quê?

—Sim.

—Não podem fazer isso. Tenho amigas que trabalham lá, Armando tem parte na empresa.

—Eu sei.

—Não tem como evitarmos isso?

—Pelo que dr. Bezerra disse, como temos ações na empresa poderíamos pagar a dívida, mas é alta ou comprar a dívida e fazermos um embargo preventivo. Melhor falarmos com especialistas.

—Faça isso, Nicolás, falo com Armando.

Betty havia dito a ele, que não gostou nada de Nicolás ter adquirido as ações sem falar com ele. Muito menos sabe que Daniel havia colocado ações à venda, não imaginava que a situação financeira estivesse tão grave assim. Logo, resolveram ligar para um escritório que tinha parceria com Terramoda e Liñarez.

—Só vejo como solução se oferecerem pagar o empréstimo, emprestarem dinheiro para Ecomoda e se ela não pagar, fazerem o embargo preventivo.

—_______________

Mas as finanças não eram o único problema que Ecomoda estava passando nas mãos de Daniel

—Por favor, doutor! Isto é terrível para mim, para minha dignidade. –dizia Gutiérrez.

—Se toca, você vai ter que aguentar um pouco,

—Não tem como. Minha Marulla insiste em saber como parei na cadeia, ameaça me tomar meus filhos e tudo que tenho. Não posso aguentar mais!

—A empresa está sem dinheiro.

—Ecomoda sempre teve dinheiro, muito dinheiro.

—Não podemos usar o dinheiro de Ecomoda para isso!

—Trabalhei nesta empresa há 25 anos algo tem que fazer por mim!
—Engraçado não é Gutiérrez. Trabalhou pela empresa ou se serviu da empresa?

—Não estou entendendo, doutor.

—Veja bem, como explico na reunião da diretoria que preciso pagar a fiança de um dos acionistas porque foi preso por envolvimento em tráfico de escravas sexuais?

—Não estou sozinho nesta, doutor Valencia.

—Acho bom que fique bem calado, este negócio é maior que eu, maior que você. Melhor que não abra o bico.

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Mas de uma coisa que Gutiérrez tinha mais medo do que das ameaças de Daniel ou da máfia era de sua esposa Marulla.

—Entenda, Marullinha, não sabia que estavam envolvidos em algo assim.

—Como não sabia? Lógico que sabia! Você é safado, aposto que também se aproveitou.

—Não, Marullinha. Pensei que era um negócio limpo.

—Não há outro jeito de sair dessa.

—Podemos usar nossas economias para tirar-me da cadeia.

—O dinheiro que temos guardado para nossos filhos? Mas nunca! Nunca!

—O que acontece aqui? -perguntou Thompson.

—Uma simples conversa com a esposa.

—Não foi o que me pareceu. Parece que discute com todas suas visitinhas.

—Visitinhas? Que tipo de visitinhas? -perguntou a esposa.

—Com Daniel Valencia hoje pela manhã e agora com a sua senhora.

—O que Daniel Valencia veio fazer aqui que não te tirou da cadeia?

Ao saber do que de verdade, Gutiérrez, Maroulla decide que realmente não convém tirá-lo da cadeia, pagando a fiança. Mas Thompson promete conseguir-lhe um bom advogado caso ele resolva cooperar com a polícia. Pressionado pela esposa e vendo que Daniel Valencia não vai mover um dedo para tirá-lo da cadeia, Gutiérrez resolve colaborar. Logicamente, os depoimentos ocorrerão em segredo de Justiça, por conta da segurança.

—Mas não seria melhor que eu também saísse do país junto com Marullinha e meus filhos?

—Acredite que o melhor para o senhor é ficar na cadeia por enquanto, até o julgamento. Nunca desconfiariam de sua colaboração. Se o senhor sair e for viajar, eles saberão que foi de alguma forma beneficiado.

—Acredite, meu amor, é melhor, Logo, estaremos juntos. Tenho orgulho de você agora estar do lado da Lei. –beijo.

—Boa tarde! -disse Gabriela adentrando a delegacia. Gutiérrez, que não perde os hábitos, lança um olhar libidinoso para a bela mexicana.

—Romualdo, acompanhe dr. Gutiérrez até sua cela especial.

—Especial?

—Sim, ele tem diploma, é um colega e está colaborando conosco, não há mais necessidade de algemas.

—Vamos, antes que eu mude de ideia. –disse Maroulla, olhando feio para Gutiérrez.

—Pois não?

—O dr. Thompson nos chamou.

—Sim.

—Eu esperar que já possam ter alguma resposta, pois temos que voltar para os EUA, temos um empresa para cuidar. –disse Keneth Johnson –Entenda que não podemos esperar mais!
—Pois temos boas notícias, dr. Johnson. Por isto os chamamos aqui, já temos prova suficientes em relação a sua empresa ter seu nome envolvido em negócios com Ecomoda. –Então.

—Então, podem ficar em contato conosco que nos veremos só nos tribunais.

—Que ótimo.

—Que alívio. Armando está sabendo disso?

—Fala de Armando Mendoza?

—Sim. É que ficamos amigos e...

—Sim, senhorita Garza, logicamente colocarei o Sr. Mendoza, bem como Senhorita Pinzón a par da situação da Ecomoda e tudo o que envolve, pode ficar tranquila.


Gabriela fica desconfortável com a situação. Não sabe exatamente quem é a senhorita de quem falam, mas desconfia que seja a mulher com que Armando está sempre acompanhado. Kenneth percebe.

—Melhor deixar este senhor fora dos seus pensamentos.

—Não sei do que fala, Kenneth.

Mas Kenneth tem razão, desde que colocou os olhos em Armando, a mexicana não deixou de pensar em nenhum momento nele e aparte dos interesses da empresa sempre procurou pretextos para conversar com Armando, que mantinha seu interesse em sua picarona.

—_____

Com as provas em relação ao uso do nome do Fashion Group e o processo mais avançado que o da exploração sexual, o comissário resolve ir atrás de Daniel Valencia acompanhado do fiel Romualdo.

—Olá!

—Agora, virou um hábito vir me visitar.

—Devo dizer que não é por prazer.

—Será que não?

—Tenho sim prazer em desempenhar um bom trabalho, mas não em conversar com certo tipo de pessoas.

—Isto se refere a mim

—Leve como quiser. Já sabemos de muitas coisas, por isto vim trazer-lhe uma intimação.

—Intimação? E por que não mandou oficial de justiça, é o trabalho dele não?

—Sim, mas soube que o senhor não quis recebê-lo, então vim entregar-lhe a convocação pessoalmente.

—Garoto de recados da Justiça agora

—Não creio que brincar com a Justiça é apropriado.

Romualdo estava na recepção, como sempre cortejando Aura Maria.

—E onde está seu capanga

—Não é meu capanga e sim meu parceiro. Ao contrário do senhor não costumo deixar meus amigos na mão.

—Não sei do que fala. Aliás, anda me perturbando muito. Está muito confiante.

—Tenho motivos para sê-lo.

—De verdade?

—De verdade!

Daniel desconfia que Thompson deve estar a par dos negócios da rede internacional de prostituição e resolve arriscar.

—Este depoimento que devo dar na delegacia, não teria como cancelarmos isso.

—Não se trata de um simples depoimento na delegacia, Sr. Valencia e sim um depoimento decisivo para o processo.

—Processo, sei. Diga-me Thompson, creio que posso te chamar assim.

—Não estou acostumado a certas formalidades.

—Ora, Thompson. Estou a par de algumas coisas. Sei de seu ex-parceiro, o Robertson.

—Não o ponha neste assunto.

—Robertson, por que não. Foi preso por corrupção, o antes conhecido como policial honesto, mas sabemos o que isto quer dizer. A polícia paga pouco pelo risco que correm, eu compreendo, deveriam ser melhor remunerados.

—Armaram para ele, Robertson não é assim.

—Quem sabe. Mas acharia que ele fez bem. Estou a par. Já tem apartamento próprio

—Não creio que seja do seu interesse.

—Isto é um não.

Daniel começa a falar de um a maneira que dá a Thompson a ideia de suborno. O delegado dá voz de prisão de Daniel, que logicamente convoca seu advogado.

—Não pense que vou ficar muito tempo aqui.

—Tempo suficiente.

Por contas das influências e de ser do governo e réu primário, Daniel não passa mais que um par de noites na cadeia, mas o suficiente para se sentir humilhado.

—Não posso acreditar que o deixaram livre.

—É que só o processo de falsidade ideológica por usar o nome do Fashion Group não é suficiente para por um homem como DV na cadeia, chefe!
—Eu sei, Romualdo. Pelo que ele me falou pensou que estava me subornando pelo processo da rede internacional. Tenho certeza que ele sabe que estamos a par de seus movimentos. Vamos ter que esperar para colocar a mão neste sujeito. Temos que ter muita cautela!

—E agora?

—Agora, Valencia vai assumir a presidência, mas não por muito tempo. Tenho um mandado de busca e apreensão contra ele. O teremos em nossas mãos dentro de três dias.

—Onde vai?

—Reunião de Ecomoda.

—O senhor só está cuidando desse caso agora.

—Desses casos. Parece que tudo está em volta de Daniel Valencia, estou pensando em chamar um suplente.

—E eu?

—Você quero como parceiro. Quem sabe um dia pode assumir meu lugar aqui.

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