Depois daquela tarde de paixão enlouquecedora, na qual Betty havia decidido escutar o que ele pensava do que estavam vivendo e sobretudo atuar como seu coração e corpo lhe diziam, os dois resolveram estar sempre juntos. Claro que ainda não podiam assumir nada, assim preferiam frente a don Hermes, mas dona Júlia e até Nicolás sabia o que estava rolando, o que fazia com que não escapassem das burlas do amigo.

—Agora, entendo muitas coisas.

—O que entende?

—Que está apaixonado por Betty e por isso não está interessado nas outras!

Este comentário de Nicolás, pouco depois de terem fechado negócios com uma bela empresária que estava como louca atirando para todos os lados, tanto de Armando quanto de Nicolás deixou Armando vermelho como poucas vezes em sua vida, não imaginava ser tão evidente, mas tampouco se importava.

—Tranquilo, chefe, ao menos não está rarinho. -ri de seu jeito. -Sabe que Betty é como minha irmã.

—Sim.

—A amo muito e prometi cuidá-la desde que éramos pequenos e sabe que sempre cumpri. Fico feliz, ela o ama muito.

Armando sorri.

—Sofreu muito já por burlas, decepções.

—Sei do que fala.

—Não quero que passe de novo. Se está só por experiências novas, não a magoe. Ou se verá comigo e don Hermes.

—Fique tranquilo, Nicolás! Não magoaria Bety, a estimo e gosto muito. E sim, estamos em algo, não sabemos ainda o que é, mas também somos muito amigos e não a magoaria, pode percebi que temos algo muito especial, uma cumplicidade, carinho...

Havia dado milhares de motivos, pelos quais não pretendia causar mais uma decepção à Betty e que suas intenções eram boas. Mas não falou do principal: que não podia decepcioná-la, pois o que o que sentiu quando se separaram por conta de sua mãe havia lhe feito perceber que sentia algo mais que especial por aquela menininha. Se era amor, não sabia dizer, pois nunca havia sentido algo assim, mas se algum dia fosse capaz de sentir algo assim seria isso que sentia por Betty. Queria estar com ela a todo tempo, dormir e acordar a seu lado depois de fazer amor até adormecerem. E o desejo? Senti-la vibrar em seus braços tanto como uma presa fácil do tigre ou como haviam feito a noite passada quando ela avançou e tomou posse da situação, marcando-o como sua. Bastava vê-la para morrer de desejo de possuí-la até a exaustão. E ela, apesar de tímida e reprimida, quando estava com ele, se dispunha a tudo, parecendo ter a mesma vontade. Era a única mulher que o compreendia, que havia lhe dado tudo que queria, sem pedir que parasse ou dissesse para se distrair com outra coisa. E se o fazia, era por algum motivo de negócios ou para provocá-lo como bem sabe. Não precisavam mais desculpas para se verem ou estarem juntos, sabiam que quando um ligava para o outro, é porque estava a fim de falar e se tinham desejo de se amrem, era só necessário que um dos dois se insinuasse, não precisavam desculpas e nem cobranças. A única coisa que chateava Armando é ter que levar Betty para a casa de seus pais depois de estarem enroscados, suados e adormecidos. Quando teria que atravessar a fria cidade para deixá-la lá e voltar para a cama já esfriada de seu quarto, enquanto sentia seu aroma nos lençóis. Queria que ela fosse um pouco mais livre e pudessem ficar a noite toda juntos sempre.

Mas se assim fosse, ela não teria o que a torna única. Esta coisa de menina de família, coisa que nenhuma de suas amantes e namoradas tiveram (com exceção de Marcela, mas a ex tinha o apoio de sua mamãe adotiva, por coincidência também era sua mãe) E sua mãe ainda tinha ficado contra Betty. Todos estavam contra, por um momento entendeu porque Betty havia se afastado dele, por acreditar que seria melhor. Mas nunca poderia ser melhor para ele. Mas como assim? Era um homem que sabia o que queria.

—Sim, Montéz, sente aqui. Sente falta dela como eu? O papa dela é bravo, não deixa que passe as noites fora e até gosto, pois sei que quando foge ou inventa algo é só por mim, mas queria que ela estivesse aqui, que colocássemos sua comida, jantássemos, tomássemos banho e fizéssemos amor até dormirmos e depois acordássemos e continuássemos a nos amar. Não me olhe assim, crê que... sinto algo forte por Betty? Posso estar apaixonado? Só sei que nunca senti isso e não conseguiria ficar sem ela.

Se confessar seus sentimentos para Montéz, Nicolás e para si era difícil, não o era para Betty. O seu corpo, seus olhos, sua boca, seu coração, tudo dizia o que sentia quando estava cercado por ela, tremendo desesperado e olhava-a nos olhos e com sua voz rouca lhe dizia que a amava. Betty sabia e sentia o mesmo. Não havia segredos entre eles.

Quer dizer, havia um, em relação à Ecomoda. Em relação aquele dia do desfile, Ana Lúcia havia lhe pedido que não falasse sobre o que ocorreu com ninguém nem das investigações, nem que sabia que o Fashion estava tendo seu nome usado por Ecomoda, nem de Kenneth e nem de Garza. Havia aceitado as condições, embora sem entender, enquanto Thompson o colocava a par. Não entendia que não pudesse falar nem com Betty nem com Màrio, sua mulher e com quem havia sido seu irmão de alma, toda sua vida. Parecia que a empresa de sua família havia se transformado em uma pelícua policial, temia pelos empregados e por seus pais, com quem não havia falado desde aquele dia em que encontrou Bettye sua mãe na cafeteria do Parque. Ainda não podia acreditar o que ela tinha feito, querer separá-lo de uma pessoa que o fazia sentir-se tão bem, que o cuidava e o fez amadurecer. Por quê? Por que tanto classismo? Desconhecia porque se preocupavam tanto por Betty, sendo que deixaram Daniel no controle da empresa e confiavam. Não iria deixar que ninguém a magoasse de novo.

Falando em Gabriela Garza, a representante do Fashion na América Latina:

Depois de pegarem um cinema no Centro comercial, Armando e Betty haviam ido tomar um café na lanchonete. Comentavam o filme, os clichês, onde haviam visto os atores. Armando via como ela ria, estava feliz e seu sorriso era um convite para beijá-la, não sabe quanto resistiria sem fazê-lo.

—Quer mais alguma coisa, Betty?

—Creio que é suficiente. Sabe que não sou de comer muito.

—Estou com fome, mas preferia que fôssemos para casa e pedíssemos algo por telefone, no meio dos lençóis quentes por nossos corpos incandescentes, enquanto ri em meus braços como está fazendo.

—Que coisas dizes! -disse Betty, vermelha.;

—Sabe como sou. Não te provoca? Peço a conta, então?

Betty concordou com a cabeça.

Armando já havia levantado e dado-lhe um beijo na mão, quando ouviu uma voz conhecida.

—Armando Mendoza, que surpresa encontrá-lo!

Com tantos lugares em tinha que encontrá-lo justo ali? -pensa Armando

—Ah, oi senhorita Garza! Como tem passado? -disse ele, esticando-lhe a mão.

Ela então lhe cumprimentou com dois beijinhos, um de cada lado. Desde aquele dia no desfile já haviam se encontrado duas vezes na delegacia para

acarições, acompanhamento, de modo que entre eles, Armando, Kenneth e Gabriela havia surgido uma cordialidade. Mas naquele dia, Kenneth não estava e Betty ao olhar aquela mulher alta, esbelta de olhos verdes como esmeralda, sentiu seus ciúmes afrourarem. Por seu lado, Garza estava fascinada por aquele homem e nem havia se dado conta que estava acompanhado.

—Que bom encontrá-lo, sabe parece que as coisas andam caminhando.

—Ah er... e Kenneth?

—Ficou no hotel. Me convda para sentar?

—Na verdade, estava, estávamos de saída. Já ia pagar para irmos. Esta é Betty, Beatriz.

—Prazer, sua....

Precisava decidir que papel Betty faria definitivamente em sua vida, fazer o pedido, serem oficilamente namorados.

—Prazer, sou Gabriela Garza, uma amiga.

—Beatriz Pinzón Solano também "amiga"de Armando.

Armando sorriu amarelo, Betty havia prometido que agiria diferente e ali estava intimidada por esta mulher. Quando ia falar algo, Gabriela é quem falou:

-Que pena que já está de saída, seria ótimo tomarmos um café juntos para conversarmos e...

-Sim, mas TEMOS, Betty e eu ASSUNTOS muito importantes.

-Deixemos para outro dia, então, quando estiver mais livre.

—Sim, vemos com Kenneth. tchau!

Passou os braços sobre os ombros de Betty e se arrancou dali.

O caminho para o apartamento de Armando foi em completo silêncio, Betty o olhava, mas não tinha coragem de perguntar quem era aquela moça e Armando queria falar, mas havia prometido que não falaria nada sobre o ocorrido no desfile.

—Armando, creio que está tarde, talvez seja melhor que me deixe em casa.

—Mas como Betty? Prometemos que ficaríamos juntos e que a levaria para sua casa depois, ah?

—Eu sei, mas...

—O que a fez mudar de ideia? Já sei, foi a minha amiga que encontrei.

—Não sei o que está pensando, mas esta mulher e eu, não temos nada.

—Sei que não tem nada com ela. Se fosse assim, ela seria como as outras, mais atirada.

—Neste caso, não tive nem terei nada com ela! -a aproxima dele para beijá-la.-Quero que fiquemos juntos no meu apartamento.

—Está bem.

Betty quer deixar suas inseguranças de lado, mas sabe que é difícil, mas fica feliz que ele tenha escolhido ficar com ela e não com a tal.

—Mas quem é esta mulher? -pensava.

No apartamento, após brincarem com Montéz, fazerem carícias, colocarem música. Armando começou a beijá-la e também sentindo vontade, ela cedeu.

—Sabe, quero ouvir aquela risada.

—De ganso.

—Não, muito sexy.

—Ai, doutor, só o senhor.

Dá cócegas nelas para que ria.

—Por favor, não. Eu rio, mas me conte algo.


Os dois continuam se beijando e despindo.

Após o amor, Armando cumpre a promessa de pedirem algo para comer, pois sempre acha que Betty não se alimenta direito.

—E cabe a você cuidar de mim?

—Sei que ao chegar em casa, vai subir direto ao quarto e não vai comer, então, que reponha as energias que tirei de você! -beijo.

Enquanto jantam, Betty relembra da tal mulher.

—Armando, er... posso te fazer outra pergunta? Pois esta já é uma! Ojojo.

—Faça!

—Aquela mulher que encontramos.

—Gabriela Garza?

—Sim. -abaixou a cabeça. -Deixa é bobagem.

—Está com ciúmes?

—Já disse que é bobagem! São apenas amigos e...

—Pois nem isso! A conheci estes dias. A Senhorita Gabriela Garza é, é... executiva do Fashion Group! É isso! Ela é uma das representantes na América Latina, assim como Kenneth Johnson, que não estava com ela.

—A empresa que se associou com Ecomoda?

—Er, er essa!

—Ah então que compareceram? Estava preocupado porque não vinham, por que não me disse?

,-Er,foi no desfile que os conheci e na época estávamos separados, então, acabei esquecendo e...

Ela pegou seu rosto e lhe deu um beijo.

—Desculpe-me, não é normal que me sinta assim. Mas ela é tão bonita e elegante e tive medo, sabe?

—Medo, por quê?

—Tenho medo de te perder, é muito especial para mim.

—E você não imagina o quanto é para mim. -a aperta contra ele. -Sabe que depois que ficamos juntos, não estive com nenhuma mulher. Assim, que você -beijo, senhorita -beijo, minha bela -beijo -gênio é uma feiticeira.

—Só faço te amar -beijo. O amo tanto.

—Venha cá!

Por mais que queira se esquivar, Betty não resiste que seu homem tome conta dela.

Depois de levar Betty para casa, Amando se sente culpado, pois não queria omitir à Betty sobre as investigações, mas Thompson a havia convencida que era importante que ninguém soubesse, por conta da segurança das investigações e dos próprios envolvidos.

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