Após a reunião, Armando foi até a casa de Betty, onde finalmente encontrou a menina, que se esquivou como pôde.

—Por favor, Betty, por favor, me diga o que está acontecendo.

—Não é nada. Só que...que... –ele a beija.

—Não pode fazer isto.

Ele segura seu pescoço.

—Desculpe, não posso resistir. –e seguiu beijando-a, Betty com uma lágrima, deixou-se levar.

—Meu pai. –ouvindo passos

—Foi bom para não perdermos o norte. Embora, queria perder-me, mas hoje tenho que ir a um jantar.

—Jantar?

—Na casa de meus pais, com os Mendoza e os Valência.

—Su-a noiva vai estar lá?

—Se se refere à Marcela, sim vai estar, mas não é mais minha noiva!

Betty abaixa a cabeça, lembrando-se do que a mãe dela havia lhe dito.

—O que foi?

—Não é nada.

—Não pense você que vou lá por conta de Marcela. Isto é convite de minha mãe, é que ela considera as duas famílias uma só.

—Eu sei. Melhor que vá e não se atrase.

—Betty –segurou seu queixo. –Eu... (queria dizer-lhe algo) Mas nesta hora Seu Hermes apareceu e ele se afastou. Logo depois se despediu.

Betty, que o tempo todo havia tentado disfarçar suas lágrimas, foi para o quarto e começou a chorar. Dona Júlia não aguentava mais, uma dor oprimia seu coração de mãe. Sabia que era assunto da sua filha, mas se mamãe Mendoza estava envolvida, ela também se meteria no assunto. Assim, abriu a porta do quarto.

—Vai ficar chorando assim impotente?

—Mãe...

—Nunca tivemos segredos. Agora, vai me contar o que aquela mulher veio fazer aqui e por que chora. Não percebe como deixou Don Armando tão perturbado com sua rejeição?

—Mãe, não tem nada a ver uma coisa com a outra. Ele logo esquece e vive sua vida, tão diferente da minha.

—Pensa que nasci ontem? Você foi criada aqui. –passou a mão na barriga -Vamos, conte-me!

Betty não aguentava mais, precisava se abrir, sua mãe sempre a havia apoiado. Assim, começou a contar-lhe seu romance com Armando.

—Sempre soube que gostava dele e sei que ele sente o mesmo por você.

—Não pode ser, mamãe, ele é de outro mundo, vive rodeado de outro tipo de gente! Mulheres belas, com dinheiro e sobrenome.

—Por isso mesmo, se cansou disso.

—Ela disse que é apenas uma aventura, pois sou novidade e que logo voltará para a mulher que conhece, esta Marcela Valencia.

—Quem disse isto?

Betty percebe que falou demais e se cala, de cabeça abaixada.

—Ninguém.

—Aquela mulher, sra. Mendoza, não é?

—Mãe...

—Conte-me. Por isso o cheque? Quer te pagar para que se afaste dele?

Betty ficou branca como papel e gelada, Dona Júlia, carinhosa como sempre, esticou seus braços e ela explodiu em lágrimas nos braços de sua mãe que abraçando-a, acariciava sua cabeça.

Após Betty lhe contar tudo e a mãe aconselhá-la, fez uma infusão e valeriana, quando, finalmente a menina, adormeceu. Apesar dos conselhos de sua mãe, Betty estava decidida a deixar Armando, mas logicamente não pela grana que dona Margarida lhe havia oferecido. E sim porque temia que a mãe dele pudesse ter razão e que fosse apenas uma aventura e, cansado ele fosse atrás de outra. E isto seria seu fim, não aguentaria. E pior ainda se ficasse de seu lado por costume ou pena e não o fizesse feliz.

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O jantar na casa dos Mendoza foi aquela mesma chateação de sempre, todos adulando Daniel, dizendo que Armando deveria tomar direção na vida, sem deixar de sugerir uma possível aproximação entre Marcela e Armando, o que conseguiu seu ponte em comum entre Daniel e Armando, desagradando os dois, o que fez com que Armando, mesmo com insistência, fosse dormir em seu apartamento.

No dia seguinte, seria dia de desfile, queria encontrar-se com Betty e até levá-la ao desfile, mas sabia que se sentiria mal. Não era seu mundo e as pessoas se guiavam pela aparência. E pensar que já foi assim superficial.

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O desfile estava sendo o sucesso de sempre, as novas modelos foram apresentadas, como sempre os desenhos de Hugo abrilhantaram o evento, embora, se comentava entre os entendidos que o estilista havia repetido alguns desenhos e apenas mudado os tecidos e botões, o que sabemos ser verdade, pois com o ritmo alucinante de lançamentos que Daniel lhe impôs era impossível criar tanto em tão pouco tempo. Mais uma vez, os executivos do Fashion não compareceram, o que deixou Armando, os papais Mendoza e até mesmo Mário intrigados, mas estes últimos não queriam perguntar nada a Daniel. A jornalista de moda Ana Lúcia estava com sua credencial, como havia prometido Armando, que teve que ouvir de Daniel que agora, se dedicava também a seduzir as feiosas, o que Armando não gostou nada. Mas nada fora do normal, estava acostumado aos bullying de Daniel e o apoio que seus pais brindavam aos Valência. Estava olhando o desfile, algumas modelos coqueteavam com ele, mas sua mente estava longe, pensando na rejeição de Betty estes dias. Nunca uma mulher o havia desprezado ou se negado a estar com ele como ela, aparentemente, estava fazendo, embora não tivesse certeza. ``Ela ficou de ir ao meu apartamento e não foi, quando ligo para ela nunca está, ou está dormindo, trabalhando, tampouco está no escritório. O que acontece? O que fiz para esta mulher?`` -pensava. A parte disso, submergido em seus pensamentos, tudo ia bem até se ouvirem gritos de um casal que queria adentrar o evento, mas não tinham convite.

Ana Lúcia que cobria o desfile, afastou-se da passarela e discretamente foi até lá para ver o que acontecia. Armando, tenso pelo sucesso de Daniel, não conseguia se concentrar no desfile e muito menos ao ver que Ana Lúcia se afastava, resolvendo segui-la.

—Escute, este é o nome do meu grupo! .-apontou para sua identificação a mulher esbelta, bela de olhos verdes enormes como esmeralda e cabelos pretos lisos a adornar suas costas; - Estão usando meu nome! Sou a representante do Fashion Group aqui na Colômbia e em toda América Latina!

—Seu nome não está lista e não podem entrar. Se insistir, seremos obrigados a chamar a polícia.

—Pois chamem! Quero ver o que vão dizer! –disse a mulher.

Ana Lúcia foi ate ela e tentou acalmá-la.

—Mas quem é você?

—Posso ajudá-la, sou Ana Lúcia. –mostra-lhe a credencial.

—Ah, jornalista! Preciso, mas ainda preferia a polícia!

—O que está acontecendo aqui? -perguntou Armando