No dia seguinte, tal como haviam conversado, Vicente Thompson e seu parceiro Romualdo graças a denúncias anônimas flagraram Miguel Robles recebendo sua comissão de um parceiro de Raquel. Neste exato momento, Armando com a equipe havia acabado de terminado de regular o elevador e as máquinas com ajuda de alguns técnicos e subia para o escritório central para cumprimentar Miguel e Diana e receber seu cheque, o qual já tinha destino certo para a Terramoda.

—O senhor não pode passar! –disse um policial

—Mas o que está acontecendo? –disse Armando preocupado.

—Trata-se de uma operação. Trabalha aqui?

—Presto serviço.

—E seu nome?

—Armando Mendoza.

Ao ouvir o nome, Romualdo se aproxima.

—O senhor é Armando Mendoza?

—Sim.

—Posso lhe fazer algumas perguntas?

—Claro.

—Mas não aqui. Poderia ser em um local reservado?

—Sim. Pode ir ao meu escritório.

Armando entrega o cartão.

—O senhor é dono da Ecomoda, não?

—Um dos acionistas, por quê?

—Por nada, mas é uma das parceiras comerciais de Rag Tela.

—Sim há muitos anos.

—Amanhã passaremos por lá.

—Sim. Pelas manhãs, estou lá.

Armando estranhou tudo aquilo. Ao ver a reportagem não pode acreditar que parceiros de Ecomoda que conhece há mais de 5 anos estejam envolvidas em uma coisa tão suja.

—Deus Santo, como pode? E pensar que os conhecemos há tempo tempo. Se meu pai sabe.

Notícia da TV

—Este é apenas o começo, já temos conhecimento de vários parceiros com quem Rag Tela tratava, enviando o que chamam de matéria prima, que nada mais são que as meninas que serão utilizadas assim como fornecendo os tecidos das roupas que as meninas irão usar no serviço.

—Isto é muito triste que empresas colombianas estejam envolvidas!

—Sem dúvida. Aqui não estamos falando de tráfico de drogas e sim de o que naturalmente é muito mais degradante.

Mário também via a reportagem chocado. Não podia acreditar. Reconheceu a silhueta de uma das meninas resgatadas, embora não tenham mostrado o rosto. Não podia acreditar. Sabia que rolava algo estranho na empresa, mas não imaginava algo tão sujo assim. Iria falar com Daniel, precisa sabe investigar por conta própria o que estava acontecendo, afinal, Ecomoda também era sua empresa.

Ao chegar na sala de Daniel, entrou sem bater e o ouviu conversar por telefone.

—Sei que pegaram o R, Raquel, mas o que temos que fazer? Não podemos parar, não agora. Os virão atrás de nós, sabe disso. Ainda mais temos proteção do Fashion. Fica tranquila!

—Doutor Caldeirón, o que faz aqui? -perguntou Francesca, adentrando a sala para colocar uns relatórios.

—Vim entregar este relatório.

—Marito, o que passa? -disse Daniel saindo da sala.

—Ér, Daniel.

—Francesca deixe-nos a sós!

—Acho que está ocupado, depois conversamos.

—Ouviu algo da conversa?

—Raquel Walts, a ex-super modelo está nisso também?

—Aquela que você quis na sua cama sem sucesso?

—Soube da prisão de Miguel Robles, nosso parceiro da Ragtela?

—Sim. Sobre isto falava com Raquel.

Mário respirou fundo, poderia sair dali e pronto, mas a curiosidade pôde mais e resolveu perguntar.

—Daniel, que tipos de negócios temos com a Rag Tela, além de nos fornecerem os forros?

—Por que quer saber?

—Creio que a empresa é minha e tenho o direito de saber como vice-presidente comercial.

—Pois bem, vou responder.

—Temos algo com este negócio que Miguel está envolvido? Raquel também está nessa?

—Está perguntando por conta de Armando, acaso investiga a empresa?

—Armando e eu não nos encontramos há tempos.

—E o fim dos super-gêmeos?

—Ele anda meio perdido, mas não quero entrar em detalhes.

—Mas brigaram?

—Nós nunca brigamos, mas não somos os mesmos amigos de antes. Mas o que tem a ver com este assunto?

—Desconfia que Ecomoda está envolvida com agenciamento?

—Er.

—Desconfia?

—Pelo perfil das modelos exigidos e uma série de coincidências. Está envolvida ou não?

—Não é porque somos parceiros comerciais de Ragtela que temos que estar com eles em todos os negócios.

Màrio sente alívio.

—Não sabe que alívio me dá, Daniel!

—Por exemplo, você acionista, minoritário, mas acionista e executivo da empresa. Nunca se imaginaria que estivesse envolvimento com contrabando de tecidos.

—Como?

—Sei que indicou dois fornecedores para Roberto que não eram nacionais.

—Er, foi só uma vez.

—Duas ou três. Parece que não somos tão honestos assim. Que pensaria Roberto ou seu amigo Armando se soubesse disso?

—Não foi como pensa.

—Relaxa, Marito! –disse batendo em suas costas –Ninguém vai ficar sabendo –ri –Sei guardar segredos. Você sabe?

Logicamente, era uma chantagem. Daniel tinha provas e ele apenas suspeitas do envolvimento . Havia cometido o erro de gastar muito e estourar o orçamento em farras e apelado a fornecedores não confiáveis para fornecer tecidos mais baratos, que depois soube serem fruto de contrabando. Por sorte, ninguém havia descoberto, o negócio havia dado certo. Mas Mário não sabia que Daniel Valencia sabia do que havia acontecido. Logicamente, entendeu que não poderia contar o que sabia para ninguém!

—Sabe você tem um olhar muito bom para escolher modelos, pode-se dizer profissional! –bateu em suas costas.

—Isto é uma canalhice!

—Acha mesmo?

—Estas moças tem seus sonhos.

—Também tinham quando são seduzidas por canalhas como nós para irem para a cama.

—Tem uma diferença.

—Olha, Marito, não seja tão purista, não me faça perder tempo com bobagens, hein! Vai colaborar ficando quieto?

—Creio que não tenho outra opção.

—Não mesmo!

—___________

—E agora o que faço Ai, Mario no que se meteu. Precisava contar para Armando, Ecomoda envolvida em tráfico de mulheres, será verdade? Não deve ser só suspeita, mas se não tivesse nada, Daniel não te ameaçaria. Preciso contar para Armando, ele vai saber o que fazer e... Não idiota, e se ele soube do contrabando? Vai me matar, ele não me perdoaria, nada toca sua sagrada Ecomoda, ainda mais agora que está tão esquisito andando por aí com a tal feia.

Falando nisso, Armando passa pelo escritório dos Liñaréz.

—Não acha que está cedo?

—Não sentiu minha falta.

—Senti.

—Vai me dar um beijo? –beijo -Ah! Outro.

Ela o abraça pelo pescoço.

—Mas diga o que vem fazer aqui?

—Além de ver minha pipoquinha picarona, vim buscá-la para ver os móveis e toda a instalação.

—Mas agora? Está na hora do almoço.

—Ora, pegamos algo no caminho e comemos lá. Vamos, vai! Precisa ver como está bonita a sala, tudo. Vamos Betty, preciso da sua opinião.

Os olhos de Armando brilhavam como se fosse um menino que ganhou um brinquedo de Natal.

—Está bem, não consigo resistir a estes olhinhos. Vou avisar ao doutor que vou demorar um pouquinho.

—Isso!

—Mas é só para ver a sala, comer algo e já volto, tenho muito trabalho aqui.

—Ok! Claro. Prometo –cruza os dedos atrás de si –Palavra de escoteiro.

Assim, com sorriso nos lábios os dois vão à sede de Terramoda,

—Ah não, senhorita. Fecha os olhinhos.

—Ai, para quê.

Armando conduz Betty tapando-lhe os olhos.

—Y voìlá!

—Que lindo.

—Sim, eu sei que sou.

—Convencido!

—Vai dizer que não acha? Não foi o que me disse ontem, ah?

—Armando! Viemos ver os móveis!

—E estou por acaso imóvel? Estou me movendo e sabe como me movo muito bem, ah? Calma, não fica nervosa. Gostou ou não?

—São lindos, parecem ainda mais bonitos que na loja e esta tinta da parede?

—Cata que escolheu.

—E ela já viu o resultado?

—Quis que você visse primeiro. –a abraça por trás.

—Armando tenho que ir.

—Quero que inauguremos a sala.

—A inauguração será daqui a uma semana.

Armando a toma na cintura e ataca a boca de Betty.

—Não, Armando, não.

—Diga sim. Prometo ser rápido.

—Nunca é.

—Pois faço. Aí vai conhecer uma nova forma de amar. Com você gosto de ser lento e cadenciado para senti-la toda, mas se diz que não temos tempo, posso fazê-la sentir tudo - a abraça –de forma rápida, explodir como um vulcão.

—Você é um louco!

—Sim. E um tarado, e você gosta, gosta muito. –disse tirando as roupas de baixo dela, tocando seus seios por baixo da blusa. pois não tinha tempo a perder. Ele abaixa suas calças.

—Ai,

—Veja como estou, picarona. Não vai tomar tempo, a menos que demore para ficar prontinha para mim.

—Ah, não com esses beijos.

Ele explora a boca enquanto seus longos dedos adentram sua intimidade. Ainda estão em pé e Betty sente-se mole e quase entregue, entorta os olhos de prazer com os toques dele, tem dificuldade para falar.

—Onde?

—Neste sofá ou na mesa.

—Acho que o sofá é melhor.

—Não sabe que loucura seria amá-la nesta mesa.

Assim, a deita em sua mesa, tirando várias coisas ao chão, termina de tirar a parte de baixo de suas roupas e abre sua blusa, onde afunda a boca em seus seios mordiscando-os.

—Ah! AH!

Armando tampa a boca de Betty, pois ali em uma área comercial e em plena luz do dia sabe que as coisas podem se complicar.

—Ah picarona. Viu que delícia?

Betty estava deitada na mesa com as pernas em volta da cintura dele que estava de pé com as calças arreadas.

—Que beleza de inauguração. Ah! Você que buena!

—Ai, Armando, que me enlouquece!

—Que fique louquinha ao redor de mim, gostosa! Assim! AH!

Os dois se beijam para chegar no clímax.

Depois ficam se beijando quando a campainha toca.

—Quem será? Está esperando algum cliente?

—Shiu! Deve ser engano.

Fica quieta que vão embora.

Mas a campainha continua a tocar.

—____________

Do lado de fora:

—Chefe! Talvez estejamos enganados e não tenha ninguém aqui.

—Tem. O carro do Mendoza está aí fora e vi quando estacionou.

—Mas se tiver fazendo algo importante?

—Romualdo, não me faça perder tempo com bobagens. Só tem um carro aqui, De modo que deve estar aí. Não tem cliente, não está fazendo negócios. Só temos o dia de hoje.

—Está bem.

Betty se vestiu rápido, Armando já estava pronto e foi atender à porta.

—Pois não?

—Senhor Mendoza?

—Sim, Armando Mendoza. Desejam algo? Peçod esculpas, mas estamos arrumando ainda e não está inaugurado.

Os homens olharam de cima abaixo aquele homem despenteado, com a camisa amassada, a gravata deslocada, nada parecia o empresário famoso conhecido por sua elegância.

—Ah arrumando, isto vemos.

—Não queremos falar da sua empresa, não desta, pelo menos. Teria um minuto?

—Mas do que seria?

—Sou Romualdo, senhor Mendoza, nos encontramos na Ragtela quando prendemos Miguel Robles.

—Ah! Sim, agora lembro.

—E o senhor disse que poderia passar um dia que quisesse.

—Ah, entendo. Mas hoje?

—Teria algum inconveniente? -perguntou desconfiado.

—Não, imagina. Pode entrar.

—Esperem um momento aqui, tenho que arrumar umas coisas.

Armando foi até a sala.

—Quem é?

—O delegado!

—Delegado?

—Sim, esqueci de te falar, eles ficaram de passar. Lembra sobre a reportagem que vimos sobre o tráfico de mulheres?

—Sim.

—Então, uma das empresas para a qual trabalho, a Ragtela, um dos donos foi preso e estão investigando o envolvimento de várias empresas. Só não sei oq eu querem comigo.

—Pela ecomoda?

—Ecomoda? Mas não tenho ligação com eles.

—Você é acionista, lógico que tem e ainda estava trabalhando para a suspeita.

—Pegaram meu chefe recebendo algo, nãos ei dizer. Ah, Betty tenho medo.

—Não tenha. Você não tem nada a ver com isso! Ou sabe de algo?

—Como, Betty! Sabe como estou indignado de saber que Ragtela tem algo com tráfico de mulheres.

—Então, não há o que temer. Melhor recebe-los.

—Tenho que recebe-los aqui, que bom que arrumou tudo.

—Com a bagunça que fizemos.

—Pena que temos visita, poderíamos fazer de novo.

—Nem pense. Chame-os.

Armando os chamou para entrarem, Betty havia arrumado tudo, mas os homens pareciam saber, como se houvesse cheiro de sexo no ar, já que o perfume de Armando estava por todos os cantos.

E via como o delegado olhava para ela com curiosidade.

—Sentem-se, por favor. Esta é senhorita Beatriz Pinzón, minha...

—Assistente. –disse Betty, trombando com a mesinha.

Armando olhou feio, primeiro que não era só sua assistente, era mais que isso e segundo que em sua empresa era vice-presidente.

—Ah sim, prazer!

—Em que posso ajudá-los, doutor delegado.

—Thompson.

—Sim.

—Sabe que estamos investigando o tráfico de mulheres, não?

—Sim, vimos na televisão.

—E da prisão de Robles.

—Sim. E admito que me surpreendeu. O conheço há mais de dez anos e nunca imaginaria. Fiquei chocado! Como pode ter envolvimento com algo assim?

—Iria se surpreender se estivesse do nosso lado. Muitas vezes não conhecemos as pessoas.

Betty vai fazer um café na cafeteira para servir para os moços, por pouco não tropeça no tapete, pois Armando a segurou. Os homens viram como aquele homem tinha tanto carinho e cuidado cm uma menina tão fora dos padrões com que costumavam ver nas revistas, era evidente que havia algo entre eles. Betty se sentia sem jeito e estava vermelha.

De acordo com que a entrevista avançava, Armando ficou realmente nervoso, pois além da postura de Miguel Robles e de sua sócia Diana (sobre quem não tinham provas), perguntava de outros parceiros da empresa e até de Ecomoda. Ao ver que seu amado estava nervoso, Beatriz colocou a mão sobre a sua, fazendo com que ele se acalmasse.

—Calma, Armando. Ninguém está dizendo eu tem que saber se acha que Dr. Valencia tem a ver com isso.

—Eu sei, Betty, mas...

—Sua... assistente tem razão. Não precisa responder, o senhor não está em um interrogatório, é apenas uma conversa.

—Desculpe-me. É que me afastei de Ecomoda, mas sigo de certa forma ligado.

—É compreensível. É a empresa de sua família.

—Não, nunca soube ou vi algo ilegal em Ecomoda e trabalhei lá de segunda a sábado todos estes anos. Agora, Daniel, não! Não creio, sabe, fomos criados com os Valencia, depois de seus pais morreram, não é possível que Danielzinho estava envolvido em algo tão asqueroso e sujo assim com nossa empresa!

—Um momento sim?

Betty leva Armando até o banheiro.

—Você tem que se acalmar.

—Não é possível, Betty! Ecomoda não pode ter algo com isso! É mentira, não?

—Não sei, Armando. Estão investigando.

—Você acredita que está envolvida?

—Já conversamos sobre isso. Devemos deixar a polícia agir.

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—Nervosinho o rapaz, não?

—Sim, meio neurórico. Mas é que é uma empresa familiar.

—Crê que tem algo com isso?

—Não, está limpo. Não teria o sangue frio para fazer tal coisa.

—Esta moça não é só assistente dele, não é?

—Claro que não. Pode-se se ver que há um clima entre eles, os olhares.

Depois que Armando voltou mais calmo e os policiais tomaram mais uma xícara de café com bolinhos, Armando os convidou para a fundação de Terramoda que se realizaria alguns dias depois e as visitas foram embora. Logicamente, não tinham clima para mais nada, apenas comeram algo e Armando levou Betty para seu trabalho. Na cabeça de Betty rodava o que o delegado lhe havia falado, desconfiava que Ecomoda estava envolvida, mas não podia dizer a Armando, pois o namorado preferia não enxergar, iria lhe doer muito.

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