A campainha soou na casa dos Pinzón. Nicolás que foi abrir a porta, estranhou.

—Bom dia!

—Mendoza, mas o que faz aqui?

—Ora, sempre venho a esta casa, não?

—Vem aqui nos dias de semana, agora vai vir até no fim de semana?

—Mas que modos são estes, Nicolás? -perguntou Hermes -Você que todos os dias se enfia aqui em casa.

—Deixe, don Hermes! Já estou acostumado ao jeito deste boboca molenga! Nicolás, vim te convidar para irmos em um lugar.

—Olha, Mendoza, cabeção, pensei que gostava de mulher, mas agora, tenho minhas dúvidas –disse, de bom humor. -Sei que sou irresistível.

—Cala a boca, ô estômago ambulante! -disse don Hermes

—Começo a me arrepender! Vamos dar um passeio por aí e te ensinar umas coisinhas!

—Como?

—Vamos, Nicolás, acaso não confia em mim?

De seu quarto, Betty havia ouvido a voz de Armando e foi se arrumar para vê-lo.

—Mãe, pensei ter ouvido a voz de don Armando.

—Ah sim, que ele esteve aqui.

—Esteve?

—Sim, pois saiu.

—Saiu? Mas sem falar comigo, sem me ver? -disse, Betty, visivelmente decepcionada –Quer dizer...

—Não precisa dizer nada- disse Júlia, sorrindo –Ele disse que tinha que levar Nicolás para ver umas coisinhas, mas não se preocupe, mais tarde estará de volta. –Dona Júlia sabe muito bem o que sua filha sente por Armando.

Ao subirem no carro Nicolás está ansioso.

—E onde vamos? No clube?

—Não ainda, molenga. Não te levaria deste jeito. Antes vamos a uns lugares, depois quem sabe iremos ao clube, um dia.

Armando leva Nicolás para provar umas roupas sociais e esportivas.

—E este?

—Não! Deixa de ser brega, Nicolás! Eu escolho as roupas, ok?

Armando também escolhe cinto, sapato e lenços.

—Olha eu! Olha eu! Estou pronto!

—Ainda não, Nicolás! Temos que ajeitar este cabelo, assim não dá.

—E o que tem de errado?

Armando carrega Nicolás ao salão, pois não quer entrar de jeito nenhum, ainda mais o cabeleireiro.

—Confia em mim ou não?

—Ah, sei lá!

—Você é a imagem de Terramoda agora, quando eu não estiver presente, conto contigo e não pode se apresentar como estava.

—E esta cabeça, brilhante, ah? -disse tocando com seu dedo na sua própria cabeça. É isto que importa!

—Neste mundo dos negócios, Nicolás, todos se guiam pela aparência, infelizmente, antes de verem qualquer coisa. Vamos!

—Está bem, está bem! Mas prometa-me que vai me ensinar a caçar, sabe do que falo.

—Ah deixa isto, Nicolás. Como disse que mais aqui –diz apontando para o cérebro de Nicolãs ...

—Sei, cérebro brilhante, essas coisas, mas uma vez na vida queria que as meninas olhassem para mim e me vissem como veem você!

—Não é assim!

—É assim! Vi como as mulheres olhavam para você no shopping, no salão e em todos os lugares.

—Er....

—Ensina vai, deixei fazer o que queria comigo e estou tornando-o mais rico.

—Está bem! Mas só uma vez! Mas não leve tão em conta o que os olhos ve~Em, o que importa é o que tem dentro. –disse Armando, apontando para o coração.

—Diz isso pois está louco por Betty!

Armando se surpreendeu pois não imaginava que fosse tão evidente.

—Não me olhe assim! Pensa que sou tonto? Adoro minha irmã Betty, ela é especial, inteligente, mas como mulher...

—Olha, Nicolás melhor não falarmos neste assunto.

—Está certo. Mas então...

—Está bem, eu te ensino uns macetes, mas não hoje! Vamos para casa de don Hermes que devem estar preocupados.

—Leia-se: Betty deve estar curiosa porque saiu com Nicolás e não falei com ela. Pdisse Nicolás que percebia de longe que seus amigos estavam loucos um pelo outro.

—Vamos logo, molenga!

Ao ver Armando adentrar sua casa.

—Ah. Chegou!

—Desculpe-me, Betty.

—Custava ter me cumprimentado antes de sair para fazer não sei o que com Nicolãs?

—Er –Armando sorri –Bem, fui fazer com ele o que me pediu!

—O que pedi?

—Aqui Betty, veja se não estou um bombom, ah? Veja! -perguntou Nicolás, saindo de trás de Armando.

Nicolas vestia um blazer azul marinho, camisa preta e calça jeans, o cabelo estava cortado de forma mais moderna e trocou as lentes por uma armação quase transparente (parecia com um cópia de Armando).

—Nicolás! O que fez?

—Leve-o para dar um passeio de moda!

—Ficou muito bom.

Betty faz com que vai abraçar Nicolás, mas os dois dão o famoso giro.

—Ainda vou aprender a fazer isso! –disse Armando, sorrindo.

—O nosso giro de nerd?

—Sim.

—Para isso não basta ser boa pinta assim, tem que ter isto aqui! –disse Nicolás, apontando para seu cérebro, fazendo piada.

—Ai, não fala assim com don Armando!

—Ele sabe que é brincadeira. Não ia imaginar que teria esta cabeçona para nada.

—Deixa Betty este idiota molenga é assim.

—Pareço o irmão caçula de Doutor Mendoza, aliás, chefe, se me permite, quando sairmos por aí vou lhe chamar de Armando, ok?

—Sair? Mas sair aonde?

—Sair para ca... –dizia Nicolás, falando mais que a boca

—-Ir ao clube, dar umas dicas de como se portar e outras coisas, não é Nicolás?

—Sim, Mendoza!

Depois que Nicolás vai mostrar seu visual para Hermes e Júlia e sai disparada para sua casa para ``assustar`` sua mamãe ao ver que tremendo bombom que ela teve coragem de parir. -Ojojo! Este Nicolás!

—Sem dúvida, uma grande figura este seu amigo.

—Ele ficou muito feliz! Grata, don Armando!

—Não mereço nem um abracinho?

—Don Armando, eu...

—Até Nicolás está me tratando como amigo e...

—Está bem, chorão.

Ao se abraçarem, sentem uma descarga elétrica que os arrepia.

—Melhor que vá agora!

—Não vá me dar nem um pouco d`água?

—Er, está com sede?

Ele a toma em seus braços e prodiga um beijo em sua boca.

—Estou sedento, quero a água de seus lábios!

Betty pensa em resistir, mas sentia muita falta de ter sua boca invadida por aquele homem, assim, abandona-se a seus lábios.

—Ah, Betty!

—Melhor que vá embora!

—Ainda não saciei minha sede!

—Sacie com as mamacitas que conhece.

—Temos tanto que conversar não é como pensa!

—Deixe como está!

—Viu o que disse para Cata –beijo – que não sou como antes –beijo

—Sim, que está interessado-beijo – em uma mulher diferente das com que saía. –beijo- Deve ser aquela que encontramos outro dia.

—Não! Com aquela não tenho mais nada! –beijo –Estou louco para tê-la em meus braços –beijos e explicar-lhe. –beijo. A quero tanto!

—Filha! –disse Júlia – Já chegou?

—Ai, minha mãe! Melhor que vá, saia pelos fundos.

—Não tenho problemas com Dona Júlia.

—Saia pelos fundos!

—Venha comigo!

—Vamos para meu apartamento, temos que conversar! –A beija, puxando-a par sair com ele.

—Vá agora! -disse Betty, expulsando-o pela porta dos fundos.

—A espero no meu apartamento.

Betty fechou a porta e deu um sorriso. Apesar de tudo, este homem a deixava louca. Gostaria de ser a mulher que ele dizia que estava interessado de verdade.

Como Armando sabia que Betty estava muito envolvida com os compromissos do escritório dos Liñarez, resolveu seguir seus conselhos chamando Nicolás para ajudá-lo com algumas gestões na Câmara do comércio e bancos, vez que ele seria o gerente financeiro da empresa que criou e ´precisava apresentá-lo e precisava também anotar sua assinatura nos bancos. Alguns pensavam que era seu primo ou irmão mais novo.

—Isto quer dizer que fez um bom trabalho e que estou um galã, um boa pinta como você! Até as meninas da turma do Román me convidaram para sair e as do bairro me olham. Nicolás foi de horrível e galã do bairro!

—Mas tome cuidado, Nicolás, muitas não estão de olho só em sua aparência e sim na conta bancária que pensam que tem!

—Mas é que nunca tive namorada e queria aproveitar um pouquinho.

—Isto você pode, mas com cuidado.

—Você prometeu me ensinar, mas só saímos para trabalho. Quando vamos sair para caçar?

—Para caçar, Nicolás? É que não sei..

—Qual é, Mendoza, sei que dá seus botes por aí. Que tal começarmos hoje? E aí me ensina a ser esperto, a perceber se elas têm intenções amorosas ou se só querem a minha carteira. Quer que eu seja vítima de um golpe?

—Está bem! Vou te ensinar, ok? -disse, irritado.

Logo, começando aquela noite e em algumas seguintes, Armando tratou de levar Nicolás no clube e alguns bares, lhe ensinando algumas coisas que seu irmão Mário Caldeirón lhe havia ensinado, A verdade é que praticamente as mulheres se ofereciam a ele, principalmente modelos desde sempre, tendo que agir muito pouco e este pouco havia aprendido com Mário. Mas a se prevenir de golpes de interesseiras havia aprendido e bem e por isso tentava aconselhar Nicolás a ir devagar. Descobriu que o que o rapaz tinha de inteligente e calmo para os negócios não tinha para a vida amorosa. Parecia que nunca havia estado com mulher alguma.

Quem não estava gostando nada dessas saídas era Betty, principalmente, depois de saber que Nicolás estava indo com Armando para aprender a caçar.

—Lógico! Agora vão os dois bonitões, os irmãos pelas noites atrás das mamacitas!

Assim como don hermes;

—Vê se arruma uma mulher decente para casar! –disse don Hermes, esticando o jornal.

—Quem sabe, don Hermes! Mas por enquanto quero aproveitar um pouco, as mulheres nunca me quiseram. Agora, estou assim apresentável.

—Só por conta desta plástica que Doutor Mendoza lhe fez! Deixa passar o efeito do milagrinho que te fez o doutor e aí todos vão ver que parece o mesmo tubo digestivo magrelo de sempre.

—Aí vou ficar parecido com o senhor, don Hermes! -disse, Nicolás, debochando.

—Ora, boboca!

—Que esta cara, Betty? Parece até seu Hermes com esta cara de brava!

—Não é nada, Nicolás! Vai sair de novo? Pensei que íamos estudar para tentar a vaga de professor.

—Agora tenho uma empresa, Betty, não vou ter tempo e o chefe está chegando para sairmos e fazermos relações públicas! Contatos são importantes!

—Contatos, sei... –disse Betty.

—Não voltaremos tão tarde-. –disse Armando, justificando-se.

—Que diferença faz?

Armando tocou a campainha e Betty pôde sentir ao longe a fragrância de sua colônia. Ficou enlouquecida de desejo, mas também de ciúmes. Após tomarem um café com arepas, os dois saíram pela porta, dizendo que iam fazer contatos, mas Betty sabia bem o que era.

-Agora sim, -disse Betty jogando-se na cama –Agora, Nicolás é seu novo companheiro de caceria, seu irmãozinho mais novo. O odeio! Não na verdade, o amo.

``Não sei o que fazer, meu coração segue batendo forte quando o vê, seu sorriso segue me encantando seus olhos continuam a penetrar minha alma como flechas. Me desespera cada vez que sai com Nicolás por aí. O que estarão fazendo os dois? Só bebendo ou na cama de uma tipa por aí? Por que tenho que amá-lo tanto?`` -escreve no diário.

—_____

No dia seguinte, Betty se surpreende de encontrá-lo na porta de sua casa às 7 da manhã.

—Mas o que faz aqui?

—Vim buscá-la para levá-la ao trabalho e como temos que conversar,

—Melhor que deixemos, doutor, já falamos sobre isto.

—Entre, Betty sim? Só serão alguns minutos.

Ela decide ir, de qualquer modo é melhor ir de carro que de buseta.

—Betty, como sei que só entra no serviço às 8:30 e ainda são 7 horas e a estou levando de carro, penso que podíamos aproveitar e conversar.

—Er...

—Depois te deixo no serviço.

—Está bem, embora creio que não temos nada mais para falar.

—Eu tenho.

Betty se acomodou no carro, fazendo o famoso bico. Armando sorriu e começou a olhá-la de soslaio.

Pegou a avenida central, cruzou a cidade e foi em direção à zona Rosa. Ao ver passar o parque da 93, o único lugar que conhecia dali, Betty lhe perguntou.

—Onde vamos?

—No parque. Ah não ser que prefira outro lugar.

—Não sabia que iríamos tão longe!

—É que me lembrei que não deixei comida para Montéz e vou ficar fora todo o dia. Pobre bichinho! Nem avisei a meus porteiros para cuidar dele. Vamos!

—Eu espero aqui. –disse Betty na portaria.

—Está bem, Betty, Pensei que queria ver Montéz!

—Melhor que deixemos para outro dia, doutor.

—O que tem de mais, ah?

—Betty, não vai acontecer nada, só tenho que alimentar a Montéz. Se quiser podemos conversar enquanto isso para economizar tempo. –Betty faz seu bico –Quê? Tem medo? Acha que vou forçá-la a fazer algo que não queira? Pensa que sou o quê?

Betty sobe com Armando sob os olhares burladores dos porteiros ao vê-lo novamente acompanhado por aquela moça feia. Ao chegarem lá, Montéz vai correndo de encontro a Armando.

—Aqui, Montéz, vou te dar sua comida.

Mas ao ver Betty, o cachorro late e começa a cheirá-la e lambê-la. Betty sente cócegas.

—Ei, ei!

—Lindo e bom menino!

—Ei! Vou por sua comida. Esta menina é minha! –disse, puxando Montéz.

Armando coloca a comida de Montéz na cozinha e o cachorro vai para lá.

Betty gostaria de saber porque está assim comigo.

—Assim como?

—Assim estranha,

—Crê que não sabe, doutor?

—Para começar não me chamava mais de doutor. Sei que agi mal quando saímos e desde...

.-Doutor, já falamos disso! -interrompendo-o.

-Betty, deseja tomar algo?

—Água, por favor!

—Não prefere um suco de amoras?

—Está bem.

Armando lhe explica o ocorrido na noite do Santuário que planejava uma noite especial quando encontraram com Mário e Aura Maria, que não imaginava que iria encontrá-los ali.

—Sei que ficou constrangido.

—Não é isso.

—Não o culpo. Por Isto disse que era só sua assistente para que não ficasse mal com seus conhecidos ao sair com uma feia. Mas na verdade, não sou nem isso. Sou assistente do doutor Liñarez. Nós dois estávamos apenas saindo e passando um tempo juntos, não éramos nada mais.

—Betty.

—Mas não estou brava contigo.

—Como não está se não quis mais sair comigo? Se não permite que estejamos juntinhos mais?

—Não estou brava, não contigo. O compreendo perfeitamente. Não quero mais que se sinta constrangido por sair comigo, que se sinta forçado.

—Não sou forçado!

—Mas obrigada!

—Obrigada pelo quê?

—Pelo que está fazendo por Nicolás.

—Ah, isso!

—Ele ficou muito bem, parece até um parente seu.

—Tirando a cabezona como ele disse. –Os dois riem.

Após alimentar Montéz os dois seguem conversando, Armando lhe explica que não fez nada.

—Betty, eu... –disse tocando-a.

—Armando, melhor que deixe assim. –Betty, não sente a minha falta?

—Creio que o senhor não sentiu a minha.

—Isto não é assim,

—Creio que está na hora de ir trabalhar. Estou atrasada. Doutor LIñarez não gosta que me atrase.

—Está bem, a levarei.

Armando assiste com ciúmes a Montéz lambendo Betty, como queria ser ele. (Este Armando!)

O dia transcorre normal, à noite Armando busca Nicolás aos olhos de uma Betty triste, no fundo a conversa com Armando havia lhe tocado no coração.

—________

O dia correu e logo estava de volta à sua casa. Naquele dia, Armando não havia saído com Nicolás, o que a deixava mais tranquila. Já Nicolás foi jantar em sua casa.

—Está assim de sorrisinho porque não saí com seu don Armando hoje!

—Não é nada com pensa.

—Sei, sei que se gostam.

—Não...

Conheço você desde que nasceu. E é don Armando para cá, que don Armando isso e quilo desde que o conheceu. Não adianta escondeu e não gostava nem um pouco dele, mas é um cara legal, me deu oportunidade, vou trabalhar na sua empresa, confia em mim, creio. E olha, olha o que fez comigo.

Os dois riem.

—Quem imaginaria que detrás daqueles trajes tinha um bombom desses? Sabia que seu amigo não era tão horrível assim?

—Mas eu continuo sendo Betty a feia!
—Vai saber se não esconde algo? O cabeção não iria ficar tão louco se não tivesse.

—O que disse?

—Só assim justificaria. Que mal olhe para aquelas beldades.

—O que diz?

—Que saio com Don Armando, sabe de caceria, mas ele não caça nada. Me ensina a me portar, a pedir pratos, bebidas, os ingredientes, até professora de dança me contratou e é uma belezura, precisa ver, para que eu faça bonito nas pistas, as mulheres dão em cima dele em todo lugar, ele pe gentil, sabe, mas parece mais irritada que animado.

—Isto foi impressão sua! Ou porque estava na sua frente.

—Não mesmo, por que o faria? Os homens são fiéis uns com os outros?

—Por isso me conta isso?

—Antes de ser fiel a qualquer amigo por aí, seria fiel a você, é minha irmã, tudo que tenho de verdade, além de minha mãe! –a abraça e beija na testa.

—Ah, Nicolás! Você é o irmão que sempre quis!

—E agora, pensa no que te falei, não sei, mas...

—Está bem, Nicolás.

Betty ficou pensando no que Armando havia lhe dito e escrevia no seu diário, quando a sua mãe lhe chamou para atender um telefonema.

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