Não podia acreditar, Aura Maria a estava convidando para um passeio com as meninas do quartel das feias.

—Ai, vamos!

—Ai, não sei.

—Seria muito difícil convencer a meu papai.

—Ai, mija. Mas quantos anos tem? Ou acaso na verdade tem planos de sair com o doutor e estou estragando seus planinhos?

—Quem me dera. Desde aquele dia não saímos mais.

—Ai, mija, que pena! Mas não fique assim! Você vai adorar! Vamos sair com as meninas. As meninas são muito legais! Nos divertimos muito! Dançamos, bebemos, brincamos e quando podemos até pescamos!

—Pescam? Assim no rio?

—Ja já ja! Pescamos os homens, querida!

—Ai, isto não!

—Mas isto não é obrigado, já que depois de passar bem rico com don Armando é difícil baixar o padrão!

—Aura Maria, era outra coisa que queria te pedir, suas amigas são de Ecomoda?

—Sim.

—Queria que não comentasse que me viu com Don Armando.

—Tem certeza? Porque todas morreriam de inveja! Imagina se don Armando não sai com mulheres que não são modelos.

—Por isto mesmo.

—Está bem! Não te entendo, mas está bem.

—Então, o que está esperando, vamos sair e conhecer papitos lindos!

Assim, Beatriz se arrumou o melhor que pôde, seu Hermes estava contrariado.

—Ah que papai só encontrei uma amiga da faculdade e me convidou para irmos hoje ao teatro. Não demoro.

—Poderia ter pedido a doutor Mendoza para ir contigo.

—Mas se agora ele só anda com Nicolás.

—Esteja às dez no máximo, senhorita.

—Mas se vai estar só na metade da peça!

—Ai, Hermes. Deixe que a menina se divirta, é bom encontrar as amigas.

Depois de insistir, Beatriz saiu de casa, pegou um ônibus e se encontrou com Aura Maria.

—Ai, que demorou, mija!

—Desculpe, mas é que foi difícil convencer meu pai, por pouco não saio.

—Ai, nem diga isso.

—Aura Maria, estou meio insegura, não sei as meninas vão gostar de mim.

—Claro que vão. Tranquila. Ai, não disse que íamos a um bar? Por que veio assim?

—Tem algo errado?

—Ai mija! É que parece que vai encontrar a sogra ou em uma reunião de pais. Sempre anda assim tão séria ou veio do trabalho?

—Vim de casa. Mas só tenho roupas assim.

—Ai mi hija, pois se até minhas roupas de igreja são mais decotadas que estas.

—AI, está vendo? Melhor que volte a minha casa!

—Tranquila, mija, Tem jeito para tudo. Quando chegar só tira esta casaco e .... –coloca a mão no capul dela.

—Que é isso?

—Ojojo é meu capul!

—Isto eu sei, mija, mas precisa AI –diz tirando a gosma em um lenço- passar isto?

—É para que o vento não o levante e o tire do lugar. Por que se vê mal?

—Olha, queria ver como era sem ele, mas deixa assim por hoje. Vamos!

Ao chegarem ao lugar, por conselho de Aura Maria, Betty tirou o casaco, ficando só com a blusa de mangas de renda.

As meninas já se encontravam lá.

—Ai, que demorou! Sua mãe não quis ficar com Jimmy?

—Ficou! Mas tive que dizer que sairia com Freddy, ela gosta dele. Demorei, pois tiver que encontrar-me com uma amiga, pessoal, esta é a Betty! –a apresenta.

Tão logo mostra os dentes metálicos, as meninas, sobretudo Sofia e Bertha sentem repulsa. Em Mariana e Sandra desperta curiosidade e na doce Inesita, ternura.

Beatriz sente que não é bem-vinda e quer dar uma desculpa qualquer e sair, mas Aura Maria a segura pelo braço e faz com que se sente.

—Estas são minhas amigas, assim como você também é! Meninas, que acontece? Digam oi para Betty!

—OI!!!

—Seja bem-vinda, minha filha!

—Esta é a doce Inesita!

—Encantada!

—Esta são: Sandra e Mariana, amigas inseparáveis.

—Somos amigas desde que éramos crianças.

—Prazer!

—Estas são Sofia e Bertha, as únicas casadas do grupo.

—Não sou casada! Sou apenas mãe de dois filhos e abandonada por aquele canalha! Imagina que me deixou por uma qualquer!

—Que horror! -surpreendeu-se Betty.

—Já eu sou casada, tenho dois filhos, meu gordinho e eu estamos muito bem.

—Ele deixa ela comer o que quer e faz tudo por ela. –disse Sandra.

—Isto é inveja. –disse Bertha sobre o comentário de suas amigas

—Muito prazer!

—Ai, olha quem está ali! –disse Aura Maria -Eu conheço aquele papito!

—Não vai começar!

—Ah, só uma dança, ele está me chamando.

—O que Beatriz vai pensar?

—Que danço com alguém em danceteria. Quer vir junto, Beatriz? Seguro que te arrumo um gatinho para você.

—Não, Aura Maria, por favor!

—Eu queria! Mas só se fosse um alemão de dois metros! –disse Sandra –Acham que sou Branca de Neve para que os anões andem atrás de mim?

Enquanto isso, Armando resolve ligar para Beatriz, de onde está, sentia-se mal de ter saído com Nicolás, sem explicar-lhe o que estavam fazendo de verdade, pois ela poderia estar pensando algo mal dele.

—Alô, don Hermes? Poderia falar com Beatriz?

—Don Armando, pois a menina não está!

—Mas como que não está?

—Pois que saiu com uma ex-colega da faculdade..

—Como assim? A estas horas, Don Hermes?

—Pois sim. Não queria deixar, mas sabem como é Jùlia de alcoviteira? -Júlia fica com raiva e quase joga algo nele -Mas iam no teatro, algo assim.

—Ah obrigado!

Armando desligou preocupado. Sabia que Beatriz não tinha amigas na faculdade e que seu único amigo da vida inteira era Nicolás. Nesta hora o telefone tocou.

—Alô, tigre.

—Fala, Caldeirón!

—Feliz em me ouvir?

—Prefere que minta ou lhe diga a verdade? Fala logo o que quer que estou ocupado!

—O que mais seria? Ligo para convidá-lo para uns copos. Precisamos falar antes da reunião de junta.

—O que acontece?

—Precisa ser pessoalmente. Não sei, o Daniel está fazendo algo.

—Está bem, amanhã passo em seu apartamento e falamos sobre isso.

—É que tigre, queria que nos encontrássemos hoje, tomemos umas copas, falemos da empresa e depois quero que relaxemos... e chamar umas mulheres que estão loucos para sair conosco.

—Não! Já não basta a confusão que causou com Beatriz? Ela já não quer mais nem falar comigo!

—Mas que sorte tem, tigre! Deveria ficar feliz que a feia desgrudou do seu pé, a feia-chiclete. Ou JAJA JÁ vai dizer que queria e que a gostava assim?

—ME DEIXA EM PAZ, CALDEIRÓN! Beatriz é minha... OLHA NÃO DEVO SATISFAÇÃO! ESTOU OCUPADO!

—Durma o ogro! Você que está perdendo! Se te faz falta vai atrás de sua feia! E lhe implore.

Armando desliga seu telefone.

—Pois é isto mesmo que vou fazer. E não é feia. Eu sei que não é!

Assim, Armando vai para a porta da casa de Betty e fica estacionado a poucas quadras da casa de Beatriz, esperando por ela.

No bar.

As meninas já não achavam Betty tão estranha, depois que todas começaram a beber.

—Pois tome um pouco, Betty!

Apesar de não gostar de beber, Betty resolve fazer para não parecer antipática a suas amigas. Só que não está acostumada a beber, assim que logo, fica passada de tragos.

É neste momento que aparece Don Armando no bar.

—Oi!

—Don Armando?

—O que faz aqui?

—Vim atrás de você, Beatriz! Não costuma sair sozinha e justo em companhia de minhas secretárias? Fiquei preocupado!

—Elas são boas meninas! –arrota –Desculpe-me!

—Quando bebo também fico assim. Mas não gosto que beba assim. Mas caso queira, beba comigo quando estivermos juntinhos fazendo amor!

—Desculpe, mas me sentia triste.

—Por quê?

—Porque sou muito feia! E o senhor gosta das bonitas! Está sempre em companhia, em boa companhia das mais belas do país!

—E sempre sozinho, mesmo tão acompanhado, Isto são só pose e fama, Beatriz! Estar bem acompanhado é estar a seu lado.

—Não sei ojojo se posso confiar-lhe. Melhor que vá para casa está tarde! Verá como te gosto!

—Está bem, irei!

Don Armando desaparece como se nada, tão logo Betty o toca.

—Aura Maria! Quero ir para casa! –disse Betty

Aura Maria dançava abraçado a um tipo.

—Agora não! Mais tarde! Quando sair, peço que te levem!

—Acho que podemos ir para um lugar –disse o homem apertando Aura Maria –disso o tipo.

—De verdade? Ah então vamos! -disse Aura Maria, animada.

—Como vamos?

—Ah, Rodolfo, pode deixar minha amiga em sua casa?

—Ok. –desanimado.

As meninas se despedem de Aura Maria e Beatriz, Bertha foi com o marido, que veio buscá-la e outras de táxi.

Beatriz estava passando maus bocados, pois o casal estava dando uns amassos históricos e tinha medo de que seu paia estivesse esperando na porta.

Mas não era bem don Hermes que estava ali. E sim don Armando, dentro do carro, para não ser visto.

—Bem, Betty está entregue! -disse Aura Maria

—Grata. Ojojo! Creio que bebi demais, creio que vi o carro de don Armando. –disse à Aura Maria.

—De don Armando? Imagina. O que ele faria no bairro dos pobres a estas horas? Apesar que vocês tem algo. Vai que a seguiu com ciúmes!

—Ciúmes? Ojojo! Imagina!

Quando Aura Maria e o amante de turno se foram, Armando saiu do carro e encontrou Betty tentando caminhar até a porta, pois estava tonta.

—Boa noite, Beatriz!

—Don Armando?

—Não sabia que havia estudado com Aura Maria na sua faculdade!

—Como?

Betty estava zonza. Mais uma vez estava Armando diante dela e do jeito que estava bêbada não sabia se era ele de verdade ou era maia uma alucinação.

—É que... que... saí um pouco com elas e suas amigas e ojojo

—Assim que conheceu as meninas do quartel e tomou tragos? –disse, incômodo.

—Sim ojojo que não estou acostumado a beber!

—E se divertiu MUITO? -disse com tom ciumento.

—Muito. Mas não é como pensa, fiquei sentada, bebendo com as meninas!

—Pois estava preocupado. Você não é de sair sozinha por aí.

Betty vê que uma luz foi acesa dentro da casa.

—Ai que meu papai já vem nos ver, é melhor que eu entre. –disse Betty, afastando-se de Armando, que percebe que ela cambalea.

—Deste jeito, melhor que não entre. –disse, segurando Betty.

—E vou fazer o quê? Ficar conversando com você?

—Não seria má idéia! Pior seria seu Hermes a ver assim. Venha! –agora que ele a tocava, sabia que era real, mas estava muito zonza para contestar. Assim, deixou que a levasse até o carro dele.

Tão logo a teve em seu carro, Armando a abraçou e Betty sem fazer-se rogar deixou-se, logo, ele beijou-a. Sabia que corriam risco, estando ali, então, resolveu dar a partida.

—Onde vamos?

—Não sei!

—Está bem!

Betty acomodou-se no ombro de Armando e adormeceu. Ao vê-la, sentiu ternura.

—Ah Betty, não faça assim.

Havia levado-a ao seu apartamento, não sabe porque a havia trazido ali novamente. Não era seu hábito levar mulheres ali, era sua toca, seu santuário, não levava nenhuma mulher ali, nem mesmo Marcela. Nas poucas vezes que ela entrou foi por que tinha a chave e logrou seduzi-lo.

Armando já a havia trazido Betty para conhecer seu filhote Montéz e outra vez para conversarem. E agora, Betty estava agarrada a seu ombro, ainda zonza e ele a tinha presa pela cintura rindo ao entrar no prédio. No elevador, ao ver que estavam sozinhos, Betty começou a beijá-lo. Estava surpreendido, a mulher estava como enlouquecida. E assim, continuou, ao abrir a porta do apartamento.

—Bem-vinda à minha casa, Betty!

—Ah, ojojo! De verdade. Seu apartamento é lindo! Tão másculo, tão cheiroso, organizado, tem classe, é tão você! -disse Betty, visivelmente passada de tragos.

—Vou trazer algo para nós!

—Não me deixa sozinha. Fica aqui comigo.

—Eo já volto. Vai te fazer bem tomar um suco.

—Tem vodka? As meninas beberem e fiquei curiosa.

—Isto é muito forte.

—Forte? -Betty começou a alisar seus músculos por cima da sua camisa, beijando seu peito.

—Betty?

Beatriz o abraçou e começou a beijá-lo.

—Sei que gosta de andar com as bonitas, mas te amo. –beijo – Te quero!

Logo, Armando a puxou para junto de si, estava excitado, as roupas começaram a voar. Sem deixar de beijá-la a tomou em seus braços e a levou a seu quarto.

As fotos com Marcela ainda estavam ali e os observavam na ampla cama, mas Betty só tinha olhos para Armando que desabrochava os botões da camisa dele e lhe prodigava carícias torpes.

—Ah, Betty!

—Ah Armando! Não me importo que goste das bonitas, te quero meu.

—Ah Betty, como te quero. Já disse!

Fazia muito frio em Bogotá, logo, os dois levavam muita roupa. Ao ver que estava só de cueca, Betty acercou-se dele, o beijou e puxou-o para cama. Armando era muito experiente e logicamemte, não era não era novidade ver uma mulher excitada antes, mas não como Betty estava. Aquela mulher estava enlouquecida e totalmente bêbada. Por mais desejo que tivesse não podia possuí-la. E se passasse o efeito do álcool e ela ficasse coma mais raiva dele e o acusasse de ter abusado de seu estado? Assim, precisava coloca-la sóbria. Ganhar tempo, sabe que se arrependeria, que ela poderia querer ir embora, mas apesar de ser compulsivo seu pai o ensinou a ser um cavalheiro e com Betty sempre seria seu príncipe. Assim, Armando lhe deu uns beijos e inventou que iria ao banheiro.

Logicamente, foi se refrescar e tentar se controlar. No estado excitado que aquela mulher estava e cheirando a bebida o havia deixado louco. Queria possuí-la como ela pedia que fizesse, mas não podia agir assim. Assim, se refrescou e ao retornar, lá estava ela em sua cama seminua e totalmente adormecida.

—Ah, Beatriz! nunca te vi neste estado.

Foi até ela e a beijou, tirou seus óculos, deitou a seu lado, abraçado sem fazer nada como nunca pensou que estaria com uma mulher.

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