Apesar de ter saído um par de noites com as modelos que Daniel lhe havia cedido, a verdade é que Mário tinha vontade mesmo é de sair com Aura Maria, já haviam ficado uma vez há algum tempo e a mulher era de enlouquecer qualquer um. E as duas vezes que combinaram, por compromissos com as modelos cancelou, mas desta vez não escaparia.

—Vamos mesmo sair hoje, dr. Papito?

—Estou com uma vontade louca de sair contigo. Hoje você não me escapa!

—E onde vamos?

—Deixa comigo!

—______

No local, Betty, que havia visto aulas de dança pela TV, agora contava os passos para não pisar em Armando:

—1,2… 123.

—O que foi, Betty? Fazendo contas aqui também?

—Não, nem mal faltava! Estava lembrando dos passos que o moço da tevê falou.

—Deixa que eu te conduzo.

Resolveu relaxar, sempre se sentia tensa quando ia dançar com ele. Fechou os olhos e se entregou para que a conduzisse. Deu certo na lenta, mas só vir uma mais agitada que Betty deu uma volta mais longa e tropeçou com uma moça.

—Ai desculpe-me.

—Está bem.

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Era Aura Maria. Logicamente, as duas não se reconheceram de quando Betty compareceu à seleção para secretária de Ecomoda.

—É que sou meio atrapalhada!

—Aqui dão aulas de dança para quem está iniciando, querida! –disse Aura Maria, olhando-a da cabeça aos pés. Havia ficado irritada com aquela moça ser tão descuidada a ponto de a empurrar e lhe pisar os pés e manchar seus sapatos.

—Betty. –dizia Armando, dando volta a sua cintura quando ficou paralisado.

—Don Armando?

—Aura Maria?

—Se conhecem? -perguntou Betty com ciúmes.

—Aura Maria é recepcionista da minha empresa.

—Não imaginava que viesse a estes lugares, don Armando. –disse Aura Maria se divertindo com a situação, Armando estava branco como papel.

—E não venho, mas...

—Não me apresenta sua amiga?

—Esta é é Beatriz Pinzón, mi,,, mi,,,,

Beatriz pôde imaginar o desconforto que ele devia sentir ao encontrar alguém conhecido ali.

—Prazer, sou secretária de Don Armando.

—Secretária?

—Sim, assistente pessoal. Doutor, caso necessite de algo estou a postos.

Armando estava desconsertado. Não sabia se desmentia ou se concordava, enquanto Betty lhe dava as costas, ainda tendo-o com as mãos em volta de sua cintura, na pista.

Neste momento chegou ele, Mário Caldeirón.

—Tigre?

Armando revirou os olhos, não podia acreditar que com tantos lugares na cidade Mário estivesse ali

`Mas claro! Foi ele que te indicou, imbecil! E agora? Aura Maria também te viu!``

—Mas o que faz aqui, irmão, em um lugar com esse? –Aí Mário se deu conta que ele ia abraçado com à cintura com uma mulher que estava de costas. –Ah sim, está com a tal!

—Cala a boca, idiota!

—Betty!?–Chamou Mário a ela, pois de tanto ouvir seu amigo falar, lógico que sabia como se chamava, só não a conhecia pessoalmente. Mas agora seria o momento, pois assim que a chamou, ela que se virou, assustada.

Mário não podia acreditar que aquela mulher tão feia era a que trazia seu amigo louco, pois ele sabia que era por ela que havia trocado as noites de luxúria e prazer com qualquer mulher que cruzasse o caminho dele. Um sorriso de bullying apareceu em sua cara. Desde quando Armando poderia se deixar levar por uma figura tão exótica? Ou era feitiço ou um fetiche.

Ao ver a cara de bullying de Mário, Armando ficou possesso. Sabia que Betty não se parecia com as mulheres que eles estavam acostumados a sair, montadas, maquiadas ao extremo e operadas, as que eles costumava gostar, junto com Mário. Sabia que a cara de Mário era de pura gozação por estar acompanhado de uma mulher tão fora dos padrões estéticos. Este era o motivo por esconder Betty dele, pois embora não se importasse com sua aparência, sabia que Mário não perderia tempo e não a pouparia de suas piadas fora de hora e graça.

—Muito prazer! Finalmente a conheço, sou Mário Caldeirón, quase um irmão para Armando! Armando fala muito de você, mas por algum motivo nunca quis me apresentar. –disse, olhando Armando, provocando-o.

—Cale-se!

Betty não conhecia aquele homem, mas conhecia seu amado como poucos e sabia que estava desconcertado de encontrar ele ali acompanhado de uma mulher tão pouco atraente como ela.

—Prazer. -Estou com uma mesa, por que não sentamos juntos como dois casais de amigos? -ofereceu Mário.

—Mas don Mário, ela não é... é assistente dele. –disse Aura Maria, corrigindo-o.

—Ah é? Assistente dele? –debochou Mário, pois achou que era Armando que havia inventado a história para não passar a vergonha de dizer a Aura Maria que era sua namoradinha feia. -E como assim? Que eu saiba Armando sequer tem escritório com uma secretária, que dirá assistente!

—Éeee...

Armando não sabia o que dizer e Mário continua a ser indiscreto.

—VAMOS LOGO SENTAR À ESTA MESA, C! -gritou Armando

—Um prazer que tenha seguido meus conselhos e ter vindo aqui. Não é como os lugares que costumamos frequentar, os da alta, mas até que é bem agradável, música boa, mulheres lindas.

Armando olha para Mário por ser tão indiscreto.

—Quê? Aura Maria sabe que apenas saímos para nos divertirmos sem compromisso, não é?

Aura Maria é obrigada a concordar, logicamente, queria que ele a levasse a sério, mas sabe que não acontecerá, pois don Mário não é do tipo que se fixa em alguém, ainda mais uma recepcionista pobre como ela.

Betty se sentia deslocada, de modo que ao ver o copo com o whisky de Armando sobre a mesa, o pegou e virou de uma vez só.

—Betty!

—Esta mulher combina mesmo contigo, virou o copo de whisky como se fosse água. -disse Mário debochado -Ao menos para beber.

—Chega, Mário!

—Vocês não têm bom humor? Vou deixá-los sozinhos. Aura Maria, vamos dançar esta?

—Pensei que não ia me convidar.

—Aproveitem e dancem também, não fiquem aí parados, aqui é para se divertirem! -disse Mário.

Armando deixa que Mário saia para convidá-la.

—Betty, quer dançar?

—É o que estávamos fazendo, mas...

—Eu sei. Olha, perdoe Mário, ele é assim de indiscreto.

—Tudo bem, já estou acostumada.

—Se quiser podemos ir embora, para outro lugar para dançar ou quem sabe onde podemos...

—Acredite que é o que gostaria de fazer.

—Ótimo! É o que gostaria de fazer também, na verdade te disse que preferia que fôssemos a um lugar onde ficássemos sozinhos os dois.

—Sim, vamos, então.

—Mas se formos ele vai perceber que fomos por estarmos incomodados e que nos atingiu. E conhecendo como conheço, isto é um triunfo para Mário. E vai tirar sarro de nós, sempre que nos ver! (“O que espero que nunca aconteça”).

—Tudo bem! De verdade já estou acostumada que me tratem assim, que deem a entender que não mereço nada por ser feia!

—Não é assim, Beatriz! -a quer abraçar, mas não sabe como atuar com ela frente a outras pessoas. -Que acha de dançarmos um pouco?

—Não sei dançar salsa.

—Deixe-se levar. Confie em mim!

Haviam dançado uma música quando logo mudou para um vallenato, como estavam dançando continuaram.

—Olha só eles!

—Mas o que acontece? Deixe-os em paz! -repreendeu-o Aura Maria.

— Ela não é assistente dele! É que tem uma relação, mentiram a você. São como namorados!

—Eles?

—Até você ficou admirada!

—Estou surpresa porque que eu saiba Don Armando só se envolve com modelos.

—Sim, e agora está aí dançando com esta feita!

Aura Maria ficou chateada, não sabia que Mário, seu doutor papito era tão preconceituoso assim. Se pensar bem, ela também é considerada feia por Don Hugo e pertence ao quartel das feias, logo, tirando sua disposição para o sexo, Seu Mário deveria considerá-la igualmente feia comparada às modelos.

—Acredita que a conheceu em Ecomoda? -disse Mário cortando os pensamentos dela.

—Como?

—Não sei muito bem, é o que me disse. Ah que ridículo está dançando coladinho com ela. Realmente, Armando está louco!

—Ele parece gostar dela.

Mário desata a rir.

—Acredita nisto, Aura Maria? Armando não gosta de ninguém, nem de mulher nenhuma sem ser sua mãe e sua irmã! Se não gosta nem de Marcela. Mas esta mulher aí está provocando algo nele.

—Vai ver que ela tem um encanto especial. Uma grande beleza interior.

—Não vem com essa! Armando não se apega nestas bobagens! É que as feias tem algo. Quando vão para cama fazem como se fosse a última vez. Aceitam TUDO! Fazem coisas que nenhuma outra mulher aceitaria.

—Por isto está comigo?

—Você não é nada feia!

—Ah sim, sou, pertenço ao quartel das feias.

—Pois se você se acha feia, esta mulher é um verdadeiro nojo.

Sentiu solidariedade por aquela menininha tão tímida e tão mal arrumada. Ela sempre sentiu um pouco mais que desejo por Mário, mas ao ouvi-lo depreciar a menina assim, viu que nunca seria mais que mais uma a passar por sua cama.

Enquanto isso.

—Vou ao banheiro.

—Está bem, Betty.

Ao ver que Betty se dirigia ao banheiro, Aura Maria pediu licença e foi atrás dela para conversarem, enquanto Mário foi perturbar Armando.

—Bem exótica sua nova conquista! Por isso a escondia, mas pode deixar que não vou contar a ninguém como se vê!

—Cale-se, idiota!

—Francamente! Que deu, tigre? Como pode ser este monstrinho a mulher que tem louco?

—Cale-se! Não fale assim dela!

—Está certo que queria experimentar o fetiche de ir com uma feia, depois que te disse que minha experiência mais inusitada, algo que nunca mais repeti foi com uma feia na faculdade.

—Jà lembro. –disse Armadno com fastídio –Que você se deitou com ela para que fizesse seus trabalhos, já sei Caldeirón e digo que isto foi nojento!

—Realmente, pois deitar-me com uma feia.

—NÂO É ISTO IDIOTA! O nojento foi o que fez! Iludir esta pobre moça por uns trabalhos!

—Não foi de todo ilusão, como disse gostei, gostei de deitar-me com ela. Ela era sabe, quente! Como te disse, as feias fazem amor como se fosse a primeira e a última e deixam que façamos tudo. Foi uma experiência única, por isto te disse que experimentasse.

—Não entende nada, Caldeirón!

—Mas não precisava ser com tremendo monstro! Poderia ter escolhido uma melhor, como as do quartel, Sandra ou qualquer uma é menos feia que esta que escolheu.

—JÁ DISSE CALA A BOCA! Não fale assim de Beatriz!

—E onde está?

—No banheiro.

—E por que está tomando tanto? Acaso tem que beber para ficar com ela?

—É não é que não. NÃO PRECISO DISSO PARA FICAR COM BETTY, SABE QUE BEBO PORQUE SOU ALCÓOLATRA!

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Enquanto isso no banheiro.

—Olá!

Beatriz se assustou.

—Olá!

—Não se assuste! Sou eu, prazer, Aura Maria. Está com seu Armando, certo? Pode falar!

—Sim –disse Betty baixinho.

—E por que disse que era só sua assistente?

—Porque lhe acompanho para fechar negócios e...

—Mas aqui não está como sua assistente, não é, querida?

—Er... também ele precisava de uma companhia, se sentia muito sozinho.

—Vocês têm algo mais que isso, não? São um casal?

—Er sim, não sei. De verdade, não sei.

—Como não sabe? Uma mulher sempre sabe. É a primeira vez que saem juntos?

—Não, já saímos.

—Sem ser para trabalho?

—Sim. E aqui neste lugar é a segunda vez.

—Acha que você são o quê?

Betty estava desconsertada, mas de alguma forma aquela mulher, apesar de ser tão direta, lhe inspirava confiança.

—Não sei, Don Armando dá a entender que estamos juntos, mas não sei. Por que ele ficaria com alguém como eu?

—Alguém como você?

—Eu sei que Armando Mendoza é mulherengo, que gosta de andar com as modelos, mas, mas...

—Gosta dele, não é?

—Sim. –disse, vermelha –Tanto que me foge a razão. Como que alguém como eu desprezaria uma chance dessas de estar com um homem, um homem como don Armando?

—Por ser feia?

—Olha, querida. De repente não é feia como pensa!

—Ojojo Sou pior do que penso!

-Pois Don Armando sempre sai com as mulheres bonitas e se está contigo deve ter algo que o atraia! Já ficaram juntos?

—Como?

—Ah, querida, acho que me entende, não é virgem não é? Já fez coisinhas com don Armando?

—Er, er...

—Ai, mija, desculpa é que sou assim direta, mas não precisa dizer. Mas se foi deve ter passado bem rico, pois don Armando é todo um triple papito, ai desculpa, mas falo com respeito, ele é dono da empresa.

—Er, tivemos intimidade sim.

—Então, foi aí que o atrapou! Conheço dessas coisas, deve ter um tempero, um modo de se mexer, algo que o deixou louco.

Betty estava cada vez mais envergonhada. Nunca teve uma amiga para falar de sexo e namoro e agora aprecia uma doida dessas e ainda trabalhava para a empresa dela.

“Ela é tão bonita e sensual e don Armando tão mulherengo, será que tiveram algo?``

—Olha, tenho por experiência que o que lhe falta é vestir-se bem, fazer um corte de cabelo e com certeza verá que Don Armando vê em você!

—No meu caso não. Já tentei e só cirurgia poderia fazer algo assim.

—Que cirurgia quê! Verá que um bom cabeleireiro pode fazer muito por você. E aí uns vestidos melhores e estaria como uma mamacita,

—Ojojo não creio que possa acontecer, talvez por um milagre.

—Acredite , querida, que já vi cada coisa acontecer. Está precisando sair com as menias, vai amar o quartel!

—Quartel?

—Sim, nosso clube de secretárias!
—Mas nem trabalho com vocês.

—Ah, mas acho que se daria bem. Sofia saiu da empresa e continua saindo conosco.

Olha, tome meu número, me liga e conversamos mais, quem sabe decide por deixar-me te ajudar.

Betty pegou o número e enfiou na bolsa, não sabia se iria ligar para ela, mas quis ser educada.

—Me dá o seu também, caso tenha vergonha de ligar.

—Está bem, mas se meu pai atender diga que é assunto de trabalho, não me diga que me conheceu em um lugar desses ou me mata.

Aura Maria não podia acreditar neste edido, mas preferiu concordar.

Ao sair do banheiro, Betty ao chegar na mesa encontrou Armando e Mário na mesa, acompanhados de duas garotas.

—Lá estão os dois triplepapitos aprontando. Ah vamos até lá.

—Deixe!

—Como deixe? Don Armando é seu namorado, vai deixar barato assim?

-Eu vou embora! Ele não precisa mais de minha companhia!

—Ai Betty deixa de ser boba! Tem Que ir até lá e olhar bem sério para ele e pedir uma explicação.

—Não é meu estilo! Grata.

—Ligue para mim, Betty, para conversarmos! Podemos ser amigas!

Betty pega um táxi e vai embora, já Aura Maria volta para mesa com a cara fechada.

A verdade é que as tais mulheres foram convidadas por Mário a sentar-se com a desculpa que eram amigas apenas e Armando só aceitou pois Mário começou a burlar-se dele de que estava apaixonado pela mulher mais feia de Colômbia e que lhe era fiel. E orgulho de Armando pôde mais e deixou que se sentassem na mesa.

—Armando, Mário disse que está triste e sozinho.

—Não estou sozinho!

—Não acha que podia me convidar para dançar ou prefere ir para um lugar mais íntimo?

–perguntou uma das amigas de Mário.

—Não....

—Olá, boa noite! –disse Aura Maria, sarcasticamente. São suas amigas?

—Sim, amigas também, sente-se conosco. –disse Mário.

Armando levantou-se para virar para todos os lados.

—Procura alguém, seu Armando? -pergunta Aura Maria.

—É sim.

—Se é Betty ela já foi embora!

—Como assim que já foi embora?

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