Betty sentiu uma angústia no peito, queria afundar sua cara no peito dele e sumir, mas tinha que ser sincera. Então, se embrulhou nas cobertas e sentou-se para olhá-los nos olhos, gesto que ele imitou.

—Isto faz diferença para o senhor?

—Não. Como pensa? Eu... eu só percebi.

—Sim, não foi o primeiro, gostaria que tivesse sido o primeiro e único.

—Eu também, mas não faz diferença pelo que há entre nós. Só que queria saber.... Ainda tem contato com seu ex-namorado?

—Não sei se pode chamar isto de ex-namorado!

Percebeu que ela estava incômoda.

—Olha, deixe para lá. Não devia ter perguntado.

—Vou lhe contar.

—Não, deixe.

—Há muito tempo que preciso desafogar sobre esta história, nem minha mãe sabe. Sabe aqueles idiotas com quem brigou aquela noite?

—Não me diga que aquele vagabundo a forçou?

—Não. Não foi ele, mas um de seus amigos e não forçou –disse, segurando as lágrimas -me entreguei a ele, por creia estar apaixonada e pensava que sentia o mesmo por mim.

(Betty conta uma história parecida a que conhecemos da novela, que deixa Armando chocado, mas ao menos aqui Betty não foi vítima de um plano tão sujo).

Que coisa horrível, Betty! Como assim a apostaram?

—Sim. Apostou que namoraria e defloraria a feia do bairro. Por isso, Roman me odeia ainda mais, pois perdeu dinheiro apostando que me conservaria a casta filha de don Hermes.

—Mas você não tem culpa, foi enganada!

—Eu sei, mas fui idiota! Me arrependo de ter feito, só senti dor, muita dor.

Armando a abraçou.

—Foi muito grosseiro, só queria cumprir com o combinado.

Armando a abraçou ainda mais, dando beijos em seus cabelos, testa, bochecha, enquanto ela chorava.

—Não chore mais. Não merece que chore por ele! –Armando secou-lhe as lágrimas, dando um beijo onde secava até chegar a seus lábios. São uns idiotas!

—Eu sei. Pensei que nunca mais iria me sentir uma mulher. Ai, doutor. Não sabe como me sinto em seus braços.

—Este idiota não sabe como é ter uma mulher como você! -beijo-–Tão doce –beijo –tão carinhosa, tão entregue.

—Ah!

—Quero apagar cada mal recordo deste canalha em seu corpo, quero que esqueça o que aconteceu. –Disse pegando-a ele, já sentia vontade de tomá-la de novo. –Quero que sinta que eu sou seu único homem!

—Assim será, Armando. Por favor, tire estas lembranças. –Disse chorando

—Não chore mais. Não quero que se lembre, quero que se lembre como eu sou capaz de amá-la, como eu, Armando Mendoza, faço amor com você.

—Sim, Armando, me ame!

—Não sentirá mais dor, só prazer!

Ele tomou seus lábios com ternura e depois com paixão, viu que Beatriz não se opunha nenhuma resistência, logo, a virou colocando-a debaixo dele. E recomeçou seu ritual de beijos e carícias por seu corpo, com veneração, até estar novamente dentro dele.

—Diga que é minha e que sempre será minha!

—Sempre, sempre serei sua!

Por mais que prolongassem não demoraram a chegar ao pico do desejo.

—AH, BEATRIZ! -disse com muita satisfação.

—__________

Desta vez, Beatriz caiu adormecida rodeada por seus possessivos braços, Armando ficou admirando-a, vendo-a sem óculos e com as mechas enormes do cabelo dela espalhados e grudados no suor do seu peito.

Não era nada feia, nem seu corpo que lhe despertava um desejo inusitado e nem seu rosto depois de beijá-la tanto. Sua expressão de satisfação e os suspiros que dava deitada em seu peito a deixava ainda bonita.

—O que me faz sentir, Beatriz? Será que nunca mais conseguirei sentir desejo por outra? Será que, que passa Armando Mendoza, como assim, tigre? Como passa uma coisa dessas?

Percebia que ao tocar a pele dela se arrepiava mesmo dormindo e suspirava seu nome.

—Ah! Espertona.

Beatriz acordou e Armando a beijou.

—Acho que temos que ir, meu pai vai me matar.

—Ok! Mas eu queria ficar contigo a noite toda, mas conheço seu pai como é!

—Não quero que nos mate! Ainda mais agora sei que não exagerava…

—Vi como ficou com a questão de minha mãe trabalhar fazendo bolos!

—Sinceramente? Achei um absurdo que ele não deixe sua mãe trabalhar!

—Concordo contigo e sei como ficou.

—Eu queria abrir minha boca e falar o que penso, mas voc^me fez sinais.

—Não quero piorar as coisas para nós! Conheço a minha mãe, ela vai acabar fazendo o que ele quer ou fazer quando ele não estiver lá. Não ia adiantar você entrar no meio e ainda poder piorar a situação para nós dois, pois querendo ou não, mesmo com ciúmes e vigilância ele gosta muito do Doutor Mendoza!

—Ah é? E você, gosta?

—Já disse que amo, o amo doutor!

Ele a pega pelos ombros e a beija.

—Também a amo, Beatriz!

Beatriz se veste primeiro que Armando e fica a admirar a foto dos avós dele.

—Está mesmo encantada!

—Sim, pena que termina de jeito triste.

—Quem disse?

—Seu avô casou-se com uma mulher que não amava! Acha que isso é ser feliz?

—Sim, por segundo minha irmã disse foram sim felizes!

—Como?

—Minha irmã pode falar melhor, eu era muito pequeno para entender o que contavam, mas ele se casou com a vó Dot, sem fazer ideia que seu amor tinha dado frutos. Minha vó Dot faleceu de pneumonia e com isso foi atrás de seu antigo amor e soube que ela havia ficado cuidando desta casa após ter tido um filho.

—Então, ele soube?

—Sim e tão logo soube, teve certeza que era seu filho. Não demorou muito para se encontrarem. E veja! –Mostra outras fotos, Betty chora.

—Viu, pipoquinha?Não chore mais! Eles ficaram juntos até o fimde seus dias e nesta casa!

—Ah!

—Mesmo assim a família não aceitou, então, veio viver nesta casa com ela, por ser afastada sem que ninguém os perturbasse, como nós. –beijos

—Que bom que puderam ainda ser felizes.

—Você é doce e romântica, me encanta!

—Te amo!

—Também te amo, Betty! Muito! –se beijam. –Com isso, espertona, nós acabamos não terminando o projeto.

—Ai, e agora como fará?

—Vou ter que ligar para eles e remarcar.

—Ojojo, seu Armando, que pena contigo!

—Não se sinta culpada, Betty, nossos corpos pediam por isso.

—Mas nada! Nos vemos amanhã e terminamos.

Agora tinha a desculpa perfeita para encontrá-la, pois para sua mente precisava de desculpas, não para seu corpo que sabia muito bem o que queria, a desejava como um louco, assim como seu coração, sabia que sentia algo especial por Beatriz Pinzón.

Estava encantado, aquela mulher o tinha como queria, sentia-se ainda estar dentro dela, sentia seu cheiro em seu corpo e seu sabor em sua boca, assim foi dormir em êxtase em algum hotel depois de deixá-la, pensando que Marcela ainda poderia estar em seu apartamento.

—__________

No dia seguinte, passou pelo escritório dos Liñarez para saber se Betty podia lhe ajudar em seu projeto, a moça ia protestar, mas não sabia que o noivo já havia pedido permissão a Liñarez.

—O senhor é muito esperto, não?

—Olha, não posso dizer que a inteligência é das minhas maiores qualidades como é para você, senhorita, mas sim, até que sou bem esperto. Preciso apresentar até no máximo amanhã e não temos terminado o plano de negócios, por razões que a bem sabe, picaona (Betty fica vermelha). De modo que, tive que pedir a seu chefe que nos permitisse terminar aqui, assim poupamos tempo!

—Tempo?

—Sim, seu tempo livre!

—Mas eu disse que me no tempo livre ajudaria o senhor a fazer o plano…

—Ah, mas no seu tempo livre, tenho outros planinhos! A trabalhar!

(Mas que picarón don Armando!)

Com a ajuda de Betty, depois de duas horas, os dois terminam o trabalho.

Armando havia agendado a apresentação para às 18 horas, de modo que o permitiria que Betty o acompanhasse, o que a moça com muito prazer o fez. Claro que na empresa muitos estranharam que tal moça desalinhada acompanhasse tão importante executivo, mas foi só Betty abrir a boca para auxiliar que perceberam porque ele a havia escolhido como assistente.

—Betty, vamos sair para comer algo. Melhor que ligue para sua casa.

—Como pensei que ia demorar a reunião, já avisei em casa!

—Ah hã! Muito picarona! Ótimo! Sei que gosta de massas, vamos! -disse ele, abrindo a porta.

No restaurante:

—Lazanha, sim? Obrigado! –disse Armando ao garçom. –Betty, a conta é nossa! Devemos comemorar! -disse esticando a taça, façamos um brinde. –Que acha de depois do jantar, comemorarmos de nosso jeito?

—Nosso jeito?

—Sabe como!

—Como deseje, doutor. -disse, vermelha.

Assim, Armando e Betty foram a um hotel, já que a casa dos avós era longe.

—Te prometi muito prazer e carinho, Betty!

—Ai, don Armando!

—Armando, Betty!

—Ai, Armando!

—Ai, Betty, diga que é só minha!

—Só sua se assim quer!

—Quero!

Assim foram quase todos os dias, Armando não sabia dizer, mas sentia uma vontade dela que nunca havia sentido antes por outra mulher, precisava estar dentro dela, não uma mais várias vezes e sendo insaciável sabia o que isso significava e Betty lhe correspondia, sabia ceder a seus anseios. Tirando a questão de seu pai que era muito controlador e o trabalho, Betty estava ali sempre disponível para suas necessidades. Necessidades que para ele eram só sexuais e para ela sentimentais, mas não percebiam que estavam suprindo um ao outro e intercambiando sensações cada vez que estavam juntos. Com Armando, Betty, apesar de saber ser feia, se sentia a mulher mais bela e desejada em seus braços e ele se sentia amado, um homem completo. Não via que poderia ser algo mais profundo ou preferia não pensar nisso, só sabia que depois que fizeram amor, ao invés de sentir-se livre, estava ainda mais preso a ela, mas pouco se importava, era uma questão dos dois, da qual só eles sabiam, Armando não se sentia mal de ser tão vulnerável, pois ela sabia de suas carências e fraquezas e ninguém mais saberia. E para Betty era a realização de um sonho, como se a vida tivesse finalmente lhe sorrindo, brindando –lhe com o amor de Armando (pois para ela quando tinham relações em meio a carícias e palavras românticas estavam se amando, não era só desejo).