Nem por Ecomoda parecia importar-se mais, era a impressão que Mário tinha, pois não perguntava da empresa como antes, apenas quando teria a reunião. Tampouco se haviam contratado alguma modelo exuberante como fazia no começo, logo que se afastou da empresa. Parecia estar mudado e de isto Mário não gostava nada.
A verdade é que sim, nos braços de Betty ainda que de forma secreta e com a esperança de sucesso profissional com Terramoda, Armando estava vivendo novos momentos. Ao que parece e seu pai dizia, Ecomoda estava indo bem, recebia seu cheque, os empregados tinham seu lugar assegurado, tudo estava indo bem.
``Quem sabe estava enganado com Daniel Valencia? Quem sabe passava com ele o mesmo que comigo? Concorríamos um com outro. Ao fim, está fazendo uma boa administração, não? -dizia a si mesmo, embora no fundo não acreditasse nisso.

Quem não estava gostando nada dessa história era Mário que não sabia mais o que fazer, Armando não saía mais de caceria com ele e ele sabia que ele preferia sair com a tal de Betty.
—E você é o culpado, tigre! Quem mandou bolar um plano para ele ir para a cama com a tal? Agora, ele provou e parece até... Não, não pode ser, Armando Mendoza não pode se apaixonar! Não pode! Ele é o tigre de Bogotá! É o solteiro mais cobiçado e deve seguir assim até o fim! Ele está confundido, é isso! Isto de ficar sem a empresa o deixou perturbado. E pior que mostra a tal, sempre compartilhamos tudo! Para o deixar assim, deve ser linda e deliciosa, mais que Marcela, Adriana ou qualquer modelo, ou seu amigo não ficaria deste jeito por ela. Olarte o havia dito que sempre encontrava com Armando e uma feia na câmara do comércio, mas que não sabia o nome dela. Mas esta não pode ser ser a tal Betty. Meu amigo com uma feia? Nunca! Era mais fácil que ficasse cego, gay ou qualquer coisa, Armando não iria para cama com uma feia nem que fosse para ser presidente de Ecomoda.


Mas Mário tinha sempre bons conselhos. Será?

—__
—Fala, Mário, o que de tão importante tem para me falar.
Não sente falta de mim, de nossos encontros?
—Vai começar com a bobeira já?
—Você não me tratava assim. Que, meu amor, se cansou de mim?
—Vai dar uma de Marcelita agora?
—É que me tem largado. E sobre isso que ia te falar, Não se dá conta que Marcela não vai atrás de você?
—É já faz um tempo.
—É que ela está em Palm Beach com a deliciosa da amiga Patrícia,
—A insuportável.
—Quê insuportável! Já provou? Aquela mulher é uma loucura.
—Não e nem me apetece. É bonta, mas vazia, sua voz, seu jeito, tudo me irrita.
—Ah, mas está exigente agora. Não gosta mais das loiras, antes morria por elas!
—Que mudou, Caldeirpon! Nada contra as loiras, mas...
—Não será que agora só gosta dos loiros?
—Que loiros o quê!
—Ou está no grupo de Hugo ou dos QC.
—Que é QC?
—Aquele tipo de homens quase castrados, que ainda que não estejam casados, é comos e estivessem.
—Você é idiota ou o quê?
—Estou vendo o que está acontecendo, Hpa meses não é visto nas noites e há muito não sai comigo, As modelos se queixam que não as procura mais. Acaso é a tal Betty que te deixa assim?
Armando queria disfarçar e por conta disso virou-se e fingir procurar algo,
—Quê tigre, é pior que pensava!
—Não é como pensa, Caldeirón!
—Está bem perigosso isso. Pelo visto esta mulher é assim, espetacular.
—Pode-se dizer que sim. –ilusionado
—Que belo, por isto esqueceu da vida! Veja, tigre, não crê que passou da hora?
—Da hora?
—Te incentivei a conquistá-la, escrevi as cartas, arrumei presentes para que lhe desse para que conseguisse o que queria: levá-la à cama, pois me disse que era uma espécie de fetiche. Mas já passaram meses e por mais criatividade que tenha a tal, é uma mulher como as putras, de modo que não acha que passou o momento de botá-la?
—Como?
Armando não podia crer, Mário lhe propunha que deixasse Betty, que deixasse a mulher com quem havia compartido cama e dividido sentimentos estes meses, assim sem mais nem menos?
—Não posso entender, não estou entendendo, Mário.
—Isto é digno de você! Mas sabe o que estou falando, somos como o clube dos Batutinhas, mas ao contrário, amamos as mulheres como homens crescidos, mas só para uma coisa. Não somos homens de compromisso, logo, está na hora de partir para outra. E aí, tigre quando vai fazer, caro amigo Alfafa, ou vai dizer que encontrou sua Layla?
—Acontece, caro amigo Batatinha que Betty não é como as outras, aparte de tudo é minha amiga, cománheira, não é só cama, não senhor, temos negócios, negócios, uma empresa.
—Pois para mim, parece outra coisa. Escute, meu conselho tigre, cada dia que passa a coisa vai ser pior, será pior deixá-la. Ela irá sofrer mais e não é isto que quer, é? Imagina a coitadinha sofrendo por descobrir a verdade depois de namorarem por três, quatro anos? Pois a verdade é que se não se casou nem com Marcela, nãos e casará com esta.
—Casar? Não sei, não pensamos nisso.
—Claro que não. Você não é do tipo que se casa. Olha, tigre, façamos assim> pensa em ficar com esta mulher a vida toda? Claro que não. (Respondeu para que Armando não tivesse a chance de pensar) Ela é como as mulheres com quem saímos? Não sei, mas creio que não, ou a exibiria por aí.
—Olha, Caldeirón, se não saio por aí com Betty é porque não há a necessidade de exibir-nos. Ela não é superficial assim, Gostamos de estar juntos, não precisa ser nesses lugares em que vamos com as modelos, cheio de pessoas falsas, com mulheres que saem por dinheiro ou para aparecerem nas revistas agarradas com os solteiros mais cobiçados. Não, preferimos ficar os dois sozinhos, ouvindo boa música, dançamdo, jantando e fazendo amor. Prefiro tê-la só para mim e que estas bandidas não nos atrapalhem quando estivermos juntos!

(Mário não podia acreditar, seu amigo se tornou caseiro e um cursi da marca maior)

Que romântico não? E crê que esta mulher não vai querer sair, vai querer ficar só na cama com você? (Como se fosse sacrifício para Betty ficar na cama com Armando)
—Sabe que não é má ideia?
—Para você talvez não, mas mulheres são todas iguais, sejam modelos ou não. Mulheres gostam de sair e namorar em público! Vai por mim!

Armando pensou na aparência de Betty. Para ele, Beatriz o excitava, tão logo a via, tinha um corpo desejável e ainda que não fosse alta, como as outras como quem andava antes, era proporcionada, o pescoço longo, os seios redondinhos e naturais, a cintura fina, as costas macias, o bumbum redondinho... (Ainda vou dar uns tapinhas, além de apertá-los, se gosta, Beatriz! Pare Mendoza ou vai acabar se excitando) –Mas sabia que ela não gostava de exibir seus atributos por aí, preferia que a vissem como sempre: uma moça muito inteligente, nerd, que a admirassem por seu intelecto e seu coração, mais que por seu corpo, Havia pensado em dar-lhe umas dicas, em presentear-lhe com um vestido como fez uma vez, mas não queria que ela se sentisse mal, que pensasse que ele a estava fazendo bullying, E que não gostasse do seu estilo, pois ele gostava do jeito que ela era e se sentia cômoda com este visual, quem era ele para querer mudá-la?
—Terra para Armando, ei tigre se perdeu? Onde está?
—É mas não. Dizia você?
—Acaso estava pensando no que te falei ou em uma dessas `falditas` que te tem louco? Acaso pensava na tal Betty? Sabe, queria saber o que tem a tipa que está tão louco e babão por ela?
—Quê o quê! Me conhece, tigre!
—Por te conhecer que me estranha esta cara de abobado que colocou.
—Não me perturba, Caldeirón, está bem?
—Que pensa de levar sua gazela a uma dessas lugares que te indiquei?
—Não sei, Mário! Acredita mesmo que ela sente falta de sair exibir-se por aí?
—Não há dúvida! Mulheres são todas iguais, só mudam de endereço. Gostam de exibir-se com seus namorados por aí! Ainda mais um bombom como você!
—É que..- Gosto que fiquemos só nós dois juntinhos na caminha.
—Isto pode fazer depois de dançar e jantar.
—É que não conheço estes lugares que me indicou.
—É que estes não são frequentados por pessoas de nosso nível. Levaria a tal da Beatriz a um desses lugares? Eu não a conheço, mas acredita que se uma de suas `exs`, Karina ou Veruska ou mesmo Marcela se a vissem a tratariam bem, com respeito? Sentiriam inveja dela por estar contigo?
—Isto não me interessa.
—Não sei porquê, mas creio que não pode levá-la e exibir-se por aí com ela. Sabe que no nosso meio, se não for do padrão, humilham sem piedade.
—Mas...
—Pense, não digo como a vê, mas digo como ela é, pense com olhar clínico: diria que ela é mais parecida com as modelos de Ecomoda ou com as secretárias do quartel?
—Er... –Armando não queria responder, mas a verdade é que sabia que para os padrões do mundo ela parecia mais membro do quartel que do clube que ele costumava frequentar. Mário sorriu.
—Fica tranquilo, tigre, tampouco, estes lugares que indiquei são barra-pesada, mas são assim da classe média. Creio que ela vai gostar!
—Não sei não.
—Aqui tem três lugares muito bons, música para dançar, Vallenato, romântica e um pouco de salsa. Eu os conheço.
—Nós gostamos, mas preferimos Jazz.
—Ah ah. Nestes lugares assim dificilmente vai tocar jazz.
—Acho que não é uma boa ideia.
—Ela vai gostar, vai por mim. São estes três lugares.
—Não, sei não, Caldeirón! Definitivamente não!


Armando havia dito não a Mário, mas a verdade é que pensou que Mário tinha mais experiência nestas coisas, ele não havia tido muita experiência na arte de cortejar mulheres, pois a maioria morria por estar com ele, sem precisar fazer nada, assim que preferiu guardar o papel que Mário lhe deu, por via das dúvidas, picado pela curiosidade.
—Não vai me perguntar por Ecomoda?
—Creio que vai tudo bem, não é o que dizem?
—Não tem nem um pouco de curiosidade de saber o que faz Daniel Valencia?
—Dizem que faz uma boa administração, quem sabe eu estava enganado (Claro que não acreditava nas próprias palavras). E você fixou de tomar conta, tem algo que deva saber?
—Não, imagina, tudo tranquilo, Daniel faz uma boa administração, Ecomoda está prosperando como nunca.
—Que ótimo! Qualquer coisa, me avise.
—Certo.

A verdade é que Mário sabia que algo não estava bem, mas não queria dizer a Armando, talvez para não preocupá-lo, já que pela primeira vez na vida sua preocupação não era Ecomoda.
As contas estavam sendo pagas, modelos famosas estavam sendo contratadas, novas modelos estavam entrando e saindo de Ecomoda (algo que lhe intrigava), outra coisa que lhe intrigava era que Daniel, Olarte e Gutiérrez estavam sempre enfiados na sala conversando sobre algo e pareciam que lhe escondiam algo, Haviam segredos na empresa que apenas uma pessoa poderia descobrir e esta era Bertha, a secretária de Gutiérrez, Será que não sabia já de algo e não queria arriscar-se nem com suas amigas do quartel, vez que por menos que isso Sofia havia perdido seu emprego?


Sim, pois depois que Daniel conversou com Jenny, a promotora de bolachas colocou em prática seu plano e conseguiram provocar uma situação na qual terminou com advertência e sequência demissão de Sofia. A mulher ficou desesperada, tentou conversar com Gutiérrez, mas o velho já tinha outra em vista para seu posto, o que foi aprovado por Olarte, mas não por Daniel, pois apesar de tudo, ele não queria qualquer idiota de cabeça vazia para o posto de secretária financeira, tinha que ser bonita e apresentável, mas sobretudo inteligente, uma aliada, ajustada aos planos deles.


O que mais intrigava Mário é que mais uma vez os executivos do Fashion Group não haviam comparecido ao lançamento.

Mário foi à presidência entregar uns relatórios que Mariana lhe havia entregado; enviados por Marcela, era um pretexto, pois queria falar com o presidente; quando ouviu falarem seu nome, então resolveu ouvir o que falavam no melhor estilo Bertha, já que era hora de almoço e nenhuma secretária estava ali.

—Marito está desconfiado.
—Como assim, doutor?
—Andou me perguntando do Fashion Group, por que não comparecem ao lançamento.
—Não sei, vejo depois. Mas não é só isso.
—Tem mais?
—Sim, perguntou das modelos da coleção passada, que até Hugo está insatisfeito, pois as mulheres saíram.
—Ai, doutor, isto é problema!
—Problema? Problema para você e Gutiérrez, Eu disse que tem que fazer tudo bem,
—Mas doutor o senhor que nos apressou.
—Eu? Está falando que a culpa é minha. Me perdoe, mas a culpa é de vocês. Mas isto não importa vou falar com ele. Quem sabe pode ser mais um.
— E esta agora, doutor? Don Mário é amigo de Don Armando Vai contar tudo para ele.
— Creio que Marito não é idiota como Armandito. É ambicioso e não é menino rico como os Valencia e Mendoza. Não creio que dispensaria uma chance de ter mais grana,
—Não sei, não e se nos descobre, doutor?
—Não vai! Mas claro que não vou entregar tudo assim, vou estudar Mário e saber até onde vai esta amizade com Armando. Se continuam como antes. Não sou idiota como vocês! Mas falemos de negócios., as ovas modelos já estão na Europa?
—Como programado, como combinou Rachel.
—Ótimo, os clientes vão gostar!
—Quem não gostaria daquelas delícias –disse Olarte, coçando o nariz –Escute, doutor, agora que Sofia se foi quando vou ter direito a uma secretária gostosa?
—Tudo a seu tempo, Olarte! Pedi uma para Rachel, tem que ser formada em Finanças e leal, muito leal a nós ou se descobrirá tudo.

Enquanto Mário ouvia a conversa de Daniel e Mário, lembrou-se da conversa com Daniel. Estava claro que algo acontecia na empresa. Algo que envolvia a demissão de Sofia, o contrato com Fashion Group, a contratação e o êxodo das novas e inexperientes modelos para Europa. Precisava descobrir o que era.

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