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Flashback
—E qual é o problema, Mário? Está como Armandito vendo coisa que não são? Cuidado pois pode acabar neurótico e frustrado como ele.
—Não, imagina, é que, vou te confessar, queria conhecer pessoalmente, a deliciosa da Gabriela Garza.
—Ah, tinha que ser isso, claro. Tudo a seu tempo. Sabe? O importante é que temos uma boa parceria. E as coleções estão saindo. –disse, dando tapinha nas costas –Sabe, em breve teremos outra seleção de modelos, os clientes gostaram muito da leva que escolheu e não é que tem olhar clínico? Muito bem.
—Sobre isto queria falar também, as novas modelos que escolhi elas também estão de saída?
—Como assim?
—É que as da coleção passada e as que pôs anúncio, quase todas foram embora, até Hugo está reclamando e isto não é comum.
—Mário Caldeirón, não se preocupe com coisas que não são de sua competência, sim?
—Desculpe, Daniel, mas é que...
—Já sei, é que não chegou a provar nenhuma dessas, como de costume, mas te digo> estas não. Mas te prometo que da próxima vez o deixo escolher uma para seu desfrute (que nojo de tanto machismo) .

Fim do flashback
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Armando havia buscado Betty no serviço.
—Sabe, picarona –beijo –Já estava com saudades. Sabe como sou...
—Não sei, don Armando! –fazendo-se inocente.
—Ah sabe sim e participa disso, ah? Posso dizer que gosta. –Betty estava vermelha e isto deixava Armando excitado, como se ela fosse uma fruta vermelha pronta para ser devorada.


Mas havia pensado no que Mário havia lhe dito sobre as mulheres. De repente, Betty não era diferente e gostaria também que saíssem, sem ser para negócios, como faziam quando eram só amigos. Sabendo agora que Marcela estava nos Estados Unidos pensou que talvez pudesse levar Betty para passear. Deveria testar se seria bom para eles, pois não podia exibí-la nos lugares onde estavam as pessoas que conheciam (repletos de ex-amantes, jornalistas e conhecidos) para que não os incomodassem a noite toda e porque querendo ou não, ela não pertencia à ``beautiful people`` e embora, não se importasse com isso, sabia que para estas pessoas importaria a ponto de perturbarem Betty e estragarem seu... (não sabia definir o que estavam tendo).

Poderia Betty se cansar de apenas saírem para irem a reuniões de negócios e depois se trancarem na casinha de seus avós ou dada a urgência em algum hotel. Queria levá-la a seu apartamento, mas nunca havia levado mulheres em seu apartamento, era seu lugar sagrado, não um local de caceria. Poderia Mário ter razão? Ele conhecia mais da arte da conquista que ele, pois geralmente, as mulheres o perseguiam e desmaiavam a seus pés sem ele ter que fazer nada para as conquistarem. Resolveu perguntar Betty sobre isto.
—Betty, estive pensando. Já vimos todos os filmes em cartaz. Queria saber se gostaria de ir a um lugar diferente.
—Sério? Que lugar? –Não se importava de ficar trancafiada com ele fazendo amor, mas achava que ele sentia falta de sair e queria agradá-lo. -Um restaurante? Ou vai me levar para dançar?
—É pode ser.
—Ai, Armando! –deu muitos beijinhos.
—Se fizer isto de novo, não vamos sair daqui.
—Ojojo. ``Não seria má ideia, doutor.`` -pensou. Deixemos para depois.
—Isto é uma promessa?
—Depende.

Assim, Armando a leva ao Santuário.
Estavam dançando e Betty, como sempre, pisava nos pés dele.
—Ai, que vergonha. Desculpa, doutor.
—Sem problema, Betty. Pior que estas pisadas é insistir em chamar-me de doutor aqui sendo que quando nos amamos me chama de muitas coisas muito mais interessantes. –Lhe pisca o olho e a pega junto a ele, deixando-a muito vermelha.
Armando havia até gostado daquele lugar, há tempos não saía e dançava e apesar das pisadas que Betty lhe brindou toda a noite, havia gostado de sair com ela de novo e não encontrar nenhum conhecido e mais ainda da recompensam depois no quarto, amando-se.

(Depois do amor)

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—Gostou de sair um pouco, espertona? -disse, sentando-se na cama, para pegá-la junto a ele. Betty estava sentada de roupão, se óculos e com a franja para o lado.
—Ah sim, don Armando.
—Betty.
—Está bem, doutor, quero dizer, Armando, foi muito divertido, sair com o senhor, de novo.
—Senhor, doutor, don não sei o quê! Sou um velho, é isso?
—Não, imagina. O senhor, você é muito jovem e está em forma.
—Quanto em forma? Muito em forma? –disse mordiscando sua nuca, enquanto enfiava as mãos dentro do roupão dela.
—Que tal se pedimos alguma coisa para comer? –pergunta Betty
—Pode ser, pois este exercício me deixou muito faminto.
—Ojojo!
Posso ligar a tevê?
—Sim.

Enquanto Armando pede algo, Betty assiste ao jornal local.

Na televisão:

—E hoje foram presos no porto de Cartagena mais dois suspeitos de participar da Màfia das escravas brancas:
—Não temos nada com isso.
—Os suspeitos negam e dizem que os contratos são legais e que as moças foram legalmente contratadas por uma importante agência de modelos da Europa para desfilarem em passarelas na Europa.
—Mas não quis dizer qual seria a agência europeia e tampouco qual seria o intermediário colombiano que estaria fornecendo as modelos.
—Conversamos com o detetive Thompson sobre isso.

Armando pegava a comida, enquanto Beatriz prestava atenção, chocada.
—Já temos...
—Shiu!
—Está claro que se trata de uma rede de prostituição que atua na Europa. Não tem nada a ver com desfile. Eles contratam moças jovens com um perfil pre-determinado pelo que chamam de cliente e usam uma empresa de moda de fachada, já pegamos duas envolvidas no esquemas e seus executivos, gente do mais alto escalão da Moda sul-americana em países como Argentina, Equador e Brasil e na Colômbia estamos investigando duas. Tem duas grandes agências grandes envolvidas.
—Poderia dizer quais são as suspeitas?
—Não, pois isto atrapalharia a investigação, mas podem ter certeza que não são empresas pequenas, mas estamos na cola. Desistam enquanto podem, as investigações estão avançadas. O esquema que desbaratamos hoje é pequeno comparado ao que encontramos. Vamos chegar até vocês!

Betty estava assustada. Como pode que pegavam moças com seus sonhos de desfilarem em grandes passarelas para serem prostitutas. Armando percebeu como Betty estava, deixou a bandeja de lado e a abraçou.
—Isto é horrível, Armando.
—De verdade.
—Como podem fazer algo assim?
—Já li várias reportagens, não é novo! Mas o que me assusta é que tem uma grande empresa de moda colombiana envolvida.
—Acha que...
—Não, creio que não, Daniel pode ser o que for, mas não creio que faria lago assim.
—Ele trabalha para o governo.
—Sim, por isso, não poderia se envolver em algo assim. Júlio e Suzana os criaram bem e com altos valores e ainda meus pais. Não creio que faria lago assim, isso mataria meu pai de desgosto.
—Não pense nisso –disse, acariciando-lhe o rosto – Claro que Ecomoda não está envolvida em algo assim.
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