Haviam passado alguns dias, desde que haviam feito amor e Beatriz não sabia de Armando, assim que ao vê-lo chegando no escritório, não pôde acreditar. Parecia ainda mais bonito com aquele terno azul marinho. Ela estava, logicamente, com saudades, mas sabia que para um homem como ele ir para a cama com ela foi apenas uma noite a mais em sua vida. Ela havia tentado se comunicar com ele, inclusive, a respeito do dinheiro que havia deixado nas mãos de Nicolás havia feito e havia dado bastante resultado, deixou recado na secretária eletrônica, mas como ele não a retornou, de modo que não tentou mais ligar-lhe. Tentaria agir normal, não podia exigir-lhe ou reclamar-lhe nada, não tinham nada formal, tampouco queria ser como sua ex.

—Bom dia, doutor Mendoza! -disse Betty sorrindo -Que ventos o trazem? Ojojo!

—Bom dia, Beatriz! Estive... estava er... pelo centro fazendo umas visitas a clientes e resolvi passar para saber como vão as coisas, er investimentos de minha empresa, é lógico.

—Compreendo. –disse Betty, olhando cada detalhe de seu rosto.

—É que realmente tive muitos compromissos que me impediram de vir antes.

—Tudo bem.

—Mas eu recebi o recado que me deixou, por isto estou aqui. Sei que deve estar chateada.

—Não, não estou chateada. Ojojo Nem estou lhe pedindo justificativas. Na verdade, Nicolás pediu-me que lhe desse o recado sobre os investimentos.

Armando, logicamente, não gostou nada de ela ter mencionado o nome do amigo, pois pensava que ela é que queria falar com ele e não seu amiguinho.

Logicamente, Betty havia aproveitado o recado de seu amigo para poder ter uma desculpa para falar com ele, mas como ele não lhe respondeu, resolveu resinar-se.

—E o que queria?

—Te mostrar umas planilhas para que visse como estão rendendo os investimentos.

Ele está entusiasmado. Nicolás é muito inteligente.

—Já vi.

—Podemos marcar um dia para que ele te mostre tudo! –Armando vira os olhos–Nicolás é muito bom nisto.

—É, está bem!

—O senhor precisa de algo?

—Ér, não! Na verdade sim, eu queria que examinasse um balancete que Daniel apresentou na reunião. –inventou na hora.

—Pois não? –decepcionada, pois pensava que estava ali por ela.

—Ah mas não o trouxe, deixemos para a próxima, poderíamos almoçar juntos?

—Eu tenho que ir à casa dos meus pais, tão logo saia daqui, meu pai precisa de mim que lhe acompanhe a realizar uns trâmites. –disse a mulher.

—Ah! Quem sabe eu possa ajudá-los!

—Não precisa se incomodar.

—Incômodo algum! Vamos!

Depois dos trâmites, Hermes convida Armando a vir a sua casa, tomar uns tragos e ouvir uns tangos. Chegando lá, Júlia prepara bolinhos e arepas.

-Que bom que o senhor apareceu!

—É que tinha alguns problemas para resolver, dona Júlia!

—Bettica ficou triste porque o senhor não aparecia.

—Mãe!

—Ora, Betty, o que tem? É bom saber que um amigo nos aprecia. -disse, dando-lhe um de seus sorrisos e uma piscadinha

—O que vai pensar don Armando?

—Também senti falta sua. Prometo que procurarei ser mais assíduo.

—Será um prazer! Ah, don Armando queria te perguntar uma coisa. Não sei se está sabendo.

Armando vê o anúncio.

—O senhor sabia?

—Claro que não. E estranho que Daniel está contratando super-modelos para o desfile e agora abriu esta seleção para mulheres com perfil de modelos, mas sem experiência em passarela. E esta exigência: preferência por brancas!

—Bem, entendo que o mercado exige!

—Não! Não é o que o mercado exige. -contestou Armando. -Embora, o mercado seja restrito, na passarela é bem visto modelos de várias etnias, estranho que Ecomoda só esteja contratando neste perfil, ainda mais contratando sem experiência, já que também está contratando modelos do quilate de Adriana Arboleda e Karina Larson.

—Disso entendo pouco.

—E eu nada. Só que são muito lindas. Principalmente, estas loiras.

—Ai, Nicolás.

—Daniel, está com alguma ideia... não me cheira bem! –disse Armando

—Mas o que pode ser?

—Não sei. –pega o flyer coloca de volta dentro da revista, fecha e devolve à dona Júlia.- Mas no momento, não me interessa, foquemos em Terramoda, nossa empresa, sim? –disse Armando –vou fazer o que meu pai disse. Vou receber meu cheque e me afastar de Ecomoda.

—Mas é sua empresa!

—Errado! Esta! –bate no contrato da Terramoda que está sobre a mesa dos Pinzón minha empresa!

Em outro dia:

Armando havia tido algumas ideias para apresentar projetos em outras empresas que não aquelas que eram parceiras de Ecomoda, de modo que necessitava ajuda de Betty para montar estes projetos. Assim foi vê-la no escritório no final do expediente.

Betty conversava com um cliente muito especial, era um homem de quase dois metros, loiro de olhos azuis.

—Estão posso ficar tranquilo, senhorita, como se chama?

—Beatriz Pinzón.

—Mademoiselle Pinzón.

—Olha que me recomendaram muito este escritório, disseram que é o melhor e que a senhorita me assessoraria em tudo, como disse Catalina.

—Ah dona Catalina sempre nos manda clientes e até agora nenhum deles reclamou dos serviços desse escritório. Ojojo!

—E não serei eu a reclamar.

O telefone interno tocou.

—Um momento, senhor Doinell. Pois não?

—Beatriz, -chamou a secretária ao telefone O dr. Mendoza está aqui fora.

—Ah, sim, Mercedez, já estou indo. Peça-o para esperar.

—Vejo que está ocupada e eu também, pois tenho que voltar à Cartagena hoje.

(Os dois levantam e vão em direção à porta, saem e encontram Armando impaciente na recepção.)

—Assim que estiver com a documentação pronta o acompanharei à Câmara do Comércio para abrirmos sua empresa. -disse Betty, encantada.

—Grato. Fico no aguardo, mademoiselle. -disse Michel, beijando a mão de Betty.

—Ojojo! Grata!

Armando fecha a cara, não está gostando nada do leve rubor de Betty em suas bochechas, gosta menos ainda de vê-la sorrindo, tanto o rubor quanto este sorriso só pertenciam a ele.

Michel sai do escritório, enquanto as secretárias, mesmo senhoras suspiram, o que faz Armando bufar.

O que ele não sabe é que as senhoras suspiram pela sorte de Betty de poder atender a dois triplepapitos como estes ao mesmo tempo. E que o sorriso e o rubor de Betty se devem a estar sendo observada pelo homem de seus sonhos, haja vista que não havia sentido nada até o ver.

—Boa tarde, Beatriz! -disse de cara fechada

—Boa tarde, doutor, -sorri a ele, visivelmente vermelha desculpe fazê-lo esperar.

—Que nada. Estava muito ocupada, não?

—Sim, é um cliente muito importante!

—Já vejo quão importante é este tipo. -disse com ciúmes -Não vai me convidar para entrar em SUA sala?

—Não tenho sala, mas entre.

—Que então não tem sala?

—Não, esta sala é emprestada quando tenho clientes importantes. Creio que o atendi nela não?

—Sim, mas pensei que só eu era atendido assim por você.

—Este é meu trabalho e o chefe é Dr. Liñarez, se ele manda que eu tenha mais atenção com um cliente.

—Desculpe-me, Betty, -disse mais calmo, agora que trabalha para outros, sabe como é cumprir ordens.

—Mas creio que o sr. não veio aqui para verificar se trata outros clientes ou não.

—Não, vim para te ver!

—O quê?

—Na verdade, vim para te ver, mas não só isso. Resolvi aceitar que meu destino agora é fora da empresa da família e oferecer meus serviços para outras.

—Que ótimo. Não era justo que sofresse tanto.

—Para isso, preciso de sua ajuda.

—Da minha?

—Preciso montar um projeto.

-Projeto? Que tipo de projeto?

-Pensando em oferecer uma espécie de assessoria para empresas. Sabe muitas empresas não contam com um executivo que saiba falar, apresentar projetos perante uma reunião de conselho, por exemplo. Outras não contam com alguém que possa viajar e representara empresa no evento. Tipo um relações públicas, sabe?

—Interessante. Mas pensei que iria continuar com seu trabalho com maquinário.

—Sim, a parte disso que é minha paixão e que pretendo me aprofundar mais. Na verdade, é isto que queria fazer, cuidar do maquinário, mas no momento não estou mais em Ecomoda e o que recebo é bem menor comparado com o salário de um executivo interno. E ainda mais, não posso contar com estes cheques, já que estão comprometidos nos investimentos de Nicolás.

—Ojojo! Mas com isso pode ficar tranquilo que em breve vão estar rendendo o dobro.

—Eu sei, mas até lá tenho que me sustentar.

Betty ouve a proposta de Armando, enquanto desenha o plano em um papel, ele observa atentamente. Eles combinam de se encontrarem outras vezes, tanto no escritório de Liñarez quanto em outros. E um desses é na casa de Betty, mas fica difícil trabalhar com interrupções de Hermes, dando palpites de investimentos, assim como os vizinhos abordando-os.

—Betty tem namorado! –disse Román.

—Quem diria a feia tem um tipão desse como namorado! –disse Glória

—Aí doutor, desculpe por aquele dia, não sabíamos que era sério o lance com a feia!

—Somos apenas bons amigos, deixe-nos em paz!

—Acho bom que seja só amizade, Miguel não vai gostar nada de saber que seu amorzinho. –disse Román.

—Calem a boca!

Armando ameaçou ir para cima deles.

—Ai, o gorila!

Saíram correndo.

—Ai, desculpa, seu Armando, eles são uns desocupados imbecis!

—Tudo bem, Betty! Não perderei meu tempo com estes! (``Quem será este Miguel que falaram?`` -pensa.)

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