Um dos suspeitos de ser o mandante da morte de Red foi localizado. Insisti para que Cooper me aceitasse de volta no caso, e parti atrás do suspeito: Leonard Sttil.
De acordo com Aram, que o localizou por câmeras de segurança, Leonard estava no aeroporto, tinha acabado de chegar ao país. Me apressei para pegá-lo ainda lá. Estava sozinha nessa.
—Onde ele está?-Perguntei, no fone, enquanto passava pela multidão de pessoas que impossibilitava que eu fosse mais rápida.
—Está na saída 3, que é coberta. Precisa ir logo, ele está esperando um táxi.
Comecei a correr, esbarrando nas pessoas. Talvez eu tivesse interpretado tudo errado, e Red tivesse sido sequestrado.
Eu não era muito alta, então não conseguia ver Leonard de onde estava, mas podia ver a saída coberta, então o táxi. Me aproximei, pronta para sacar a arma. Uma mala estava sendo posta no porta-malas. Meu suspeito estava dentro do táxi. Dei um passo na direção dele, então vi alguém familiar do lado de fora.
—Dembe?-Murmurei. Ele olhou pra mim, como se tivesse me ouvido.
Então tudo explodiu.
A explosão me jogou pra trás, assim como algumas outras pessoas. Fumaça cobriu o local todo, me sufocando. Tossi, lutando pra levantar. O táxi já era, mergulhado em fogo.
Ergui o olhar, procurando Dembe onde tinha o visto. Ele já estava longe, desaparecendo ao lado de alguém de chapéu e casaco. Red.
Comecei a correr, mas não fui longe antes de perdê-los de vista.
—Agente Mhoritz? Agente Mhoritz, o que aconteceu?-Tirei o fone, enfiando-o no bolso.
Reddington estava ali, e eu o perdi. Droga.
***
—Você está bem?-Ressler perguntou, me afastei, erguendo uma mão para mantê-lo longe.
—Estou suja, e sangrando, não me abrace.
—Quero saber de onde saiu aquela bomba. –Cooper disse. –E quem a colocou lá. As câmeras devem ter gravado algo suspeito. Preciso das imagens, Aram.
—Sim, senhor. –Murmurou, parando de olhar pra mim.
—Agente Mhoritz, sugiro que passe na enfermaria.
—Estou bem. Apenas preciso de um banho, e de roupas limpas.
—Vá para casa e volte o mais rápido possível. Alguma coisa errada está acontecendo nesse caso. –Keen, atrás dele, me lançou um olhar que só significava suspeita. Acho que ela desconfiava de Red também.
—Sim, senhor. Volto logo.
Coloquei o fone na mesa de Aram e saí, mancando um pouco. A explosão podia ter me matado, foi muito perto.
Tomei um banho, coloquei uma roupa limpa, então fui direto para casa de Red. Se ele estava andando por aí, então já tinha parado de se esconder. Mas por que não entrou em contato? Será que ele tinha falado com Lizzy?
Bati na porta algumas vezes, nada. Decidi entrar por conta própria, e abri a porta com um grampo.
—Red?-Chamei, puxando a arma do coldre. –Dembe? Reddington? Alguém em casa?
Sem resposta. Ele não estava ali.
—Onde você se meteu, Red?
***
Voltei para o esconderijo com a mente distante. Onde Reddington podia ter se escondido?
—Jenna. –Olhei em volta, e então localizei Cooper na escada. –Preciso falar com você.
—Tá. –O segui até a sala dele, era estranho não ser Meera ali, mas no início era estranho tê-la como dona da sala. –Eu fiz alguma coisa errada?
—Vi as imagens das câmeras do aeroporto. Você pareceu hesitar. Viu alguma coisa suspeita?
—Achei ter visto Dembe, o segurança do Red. Mas... Me enganei.
—Tem certeza? Faria sentido ser Dembe Zuma o responsável pela bomba, já que Leonard Sttil matou o chefe dele.
—Impossível, senhor. Dembe nunca seria a mente por trás de tudo. Se Reddington estivesse vivo... A história seria outra. Tenho certeza de que vi alguém parecido com Dembe. Não era ele.
—Por que mudou de ideia sobre o caso? Me pediu para sair, agora para voltar...
—Não sei. Ficar longe de tudo é pior do que me envolver. Red era... Um segundo pai, digamos assim.
—Não precisa continuar.
—Preciso, sim. –Era melhor me manter de olho em tudo, tentando descobrir o plano de Red, e onde ele queria chegar, do que ficar afastada, sem ideia do que estava acontecendo.
—Entendo. Se precisar sair do caso, ou conversar...
—Aviso. –Como Cooper esteve muito presente no Projeto Dangerous, eu o conhecia, ele era a única pessoa de fora com quem eu tinha contato. Apontei para o porta-retratos da mulher dele. –Mande lembranças à sua esposa, ainda me lembro dos biscoitos que ela mandava pra mim no meu aniversário.
—Esses dias ainda ela perguntou como estava a garotinha da Dangerous.
—Diga que ela está... Bem. –Não era totalmente verdade. –Mais alguma coisa?
—Não. Pode ir. Mas lembre-se...
—Sim, eu aviso se precisar conversar. Obrigada.
Me levantei e saí, tendo como objetivo a mesa de Aram, ele estava cercado de papéis, e parecia meio perdido.
—Aram!-Deu um pulo ao me ver chamar, olhando em volta.
—Precisa mesmo me assustar?
—Quero saber o que encontraram na bomba. Alguma digital? Nome do fabricante? Qualquer coisa.
—Bom, lamento informar que não havia nada.
—Como assim?-Peguei as fotos do que restou da bomba. –Nada?
—Nada. Mas sabemos que a bomba foi ativada por controle. Ela não tinha um relógio, nem uma trava. Alguém a ativou de longe. –Assenti.
—Entendi. Será que pode me mostrar as imagens do aeroporto?
—Claro. Só um minuto. –Olhei em volta. A antiga mesa de Meera estava vazia. Desviei o olhar.
—Onde estão Ressler e Keen?
—Foram investigar o taxista.
—Ah.
—Achei. –Dei a volta na mesa, parando ao lado dele. Ver tudo por outro ângulo era estranho. Dali não dava pra ver Dembe, nem o suposto Reddington. –O que você viu, antes da explosão?
—Achei ter visto Dembe. Mas não era ele. –Na imagem, a bomba explodiu. A coisa foi bem mais feia do que me pareceu naquela hora. –Alguém se aproximou muito do táxi?
—Não. Apenas o taxista e Leonard Sttil.
—A bomba estava onde?-Voltei a imagem.
—No porta-malas.
—Ok. Me avise se tiver novidades, preciso pensar.
—Tá.
Fui pra minha sala. Ninguém além de mim sabia que Dembe estava lá. Bom. Por enquanto o fato de Red estar vivo era segredo.
Fechei a porta e me sentei, pegando o celular. Dembe vivia trocando de telefone, para que não pudesse ser rastreado. Torci para que ainda usasse o último número que me deu, e disquei. Nada. O número não existia mais. Não havia como entrar em contato com ele. E como consequência, com Red. Como eu ia achá-los?
Saí da sala de novo e parei no corredor, espiando. Aram não estava na mesa dele, ótimo. Me aproximei e procurei pelo programa que ele havia usado para achar Red, e o encontrou num selfie. Selecionei o rosto de Reddington e esperei, enquanto uma busca era feita em todas as câmeras que tínhamos acesso.
—Anda, droga. –Murmurei. Se soubessem que eu estava fazendo isso, eu estava ferrada. Por que para todo mundo, Red estava morto. Então por que eu estaria procurando-o?–Vai logo. Vai. –Noventa e sete por cento. Olhei em volta. Aram estava vindo. Então parou, conversando com um agente. Noventa e oito. Noventa e nove. –Anda,anda. –Busca concluída. Nada foi encontrado. Fechei o programa e me afastei, bem a tempo.
—Precisa de alguma coisa?-Aram perguntou, se aproximando.
—Não. Só queria saber se Keen e Ressler já tinham chegado. –Respirei aliviada. Foi por muito pouco.
—Ali, acabaram de chegar.
—Ótimo. Keen!-Olhou na minha direção. –Preciso falar com você. Agora.
Fomos pra minha sala. Ressler, por sorte, não nos seguiu. Eu ainda não sabia se ia contar pra ele o que vi no aeroporto.
—O que foi?
—Fecha a porta e senta. –Pedi, ela me obedeceu. –Eu vi Dembe, antes da explosão do táxi.
—Dembe?
—É. E tenho quase certeza de que Red estava com ele. Não dá pra ter certeza, o cara de costas, mas com o mesmo tipo de chapéu que Red usa, e de casaco.
—Acha que era ele?
—Não sei. Mas explicaria muita coisa. Tipo o táxi com Leonard Sttil, suspeito de matar Red, explodir com ele dentro.
—Jenna, acho que temos que contar.
—Não. Lizzy, se Red está planejando alguma coisa, nós não...
—Reddington o que?-Olhamos ao mesmo tempo na direção da porta. Ressler a fechou e entrou, cruzando os braços. –O que tem Reddington agora? Ele voltou?
—Acho que o vi no aeroporto, com Dembe.
—Ele explodiu aquele táxi, não é?-Dei de ombros.
—O caso é: o que descobriram sobre o taxista?
—Tinha uma doença terminal. Sem chance, sem cura. Suicídio?
—Red pode tê-lo convencido a ajudar. Ele não o obrigaria, nem colocaria uma bomba ali sem ele saber.
—Reddington já provou ser um assassino. Ele matou sua equipe.
—Sim, mas na cabeça dele, havia um motivo. Tudo o que Red faz tem um motivo. Às vezes não parece, mas tem. Tenho quase certeza de que convenceu o taxista a colocar aquela bomba lá, uma troca de benefício mutuo. Talvez... Ele tinha família?
—Sim. Era divorciado e tinha três filhos. Dois estão indo pra faculdade ano que vem.
—Aí está. Red ajuda a família do taxista e ele se explode, matando Leonard Sttil. Caso resolvido.
—Ótimo. Agora vá lá e conte para Cooper.
—Você ficou doido? Ninguém pode saber que Red está vivo. Ele vai voltar. Eu sei que vai. Quando... Bom, eu não sei. Mas ele vai.
—Vou tentar confirmar sua história. –Lizzy avisou, levantando. –Red tem que ter deixado algo para trás. Uma doação, uma grande quantia doada para a família... Vou descobrir.
—Ok. –Saiu. Ressler se sentou no lugar dela. –Ih, conheço essa cara...
—Jenna, você quase foi explodida hoje. Reddington precisa parar, agora.
—Ressler, é um risco necessário nessa profissão. É idiota você me dizer pra tomar cuidado, quando você também corre risco. Sim, eu quase me explodi hoje, mas é nosso trabalho, ir lá e enfrentar os perigos. É assim que funciona. E se fosse fácil, não seria legal.
—Apenas tome cuidado.
—Eu não sabia que aquela bomba... –Desisti. Não ia chegar em lugar algum com aquela discussão. –Tá, vou tomar cuidado. Prometo.
***
—Ressler está atrasado. –Keen disse, verificando o celular.
—Eu sei. Ele disse que tinha que fazer uma coisa antes de vir.
Como supostamente o taxista saiu como culpado da morte de Leonard, pudemos sair mais cedo do caso. Não havia pistas a seguir. E eu sabia que quando Red aparecesse, tudo se resolveria de vez.
Keen e eu estávamos num bar, não muito longe do esconderijo. Donald estava bem atrasado, e eu não conseguia imaginar o que ele estava fazendo. Tinha ficado completamente animado por poder sair, e então sumia. Não fazia sentido.
—Ele logo aparece. –Murmurei, dando mais um gole na cerveja. Uma figura familiar passou pela porta e se aproximou. –Dembe?
—Ele me pediu para entregar isso. –Entregou dois envelopes, um para mim, outro para Lizzy.
—Onde ele está?-Sacudiu a cabeça negativamente, então saiu. Olhei para Lizzy, confusa, então abri a carta.

“Cara Jenna,
Sei que já sabe que estou vivo. Parece que como uma Dangerous, está sempre um passo à frente da equipe. Não direi onde estou, pela segurança de ambos. Apenas saiba que estou bem, e de olho em tudo o que acontece aí.
Desculpe tê-la nocauteado, mas fiz isso para não me ver morrer, e ser morta em seguida.
Não sei quando retornarei, não me procure. Quando voltar, darei mais nomes da lista.
Ah, mais uma coisa: não leia a carta de Lizzy, eu a proíbo.
Atenciosamente, de seu padrinho, Raymond Reddington.”

Olhei de novo para Lizzy, ela estava secando os olhos com um guardanapo, a carta aberta no colo. Red estava em algum lugar, vivo, e bem. Eu sabia.
—Não sei se ele merece um tiro, ou um abraço. –Comentei, fazendo nós duas rirmos.
—Também não. –Dobrou a carta, colocando-a na bolsa. Enfiei a minha no bolso do casaco. –Acha que devíamos contar à Ressler?
—Não. Isso fica entre nós, independente do que acontecer. Red nunca entrou em contato. Entendeu?-Assentiu. Donald apareceu e se sentou na nossa frente.
—Desculpem. –Pediu. –Estou muito atrasado?
—Um pouco. Sem problemas.
***
—Vocês sabem por que estão aqui?-Cooper perguntou. Lizzy e eu fizemos que não. No dia seguinte, havíamos sido chamadas na sala dele, sem saber o que tinha acontecido de errado. –Quero saber por que não me contaram que Reddington está vivo.
—Senhor, ele... –Comecei.
—Eu sei de tudo, Jenna. Ressler me contou. –Ressler? Eu ia esganá-lo!-E então? Qual das duas começa?
—Lizzy não sabia. Eu é quem descobri, e... Pedi que guardasse segredo.
—Por quê?
—Achei, e ainda acho, que tudo é um plano de Red. E que se isso se espalhasse, poderia prejudicá-lo.
—Foi ele quem você viu no aeroporto, não foi?-Fiz que não. –Mhoritz, não minta pra mim.
—Sim, senhor. Era ele.
—Deveriam ter me contado. O que acham que eu faria? Prejudicaria Reddington e sua segurança? O que mais sabem?
—Nada. Ele não entrou em contato, e não conseguimos achá-lo.
—Martin está vindo para cá, agora mesmo. Quer interrogá-las...
—O que? O senhor...
—Era minha obrigação, Jenna. –Suspirei. –Quando ele chegar, serão avisadas. Agora podem ir.
Saímos da sala dele, eu pronta para esganar Ressler com minhas próprias mãos! Ele era um agente morto! O encontrei na sala dele, inocentemente trabalhando.
—Eu devia te matar, Donald Ressler!-Gritei, batendo a porta com força para fechá-la. –Você contou ao Cooper! E agora aquele imbecil do Martin está vindo pra cá!
—Jenna, vocês não podiam continuar escondendo isso. O taxista levou culpa pelo que Reddington fez.
—As coisas iam se acertar assim que ele voltasse. Agora vão acusar Lizzy e eu de escondermos Red! Será que não pensou nisso?
—Desculpe, mas fiz o que era certo. –Respirei fundo. –Desculpe se as prejudiquei.
—Eu devia te pendurar de cabeça pra baixo e te dar uns tiros. –Me sentei, tentando me acalmar. –E agora? O que é que eu vou dizer? Martin vai comer Lizzy e eu vivas!-Alguém bateu na porta, Aram entrou. –O que foi?
—Martin está interrogando a agente Keen, e pediu pra avisar que você é a próxima. –Respondeu
—Ah, droga.
***
—Sente-se, agente Mhoritz. –Sentei, me preparando psicologicamente para não socá-lo, coisa que eu queria fazer só de olhar pra cara dele. –Vamos começar do início. Qual sua ligação com Reddington?
—Achei que íamos falar sobre ele estar vivo, e não morto, como todos achavam.
—Se você escondeu isso, então tenho certeza de que tem motivos muito fortes. E quero que diga verdade, pois sua história vai ter que ser confirmada depois. E se não for provado que está falando a verdade...
—Minha mãe trabalhava pra ele. Reddington é meu padrinho. Cuidou de mim por quatro anos, após a morte das pessoas que me sequestraram e me chamaram de filha. Esses quatro anos foram apagados da minha mente. Não me pergunte como, eu não sei. –Eu não ia prejudicar o Dr. Fox só por que Martin queria. –É essa a ligação que temos. Satisfeito?
—Como sabia que Reddington estava vivo? Aquele sequestro foi armação?
—Não. De algum jeito ele conseguiu escapar. Desconfiei pelo fato de não haver um corpo. Apenas isso.
—Estamos procurando por Dembe Zuma. Sabe onde encontrá-lo?
—Não. Talvez tenha saído do país, não sei.
—Reddington entrou em contato com você?
—Não.
—Mas você o procurou?
—Sim. Mas não encontrei nada. Se Red quer sumir, senhor, ele vai sumir de qualquer jeito.
—Se Reddington entrar em contato...
—Eu aviso. Pode deixar.
—É bom que assim seja.
Idiota. Achava que eu ia entregar Red assim. Ele definitivamente não sabia com quem estava lidando.