Nova Iorque, 2010.

#ANTERIORMENTE

Josh fecha a porta atrás de Rick e ele segue até o sofá. Automaticamente a iluminação mudou. Uma luz baixa amarela deu um toque especial ao lugar. Rick se concentrou no que não pode fazer. Seria difícil, mas ele tentaria. Não tocar. Não tocar. Não tocar. Ele repetia mentalmente. A porta se abriu devagar e uma música começou a tocar. A silhueta dela apareceu em meio a uma fumaça no fundo da sala.

Kate se aproximava devagar e aos poucos o homem sentado no sofá ia sendo revelado. Ela observa o homem desabotoar seu terno e se sentar ereto no sofá, como se quisesse chegar mais perto dela. Kate sobre no palco e segura firme o cano, dando uma volta completa até seus olhos cruzarem com os dele. Seu coração saltou ao ver o homem sentado. Ele estava de volta.

— Dançarei para você essa noite. – ela começa devagar, passando as mãos pelo seu corpo sedutoramente. – deseja alguma dança especifica ou...

— Só dance. – ele a corta com a voz firme e intimidadora. Ela o obedece.

Kate desce o pequeno palco no meio da sala e para de frente ao seu moreno perigoso. Estar seminua a frente dele não foi constrangedor. Ela começou a se mover sedutoramente na frente dele, encaixando-se entre suas pernas abertas. Kate contornava seu corpo com suas mãos, e Rick a seguia com o olhar. Ela fechou os olhos quando sentiu o toque das mãos grandes e firmes em sua cintura. O calor que ela transmitiam a fez estremecer. Kate o encara e ver o quão seus olhos azuis estão escuros. Ela se inclina sobre ele, alcançando seu ouvido.

— Isso é contra as regras. – ela avisa em um sussurro.

— É quase impossível resistir. – ele rebate. A voz rouca contra a pele do pescoço dela, a faz fechar os olhos e conter um gemido. – seu corpo é perfeito.

Lentamente ela leva suas mãos até as dele. O toque de suas mãos fez uma troca de energia e desejo atravessar os dois. Kate se afasta a ponto de encontrar os olhos dele e volta a dançar. Rick estava próximo dela novamente. Ela sentia o calor das mãos dele em sua cintura, mas agora não a tocavam. Kate fecha os olhos e morde o lábio. Seu coração saltitante dentro do seu corpo. Cada fibra que lhe penitencia gritava por mais. Em um movimento rápido, que Rick não teve tempo para registrá-lo, ela empurrou seu corpo contra o sofá. Ele a olhou intrigado, mas não menos intenso que antes.

Gloriosamente, ela se senta sobre as pernas dele. Ela faz um esforço para manter seus olhos abertos, mas a vontade que tinha era de fecha-los e se deixar levar pela imaginação.Involuntariamente, Kate sobe suas mãos pela peitoral firme que ele tinha. Olhos nos olhos. Dessa vez eles estavam mais próximos que nunca, o que deixava tudo ainda mais intenso.

— Não parece justo. – ele murmura e ela o encara. A respiração forte dele batendo contra o seu rosto.Você pode me tocar e eu não. – Kate sorrir.

— Foi para isso que você me pagou.

— Eu pago o dobro. Agora. – ele fala firme, mas ainda com o sorriso no rosto. – Pago quanto for, só para te tocar.

— Sexo não faz parte do serviço. – ela murmura bem perto do rosto dele.

— Eu não falei em sexo. – ele se defende, erguendo seu corpo e os deixando ainda mais próximo. – apenas te tocar.

O desejo estava exposto nos olhos dos dois. Suas intimidades quase se tocando. A excitação aumentando. A respiração ficando cada vez mais pesada. Kate ameaça se levantar e sair daquele contato, mas as mãos decididas dele a seguram firme pela cintura novamente, puxando-a para seu colo. Kate perde o ar por um segundo, e não consegue conter um gemido quando sente seu corpo ser pressionado contra o dele.

— Você não pode me tocar. – ela avisa. Sua voz tremula.

— Eu não ligo. – ele diz antes de avançar nos lábios dela.

Kate tenta escapar, mas o beijo duro e possessivo dele a faz desistir. Ela o beija de volta. Seus corpos colados. Kate passa suas mãos pelos braços fortes dele e sobe até chegar nos seus cabelos perfeitos, sentindo-os sedosos e macios. Um gemido escapa de seus lábios entre o beijo. Kate se entrega por completo àquele momento. O tempo parecia parar. A música parecia estar longe. O lugar parecia outro, um lugar só deles sem regras.

Dois pares de mãos a seguram firme e a puxam para longe dele. Rick tenta mantê-la ali, mas não consegue. A frustação de serem separados estava presa em seus olhos. Tudo aconteceu tão rápido e tão devagar ao mesmo tempo, que os dois ainda estavam em estado de êxtase.

#AGORA

Kate andava distraída pelas ruas de Nova Iorque, com o pensamento longe enquanto ouvia sua música favorita. Ao mesmo tempo que cantarolava baixinho para ninguém a sua volta escutar, ela também se controlava para não começar a dançar no meio da rua. Kate virou a esquina e viu a fachada da boate. Era hora de desligar o som e começar o trabalho! Enquanto andava, ela guardava os fones de ouvido dentro da bolsa. Sem olhar diretamente para frente, Kate continuou a andar até a entrada dos fundos. Já fizera tantas vezes esse caminho que já sabia de cor.

— Desculpa. – ela diz antes de encarar o homem em quem esbarrou. – eu estava distraída. – sorriu sem graça.

— Deveria prestar mais atenção. – aquela voz.

Kate sabia muito bem de quem era aquela voz. Ela seria capaz de reconhece-la em meio a uma multidão. Seu corpo ficou tenso por um instante e Kate se viu nervosa. Relutou em erguer o olhar e finalmente encarar o homem parado em sua frente, mas mesmo assim fez. Um sorriso charmoso estava preso nos lábios dele.

Droga. Ele é ainda mais lindo do que conseguia lembrar. Ela resmungou em pensamento. Kate sorriu sem graça e tentou não ficar olhando muito para ele, não queria parecer uma boba.

— Desculpa. – pediu mais uma vez sem saber o que dizer. – não costuma ter ninguém por aqui nesse horário, então... – ela encolheu os ombros, visivelmente envergonhada. - desculpa.

Kate parou e o encarou, dessa vez olhou firme e arrumou sua postura. Não queria parecer uma boba apaixonada, mas também não queria se passar por uma louca que não conseguia olha-lo nos olhos. Tinha que dar o braço a torcer, seu moreno misterioso era ainda mais atraente na luz do dia do que nas luzes da boate.

Como ele consegue? Perguntou-se mentalmente quando sentiu suas pernas fraquejarem diante tamanha beleza.

— Estou procurando alguém. – ele finalmente diz.

— Quem? – a pergunta sai rápida, quase em desespero. Controle-se Kate. Se repreendeu novamente em pensamentos.

— Você. – ele diz com facilidade. A voz firme e o olhar penetrante.

O tempo parou naquele instante para Kate. Ela não se movia ou respirava. Suas pupilas dilataram no mesmo instante. Ele estava mesmo procurando por mim? Eu escutei certo? seus pensamentos giravam. O sorriso torto e ao mesmo tempo charmoso dele começou em câmera lenta, e Kate teve certeza que não conseguiria resistir a isso.

Ficaram em silencio. Rick encantado com a capacidade que Kate tinha de ser doce quando ficava sem saber o que fazer. Ele estava se divertindo com isso. Como ela poderia ser aquela dançarina tão decidida, que o provocava das mais diversas formas e ao mesmo tempo, quando está longe do palco, pode ser tão tímida. Ele sorriu vendo os olhos verdes dela ficarem cada vez mais lindos. Um brilho se instalou ali e o deixou encantado.

Depois da última noite que esteve aqui, quando foi brutalmente expulso pelos seguranças da boate, Rick não conseguiu dormir. Ele só conseguia pensar nela. No quanto era linda. Sexy. Gostosa. Foram três longas noites para ele. E agora, quando ele podia vê-la melhor, sem maquiagens, mascaras ou a escuridão da boate, ele a achava ainda mais linda. Arriscava a dizer que ela era a mulher mais linda que já conheceu.

Ele cometeu o erro de passar a mão no cabelo, que caia pelo seu olho. A respiração de Kate parou de vez. Não pela cena que, se fosse em câmera lenta, seria a coisa mais sexy que ela já viu na vida, mas pelo pano branco envolta da mão esquerda dele. Ele havia se machucado e a culpa era dela. Assim ela pensava.

Sem pensar, ou se importar, Kate buscou a mão dele e seguro entre as suas. Seus polegares calmamente passando sobre a gaze branca que rodeava a mão dele. Ela se sentiu mal. Seus olhos estavam presos naquele ferimento até que o pensamento de que ele poderia ter se machucado mais invadiu sua mente. Seus olhos correram em desespero pelo corpo do homem, procurando qualquer sinal de machucado. Ela só sossegou quando não viu nada. Voltou seus olhos para as mãos dele e depois o encarou.

— Você está bem? – perguntou em um fio de voz. Ela não sabia explicar, mas só de pensar que ele pudesse estar machucado por culpa dela, era torturante.

Rick não podia negar que sentir o toque e a preocupação dela era realmente bom. Ele também ficou preocupado que algo acontecesse com ela depois. Esse mundo onde garotas trabalhavam com o corpo podia ser cruel, e ele sabia disso. Ficou parado dentro do seu carro até vê-la saindo. Estava segura. Estava bem.

Mas ai ela entrou dentro de um carro e saiu... os pensamento de que ela tivesse um namorado lhe consumiram durante a noite inteira. Rick se torturou como uma forma de punição por não ter conseguido se segurar enquanto ela dançava. Mas ela estava provocando-o, e apesar de gostar, a boca dela era linda demais e estava chamando por ele.

— Estou bem. – falou em um sorriso torto. – e você?

— Sim. Porque não estaria? – perguntou sem entender.

— Fiquei preocupado que fizessem algo com você.

— Eu também. Mas por você... – ela voltou sua atenção para a mão dele, que ainda estava entre as suas. – e estava certa.

— Isso aqui? Não foi nada. – ele tenta convencê-la. – mas se eu disser que eles me machucaram, você vai cuidar de mim? – provoca.

Kate o encara e perde-se alguns segundos no sorriso dele.

— Está doendo... – ele avisa fazendo uma pequena careta quando Kate aperta um pouco sua mão. Só então Kate parece perceber que ainda segurava a mão dele. Ela sente-se corar, e com um sorriso envergonhado no rosto, ela solta a mão dele.

— Desculpa... – ela pede e desvia os olhares.

— Não se desculpe. – ele falou com uma voz calma. Kate o encarou novamente. – eu até que estava gostando.

Kate sorrir. O primeiro sorriso verdadeiro que ele conseguia arrancar dela hoje.

— Eu que tenho que me desculpar. Te coloquei em maus bocados?

— Não. Está tudo bem. – ela suspirou. – a culpa foi minha também. Eu... era minha primeira vez dançando para alguém... eu não sabia como funcionava muito bem.

Um milhão de pensamentos invadiam a mente de Rick. Ele foi o primeiro dela. Pelo menos na dança. Ela não era acostumada a fazer aquilo, então quer dizer que ela não está nessa a muita tempo. Um mundo de curiosidades sobre a jovem a sua frente se fez presente. E ele precisava matar cada uma delas.

— Sabe o que eu não entendo... – ele começa. – como uma jovem tão bonita quanto você veio parar aqui... dançando.

Kate solta um sorriso fraco de dá os ombros.

— Destino. – se limita a dizer. Ela não falaria sobre sua história com qualquer um.

— Destino... – ele repete com um tom mais pensativo. – talvez o seu destino tenha se cruzado com o meu. – Kate o olha confusa. – também não costumava a frequentar esse tipo de lugar.

Kate o olhou desconfiada. Ele não parecia o tipo de cara que não frequentava ali. Na verdade o moreno misterioso se encaixava perfeitamente no perfil de homens que estavam sempre ali, a única diferença era que ele era jovem demais, e gastava todo o seu dinheiro com ela. Mas isso não fazia muita diferença na vida dele. Kate voltou seu olhar pelo homem, mas dessa vez reparando nas roupas que ele usava.

Ternos sob medida.

Sapatos importados.

Postura de alguém poderoso.

Sim, seu moreno misterioso poderia ser alguém poderoso.

— Porque você não veio nas ultimas noites? – a pergunta pulou da sua boca. Kate não estava conseguindo se controlar, mas também não queria. Essa era a primeira, e talvez a única, chance que ela tinha de conversar com ele, e ela aproveitaria para saber o que pudesse.

— Você. – ele disse simplesmente. Kate cerrou os olhos sem entender. – eu queria esquecer você. – ele esclareceu.

— Ah. – ela não pode deixar de transparecer o desgosto que sentia com aquelas palavras. Ela não queria esquece-lo.

— Mas não consegui. – ele assume. – na verdade voltei aqui apenas para te ver, porque eu não sei se serei bem-vindo novamente na boate. – ele brinca, mas Kate não rir. - mas eu sempre volto para te ver... – ele disse o obvio.

Kate sabia disso. Não importa quanto tempo ele fique longe, ele sempre voltava. Mas aquelas três ultimas noites sem ele ali, na plateia, a deixaram cada vez mais angustiada. Ela queria notícias. Queria saber que ele estava bem. E agora ela sabia, mas ainda assim não queria que ele deixasse de vir.

— Você virá hoje? – mais uma vez a pergunta pulou de sua boca. Tinha que começar a se controlar.

— Não sei se me deixariam entrar. – justifica. Rick não pode deixar de notar o desapontamento no rosto de Kate. Aquilo mexeu com ele. – eu estarei aqui. – afirma. – pode me esperar.

Kate abriu um sorriso. Um lindo sorriso de criança quando acaba de ganhar um presente. Só que ela não era mais criança e o seu presente era o mais sexy dos homens. Kate não sabia porque estava agindo daquela maneira, mas sabia que queria vê-lo ali, sentado na primeira fila mais uma vez. Queria sentir os olhos de desejo novamente sobre seu corpo.

Rick também sentia o mesmo. Gastaria o quanto fosse preciso para que entrasse e admirasse sua garota novamente. Era isso que ela queria. Ele não a decepcionaria. Já viu os olhos decepcionados uma vez, e não gostou disso. Faria o que estivesse ao seu alcance para que os olhos verdes continuassem brilhando.

— Eu tenho que ir. – Kate olha mais uma vez nos olhos azuis a sua frente e sai.

Rick observa enquanto ela caminha na direção da porta dos fundos da boate. Seu coração acelera. Foi muito pouco tempo. Ele queria mais. Queria estar mais ao seu lado. Não ao lado da dançarina, mas sim ao dela.

— Ei... – chamou, não querendo chamar o seu nome de guerra. Nikki. – você ainda não me disse seu nome.

— Kate. – ela disse em um sorriso enorme.

— Kate... – ele repetiu, sentindo o gosto do nome dela em sua boca. Era bom. Muito bom.— Eu sou o Rick. – ele deu os ombros e ela riu.

— Muito prazer, Rick.

Ele a viu abrir a porta pesada de ferro para entrar de vez na boate. Essa era sua última chance.

— Kate! – a chamou. Ela segurou a porta e o encarou novamente. Um sorriso cativante em seus lábios. – será que a gente pode se ver depois do show? Conversar... – ela não respondeu de imediato, parecia estar pensando na proposta. Um pequeno desespero invadiu o corpo de Rick, mas ele se controlou para não demonstrar nada daquilo. – talvez eu possa te acompanhar até em casa... – tentou mais uma vez.

— Seria ótimo. – ela sorrir.

— Vou te esperar aqui depois do show.

— A meia noite. – ela avisou e piscou para ele antes da porta bater atrás dela.

Rick não sabia explicar como aquilo tinha acontecido. Ele perdeu a manhã de trabalho ficando ali, parado, esperando a hora dela chegar ao trabalho. A cada hora perdida ali, ele também perdia dinheiro. Mas Rick não estava nenhum pouco incomodado com aquilo. Tinha um encontro marcado mais tarde. Dois na verdade. Mas o segundo era o que o deixava ainda mais ansioso.

Atravessou a rua e entrou no banco de trás do carro. Olhou para seu motorista através do retrovisor e ordenou que ele seguisse para a empresa. Durante todo o caminho, ele não conseguia conter o sorriso em seu rosto. A imagem de Kate surgia em sua frente. Vendo-a ali, ele não associava ela a mulher da boate por quem tanto se encantou. Mas aquela, a verdadeira Kate, também era tão interessante e atraente quanto a Nikki. Talvez até mais.

— Ryan, vou precisar de você até mais tarde hoje. – avisou ao motorista antes de descer do carro. – espero que não tenha planos.

— Não, senhor.

Rick lhe deu um aceno com a cabeça e saiu, abotoando o terno. Sua postura firme estava ali novamente. Era hora de voltar aos negócios da família. Rick seguiu para sua sala e fez um sinal para sua secretaria. A moça o seguiu a passos longos até finalmente entrar na sala dele.

— Ligue para o Henry e passe a ligação para mim. – ordenou e a jovem saiu de sua sala, mas não antes de receber o aviso de não deixar ninguém o incomodar.

Não demorou muito para o telefone de sua sala tocar.

— Henry, eu preciso que você pesquise a vida de uma pessoa para mim...

♦♦♦

A tão esperada noite chegou. Tanto para Rick quanto para Kate, as horas pareciam não passar. O dia estava mais longo que o de costume. Os segundos pareciam minutos. Os minutos pareciam horas. E as horas pareciam uma eternidade. Estavam ansiosos. Rick ficou trabalhando até tarde, compensando o tempo perdido de mais cedo. Quando saiu da empresa eram quase dez. Ele sabia que ainda estava cedo, mas precisava conversar um pouco antes de, finalmente, se acomodar na fila da frente. Sim, ele a assistiria na fila da frente. A queria o mais perto possível.

Mandou Ryan seguir para a boate. Assim que o carro estacionou no meio fio, ele ordenou para que ele permanecesse sempre por perto. A qualquer momento poderia precisar dele. Ryan concordou e saiu do carro, abrindo a porta para Rick em seguida. Richard saiu do veículo e os olhares voltaram-se para ele. Os seguranças ainda conheciam bem o rosto dele para deixa-lo entrar. Rick não se moveu. Apenas esperou. A figura importante de quem ele estava esperando apareceu, saindo de dentro da boate. Josh era o dono, e como ele bem sabia, dava valor a uma boa bolada de dinheiro.

— Richard. – Josh estendeu a mão para Rick com um sorriso no rosto, como se fosse amigos de longa data. – estava a sua espera.

Rick apertou a mão do homem.

— Tudo certo? – perguntou, referindo-se a conversa que tiveram por telefone.

Assim que chegou a empresa Rick se trancou em sua sala. Não queria ser incomodado enquanto conversava com o homem. Foi uma longa e dura conversa até que, finalmente, Rick ofereceu dinheiro para liberar a sua entrada. Josh, que não era nenhum bobo, cobrou a mesma quantia da última vez.

Rick pagaria mais. Muito mais. Aceitou pagar os dez mil dólares, mas com a condição de que a mesa mais próxima do palco fosse sua. Josh aceitou de imediato. Ele só tinha a ganhar com a presença do homem ali. Rick avisou que as dez horas estaria na porta da boate. Josh lhe garantiu que estaria lá para liberar sua passagem. E como combinado, estava os dois na frente da boate.

— Tudo como o combinado. – Josh disse contente. – vamos entrar?

Rick assentiu e os dois começaram a passar pela pequena barreira de quatro seguranças na porta da entrada.

— Desculpe os muros... – Josh começou, se referindo aos seguranças altos e musculosos. – mas preciso manter minhas garotas seguras.

Rick o encarou. Ouvir chama-las de minhas garotas o fez ferver de raiva. Kate certamente não se incluiria a essa categoria. Rick se encarregaria de que ela não se incluísse nisso.

— Tudo bem. – limitou-se a dizer.

— Senhor... – Esposito se aproximou de Josh, colocando a mão no peito dele. Josh apenas olhou para o contato, e o segurança recuou. – esse cara está barrado. – avisou.

— Eu já cuidei disso.

— Quer que eu o coloque para fora. – O latino olhou com desprezo para Rick, que o encarou com ar superior, soltando uma risada irônica. Rick era mais alto e mais forte que Esposito.

— Esposito, eu já cuidei disso. – Josh o advertiu. – agora vá fazer o seu trabalho.

O homem assentiu e saiu, mas não antes de encarar firmemente Richard.

— Sua mesa. – Josh apontou a primeira fila.

— Bom trabalho. – Rick colocou a mão no bolso do terno e em seguida apertou a mão do homem, deixando uma pequena bolada de dinheiro quando elas se separaram.

— É sempre bom fazer negócios com você, senhor Rodgers. – disse e saiu, guardando o dinheiro no bolso o próprio terno. Rick o encarou enquanto ele se afastava. Ele nunca disse que era um Rodgers, sabia o peso do nome da família. Mas obviamente Josh tinha feito suas próprias pesquisas.

♦♦♦

Kate olhava o salão impaciente atrás das cortinas. Já era tarde e estava quase na hora de seu show, mas Rick ainda não tinha aparecido. Estava ansiosa por vê-lo. Cada pessoa que entrava, fazia seu coração disparar imaginando ser ele. Mas não era...

Nada pior do que criar expectativas.

Ela se afasta das cortinas e desiste. Ele não vem. Pensou. Se olhou no espelho novamente, respirando fundo, tentando tira-lo da cabeça. Uma das dançarinas abriu a cortina para ver se o salão já estava cheio, e pelo reflexo do espelho, Kate pôde vê-lo sentar-se na mesa de frente ao palco.

Kate virou-se bruscamente e tomou o lugar de sua colega de trabalho. Queria vê-lo e ter certeza de que era realmente ele. Rick estava com a mesma roupa de mais cedo. Ele tinha vindo do trabalho direto para vê-la. Ao contrário do que pensara, vê-lo só a deixou ainda mais agitada. Não era como as outras vezes, que ela já sabia o que ia acontecer. Hoje era diferente. A noite seria diferente. Kate passou a tarde ensaiando um novo show. Queria surpreende-lo. Queria mostrar que ele ainda não tinha visto nada do que ela podia oferecer.

No palco, com ele a olhando, ela não se sentia tímida. Kate o seduzia e se sentia poderosa por isso. Ali, Kate não tinha apenas um e sessenta e pouco de altura e ele não tinha um e oitenta e pouco e altura. Eles pareciam iguais e ela podia fazer o que mais queria, seduzi-lo. Desde que descobriu que, talvez, estivesse apaixonada por um homem que ela nem ao menos conhecia, ela sentiu vontade de conhece-lo. E chegar ao trabalho e encontra-lo ali, esperando por ela, era como dar um chance para seus desejos. Kate fechou as cortinas e respirou fundo.

Vai dar tudo certo... Repetiu para si mesmo algumas vezes antes de entrar no palco. Assim que as luzes apagaram, a luz de foco amarela reluziu no palco. Todo o cenária havia mudado. O palco estava maior. Havia uma pequena poça de agua no palco, não mais que dedo de profundidade, mas isso daria todo o toque ousado que Kate queria naquela noite. A batida da música começou e Rick se ajeitou na cadeira. Ele com certeza não estava preparado para aquilo.

Ao contrário das outras vezes, e pegando a todos de surpresa, Kate não entrou no palco da sua maneira habitual. Lentamente, seu corpo escorregava pelo cano de metal. Rick ergueu sua cabeça quando notou. As luzes reluziam o brilho da roupa da mulher. A entrada de Kate era quase teatral. Em uma única posição, Kate desceu até encostar seus pés no chão. Ela revelou seu rosto, que estava escondido propositalmente atrás de seus cabelos cacheados. Seu olhar caiu diretamente sobre Rick. Aquilo era para ele. Ela podia está sendo assistida por todos, mas aquilo era apenas para ele.

Com um sorriso no rosto, ele se juntou aos outros homens que batiam palma e assobiavam para a mulher ali. De repente a música parou e todas as luzes do palco apagaram. Como se fosse ensaiado para uma superprodução, a batida da música recomeçou e o jogo de luzes também. Kate dançavam eroticamente para o homem a sua frente, que conseguia registrar os movimentos quando as luzes eram acenas, por pouco mais de um segundo.

Rick se sentiu empolgado. A música o envolveu totalmente naquele momento. Os movimentos ousados lhe fazia ansiar pelo tempo que teria a sós com ela. Não que fosse tentar alguma coisa, mas ele queria poder estar apenas com ela. A música acelerou ao mesmo tempo que os movimentos de Kate aceleravam. A luz do palco acendeu de vez a ponto de mostrar Kate girando pelo cano de metal enquanto seu pé tocava o chão espirrando propositalmente agua para os lados, molhando os homens ali por perto.

Rick não se importou. Deixou-se molhar enquanto Kate girava. Se ela havia mesmo programado aquele número para ele, ele curtiria até o fim. A ousadia que ela tinha no palco era admirável. Mas ao mesmo tempo, fora dele, a sua timidez era adorável. Ele podia mesmo estar encantado por aquela mulher.

Como uma verdadeira acrobata, Kate se enroscou cano até está no alto dele. Quase no limite. Prendendo-se apenas com suas pernas, ela solta os braços sedutoramente e joga seu copo para trás, fazendo seus cabelos longos quase tocarem o cano de metal. Mais uma vez o jogo de luzes voltou no ritmo da batida da música. Uma última batida forte como se marcasse o final da música soou e Kate fez seu truque. Se soltou do cano e seu corpo caiu. A luz pagou e ninguém conseguia ver nada, nem mesmo Rick, que estava tão perto dela.

Seu coração disparou. Parecia que ele estava um show de ilusões. Mas não estava.

As luzes acederam novamente, apenas para revelar o corpo de Kate sedutoramente caído sobre a água. Seus cabelos molhados e sua respiração pesada. Sim, ela tinha feito um grande esforço nesse número. As palpas e os assobios surgiram novamente e Rick a aplaudiu de pé. Kate se levantou e agradeceu. Sim, aquilo mais pareceu um show do que uma simples dança para arrecadar dinheiro. Era isso que era queria. Sedutora e lentamente, ela deu a volta sobre o palco, aceitado o dinheiro que os homens colocavam em seu corpo.

Ela voltou seu olhar para a mesa onde ele estava, mas ele não estava mais lá...

Kate forçou o sorriso até finalmente sair do palco. Seu show mesmo curto tinha arrecadado mais do que todos os outros dias.

♦♦♦

Enquanto trocava de roupa, Kate se perguntava se ele estava mesmo esperando por ela. Ele não esperou vê-la sair do palco. Ele estava diferente. Pelo menos no que Kate o conhecia. Ele não sentou onde normalmente sentara. Não fez seu ritual de colocar o dinheiro possessivamente em Kate. Não que ela sentisse falta da grana, não era isso, ela não sentia a mínima falta, o que ela gostava era da possessividade nos olhos dele quando fazia aquilo.

Pegou sua bolsa e começou a andar em direção a saída.

— Kate. – ela escutou Espo lhe chamar e se virou com um sorriso no rosto. – Seu pagamento da semana. – ela recebeu o envelope gordo e guardou na sua bolsa.

— Obrigada, Espo.

— Eh... – ela já se virava para sair novamente, mas parou ao escutar o amigo.

— O quê? – perguntou curiosa.

— Não quero te assustar, mas aquele cara que te agarrou está ai fora. – o latino apontou para a porta atrás de Kate. – se você esperar dez minutos, eu posso te levar em casa.

Kate sorriu agradecida pela preocupação do amigo.

— Não precisa se preocupar, Espo. Está tudo bem.

— Ele está esperando você. – avisou.

— Eu sei. – disse em um sorriso satisfeito antes de sair. Kate teve que se conter antes de sair de vez. Ele estava ali. Ele estava esperando por ela. Mentalmente ela pulou e gritou feito uma maluca.

Rick estava encostado na parede escura mexendo no celular quando ela saiu. Ele saiu assim que os homens, que mais pareciam gaviões atrás de sua presa, correram até o palco para lhe dar dinheiro. Ele não ficaria para ver aquilo. Tinha vontade de bater em cada um deles por ousar chegar perto dela. Por tocar nela. Por deseja-la.

Então ele simplesmente saiu. Não queria ver.

— Oi. – Kate disse sorridente quando se aproximou.

Rick se recompôs, guardou o celular e parou de frente a Kate. Novamente ela era aquela menina simples, sem maquiagem forte e com roupas normais. A Kate tímida e doce que ele conheceu mais cedo. Ele a encarou. O sorriso iluminado no seu rosto e olhar brilhante fez seu coração disparar. Rick controlou-se para não parecer um bobo na frente da garota por quem ele, claramente, estava interessado.

Olhos nos olhos.

Não se podia ver as cores devido a escuridão da noite e a falta de luz no lugar. Mas sabiam que existia uma mistura de cores no olhar de cada um. Mais uma vez Kate sentiu como ele pudesse ver sua alma. E podia?

— Gostou do show? – perguntou tímida, quebrando o silencio entre eles.

— Sim. – respondeu junto a um balançar de cabeça. – esse era novo. Não era? – Kate concordou com um sorriso tímido. – foi a primeira vez?

Ele forçou. Queria saber se ela tinha preparado aquilo tudo porque ele disse que voltaria hoje. Ele queria ter a certeza de era verdade. Se fosse, ele saberia que também mexeu com ela de alguma forma para ela se importar em satisfaze-lo também.

— Sim. – ela disse e encolheu os ombros. – preparei hoje.

— Para mim? – insistiu e Kate viu o brilho atrevido, quase vitorioso, nos olhos dele.

Ela revirou os olhos.

— Não pense que você é tão importante. – ela começou a caminhar, sendo seguida por ele. Rick riu. Sim, ele estava certo. Por mais que sua boca dissesse uma coisa, estava estampado em sua testa que ela tinha feito aquilo tudo por ele. Para ele.

— Pois eu acho que sim. – ele deu os ombros. – eu acho que minha visita hoje mais cedo deixou você inspirada. Então se aquele show todo não foi para mim, foi por minha causa. Me dou por satisfeito com isso.

Kate riu.

— Alguém já falou que você se acha muito?

— Sim. – assumiu. – muita gente, na verdade.

— E você nunca pensou em mudar?

— Não. – ele a olhou. – as pessoas tendem a fazer o que eu quero, então...

— Mesmo? – Kate o olhou surpresa. – me conte mais sobre você e... as pessoas que fazem o que você manda.