Tive uma surpresa quando abriram aquela porta. Fiquei pasma no mesmo segundo, foi um susto. A criatura que mais me intimida e confunde minha mente está ali, imóvel, a minha frente. Paralisei-me por completo mesmo, não consegui falar nenhuma só palavra, até que ele tomou a iniciativa.

- Quem é você? – Ele perguntou sem entender o porquê de eu estar ali, parada, com um sorriso estranho. Pra você que boiou aí, é ele mesmo, o Bill Kaulitz.

- É... É... – Tentava articular bem as palavras. Mas simplesmente estava complicado. - Eu sou Amy Zimmermann, estou procurando o Theodor Zimmermann, ele está? – Indaguei com certo medo na voz, meio tremula. Mas acho que sei o que exatamente prendeu-me a atenção, ele é lindo, alto, para ser bem definida, ele é muito alto. Seus olhos tem uma cor perfeita e misteriosa, o tom varia de mel a avelã, tornando encantador. Hãm... Quer dizer... Ele nem é tão bonito assim, é basicamente um estranho, contudo o jeito que ele se veste e fala me deixa cada vez mais curiosa para saber por que ele é assim.

- Está sim, espere aí que ele já vem. – Disse por último e entrou naquela sala, já chamando ele. Repentinamente vejo alguém surgir na porta, é meu pai estendendo um sorriso em seu rosto.

- Filha é você mesmo? – Não pai! É uma abóbora anã. – Como está grande e linda, que saudades de você minha Amy! – Proferiu quase me espremendo em um abraço bastante apertado.

- Também senti saudades. – Repliquei ainda com os braços envolvidos com os seus. Ele me soltou, finalmente, porque mais uns instantes daquele jeito eu iria virar um jerimum abatatado.

- Entre, quero que conheça algumas pessoas. – Falou dando-me espaço para adentrar na gigantesca sala.

- Meninos, essa é Amy, minha filha. Ela veio passar um tempo comigo. – Meu pai apresentou-se aos rapazes que no mesmo momento ergueram as vistas com um belo sorriso brotando em suas bocas, com exceção de certo indivíduo de cabelos negros e em um moicano diferente. Ele me fitava com nojo, uma repulsão. É, acho que não iremos nos dar bem. – Amy, esses são Bill e Tom Kaulitz, Georg Listing e Gustav Schäfer, provavelmente você já sabe. Agora eu sou produtor musical, e eles são Tokio Hotel, a banda que eu estou produzindo o novo CD. – Completou meu pai.

- Oi Amy. – Os meninos me cumprimentaram, novamente com exclusão do Bill estranho. Há! Mas já era de se esperar, que morra esse... Esse... Bill, eu não vim com a razão para agradar ninguém.

- Oi Tom, Gustav, Georg. – Revidei amigavelmente para os três. - Oi Bill também. – Lancei meu olhar nada amical para cima do andrógeno.

- Oi. – Saudou-me curtamente e grotesco. Encarou-me com uma feição esquisita, mas logo voltou a distrair-se com seu celular que estava em suas mãos.

- Credo Bill! Nem parece você falando. – O baixinho de óculos e cabelos tingidos de preto, o tal Gustav, mirou-lhe com uma careta incomum e cômica, mas o mesmo nem deu atenção.

Meu pai parecia aéreo, pois nem reparara no clima tenso que pairou naquele estúdio.

- Meninos, hoje eu vou mais cedo para casa com Amy. Ela deve estar cansada da viagem, espero que vocês aceitem o convite para mais tarde na minha casa para um jantar. Vocês topam?

- Claro Theodor. – Tom falou e os outros consentiram com a cabeça.

- Tchau! Vejo vocês mais tarde. – Meu pai diz e nós nos retiramos do local para o estacionamento onde estava fixo o carro. Só sei que quando vi aquela belezoca de automóvel quase babei.

[Bill on:]

Quando Theodor saiu, ficamos resolvendo algumas coisas do novo álbum. Diálogos sem nexo do Georg sobre chapinhas, Gustav a todo instante exprimindo coisas bestas daquela boca de merda, por exemplo, que quando chegasse a sua casa iria atacar o bacon e o Tom... Aff! Preciso mesmo ter que falar desse meu gêmeo estúpido?

Mas daí vem aquele meu irmão sem cérebro inventou de mudar o rumo do papo.

- Quem ia imaginar que o Theo tem uma filha? – Diz ele de um jeito tão alterado, identificava-se comigo falando.

- É... E ela é até bem bonita, vocês não acham? – Gust profere essa frase sem noção, enquanto mexe em seu aparelho celular.

- É ela é bem bonitinha. – Tom responde arrumando alguns papeis e rindo. Do que essas pragas estão achando graça?

- Hunhum! Ela é bonitinha. – Georg falou do nada, inesperadamente.

- Para gente! Seus lerdos! Ela não é tão bonita, aff! – Exasperei-me. Disse isso sem nem pensar, eu acho. Porém tenho de confessar que ela é muito bela, uma nanica, mas muito linda. Aqueles olhinhos verdes combinam com suas madeixas coloridas de laranja e sua pele clara. Ela tem um jeitinho de anjo encapetado, admito que ela é bem formosa.

Só que... Nem tanto assim, é praticamente uma anã, pigmeu! Nossos santos não se bateram, é patente que iremos ter muitas discussões.

[Bill off.]

A viagem até a residência do papai foi ligeira, sua morada ficara bem perto da oficina. Quando chegamos, ele auxiliou-me a levar as malas. Tudo estava modificado, por dentro e por fora tudo era muito perfeito, móveis em seu devido lugar, piso de mármore, piscina no fundo, todo esse luxo me incomoda, prefiro algo mais simples, mais básico, mais casual. No entanto meu pai é muito extravagante e ambicioso, é evidente que com a bolada que ele tá ganhando o deu toda essa riqueza, o fazendo reconstruir a casa. Subimos a escadaria até o corredor onde se localizava os quartos, no total de cinco, isso está me deixando cada vez mais desaconchegada.

- Tenho uma surpresinha. – Borrou um sorriso maroto naqueles lábios pequenos e avermelhados. Estávamos posicionados defronte a uma porta de madeira, obviamente a do meu quarto, ela estava totalmente diferente. Há até uma placa pendurada com meu nome escrito “Amy”.

- Espero que goste. – Felizmente ele descerra aquela porta.

Tudo mesmo estava transformado, um furacão milagroso havia passado por ali e revestido. O espaço estava lindo, fascinante, diferente da última vez que estive aqui, caia até alguns pedaços, agora está tudo tão cativante. As paredes pintadas de branco, inteiramente brancas, ilustrações de borboletas azuis e pretas, as minhas cores preferidas. E o que dá mais graça e conforto é o fato delas aparentarem serem bem reais. Exatamente como um sonho, ali estava minha cama, meu armário de roupas que também mudara, sendo neste presente branco e com algumas caveiras azuis e mariposas. Ao lado da cama tem uma pequena cômoda com duas gavetas e em cima o notebook também branco com um adesivo de borboleta de cor variante de violeta. O banheiro que no quarto igualmente de acordo com a decoração, e também a janela com cortinas bege.

- Amei pai, amei! – Gritei entusiasmada. Corri e me joguei doidamente no colchão sem crer na mudança sofrida pelo meu quarto humilde.

- Vou preparar o almoço, quando tiver pronto eu venho chamar. – Comunicou retirando-se dali e em seguida fechando a porta.

Desfiz as malas e ajeitei todas as coisas em seu justo canto. Entrei no banheiro e inspirei aquele aroma de alfazema reinando no espaço. Olhei-me no espelho, até que eu estou bem bonita, meditei enquanto enxergava meu reflexo gravado no grande vidro polido. Coloquei as mãos no bolso da calça e percebi que tinha meu celular e um papel. Tirei o objeto do bolso juntamente com a folha amassada. Analisei, neste pequeno pedaço de papel abatatado contém o número do telefone e o e-mail da Selena. Com certeza ela irá amar jantar com os meninos, se é que me entendem. Pensando bem, posso convidá-la para vir participar da refeição aqui.

Cabeça processando.

Mas será que dará certo? Hoje é o primeiro dia dela com sua real família, entretanto não custa nada tentar, né?

Enfim, despi-me do meu traje, eu estava transpirando horrores de tanto calor. Fechei o Box e liguei o chuveiro, logo indo para debaixo do mesmo. A lavagem correu calmamente, assim que encerrei o banho, parti logo para o meu closet que já estava com minhas roupas postas lá. Peguei apenas um short jeans claro, uma regata vermelha com a estampa imensa de uma caveira dando o famoso dedo do meio. Calcei um par all star preto.

- Amy! – Escutei um brado. Ele me chamava para descer.

Desci aquele monte de degraus em espiral, durante o segundo eu cantarolava uma música árabe. A cozinha parecia ter sido temperada também, a comida estava com um cheiro ótimo. Mas daí eu me recordei daquele dia, um rápido flashback vagou por minha consciência. Estonteada, balancei a cabeça negativamente umas três vezes com a intenção de espantar essas reflexões maléficas.

Fui me servir. Pus um pouco de arroz e uma fatia de carne. Para acompanhar, coloquei também verduras e alguns legumes.

Ele girou-se para mim com um grande sorriso, mas o desmanchou ao ver o tanto que tinha em meu prato.

- Só isso? Que diabos houve com a Amy comilona? – Minha face ruborizou.

- É que... Nada não pai! Só não estou com uma fome de leoa. – Assentei-me na cadeira, pousando a porcelana em cima da mesa de inox.

Enquanto comíamos, o silêncio exerceu força deixando tudo monótono. Mas eu o quebrei.

- Pai, eu posso convidar uma amiga para jantar conosco hoje? – Dei-lhe um dos meus melhores sorrisos fascinador.

- Ora, ora. – Deixou seu talher na beira do prato. – Você fez uma amiga?

Nasce um novo sorriso contente em seu semblante.

- Sim! Ela morava nos EUA e estudava comigo, porém descobriu que sua família legítima é daqui e blá, blá, blá!

- Claro que sim! – Juntou suas mãos e repousou seus cotovelos em cima do móvel.

- Oba! Obrigada pai.

- De nada.

Mas minha felicidade estourou em seu limite ao me relembrar que terei a visita de um ser maligno e invulgar. Esse Bill Kaulitz que me aguarde.