Bem, eu não quis preocupar meu pai, então comi tudo direitinho, apesar de ter ficado com aquela ânsia de ir ao banheiro, mas controlei. Então, tudo se correu ótimo. Em seguida o ajudei com a louça e depois me dirigi ao meu quarto.

Estava cansada, mas ainda estava com a ideia de convidar a Selena martelando na cabeça, fiquei indecisa se ligava ou mandava um e-mail para ela. Mas, pensando bem, eu não sou muito boa de falar, então é melhor mesmo lhe enviar um e-mail.

Abri o notebook e liguei o mesmo, fiquei a esperar seus recursos carregarem.

“Olá Sely... Sei que hoje seria sua primeira noite com sua família, mas não custa nada tentar. Quero te convidar para um jantar aqui na minha casa. Se puder vir, está convidada, vem, por favor, você vai ter uma pequena surpresinha... Beijos, Amy”.

Apertei o enter e bum! Enviou! Agora é só aguardar sua resposta.

O que chegou rápido demais.

“Não Amy, não dá pra ir”.

Porra velho! Que ódio! Mas eu sou a garota mais insistente e teimosa do mundo, não vou desistir tão fácil.

“Posso conversar com você”?

Não demorou nem dez segundos e a resposta veio.

“Pode, é só ligar pra mim”.

Então, assim que li seu recado, peguei meu celular e catei o seu número na lista telefônica, não custei a achar já que tenho poucos contatos. Pressionei a tecla chamar.

... O que ela tá fazendo que ainda não atendeu essa bomba? Ela quer que eu rode a baiana aqui?

Enfim, ela atendeu.

– Alô, Sely? – Perguntei,

– Eu mesma, fala. – Revida com uma voz arrastada.

– Sely, vem, por favor, você vai gostar. – Falei com uma voz de quem tava implorando por um pirulito.

– Não, não dá... Não me dou bem em lugar com várias pessoas. – Ela parecia insegura, medrosa.

– Não vai ter muitas pessoas... Só vai vir uns quatro ou cinco amigos do meu pai e também não precisamos ficar perto deles!

– Tá, eu vou pensar no seu caso, eu vou conversar com a minha mãe. – Me animei.

– Ok. Depois mando uma mensagem com o endereço para o caso de você resolver vir. Sim! Vai ser às sete horas da noite, mas se for vir, vem mais cedo, de cinco e meia.

– Ok, tchau. – Disse por fim e desligou.

Tratei de mandar a mensagem logo antes que me esquecesse. Deitei-me na cama e logo adormeci, sonhando com esponjas, unicórnios e o Barney.


–x-

[Sely on:]

16h00min

Fiquei pensando e muito se iria para a casa da… Da… Não lembro mais o nome dela, mas será uma boa ideia eu ir? Por que ela tá persistindo tanto?

É... Pensando bem, acho que vou.

Desci as escadas correndo e fui até a cozinha onde minha mãe, Julia estava preparando algo. Acomodei-me em uma das cadeiras da mesa e a fiquei observando, o que ela fazia em silêncio. Mas ela tratou de romper o mesmo.

– Sely, quer alguma coisa? – Ela pintou um sorriso alegre em seu belo rosto.

– Não mãe. – Fiquei calada por um momento. – Na verdade quero te pedir uma coisa.

Falei-lhe meio que com um pouco de vergonha.

– Pode pedir filha. Sei que mal nos conhecemos, mas nós nos amamos, vá em frente. – Ela disse ainda mantendo aquele seu lindo sorriso reconfortante.

– É que uma amiga me convidou para um jantar hoje, será que eu poderia ir? – Fiquei ainda mais sem graça.

– Uma amiga? Como é o nome dela? – Ela perguntou. Parei um pouco para pensar o nome, mas sabe, acho que é um nome difícil.

– É... É... É... Acho que é Amy. – Será que esse é mesmo o nome dela? – A conheci na escola, veio passar um tempo com o pai dela.

– Pode ir, mas de que horas é? – Que mãe mais liberal e estranha a minha. Mas será melhor não contrariar.

– É às cinco e meia.

– Cuida que já são quatro e meia. Sei que você não quer se atrasar, quando tiver pronta eu te levo. – Como é que o maxilar dela não dói? Ela sorri demais.

Subi as escadas bem acelerada, adentrei no quarto e meti carreira para o banheiro. Tirei meus óculos e o coloquei em cima da pia, despi-me de minha vestimenta e entrei no Box, fechei o mesmo. O banho foi calmo, porém não muito demorado. Em seguida retornei ao meu quarto e fui até o meu closet. Vesti uma calça preta ligada ao corpo com várias caveiras desenhadas, uma regata preta da banda Ramones e por cima uma jaqueta de couro. Calcei meus pés com um all star vermelho de cano alto e prendi meu cabelo pra trás, deixando minha franja deslizando sobre o rosto. Coloquei meu celular no bolso e desci de novo.

Guiei-me até minha mãe que já estava na sala me esperando.

– Onde é filha? – Indagou e eu rapidamente lhe exibi o endereço. Ela fitou o visor do meu aparelho celular e confirmou com a cabeça.

Nós saímos e fomos até a garagem onde estava o carro. Entramos no veículo e partimos em destino a residência da nanica – o que? O nome dela é difícil de lembrar -. Logo chegamos a tal casa, que por sinal era bem grandona e muito bela. Despedi-me da minha mãe e fui até a porta, alguém veio atender prontamente.

– Olá, eu sou Selena. – O homem sustentava um aspecto sério.

– Hum, a Amy falou que você vinha, entre. – Ele é tão alto e é bem parecido com a Amélia. Obviamente é o seu pai. Deu-me espaço para entrar. – Ela está no quarto, é a porta que tem o nome dela, lá em cima, pode ir.

Apontou para a escadaria.

Em passos lentos, fui pisando em cada degrau com certo receio. Assim que cheguei ao último, topei com um enorme corredor. Fui olhando para as portas até que achei a dela, não foi tão demorado. Bati na mesma só que ninguém respondeu, então ousei em abrir devagar a porta. Encontrei aquela anã dormindo profundamente, mas isso só pode ser brincadeira. Aproximei-me da cama e a chamei.

– Ei nanica, acorda. – Sussurrei só que não obtive êxito. – Ei, acorda meio metro de gente! – Sacudi seu braço, contudo ela apenas murmurou isto “Barney, eu aceito me casar com você”. Mas mesmo assim ela não despertou.

Ela me pediu pra apelar pra agressividade, depois não venha reclamar.

Apanhei um travesseiro e joguei fortemente nela.

– Acorda dorminhoca! – Gritei.

[Sely off.]

Estava dormindo tão bem e tendo um sonho tão maravilhoso quando fui atingida por uma almofada exatamente na cara. Despreguei os olhos no mesmo instante e vi alguém se preparando para meter outra almofadada em mim. Era aquela doida da Selena.

– Ei, já acordei! – A impedi de me lançar outra travisseirada. Sentei-me na beira da cama coçando os olhos.

– Que tipo de pessoa você é? Você me convida e depois fica aí dormindo! – Ela eleva a voz indignada e joga outra almofada em mim, bagunçando de vez meus cabelos de abóbora.

– Ei, calma! Desculpa! – Falei me levantando. – Que horas são?

Perguntei indo ao banheiro.

– Seis. – Diz e senta-se na minha cama. – A propósito, você tava casando com o Barney?

Momento vergonha na fic.

– Você ouviu? Olha aqui sua demônia, filha de um cacique desmamado, se você contar a alguém que eu amo o Barney, eu te mato! – Lhe ameacei com um pente.

Ela encolheu-se.

– Louca!

– Prometa nunca contar! – Berrei.

– Tá bom! Só não me mate!

– Ok. – Voltei a meu estado espiritual normal.

Lavei o rosto e escovei os dentes.

– Se importa se eu tomar um banho? – Indaguei escolhendo uma roupa para o jantar.

– Não, mas cuide para não se atrasar sua bipolar. – Ri sem humor e ela ficou lá com aquela cara de debochada. Entrei de volta no banheiro com as roupas em mão.

Assim que encerrei minha higiene, trajei uma calça jeans preta, uma blusa cinza com o símbolo da paz, por cima pus um colete preto, um all star também preto. Deixei meu cabelo solto. Destaquei meus olhos com um lápis de olho preto claro e retirei-me do local.

– Terminei. – Assentei-me ao lado da Sely. – Como está sendo com a sua nova família?

Perguntei e vi que ela deu um sorriso. Isso é raro.

– Super ótimo, como um sonho! – Diz ela com um super sorriso alargando-se em sua face. – Mas então, por que me convidou?

– Achei que fosse gostar de uma surpresinha. – Sorri diabolicamente.

– Que surpresa? Eu detesto isso, eu fico louca da vida, se você for tirar onda com a minha cara, fala logo! – Irritou-se extremamente.

– Vixe, não se avexe. É uma surpresa, mas acho que não é para agora, vai ter que esperar.

– Tá bom. – Concorda ela confusa e assustada.

Mas daí eu ouvi algum ser bater na porta.

– Amy, os garotos já chegaram, estão esperando vocês. – Meu pai falou. Selena me olhou estranhamente, mas me seguiu.

E assim, descemos a escada sem alvoroço.


–x-

[Bill on:]

Eu e os rapazes estávamos debatendo sobre as músicas do novo álbum, estava tudo correndo tão ótimo, até sermos interrompidos por passos vindos da escada. Aquela nanica chata... E tinha outra garota alta de cabelos negros e de óculos lhe acompanhando.

– Oi meninos, oi anta. – Que vaca! – Esta é a Selena.

Apresentou-nos a menina de óculos, fofinha ela e tem um jeito de ser bem mais legal que essa antipática.

Dei um meio sorriso para a moça e ela revidou. Daí eu direcionei minha vista para a jumenta de cabelo desidratado e... Dessa vez a Amy está bem mais bonita, seus olhos verdes estavam perfeitos e vivos com uma bela maquiagem. Seus cabelos soltos e seu sorriso. O que? Mas o que é que eu estou pensando? Esse “coiso” só serve para estragar momentos bons, pois isso daqui estava muito bom antes dela aparecer.

[Bill of]

Cheguei à sala e já estavam os seres lá, apresentei a Sely a eles. Tudo estaria ótimo, um mar de rosas se não tivesse a presença de certa pessoa, cujo nome não quero citar, mas que estou encarando agora. Mas esse troço até que tá jeitosinho, nada demais. Seu cabelo tava da mesma forma de quando o vi pela primeira vez, vestindo uma roupa preta e colada que por sinal é bem estranha.

Ignorando isso, espero que a Selena esteja gostando.


[Selena on]

O que diabo é isso? Como assim o Tokio Hotel tá aqui na minha frente? Que é isso? É algum tipo de ilusão? Será que botaram droga no meu café da manhã? Eu estou em algum tipo de pegadinha e essas são pessoas disfarçadas e um ótimo disfarce. Eu vou quebrar a cara dessa nanica!

Eu quero ir embora daqui, não vou ficar sendo enganada por essa alienada.

Peguei meu celular do bolso e procurei o número da minha mãe.

– Hey, o que você tá fazendo? – Ela tomou o objeto de minha pessoa.

– Eu vou embora. – Murmurei grossamente.

– Por quê? Você vai embora? Eu te convidei justamente para não ficar com o bando de macho me aporrinhando aqui, principalmente com esse verme chamado Bill Kaulitz! – É verdade mesmo isso? – E eu pensei que iria gostar da surpresa porra, fiquei indignada agora, tá aqui o cara que você...

Tapei a boca dela antes que saísse merda dali.

– EU SOU UM VERME? – Um grito fino e irritado ecoou.

– Sim e bem esticado! Lombriga!

– Eu prefiro ser uma lombriga a ser uma pirralha, miúda e que parece uma bactéria!

– Ora seu filho de uma boa mãe que não soube a praga que pôs nesse mundo! – Segurei a Amy.

– Você quer morrer pirralha? – O Bill deu um passo à frente.

– AMÉLIA! – Gritei e ela se recompôs, juntamente com o Bill... Que bando de gente esquisita, eu vou mesmo me mandar daqui. Esse menino é anormal, os outros devem ser piores.

– Meu nome não é Amélia. – Disse entre dentes.

– É mesmo, deve de ser psicopata. – O Bill se atreveu a aborrecê-la de novo.

– Cale-se sua peste!

– Eu vou embora. – Falei, mas ela me segurou pelo pulso.

– Se você for eu lhe assassino com uma serra elétrica.

– Você fugiu de um sanatório. – Finalmente outra pessoa se manifestou... Foi o Tom...

– Eu vou arrancar essas suas trancinhas.

– Selena! – Alguém me chamou. Olhei rapidamente e vi o pai da louca.

– Sim...

– Quer vir me ajudar com os pratos? Você parece ser a única pessoa normal e sensata aqui.

– O QUE? – Todos eles bradaram.

– Agora mesmo senhor, agora mesmo.

Em ambiente com gente com doença mental eu não fico.

[Selena of]

Esse jantar, eu sei que ele vai desandar...


Continua...