Crônicas de Auradon

Era uma vez...de novo!


Depois de 20 anos, os filhos dos vilões finalmente se encontram livres para viver vidas normais e não ficarem presos à imagem de seus pais. A maioria estuda em Auradon, junto com Mal e seus amiguinhos bons de coração. Eca, só de pensar nisso me dá ânsia de vômito. Vilões foram feitos para...fazer o que vilões fazem. Realmente acho que deveriam criar um verbo para isso, tipo vilanizar. Gostei, entrou para o meu dicionário pessoal.

Ah, desculpem minha ignorância, meu nome é Otávia, e sim, sou uma descendente. Minha mãe foi a melhor vilã que já existiu. Ela era a mais poderosa, a mais maligna. Ela enfrentou o rei dos mares, o cara que mais possui terras (ou mares) em todo o mundo. E a melhor parte é que ela ganhou, se não fosse por um príncipe idiota que só apareceu no fim de tudo pra estragar e levar a fama. Mas mesmo assim ela foi a maior. Se não entendeu ainda, era a Úrsula. Infelizmente ela faleceu, mas eu carrego grande parte dela comigo.

Não fazia muito sucesso com as pessoas. Meu cabelo branco espetado e minha pele arroxeada nunca ajudaram muito, ainda mais com os tentáculos. Foram necessários 10 anos para eu descobrir uma magia que me tirasse eles, e só assim fiquei famosa, mais até que aqueles quatro. Depois que eles saíram e os filhos dos vilões começaram a se mudar, a Ilha precisava de um líder, alguém que pudesse mover tudo nela. E foi aí que eu entrei.

Tudo ia muito bem, eu mandava, as pessoas obedeciam, eu ganhava o que quisesse e todos ficavam bem. Mas foi aí que o número de descendentes começou a diminuir, e mesmo que não parece, isso é horrível. Não ter vilões acaba com qualquer história. Esse papo de felizes para sempre não existe, a vida tem que continuar. E os heróis são insuportáveis, diga-se de passagem. As linhagens estavam desaparecendo, e no final, os caras maus tipo Cruella, não seriam mais ninguém.

Então aconteceu, chamaram mais quatro. Gwen, a filha de Gaston, Francis, filho do Facilier, Tiffany, a terceira filha da Madame Tremaine e...EU?! Como assim? Eu nunca pedi isso, não faz sentido. Deve ter sido aquele reizinho metido. Mas pensando bem, não seria tão ruim assim. Poderia finalmente ver o porque daquilo tudo ser bom, mandar em uns filhinhos de herói e quem sabe fazer um bom plano.

O dia chegou. Eu vestia minha lindas calças pretas, uma camisa roxa com um tipo de moinho bem psicodélico no meio, botas roxas bem escuras, um casaco preto com desenhos de tentáculos subindo pelas costas. No pescoço do casaco tinha uma pelugem fofa e branca. No meu pescoço, além de muitos cordões, tinha o principal, uma concha circular, daquelas que moram carangueijinhos dentro. Ela parece uma trombetinha, mas sem lugar para soprar. Sim, eu amo roupas, então provavelmente vou sempre descrevê-las.

Os outros três estavam me esperando - adoro ser o centro das atenções - juntamente com a limousine. Seus estilos de roupa eram estranhos, Gwen adorava botas, tinha milhões delas. Seus cabelos negros curtos sempre presos em um rabo de cavalo. Pelo menos o jeito de durona combinava com a o casaco vermelho por cima da camisa amarela. Um lenço amarelo era a única coisa no pescoço. O cinto de fivela larga marrom combinava com as botas, que cobriam um pedaço da calça legging preta. Francis tinha uma pele morena muito bonita, que combinavam com os olhos verdes penetrantes. Tinha o cabelo raspado, sempre coberto pela bandana vermelha. Usava uma camisa apertadinha fúcsia escura, com uma caveira bem colorida no centro. Usava calças pretas largas e um tênis branco. Seu estilo terminava com o casado roxo escuro com interior vinho que ficava amarrado na cintura. E por último Tiffany. Essa não tinha nada a ver com a mãe - e não, não sei como aquela velha conseguiu ter uma terceira filha -, seus olhos tinham uma coloração estranha, um verde que se confundia com azul, algo muito complexo até para as fadas. Seus cabelos eram longos, até a metade das costas, e extremamente loiros, quase dourados. Usava um vestido azul até o meio da coxa, que se desfazia em babados de diversos tons de azul e estilos de tecido. O casaco ia até um pouco abaixo do peito, e era de um azul petróleo quase preto. Seus grandes brincos de pérolas azuis chamavam muita atenção, juntamente com seu colar, que combinava. Seus sapatos era azuis claros, de salto alto e envernizados.

-Finalmente! Acabou o óleo de peixe para essa pele horrível? - perguntou Gwen com um sorriso de canto. Só não dei um ataque porque ela era minha "melhor amiga".

-Muito engraçada. - respondi seco com uma cara de deboche. -Quem vai abrir a porta para mim? - cruzei os braços e fiquei esperando.

-Não espere que eu seja sua empregada Otávia. - disse Tiffany séria. -Agora entre logo nesse carro, não estou nem um pouco afim de ficar em pé no sol.

Eu sinceramente diria que ela era filha da Cinderella se não fosse pelo jeito dela. Na verdade sempre suspeitei que fosse. Os cabelos loiros, a paixão por azul, só que até onde eu sei, Cinderella nem sabe da existência dela.

-Andem os três e parem de palhaçada. - Francis era um menino muito sério, bem diferente do seu pai, talvez porque cresceu com a mãe. Ele era bem centrado e não tinha muitos amigos, nem aquelas sombras que voavam por aí. Engraçado pensar que um menino tão focado assim tivesse medo do escuro.

Gwen abriu a porta do carro e se sentou, então os outros três entraram atrás. Por dentro a limousine não era lá essas coisas, tinha umas comidas, mas nada de mais. O motorista olhou para nossos rostos e se virou para frente. Pelo visto não tinha se acostumado a carregar filhos de vilões dentro do carro.

A viagem foi bem tranquila, chegamos bem rapidinho em Auradon. Como de costume havia uma equipe de boas vindas nos esperando. Rei Ben estava em seu clássico terno azul escuro e Mal em seu vestido lilás. Ao seu lado se encontravam Evie e seu namorado Doug - não sabia como o filho de um dos caras que estragou o plano da Rainha Má namorava a filha dela, mas esse mundo é bem louco.

-Olá. - disse Ben com seu jeito agonizante de menino bonzinho. -Bem vindos ao Preparatório de Auradon. Tenham certeza de que serão bem acolhidos e... - Aí foi quando minha cabeça se perdeu. Carlos, o filho da Cruella, estava passeando com Carinha - não admito que um cachorro tenha um nome tão ridículo. - e nossos olhares se encontraram e ele sorriu para mim. Foi nesse momento que eu percebi que aquele tempo ali seria bem melhor do que eu esperava que fosse.