Crying In The Rain.

To walk the line, to have the faith.


Correndo na velocidade da luz, no meio do caminho sinto um cheiro muito, muito comum no meu dia a dia. Mas, ao mesmo tempo, um cheiro diferente.

Cheiro de sangue. Mas não um sangue normal… Não um sangue humano.

Curioso, corri para a direção onde sentia esse tal cheiro, e parei imediatamente, minha respiração alterada.

Estava vendo, em minha frente, Rick. Ele estava desmaiado, ou pelo menos parecia estar. Seu pescoço estava ferido, com sangue.

Por que diabos algum ser, seja lá qual for, morde um vampiro no pescoço? E como Rick foi parar aqui… No meio da floresta? Algo não fazia sentido.

Cheios de pensamentos, fui até meu melhor amigo. Ele estava vivo, pois não tem como matá-lo com uma mordida no pescoço. Irônico, um vampiro caído no chão por causa de uma mordida no pescoço.

Me agachei e peguei Rick no colo, e corri novamente, agora até a minha casa.

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– Leana! - Gritei, assim que abri a porta de minha casa com esforço, com Rick no colo.

– Aqui em cima!

Ouvi sua voz e, rapidamente, subi as escadas.

– Meu deus! - Leana exclamou ao ver o corpo de Rick estendido sob meus braços. Chegou perto do mesmo e acariciou seu rosto, olhou em meus olhos, preocupada. - O que aconteceu?

Dei de ombros e o deitei na cama, junto com Taylor. Sentei ao lado da mesma e observei seu rosto pálido por alguns segundos.

– Ela continua desacordada? - Perguntei, mesmo sabendo que a resposta era obvia.

Senti Leana sentar ao meu lado na cama, e colocar sua mão em meu ombro.

– Eu apenas achei Rick na floresta, assim. Foi atacado, mas… Ele não pode morrer, certo?

– Bom… Hoje não é lua cheia. Então não, nenhuma mordida poderia matá-lo.

Suspirei fundo.

– O que houve, James?

Ouvi sua voz doce ecoar pelos meus ouvidos, e tudo que consegui fazer, foi ser fraco. Fechei meus olhos e me permeti deixar que as lágrimas escorrecem. Senti os braços de Leana contornando pelo meu corpo, me dando um abraço confortável.

– Sabe… - Falei, com a voz falhando, e tentando me controlar. - Só queria que todos vocês tivessem uma vida normal. Só queria ter uma vida normal.

– É… Mas as vezes não é possível, certo? E eu não quero uma vida normal, James. - Olhei em seus olhos, e ela deu um sorriso tímido. - Eu só quero uma vida ao seu lado.

Me aproximei de seus lábios, porém a mesma esquivou.

– Mas primeiro, quero que se decide com quem você quer passar a sua vida. Você precisa tomar essa decisão, James. - Ela deu uma pausa para molhar os lábios antes de continuar. - E eu não vou tomá-la por você.

A atitude de Leana me deixou sem palavras, e um silêncio ensudercedor penetrava no ambiente, que foi cortado, rapidamente, por um suspiro forte.

Olhei para o lado, assustado, e vi Taylor sentada na cama. Me assustei e botei uma de minhas mãos no seu ombro, e vi que Leana também estava surpresa.

– Taylor, está tudo bem? - Ela continuava com os olhos arregalados, fitando a parede. - Taylor? Pode me ouvir? - Perguntava, um tanto nervoso. Puxei seu rosto, para que me olhasse, e algo me assustou.

Olhei para o lado, e Leana também parecia estar assustada.

Não parecia Taylor. Quer dizer… Era Taylor, não era? Ela não estava possuída, nem algo do tipo. Mas, seus olhos expressavam algo ruim.

– Me large.

Ela finalmente falou, com a sua voz de sempre, porém grossa e ríspida. Fiquei arrepiado por estar presenciando uma cena tão impossível, e então a mesma se levantou da cama com um pulo.

Não era um pulo que uma pessoa normal daria.

– Eu posso ir embora, mas eu voltarei! Taylor já despertou seu poder, é tarde demais para voltar atrás! - Foram as ultimas palavras de Lúcifer.

Tarde demais para voltar atrás? Não podia acreditar no que estava acontecendo.

Levantei da cama e fui em direção à Taylor, até ficar frente a frente com a mesma. Ela me olhou com um olhar indiferente, e não expressava nenhuma sequer expressão, seja boa ou ruim.

– Por que está parado em minha frente?

– Quem é você? - Perguntei, ríspido. Taylor deu um sorrisinho sarcástico.

– O que foi, James? Está achando estranho eu estar tão… mudada? Não ser mais aquela garotinha do qual você sempre a usou? Não sou mais seu brinquedinho. E, embora agora você seja apaixonado por mim… Eu não sinto nada por você. James Sullivan, você não significa nada para mim. Que fique bem claro.

Suas palavras saiam calmas, e Taylor dava pequenos sorrisos tortos na pausa de algumas palavras. E, essas tais palavras, entraram como cacos de vidros em meus ouvidos. Não podia acreditar naquilo.

– Você não é a Taylor. - Ouvi Leana falar, um pouco atrás de mim. - Taylor não falaria isso, jamais.

– Tem razão. Eu não falaria isso, enquanto estava presa, sem poderes, com limites.

– Você está fora de si.

Falei, sem tirar meus olhos dos seus. Ela deu uma gargalhada, como se estivesse se divertindo, e me fitou.

– Nunca fui tanto eu mesma como estou sendo agora, James. E, bom… Se me der licença, tenho alguns problemas para resolver com meus queridos Leviatãs. Ah… E a propósito, melhor cuidar de seu amigo, Rick.

– O que você quer dizer com isso? - Perguntei, já furioso.

Taylor deu outro sorriso torto.

– James, James… Com tanto tempo que Rick está desacordado, você precisa mesmo de uma desgraçada como eu ter que te dizer que ele está morrendo?

Engoli em seco, estava em estado de choque.

– Morrendo? - Ouvi Leana gritar, totalmente impaciente. Ela foi chegando perto de Taylor, e apontou o dedo em sua cara, antes de continuar. - Sua vadiazinha, pare de falar assim!

– Falar assim? - Taylor respondeu, no mesmo tom de voz que Leana, porém notava-se que não estava nem um pouco estressada. - Eu estou ajudando vocês.

– Se for para nos ajudar, então diga como curá-lo. - Leana falou, ríspida.

– Sinto muito, não sei como curá-lo.

– O que ele tem? - Perguntei, com a voz falhando.

Taylor continuou em silêncio, apenas me olhando. Perdi a paciencia e a joguei na parede, segurando-a na mesma e olhei bem nos seus olhos, nossos rostos separados por poucos centímetros.

– O que ele tem? - Voltei a perguntar.

– Tome muito cuidado de como me trata, James.

Taylor dobrou meu braço até que eu caísse no chão. E o que eu vi a seguir, foi algo que nunca esperei ver em minha vida.

Então, começou a fazer um barulho um tanto estranho no quarto, e percebi que vinha de Taylor. Suas asas negras e médias apareceram e então a mesma saindo voando pela janela.

E eu fiquei no chão, apenas fitando a janela aberta, onde ela havia ido embora. E, quem sabe, nunca mais fosse revê-la.

E, sinceramente, não sei se gostaria de trombar com Taylor novamente. Algo definitivamente estava diferente. Algo estava errado.

– James… O que foi isso? - Leana perguntou, paralisada atrás de mim.

A olhei por um segundo, mas voltei a fitar a janela. Me perdi em meus pensamentos.

Como seria as coisas daqui para frente? Essa pergunta bombava em meu cérebro.

– James!

Ouvi Leana e virei para a sua direção, ela estava sentada na cama, com uma expressão de preocupação, com a mão na testa de Rick.

– O que foi? - Perguntei, engolindo em seco. Eu tremia, como nunca havia tremido na vida.

– Rick está com febre, ele está fervendo!

– Vampiros não tem febre. - Respondi, com a voz falhando.

– É… A menos que estejam morrendo. - Leana continuou com seus olhos arregalados e cheios de preocupação.

E, dessa vez, mais do que nunca, não sabia o que fazer.