O prazer de sentir Carolline fazendo pressão do seu corpo em meu colo, novamente, como nos velhos tempos, era maravilhoso.

O suor escorria de sua pele nua assim como da minha, se misturando um com o outro. Eu beijava sua boca com gosto, enquanto puxava seus cabelos lisos, molhados e loiros com força.

E então acordei com um impulso, estava suando frio. Olhei para o lado com rapidez, onde avistei Carolline aconchegada em um canto da tumba, sentada, apenas me observando com um sorriso malicioso no rosto.

- Teve um pesadelo? - Ela perguntou, segurando a risada. - Aposto que sonhou comigo.

A olhei com ódio, porém não falei nada. Estava muito fraco para conseguir falar alguma coisa. Precisava de sangue, e precisava disto urgente.

E então comecei a pensar em Katerina. Seu enterro deveria estar ocorrendo, e eu estava aqui dentro, preso na tumba com Carolline.

- James… - Ouvi aquela voz familiar fina de minha irmã, enquanto assistia um filme de terror abraçado com a mesma. - Estou com medo!

Comecei a gargalhar, o que deixou minha irmã de dez anos com raiva, cruzando seus braços em minha frente.

- Então sai daqui, medrosa. - Desafiei com um sorriso perverso no rosto, enquanto enchia minha boca de pipoca.

- Isso é um desafio?

- E se for? - Perguntei, agora desviando meus olhos da TV para fitar minha irmã.

- Então, desafio aceito. Fico aqui até o final do filme.

Nesse momento, puxei Katerina para sentar ao meu lado.

Passou-se alguns minutos de filme, quando resolvi correr minha mão pelo sofá, até chegar em sua cintura e apertá-la com força. Katerina berrou.

Comecei a rir tanto que cheguei a cair no chão.

- Você me paga!

Ouvi ela dizer, com um tanto de raiva na voz porém com algumas risadas querendo escapar, enquanto ela pulava em cima de mim, me fazendo cosquinha e dando soquinhos em meu corpo.

Nós dois começamos a rir desesperadamente da situação, como fazíamos todas as noites de sábado.

Senti uma lágrima deslizar pelo meu rosto.

E então, graças à minha audição apurada, ouvi alguns passos descendo pela tumba. Respirei fundo e limpei minhas lágrimas e olhei em direção à porta da tumba. Logo avistei Taylor, andando com passos calmos, parecia com receio.

Minha cabeça foi se mexendo a medida que Taylor chegava mais perto de mim e, sem ultrapassar a barreira invisível que me separava dela, a mesma sentou no chão, em minha frente.

Não tirei a atenção de seus olhos azuis por nenhum momento, e ela fez o mesmo.

Tentei falar algo, tentei dizer que não tinha problema, que eu sabia que a culpa não era dela. Mas, infelizmente, era. Eu a culpava.

De repente, comecei a sentir algo ruim, muito ruim, subindo pelo meu sangue, que fazia com que eu ficasse com arrepios. Estava com raiva de Taylor. O motivo da morte de Katerina foi culpa dela.

Se pudesse, estaria arrancando a cabeça dela nesse momento. Meu punho estava fechado e meu rosto estava contendo outra expressão agora, e com certeza Taylor percebeu, porém continuou me olhando com aqueles mesmos olhos azuis e aguados de antes, que, pouco a pouco, estavam ficando um pouco vermelhos.

Comecei a afrouxar meu punho e a raiva começou a diminuir aos poucos, voltando a ter piedade em meus olhos. Taylor fechou os olhos e os enxugou com o intuito e conter alguma lágrima intrusa e teimosa, e então respirou fundo.

Olhou para mim novamente e uma de suas mãos procurou algo em sua bolsa preta que ela carregava, e, de dentro, tirou uma garrafa que continha sangue dentro e a jogou para mim.

De principio fiquei sem reação, mas logo agarrei a garrafa e fiquei olhando-a por alguns segundos. Olhei novamente para Taylor, que estava parada e logo se levantou, andando em direção à saída da tumba.

Ao vê-la sair da tumba, abri com ignorância a tampa da garrafa e comecei a derramar o liquido quente em minha boca, sentindo poder novamente.

Ouvi uma gargalhada atrás de mim.

- Sério mesmo que está aceitando sangue da garota que praticamente matou sua irmã?

A olhei por alguns segundos, limpando lentamente o sangue que havia escorrido pela minha boca.

- O que foi? Está sem palavras? Tá tristinho? - Carolline falou pausadamente, fazendo biquinho. E então abriu um sorriso malicioso. - Você sabe que eu estou certa. Taylor matou sua irmã.

- Cala essa boca. - Falei de uma vez, ríspido.

- Taylor. Matou. Katerina. - Carolline falou pausadamente, uma forma de tentar me provocar.

Joguei a garrafa, agora vazia, para longe. Meu corpo todo se arrepiou e eu fechei meu punho, sentindo um ódio feroz agora.

Com a velocidade de um vampiro, eu corri até onde ela estava e a empurrei na parede, socando seu rosto com gosto. O segundo soco que eu ia dar, Carolline segurou minha mão, girando meu punho, fazendo com que eu caísse no chão.

- Você pode ter nascido primeiro que eu, James. Mas eu já estive nesse mundo com inúmeros corpos diferentes do que este. Eu sei me virar e, pode-se dizer, sou muito mais velha que você. - Agora Carolline estava com os blocos oculares totalmente pretos. - Não me subestime. - Disse, por fim, com a sua voz grossa que fazia para me intimidar.

Fiquei sentado, onde ela havia me feito cair. Estava derrotado, totalmente derrotado. Não sabia mais o que poderia ser feito.

O mundo estava acontecendo lá fora… E eu aqui, preso na tumba com Carolline.

Meu plano se virou contra mim.