Crying In The Rain.

Tear me open, but beware... There's things inside.


- Eu juro que se tivesse algum meio, você já estaria morta. - Digo, pela milionésima vez, a mesma frase, enquanto pressiono Carolline à parede, segurando com força seu pescoço.

E, pela milionésima vez, ela sorri satisfeita, como se estivesse se divertindo. Fecho meu punho e te dou um soco e a solto, sabendo que não vale a pena gastar minhas forças.

Ouço passos rapidos e ansiosos vindo em direção à mim. Provavelmente, é Taylor. Sorri ao lembrar que, em duas semanas que estive preso junto com Carolline, Taylor e Rick vem me visitado as vezes. E Taylor, todos os dias, aparece com uma garrafa de sangue para mim.

Me sinto mal ao lembrar que, mesmo por um segundo, pude ter raiva de Taylor. Ela apenas estava tentando ajudar no plano, que falhou. A culpa não foi dela pela morte de minha irmã.

Katerina. Sempre que ouvia ou lembrava desse nome, meus olhos começavam a lacrimejar.

Me desliguei dos meus pensamentos e respirei fundo, ouvia os passos de Taylor cada vez mais pertos e então ela enfim apareceu, e estava com os olhos arregalados, franzi o cenho e não disse uma palavra sequer, esperei que ela se pronunciasse. E assim o fez.

- James… Estamos com sérios problemas.

- O que houve? - Perguntei de uma forma calma, embora não estivesse me sentindo assim.

Taylor não diz mais nenhuma palavra, apenas vira seus olhos em outra direção, e eu sei que está observando Caroline. Olho para trás, seguindo seu olhar, e vejo que ela está dormindo, encostada em uma das pedras.

Olho para Taylor novamente, já percebendo que os problemas que ela estava envolvida tinha a ver com Caroline.

E então, de uma forma calma, Taylor tira um papel de seu bolso direito da calça jeans apertada, me entregando. Franzi o cenho, mas comecei a ler.

De princípio, achei que era um comunicado de Rick, ou… Quem sabe. De Leana.

Me desliguei por alguns segundos pensando nela… Não pronunciei seu nome nenhuma vez com Rick e Taylor, embora tenha percebido que meu melhor amigo via em meus olhos que gostaria de perguntar sobre tal.

Leana desapareceu, embora soubesse que Rick, Taylor e Elena sempre a viam. Porém, ela não veio me visitou nenhuma vez nessas semanas. E, tinha que admitir, sentia falta dela.

Respirei fundo e tentei manter foco na carta escrita pela garota que estava na minha frente. Percebi que ela havia escrito uma carta pois não pode se comunicar comigo por fala, já que Caroline poderia ouvir também.

E então, li palavra por palavra, cada uma me assustando mais que a outra. Engolia em seco e sentia minha garganta arder, enquanto tentava digerir o que estava acontecendo.

A carta dizia:

“Tive que escrever essa carta pois não sabia outro meio de me comunicar com você. Sim, eu mesma que estou escrevendo a carta, a Taylor.

Eu não tenho falado muito quando venho te trazer sangue todos os dias, pois não consigo olhar na sua cara e mentir, falando que está tudo bem. Eu e Leana pensamos igual em questão à isso, por isso ela não veio te visitar… Sim, eu sei, é mancada. Eu não seria capaz de fazer tal coisa, como pode perceber.

Bom… Desde a morte de sua irmã, Elena tem ficado paranóica. Ela e Brian se trancam no quarto por horas e horas, e isso nunca me cheirou bem. E então, ela revelou o que eles estavam fazendo.

Estão bolando um plano, James. Descobriram como abrir o portão do purgatório aqui dentro da tumba e soltar a unica criatura que pode matar Carolline. Só que precisamos ser cuidadosos e soltar apenas uma das criaturas, pois existem várias e não há nenhum jeito de matá-los.

Só que esse plano não pode ocorrer, James. Estou desesperada por ajuda, temos que impedir Elena e Brian.”

Li tudo com atenção e a olhei, seus olhos tentando capitar algo do meu. E então, como se fosse algum tipo de transmissão de pensamento, Taylor tirou uma caneta do bolso e jogou no chão, para que eu pudesse pegar.

E assim o fiz, fui escrevendo minhas palavras duvidosas com cautela. Eu escrevi:

“Mas… Isso é ótimo. Achamos enfim um jeito de matar Carolline, e dessa vez ela não pode escapar. Porque tanta preocupação?”

Joguei o papel no chão, do outro lado da barreira invisível, para que ela possa pegar. Taylor leu cuidadosamente e suspirou, percebi que ia descobrir algo muito ruim. E estava certo.

Entreguei a caneta para Taylor da mesma maneira que entreguei o papel, jogando-a. Ela pegou e escreveu devagar, e eu sentia minhas mãos suarem na medida que ela demorava para me entregar de novo o papel com a resposta.

Enfim, Taylor me devolveu o papel, meia receosa. O papel dizia:

“Porque Brian deixou bem claro que não terá um jeito de tirar o feitiço da tumba… E essa criatura é esfomeada, ela come carne humana, porém seu favorito são carnes de seres sobrenaturais. Começando por demônios… E vampiros.”

Engoli em seco, sem conseguir tirar os olhos das palavras. Fiz uma bolinha de papel e joguei o mesmo longe, com medo de que a qualquer momento Carolline acordasse e pegasse o papel de minha mão.

Suspirei fundo e fechei os olhos. Inevitavelmente, veio a imagem de Katerina. Minha irmã… Como a amo.

Ela morreu por causa do nosso plano. E o plano falhou. Porém Katerina não morreu em vão… De uma coisa tenho certeza: vou matar Carolline.

Custe o que custar.

Abri meus olhos e encarei Taylor, de uma forma séria. Na certa, percebi que ela me conhece muito bem, pois em questão de segundos já começou a balançar a cabeça, como se soubesse minhas palavras finais. E então falei, confirmando que Taylor me conhecia, as vezes até melhor que eu mesmo:

- Não impeça Elena.